Greve dos jangadeiros

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Greve dos Jangadeiros
Período 27 de janeiro de 1881 - 25 de março de 1884
Local Porto de Fortaleza
Causas
  • Guerra do Paraguai
  • Surgimento de nova classe média
  • Escravidão negra
Objetivos Abolir a escravidão no Ceará
Características Greves, ocupações, bloqueios, tumultos
Participantes do conflito
  • Sociedade Cearense Libertadora
  • Jangadeiros
  • 15º batalhão
Império do Brasil
Líderes
Torquato Mendes Viana

A Greve dos Jangadeiros foi uma importante greve que ocorreu a partir do dia 27 de janeiro de 1881 no Porto de Fortaleza, e culminou com a abolição da escravidão no Ceará em 27 de março de 1884. A greve veio a ser decisiva para a Abolição da Escravidão no Brasil.

Causas[editar | editar código-fonte]

No final do século XIX a sociedade cearense estava passando por grandes mudança: a criação de instituições acadêmicas como o Instituto Histórico e Geográfico havia criado uma nova elite intelectual distante dos grandes comerciantes e proprietários de terras e originária das classes médias. Essa elite intelectual, que mais tarde viria a organizar a Sociedade Cearense Libertadora, era bem mais chegada ao abolicionismo. Ao mesmo tempo, o governo liberal sofria de uma séria instabilidade política, o que diminuiu bastante a influência dos escravocratas no governo do estado.

Uma situação irônica era a de que muitas das pessoas que transportavam escravos para a Província do Ceará eram ex-escravos ou descendentes de escravos, o que diminuía muito a disposição da parte dos jangadeiros em traficar escravos para a província. Ao mesmo tempo a província era uma das que tinham menos escravos o que facilitava muito o trabalho da parte dos abolicionistas.[1][2]

Ao mesmo tempo muitos escravos lutaram na Guerra do Paraguai o que fez com que muitos militares não quisessem mais reprimir movimentos abolicionistas.[3]

O confronto[editar | editar código-fonte]

Em 27 de janeiro de 1881 a Sociedade Libertadores Cearense, liderada por João Cordeiro, convocou uma greve de jangadeiros do Porto de Fortaleza. A greve — que atraiu homens e mulheres de todas as classes sociais e idades — foi liderada por José Luis Napoleão, que fechou o porto de Fortaleza ao tráfico de escravos. O ápice da greve foi em 30 de agosto do mesmo ano, quando Torquato Mendes Viana, chefe de policia da capital, tenta embarcar escravos à força no porto da cidade. Os amotinados acabam furtivamente libertando os escravos transportados e fugindo rapidamente. O governo pensa em retaliar, mas sob pressão do 15o batalhão, que era pró abolicionista, ele é obrigado a deixar a situação como está.[1][4]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Em 1883 Sátiro Dias assume a presidência da província. Ele, um abolicionista, começa negociações com os grevistas e em 25 de março a abolição da escravidão é declarada no Ceará. Com isso, fugas em massa passam a ocorrer para a província, pavimentando o caminho para a abolição da escravidão.[1]

Referências

  1. a b c MORENO ROCHA, Saulo (setembro de 2018). «O Caso da jangada Libertadora» (PDF). UNIRIO. Consultado em 17 de agosto de 2021 
  2. «13 de maio: como dois Estados brasileiros aboliram a escravidão antes de 1888». G1. Consultado em 17 de agosto de 2021 
  3. «Guerras do Brasil». Netflix. 2018. Consultado em 17 de agosto de 2021 
  4. Setor, Redação Observatório 3º (13 de maio de 2021). «Dragão do Mar: o jangadeiro que acelerou o fim da escravidão no Ceará». Observatório do 3° Setor. Consultado em 17 de agosto de 2021