Ilmar Rohloff de Mattos

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Ilmar Rohloff de Mattos é um historiador e professor universitário brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Desde cedo teve a predileção para a docência. Começou cedo, aos seis anos, alfabetizando uma mulher que prestava serviços em sua casa. Na adolescência desistiu de estudar Matemática para se dedicar à História. Afirma que a "História fala mais à imaginação”.[1]

Ingressou no ensino superior durante o governo de Juscelino Kubitschek, e acreditava que o ensino da história tinha a missão de mudar o mundo. Com a experiência da formação e da docência, percebeu que o professor não tinha missão alguma, ele tinha por objetivo mostrar a existência de portas, sendo escolha do discente abri-las ou não.[1]

Durante o AI-5 interrompeu o seu processo de doutoramento, só reiniciando quando a Ditadura Civil-Militar abriu seu processo de redemocratização.[1]

Formação e carreira[editar | editar código-fonte]

Formou-se em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1965, na época Universidade do Brasil. Realizou doutoramente em História Social pela Universidade de São Paulo, concluindo-o em 1985, sob orientação de Eduardo d'Oliveira França.[2][3] Sua tese de doutorado acabou gerando seu livro mais importante: O tempo saquarema.

Atualmente é professor emérito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.[4] Foi professor da Universidade Federal Fluminense de 1971 a 1999, e, durante 40 anos, da rede estadual de educação do Rio de Janeiro.[5] Atuou como professor visitante na Universidad de Buenos Aires, em 1999.

Orientou 23 trabalhos de pós-graduação. Foi orientador, entre outros, de Ricardo Henrique Salles e Marina de Mello e Souza.[3]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Foi colega de faculdade de Ciro Flamarion Cardoso. É casado com a historiadora Selma Rinaldi de Mattos.[5]

O tempo saquarema[editar | editar código-fonte]

O tempo saquarema: a formação do Estado Imperial, foi publicado inicialmente em 1985, estando, atualmente, na sua 7ª edição.[5] Tendo recebido, em 1986 o Prêmio de Literário Nacional de História, patrocinado pelo Instituto Nacional do Livro.

Mattos revoluciona os estudos sobre o Segundo Reinado com a sua tese de doutorado. Em O tempo saquarema defende que ocorreu a formação de um bloco histórico nacional no Segundo Reinado, tendo por base a constituição de uma hegemonia de classe nesse período. Essa hegemonia foi a da classe de grandes proprietários de terras e de escravos, em particular de sua parcela da região cafeeira fluminense.[6]

Tal hegemonia foi forjada a partir do processo de construção do próprio Estado imperial em íntima conexão com a formação mesma deste setor da classe de proprietários escravistas. A ideia da formação de uma hegemonia de um setor de classe que organizou o Estado imperial.[6]

Sua obra O Império da Boa Sociedade nasceu de uma vontade de tornar O tempo saquarema mais didático e passível de se usar na sala de aula, na educação básica.[5]

Obras[editar | editar código-fonte]

  • O Império da Boa Sociedade: A consolidação do Estado Imperial Brasileiro (2001). Conjuntamente a Márcia Gonçalves. Atualmente está na 14ª edição.[5]
  • O Rio de Janeiro, capital do reino (1995). Conjuntamente a Luis Affonso Seigneur de Albuquerque, Selma Rinaldi de Mattos, Marly Rodrigues e Maria Helena Simões Paes.[7]
  • Independência ou morte: a emancipação política no Brasil (1992). Conjuntamente a Luis Affonso Seigneur de Albuquerque.[8]
  • O Tempo Saquarema: a formação da elite imperial do Brasil (1985).[5]
  • Brasil: uma história dinâmica (1972). Conjuntamente a Ella Grinsztein Dotorri e José Luiz Werneck da Silva.[5]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Recebeu em 2021 o título de cidadão benemérito do Rio de Janeiro, atráves de projeto de lei proposto por Tarcisio Motta (PSOL). O política afirmou que Mattos "é apaixonado pela profissão e inspirou milhares de outros professores ao longo de sua carreira”.[9]

Recebeu em 2018 o titulo de professor emérito da Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Em 1986 recebeu o Prêmio de Literário Nacional de História, patrocinado pelo Instituto Nacional do Livro, por sua obra O tempo saquarema.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c Marculino, Eduardo (segunda-feira, 12 de janeiro de 2009). «Entrevistas Brasil: Ilmar Rohloff de Mattos - Ensinar é provocar». Entrevistas Brasil. Consultado em 31 de janeiro de 2024  Verifique data em: |data= (ajuda)
  2. Moacir. «Ilmar Rohloff de Mattos». Apaixonados por História. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  3. a b «Ilmar Rohloff de Mattos - Catálogo Histórico de Teses e Dissertações de História (1942-2000)». www.historiografia.com.br. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  4. Imprensa, Assessoria de. «Ilmar Rohloff de Mattos». .:. Assessoria - PUC-Rio .:. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  5. a b c d e f g Silva, Daniel Pinha; Rangel, Marcelo de Mello (20 de junho de 2023). «Formação, docência e autoria: pensando o ensino-aprendizagem de história – Entrevista com Ilmar Rohloff de Mattos». Revista Maracanan (32): 16–35. ISSN 2359-0092. doi:10.12957/revmar.2023.76519. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  6. a b Salles, Ricardo (24 de abril de 2014). Nostalgia imperial: Escravidão e formação da identidade nacional no Brasil do Segundo Reinado. [S.l.]: Editora Ponteio - Dumará Distribuidora Lta 
  7. Mattos, Ilmar Rohloff de; Albuquerque, Luis Affonso Seigneur de; Mattos, Selma Rinaldi de (1995). O Rio de Janeiro, capital do reino. [S.l.]: Atual Editora 
  8. Mattos, Ilmar Rohloff de; Albuquerque, Luis Affonso Seigneur de (1992). Independência ou morte: a emancipação política no Brasil. [S.l.]: Atual 
  9. Lucena, Felipe (19 de agosto de 2021). «Vereador Tarcísio Motta homenageia Professor Ilmar Rohloff de Mattos com o título de cidadão benemérito do Rio - Diário do Rio de Janeiro». Consultado em 31 de janeiro de 2024