Transtorno hipersexual
O transtorno hipersexual é um padrão de comportamento que envolve preocupação intensa com fantasias e comportamentos sexuais que causam angústia, são usados de forma inadequada para lidar com o estresse, não podem ser restringidos voluntariamente e podem causar danos a si mesmo ou a terceiros.[1] Este distúrbio também pode causar prejuízo nas funções sociais, ocupacionais ou outras funções importantes.[2] Foi proposto em 2010 para inclusão na Quinta Edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da Associação Americana de Psiquiatria (AAP).
Diagnóstico[editar | editar código-fonte]
Pessoas com transtorno hipersexual experienciam múltiplas tentativas malsucedidas de controlar ou diminuir a quantidade de tempo gasto nas suas fantasias, desejos e comportamentos sexuais. Os indivíduos podem envolver-se em comportamentos sexuais que vivem como compulsivos, apesar do conhecimento das consequências médicas, legais e/ou interpessoais adversas, e podem negligenciar responsabilidades, bem como, atividades sociais e recreativas.[1]
Para que um diagnóstico válido de transtorno hipersexual seja estabelecido, os sintomas devem persistir por um período de pelo menos 6 meses e ocorrer independentemente de mania ou outra condição médica.[3]
História[editar | editar código-fonte]
O transtorno hipersexual foi proposto para inclusão no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição) pelo Grupo de Trabalho de Transtornos de Identidade Sexual e de Género (Medidas Emergentes e Modelos, Condições para Estudo Adicional). Em última análise, não foi aprovado.[4] O termo transtorno hipersexual foi supostamente escolhido porque não implicava nenhuma teoria específica para as causas da hipersexualidade, que permanecem desconhecidas.[5] Uma proposta para adicionar a dependência sexual ao sistema DSM havia sido rejeitada anteriormente pela AAP, pois não havia evidências suficientes sugerindo que a condição fosse análoga à dependência de substâncias, como o nome implicaria.[6][7][8]
Rory Reid, psicóloga pesquisadora do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), liderou uma equipa de pesquisadores para investigar os critérios propostos para o Transtorno Hipersexual. As suas descobertas foram publicadas no Journal of Sexual Medicine, onde concluíram que os critérios dados são válidos e que o transtorno pode ser diagnosticado com segurança.[9]
O DSM-IV-TR, publicado em 2000, inclui uma entrada chamada "Transtorno Sexual - Não Especificado" (Transtorno Sexual NE), para transtornos clinicamente significativos, mas sem código. O DSM-IV-TR observa que o Transtorno Sexual NE aplicar-se-ia a, entre outras condições, "angústia sobre um padrão de relações sexuais repetidas envolvendo uma sucessão de amantes que são vivenciados pelo indivíduo apenas como objetos a serem usados".[10]
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Masturbação compulsiva
- Síndrome de Don Juan
- Síndrome de Klüver-Bucy
- Síndrome da excitação sexual persistente
- Vício em pornografia
- Obsessão (psiquiatria)
- Hipossexualidade
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ a b Herron, Abigail J., Brennan, Tim K. eds. ASAM Essentials of Addiction Medicine, The. 3rd Edition. Two Commerce Square, 2001 Market Street, Philadelphia, PA 19103 USA:Lippincott Williams & Wilkins; 2020.
- ↑ Kafka, Martin P. (1 de abril de 2010). «Hypersexual Disorder: A Proposed Diagnosis for DSM-V». Archives of Sexual Behavior (em inglês). 39: 377–400. CiteSeerX 10.1.1.433.1948. ISSN 0004-0002. PMID 19937105. doi:10.1007/s10508-009-9574-7
- ↑ «American Psychiatric Association DSM-5 Development Page for Hypersexual Disorder». Dsm5.com. Consultado em 28 de agosto de 2017
- ↑ «DSM-5 Development Page for Sexual Dysfunctions.». Dsm5.org. Consultado em 28 de agosto de 2017
- ↑ Kafka, M. P. (2010). Hypersexual Disorder: A proposed diagnosis for DSM-V. Archives of Sexual Behavior, 39, 377–400.
- ↑ «Psychiatry's bible: Autism, binge-eating updates proposed for 'DSM' - USATODAY.com». Usatoday.com. Consultado em 28 de agosto de 2017
- ↑ «Archived copy». Consultado em 6 de março de 2011. Cópia arquivada em 27 de julho de 2011
- ↑ «New Diagnostic Guidelines for Mental Illnesses Proposed». Health.usnews.com. Consultado em 28 de agosto de 2017
- ↑ Reid, Rory C.; Carpenter, Bruce N.; Hook, Joshua N.; Garos, Sheila; Manning, Jill C.; Gilliland, Randy; Cooper, Erin B.; McKittrick, Heather; Davtian, Margarit (1 de novembro de 2012). «Report of Findings in a DSM-5 Field Trial for Hypersexual Disorder». The Journal of Sexual Medicine. 9: 2868–2877. PMID 23035810. doi:10.1111/j.1743-6109.2012.02936.x
- ↑ American Psychiatric Association. (2000). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (4th ed., text revision). Washington, DC: Author.