A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também denominada Universidade do Brasil,[3] é uma universidade federal do Brasil e um centro de referência em ensino e pesquisa no país e na América Latina, figurando entre as melhores do mundo.[4]
Em termos de produção científica, artística e cultural, é reconhecida nacional e internacionalmente, mercê do desempenho dos pesquisadores e das avaliações levadas a efeito por agências externas.[5] Em 2021 o QS World University Rankings classificou a UFRJ como a melhor universidade federal brasileira, bem como a terceira melhor universidade do país, a quinta entre as instituições da América Latina.[6] O ranking espanhol, Webometrics Ranking of World Universities, do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), o maior órgão público de pesquisa da Espanha, classificou a UFRJ como melhor universidade do Brasil e a segunda da América Latina, representando o país entre as 250 melhores instituições de ensino superior do mundo, em 2021.[7][8]
A Universidade Federal do Rio de Janeiro é descendente direta dos primeiros cursos de ensino superior do Brasil. Criada em 7 de setembro de 1920 através do Decreto 14 343 pelo então presidente Epitácio Pessoa, a instituição recebeu o nome de "Universidade do Rio de Janeiro".[14] Sua história, porém, é bem mais antiga e confunde-se com a própria história do desenvolvimento cultural, econômico e social brasileiro; muitos dos seus cursos vêm da época da implantação do ensino de nível superior no país.[15]
A essas unidades iniciais, progressivamente foram-se somando outras, tais como a Escola Nacional de Belas Artes, a Faculdade Nacional de Filosofia, e diversos outros cursos que sucederam àqueles pioneiros. Com isso, a Universidade do Rio de Janeiro representou papel fundamental na implantação do ensino de nível superior no país.[24] A criação da Universidade do Rio de Janeiro veio cumprir, pois, uma aspiração da intelectualidade brasileira desde os tempos da colônia.[25] A tradição de seus cursos pioneiros deu-lhe o papel de celeiro dos professores que implantaram os demais cursos de nível superior no Brasil.[26]
Diploma conferido em 1928 pela "Universidade do Rio de Janeiro"
Após desvelada uma grande reestruturação promovida pelo ministro Gustavo Capanema em 1937, durante o governo Vargas, passou a ser chamada de Universidade do Brasil, com o objetivo do governo de controlar a qualidade do ensino superior no país e, dessa forma, padronizar o ensino, criando o padrão ao qual as outras universidades brasileiras deveriam ser adaptar.[27] Este fato demonstra a forte influência da concepção francesa de universidade, em que as escolas componentes são isoladas, tendo um caráter de ensino especialista e profissionalizante com forte controle estatal, ao contrário do modelo alemão, observado, por exemplo, na Universidade de São Paulo, criada em 1934.[28]
O início da segunda metade do século XX marcou a institucionalização da pesquisa na universidade, com a consequente implantação de institutos de pesquisa, docência em regime de tempo integral, formação de equipes docentes altamente especializadas e estabelecimento de convénios com agências financiadoras nacionais e internacionais.[15]
O prédio do atual Palácio Universitário no século XIX, período em que foi sede do Hospício Pedro II. O edifício foi doado somente em 1949 para a Universidade do Brasil.
O ano de 1958, do sesquicentenário do curso de medicina, encontrou a comunidade universitária com profundos e urgentes anseios de reforma estrutural que implicasse mais acentuada participação de docentes e discentes e aproveitamento mais racional de recursos. Iniciou-se um processo amplo de debates e consultas, consubstanciado no anteprojeto de reforma da Universidade do Brasil que, prontamente absorvido pela comunidade científica, serviu de base a projetos de instalação de novas universidades e atingiu os meios de comunicação e esferas decisórias governamentais.[29]
Em 1965, a universidade ganharia seu nome atual sob o governo de Castelo Branco, seguindo a padronização dos nomes das universidades federais de todo o país, ocasião em que adquiriu plena autonomia financeira, didática e disciplinar.[30][31]
Desencadeado o processo de reforma universitária, que teve seu marco mais significativo no Decreto 53, de 18 de novembro de 1966, a universidade teve aprovado seu plano de reestruturação, que visava à sua adequação às normas então editadas, aprovado por decreto de 13 de março de 1967.[32] Trata-se de uma situação auspiciosa, sob todos os aspectos, sobretudo considerando a ausência de tradição, absolutamente compreensível em países de história recente, como é o caso do Brasil.[33]
A universidade vem mantendo abertas suas portas aos estrangeiros que têm vindo trazer ou buscar ensinamentos, bem como proporcionando a seus docentes estágios em outros centros, em diferentes áreas. O acentuado intercâmbio com outras instituições possibilita a formação de tendências reformistas em perfeita coexistência com o peso de sua tradição.[34]
A universidade adota a deusa romana Minerva em sua identidade institucional,[35] considerada a deusa das artes e de todos os ofícios, também é associada como deusa da sabedoria e do conhecimento. Diversas esculturas deste símbolo podem ser vistas nas entradas dos centros e órgãos que compõe a universidade.[36]
No ano 2000, a reitoria entrou com um pedido na Justiça Federal com o objetivo de voltar a ter o direito da universidade chamar-se "Universidade do Brasil", pois esse nome havia sido modificado por um decreto emitido durante a Ditadura Militar. Esse pedido foi deferido e, atualmente, se é possível utilizar os dois nomes para designar a universidade.[3]
Existe um ambicioso programa de cursos de extensão através do qual o raio de ação foi ampliado consideravelmente por meio da educação permanente e da oferta de cursos à comunidade, envolvendo os mais diversos atores, dos mais diferentes níveis de escolaridade.[37] Além disso, cumpre destacar a notável contribuição da universidade à saúde do Rio de Janeiro, concretizada com o oferecimento de mil leitos hospitalares, em nove hospitais universitários, apoiando, decisivamente, a rede de atendimento em saúde no estado do Rio de Janeiro.[38]
Em 2010, a instituição obteve o conceito "muito bom", alcançando a nota máxima no Índice Geral de Cursos do Ministério da Educação.[39][40] É notável que, nesta universidade, tenha se difundido o célebre pensamento de um dos seus mais importantes pesquisadores, Carlos Chagas Filho:[41]
A Universidade Federal do Rio de Janeiro é uma autarquia, de direito público, vinculada ao Ministério da Educação.[42]
A administração universitária é formada por conselhos superiores, sendo eles: o Conselho Universitário, órgão máximo deliberativo cujo presidente é o reitor; o Conselho de Curadores, órgão deliberativo responsável pelo controle do movimento financeiro e patrimonial da universidade que também possui como presidente o reitor; o Conselho de Ensino de Graduação), órgão colegiado responsável pelos atos acadêmicos e de acesso à graduação, seu presidente é o pró-reitor de graduação; o Conselho de Ensino para Graduados, órgão colegiado responsável pelas atividades de pesquisa e pós-graduação, presidiado pelo pró-reitor de pós-graduação e pesquisa;[43] e Conselho de Extensão Universitária (Ceu), é o órgão deliberativo sobre quaisquer assuntos relacionados à Extensão Universitária e às suas políticas institucionais, sendo presidido pelo(a) Pró-Reitor(a) de Extensão. O CEU foi criado em sessão especial do Conselho Universitário (CONSUNI) de 30 de maio de 2018, tendo seu Regimento, que define a sua composição e atribuições, aprovado em 03 de fevereiro de 2020.[44]
A instituição é dirigida por um reitor auxiliado por um vice-reitor e seis pró-reitores. O reitor é escolhido e nomeado pelo ministro da Educação a partir duma lista tríplice composta por candidatos indicados através de eleições realizadas a cada quatro anos. Em geral, o ministro respeita a decisão da comunidade acadêmica, escolhendo o primeiro colocado.[45]
As pró-reitorias que compõem a administração universitária são as seguintes: Pró-reitoria de Graduação, Pró-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Pró-reitoria de Planejamento e Desenvolvimento, Pró-reitoria de Pessoal, Pró-reitoria de Extensão, Pró-reitoria de Gestão e Governança e a Pró-reitoria de politicas estudantis.[48] Com o papel de órgãos de execução, há as seguintes superintendências: Superintendência Geral de Graduação, Superintendência Geral de Pós-Graduação e Pesquisa, Superintendência Geral de Planejamento e Desenvolvimento, Superintendência Geral de Finanças, Superintendência Geral de Pessoal, Superintendência Geral de Extensão, Superintendência Geral de Gestão e Controle, Superintendência Geral de Governança, Superintendência Geral de Tecnologia da Informação e Comunicação Gerencial e a Superintendência Geral de Atividades Fora da Sede.[49]
De acordo com seu anuário estatístico (2013), ao todo, a universidade possui 52 unidades e órgãos suplementares, cada vinculado a um dos seis centros. Seu corpo discente é composto por 48 454 estudantes de graduação com matrículas ativas em cursos presenciais e 7 333 em cursos a distância, tendo 5 381 graduados/ano; já na pós-graduação são 5 389 alunos de mestrado acadêmico, 615 de mestrado profissional e 5 538 de doutorado. De um total de 3 735 docentes ativos, 2 982 são doutores, 78 pós doutores, 575 mestres e 48 especialistas. Ademais, o Colégio de Aplicação possui cerca de 760 alunos matriculados.[57]
O Museu Nacional é um dos principais patrimônios, não só da UFRJ, bem como da sociedade brasileira.
A principal estrutura da UFRJ está na Cidade Universitária (5 238 337,82 m²), localizada na Ilha do Fundão, no entanto, o câmpus da Praia Vermelha (100 976,90 m²) ainda concentra diversas unidades e órgãos suplementares. Há ainda o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, o Instituto de História, a Faculdade de Direito, o Observatório do Valongo, a Escola de Música, a Casa do Estudante Universitário e o Museu Nacional (53 276,40 m²). Sendo unidades de saúde isoladas: Maternidade-Escola, Hospital Escola São Francisco de Assis e Escola de Enfermagem Anna Nery. A UFRJ possui além do câmpus de Macaé e do Polo Avançado de Xerém, terrenos na Avenida Chile na capital fluminense (8 550 m²), em Itaguaí (149 869,18 m²), em Jacarepaguá (Fazenda Vargem Grande com 10 000 m²), em Arraial do Cabo e em Santa Teresa, uma reserva biológica exclusiva para pesquisa (1 560 000 m²).[58]
A estrutura da Universidade Federal do Rio de Janeiro é formada pelos seis centros universitários, juntamente ao Escritório Técnico da Universidade, ao Fórum de Ciência e Cultura (FCC) e a Prefeitura da Cidade Universitária.[59] Cada centro é formado por unidades e órgãos suplementares que desempenham atividades de ensino, pesquisa e extensão em áreas afins do conhecimento.[60] Estão representados abaixo as unidades universitárias e os órgãos suplementares agrupados de acordo com os seus respectivos centros.
Centro de Ciências da Saúde (CCS): é o maior centro da universidade, sendo envolvido em atividades e pesquisas de ponta relacionadas às biociências. Ao todo, reúne dez unidades e 14 órgãos suplementares: três hospitais, três núcleos, duas escolas, três faculdades e 13 institutos. As atividades do CCS são desenvolvidas principalmente em seu prédio na Cidade Universitária, porém há unidades na Praia Vermelha, no Centro do Rio de Janeiro, em Macaé e no Polo Avançado de Xerém.[61]
Centro de Tecnologia (CT): é segundo maior centro da universidade compreendendo duas escolas de engenharia e três órgãos suplementares, situados na Cidade Universitária. O CT também possui duas incubadoras de empresas e uma fundação voltada a estudos tecnológicos. As unidades que hoje o compõe já existiam antes de sua criação, tendo histórias e processos de formação próprios. A atuação de suas unidades possui um alto valor para o âmbito tecnológico nacional, visto que é um grande centro de pesquisa e ensino em engenharia.[62]
Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE): responsável por desenvolver atividades na UFRJ no âmbito das ciências sociais aplicadas — administração, economia, direito e planejamento urbano. Reúne três unidades universitárias e dois órgãos suplementares: duas faculdades e três institutos, distribuídos pela Cidade Universitária, Praia Vermelha e no Centro do Rio de Janeiro.[64]
Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH): engloba atividades acadêmicas de forma interdisciplinar nas ciências sociais, tendo em vista os processos societários. O CFCH é formado por seis unidades universitárias e dois órgãos suplementares: duas escolas, uma faculdade, três institutos, um núcleo, além do Colégio de Aplicação — suporte para o ensino das licenciaturas. O CFCH possui atividades concentradas no câmpus da Praia Vermelha, apesar de também estar presente no Largo de São Francisco de Paula e na Lagoa.[65]
Centro de Letras e Artes (CLA): assim como os demais centros, foi criado em 1967, atualmente compreende quatro tradicionais unidades universitárias: duas escolas e duas faculdades, voltadas à arte, à linguagem e à arquitetura. Suas unidades situam-se na Cidade Universitária, à exceção da Escola de Música, localizada no Centro da cidade.[66]
Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (COPPEAD): A Escola de Negócios da UFRJ fundada em 1973, localizado em edifício próprio no câmpus Ilha do Fundão da UFRJ, é a única escola de negócios associada a uma universidade pública brasileira que detém certificação internacional, cujo mestrado, público e gratuito, é o único da América Latina listado entre os 100 melhores do mundo pelo ranking do prestigioso jornal inglês Financial Times.
As unidades e os órgãos suplementares são de dois tipos: escolas ou faculdades — destinadas à formação profissional, à pesquisa e à extensão — e institutos — destinados à realização da pesquisa básica, à extensão e ao ensino em uma área fundamental do conhecimento; há ainda alguns núcleos de pesquisa, concebidos também como órgãos suplementares. Assim como na maioria das universidades brasileiras, as unidades e órgãos suplementares fragmentam-se em departamentos. Em geral, as unidades coordenam alguns cursos de graduação e pós-graduação, e os departamentos são responsáveis pelas disciplinas, de acordo com suas linhas de pesquisa.[67]
Guardando importantes documentos da história não só nacional, como também internacional, as bibliotecas e os museus da UFRJ podem ser considerados fonte primária de consulta dos pesquisadores mais renomados. Em 1983, foi implantado o Sistema de Bibliotecas e Informação (SiBI). Desde então, os alunos contam com um fácil acesso às 43 bibliotecas, que possuem obras em todas as áreas do conhecimento. O sistema de acesso público ao acervo da universidade é feito através da Base Minerva, um banco de dados que integra todas as bibliotecas da universidade.[68]
Entre os museus e espaços culturais, destaca-se: o Museu Nacional, considerado o maior museu de história natural e antropológica da América Latina e a mais antiga instituição científica brasileira.[69] Seu prédio é a antiga residência da família imperial brasileira, no Paço de São Cristóvão. O museu foi criado por Dom João VI em 1818, sendo integrado à universidade somente em 1946.[70] O próprio imperador Dom Pedro II do Brasil, um entusiasta de todos os ramos da ciência, contribuiu com diversas peças de arte egípcia, fósseis e exemplares botânicos, entre outros itens, obtidos por ele em suas viagens.[71] Os laboratórios ocupam boa parte do museu e de alguns prédios erguidos no Horto Botânico, na Quinta da Boa Vista.[72]
A rede médico-hospitalar da universidade é formada por nove órgãos suplementares distribuídos pelos diversos campi. Estima-se que as unidades hospitalares realizem um total de 566 410 atendimentos, 8 293 cirurgias e 18 555 internações por ano.[74]
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF): criado em 1978, é a principal instituição hospitalar da universidade. Ocupa uma área de 110 000 metros quadrados, sendo referência nacional e internacional em procedimentos de alta complexidade.[75]
|Instituto de Atenção à Saúde São Francisco de Assis (HESFA): fundado em meados do século XIX como Hospital Escola e reaberto em 1988 pelo então reitor Luis Renato Caldas. Com um perfil assistencial ambulatorial humanizado, atua nos níveis de baixa e média complexidade, voltado aos pacientes de cuidado continuado e de longa permanência.[76]
Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG): é uma instituição referência no país em puericultura, incorporado à universidade por proposta do professor Joaquim Martagão Gesteira. Desenvolve pesquisas na área materno-infantil e atua na assistência e no ensino da pediatria.[78]
Instituto de Doenças do Tórax (IDT): foi criado pelo professor Antonio Ibiapina em 1957, estando desde 2000 localizado nas dependências do HUCFF. Promove assistência integral e desenvolve pesquisas na área de doenças respiratórias.[79]
Instituto de Ginecologia (IG): foi criado em 1947 e está localizado no Hospital Moncorvo Filho. Destaca-se por possuir o serviço de radioterapia, fundamental na oncologia ginecológica.[81]
Instituto do Coração Edson Saad (ICES): foi criado em 2003 para desenvolver pesquisas de alto padrão nas áreas de cardiologia e cirurgia vascular. O instituto iniciou suas atividades a partir de antigos departamentos do HUCFF e da Faculdade de Medicina.[82]
Maternidade-Escola (ME): foi criada em 1904 para assistir às gestantes e às crianças recém-nascidas das classes desfavorecidas do estado do Rio de Janeiro. É pioneira no uso de métodos como ultrassonografia e a doplerfluxometria no Brasil.[83]
Tal como em outras universidades públicas brasileiras, o ingresso na Universidade Federal do Rio de Janeiro ocorre por meio de concurso público realizado anualmente. Qualquer pessoa que tenha concluído o ensino médio pode candidatar-se a uma das vagas oferecidas. O ingresso também é possível por meio da transferência externa, por isenção de vestibular (reingresso) e através de convênios internacionais.[84]
Até o final da década de 1980, o concurso era realizado através do vestibular unificado da Fundação Cesgranrio. Por discordar da metodologia utilizada para avaliar os estudantes — em que as provas consistiam quase exclusivamente de questões de múltipla-escolha —, a universidade saiu deste convênio e passou a organizar o seu próprio concurso vestibular, denominado Concurso de Acesso aos Cursos de Graduação.[85] Este era composto somente de questões discursivas, considerado por muitos, um dos vestibulares mais difíceis e exigentes por possuir provas bem elaboradas, em que o candidato deveria discorrer sobre determinado assunto, ao invés de apontar a alternativa correta.[86]
Desde 2010, a universidade vem sendo favorável à utilização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para seleção de candidatos.[87] Dessa forma, expandiu cada vez mais sua participação no Exame, até que, em 2011, decide extinguir o seu Concurso de Acesso e passa a utilizar somente os resultados do Enem, selecionando candidatos através do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) do Ministério da Educação.[88] A universidade vem sendo uma das mais disputadas pelos candidatos: no segundo semestre de 2012 obteve 103 829 inscrições, assim sendo a instituição com maior procura no SiSU.[89]
A UFRJ possui ações afirmativas, assim como outras universidades de excelência internacional, implantadas em 2010.[90] Atualmente, 30% das vagas destinam-se à ação afirmativa que possui como critério estudantes da rede pública de todo o país que tenham renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio.[91]
Os discentes são representados pelo Diretório Central dos Estudantes Mário Prata (DCE) e pela Associação de Pós-Graduandos (APG-UFRJ). Fundado em 1930, sendo inclusive anterior à União Nacional dos Estudantes (UNE) (1937), acredita-se que tenha sido o primeiro DCE brasileiro. Foi uma entidade bastante representativa até que foi fechado pelo regime militar, em que várias lideranças do movimento estudantil foram assassinadas, entre elas, o estudante Mario de Souza Prata que era o então presidente do DCE.[160] A partir de fins da década de 1970, quando ocorreu a gradual abertura política, os diretórios acadêmicos tiveram permissão para atuar novamente. Entre os diversos alunos que participaram da reativação do DCE, encontram-se Mário Furley Schmidt[161] e alguns dos integrantes da Turma do Casseta & Planeta, como Marcelo Madureira,[162]Beto Silva[163] e Hélio de la Peña.[164]
Além do DCE, a universidade possui centros acadêmicos (CAs) para cada curso, como o Centro Acadêmico Carlos Chagas da Faculdade de Medicina,[165] o Centro Acadêmico da Engenharia da Escola Politécnica,[166] o Centro Acadêmico Cândido de Oliveira da Faculdade de Direito,[167] o Centro Acadêmico Max Planck do Instituto de Física[168] e o Diretório Acadêmico da Escola de Química.[169]
O trágico episódio conhecido como Massacre da Praia Vermelha foi um marco para o movimento estudantil brasileiro.[170] Na madrugada de 3 de setembro de 1966, forças da ditadura militar invadiram o antigo prédio da então Faculdade Nacional de Medicina e, cruelmente, espancaram diversos estudantes que ali estavam abrigados.[171]
Houve, também, depredação do patrimônio público, causando estragos em diversos laboratórios e setores da faculdade. Os cerca de 600 estudantes protestavam contra diversas ações do governo militar, como o fechamento da UNE, o aumento do preço das refeições e, ainda, reivindicavam a libertação do estudante de Direito Rodrigo Lima, preso durante 35 dias no Batalhão de Guardas do Exército.[172]
Estudantes na madrugada de 23 de setembro de 1968, no prédio da Faculdade Nacional de Medicina, resistiram ás forças policiais do Exército Brasileiro. O episódio conhecido como "Massacre da Praia Vermelha" marca um importante momento da luta da Universidade por sua autonomia.
A Ilha do Fundão localiza-se na margem oeste da baía de Guanabara.[173] A principal infraestrutura da Universidade Federal do Rio de Janeiro é a Cidade Universitária, situada na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio de Janeiro, ocupando quase a totalidade de sua extensão.[174] A Ilha foi criada na década de 1950 pela união de várias ilhas preexistentes por meio de aterros.[175] Entretanto, as atividades acadêmicas deste câmpus só iniciaram-se em 1970. O projeto inicial previa que todos os cursos fossem transferidos para lá.[176] O câmpus teve seus prédios construídos por grandes arquitetos modernistas brasileiros. Alguns dos projetos ganharam prêmios de arquitetura, caso do prédio da reitoria, projetado por Jorge Machado Moreira e premiado na IV Bienal de São Paulo.[177]
O câmpus possui alojamento (com 504 quartos) para alunos de graduação,[178] três restaurantes universitários (bandejões),[179] centros esportivos e agências bancárias.[180] Em 2010, foi inaugurada a Estação de Integração com o objetivo de oferecer maior segurança e comodidade à comunidade acadêmica. Por ali passam diversas linhas intercampi e internas transitando 24h por toda extensão da Cidade Universitária, oferecidas gratuitamente;[181] além de linhas regulares municipais e intermunicipais[182] que atendem a população oriunda da Baixada Fluminense e das regiões Metropolitana[183] e Serrana.[184][185]
O câmpus da Praia Vermelha, localizado na Urca, Zona Sul do Rio de Janeiro, concentra, principalmente, cursos ligados às ciências humanas. Seu prédio de maior destaque é o Palácio Universitário, construído em estilo neoclássico entre 1842 e 1852 para o Hospício Pedro II — inaugurado por Dom Pedro II dez anos mais tarde.[186] Em 1949, o edifício foi cedido à Universidade do Brasil, que restaurou e adaptou as instalações para ser sua sede.[187]
Já na região central do Rio de Janeiro, estão distribuídas diversas unidades isoladas. A Faculdade de Direito no Palácio do Conde dos Arcos que abrigou o Senado Federal;[188] a Escola de Música instalada desde 1913 no antigo prédio da Biblioteca Nacional;[189] o Observatório do Valongo no topo do Morro da Conceição;[190] o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e o Instituto de História, situados no prédio que sediou a Escola Nacional de Engenharia, no Largo de São Francisco de Paula.[191]
No Plano Diretor UFRJ 2010–2020 há um projeto de transformação do câmpus da Praia Vermelha em um grande centro cultural e de transferência da maior parte das atividades acadêmicas deste câmpus e das unidades isoladas para a Cidade Universitária, retomando o projeto inicial da Cidade Universitária de concentrar as atividades universitárias na Ilha.[192] Isso tem gerado discussões na universidade pelo fato de boa parte dos alunos, professores e funcionários das unidades a serem transferidas não aceitarem a concentração destas na Cidade Universitária, visto a distância da Zona Sul à Zona Norte e o trânsito caótico da Linha Vermelha.[193]
Aloísio Teixeira, então reitor e defensor da integração, argumentou que o Palácio Universitário não suporta mais a circulação de duas a três mil pessoas ao dia, estando os problemas da Cidade Universitária em seus acessos.[194] Com o objetivo de sanar parte deste problema, em meados de 2010 foi iniciada a obra da primeira ponte estaiada do Rio, denominada Ponte do Saber, inaugurada no início de 2012 para receber diariamente 25 mil veículos.[195]
Através do curso de graduação em Biofísica, no segundo semestre de 2008, a UFRJ iniciou suas atividades em Xerém, uma região com grande potencial industrial e tecnológico no município de Duque de Caxias.[196] Com o objetivo de colaborar com o Inmetro, a Universidade estabeleceu parceria com a Prefeitura Municipal de Duque de Caxias e com a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico e Políticas Sociais.[197][198] Atualmente são oferecidos, além de Biofísica, os cursos de Biotecnologia e Nanotecnologia, ambos implantados no primeiro semestre de 2010.[199] Já no ano seguinte, deu-se início ao mestrado profissional em Formação Científica para Professores de Biologia, com o público-alvo licenciados em Ciências Biológicas que buscam atualização e aperfeiçoamento.[200] Os alunos têm à disposição a infraestrutura e os laboratórios do Inmetro, apesar de muitos ainda realizarem seus estágios curriculares na Cidade Universitária, assim como a maioria dos docentes cujos laboratórios estão no câmpus sede. A inauguração do câmpus universitário em área do Inmetro cedida à UFRJ está prevista para meados de 2012.[201]
A presença da UFRJ em Macaé vem desde a década de 1980, em que pesquisadores do Instituto de Biologia realizavam pesquisas em lagoas da Região dos Lagos. Em parceria com a Prefeitura Municipal de Macaé, em 1994, foi instituído o Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NUPEM).[202] O reconhecimento da presença e importância da universidade no município foi visível, tanto que a Prefeitura doou um terreno de 29 mil m² em que foi instalada a infraestrutura inicial, formando um centro universitário.[203]
Em 2005, o NUPEM foi oficializado como órgão suplementar do Centro de Ciências da Saúde, e no ano de 2006, pela primeira vez se iniciou um curso de graduação presencial da UFRJ fora da Rio de Janeiro — a licenciatura em Ciências Biológicas na sede do NUPEM.[204] Em 2007 a Prefeitura Municipal de Macaé inaugurou um complexo universitário, com dois prédios construídos, de um total de sete previstos, para receber cursos de graduação, pós-graduação e extensão, nesta solenidade ocorreu também a assinatura do Protocolo de Intenções entre a Prefeitura e a UFRJ para que em 2008 fossem iniciados os cursos de Química e Farmácia, aumentando para três o número de cursos oferecidos pela universidade em Macaé.[205]
Na atualidade, o câmpus está distribuído fisicamente em três polos (Universitário, Barreto e Ajuda) em que são ofertados os seguintes cursos de graduação: Licenciatura Ciências Biológicas, Bacharelado em Ciências Biológicas, Licenciatura em Química, Bacharelado em Química, Enfermagem e Obstetrícia, Engenharia (Produção, Civil e Mecânica), Farmácia, Medicina e Nutrição.[206] O câmpus também conta com dois programas de pós-graduação, em Ciências Ambientais e Conservação e em Produtos Bioativos e Biociências.[207] O nome do ex-reitor Aloísio Teixeira — que dirigiu a instituição entre 2003 e 2011 — passou a integrar a denominação do câmpus em 2012, passando a ser chamado de Campus UFRJ–Macaé Professor Aloísio Teixeira, em homenagem a uma figura decisiva no processo de interiorização da universidade.
Ministrados na modalidade semipresencial, em que é necessária a participação de alunos em determinadas atividades presenciais, a UFRJ oferece os cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas, Física e Química.[209] Ao final do curso, o aluno recebe o diploma igual ao do aluno presencial da universidade que é matriculado, de acordo com o polo escolhido.[210] O ingresso é por meio do vestibular do próprio consórcio. Os polos com atuação da UFRJ estão instalados nos seguintes municípios: Angra dos Reis, Duque de Caxias, Itaperuna, Macaé, Nova Iguaçu, Paracambi, Piraí, Rio de Janeiro, São Gonçalo, Três Rios e Volta Redonda.[211]
Na Cidade Universitária está instalado o Parque Tecnológico do Rio, um complexo tecnológico voltado para pesquisas em energia, petróleo e gás.[212] Em parceria com a Petrobras, a UFRJ objetiva transformar a área de 350 mil m² no maior centro global de pesquisa tecnológica do setor petrolífero, tendo em vista que a exploração do pré-sal necessita de desenvolvimento de novas tecnologias. Talvez, seja por isso que comparações com o Vale do Silício, na Califórnia, tornaram-se comuns.[213] Destacam-se:
Centro de Tecnologia Mineral (CETEM): criado em 1978, é um instituto de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que atua no desenvolvimento tecnológico mineral.[216]
O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) é um dos complexos de pesquisa aplicada mais importantes do mundo. Localizado na Ilha do Fundão.Centro Tecnológico Global da General Electric (GE): está em processo de construção, com previsão de inauguração em 2013, devido a isso, atualmente, a General Electric utiliza as dependências do prédio do Centro de Excelência em Tecnologia da Informação e Comunicação (CETIC).[217][218]
O H2+2 é um ônibus híbrido movido a energia elétrica, obtida de bateria abastecida na rede e complementada com energia produzida a bordo, por meio de pilha a combustível alimentada com hidrogênio. É um veículo silencioso, com eficiência energética maior que a dos ônibus a diesel e com emissão zero de poluentes. Com tecnologia 100% nacional, o veículo foi lançado durante a Rio+20, o evento promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2012, no Rio de Janeiro.
O Jornal da UFRJ foi uma publicação de periodicidade mensal da Coordenadoria de Comunicação Social da UFRJ. Publicado entre 2003 e 2014, abordava assuntos de interesse do público discente, docente, do funcionalismo, além do público externo. Era disponibilizado tanto digital como impresso, tendo uma tiragem de 25 mil exemplares e sendo distribuído pelos diversos campi da universidade.[237]
No ano de 1986, foi fundada a Editora UFRJ, visando que a universidade tivesse um braço editorial para publicações impressas.[238][239] Desde sua fundação, a editora já venceu importantes prêmios como o Jabuti, principal prêmio literário do país.[240] Em 2014, a editora ganhou uma livraria no bairro de Botafogo.[241]
O UFRJ Mar é um projeto desenvolvido no litoral do estado do Rio de Janeiro abrangendo diversas áreas do conhecimento, como Educação Física, Engenharia, Ciências Biológicas e Geociências. O projeto utiliza um dos mais completos conjuntos de laboratórios para ensino e pesquisa de estudos marítimos e costeiros no desenvolvimento de soluções para os problemas que enfocam o mar como meio ambiente e fonte de recursos.[242]
O Conhecendo a UFRJ é um evento que ocorre anualmente durante dois dias na Cidade Universitária, em que estudantes do ensino médio vivenciam o dia-dia da universidade através de palestras e visitas guiadas pelo câmpus. Em sua oitava edição, no ano de 2010, aproximadamente 14 mil estudantes participaram do evento.[243]
Inauguração do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Desenvolvido pela COPPE com apoio do Governo do Ceará a Usina de Ondas do Pecém é a primeira da América Latina e coloca o Brasil em um seleto grupo de países com conhecimento para extrair energia elétrica das ondas do mar. Fabrica com tecnologia 100% brasileira, está localizada a 60 km de Fortaleza no quebra mar do Porto de Pecém. O projeto dos pesquisadores do Laboratório de Tecnologia submarina da COPPE foi concebido em módulos o que permite a ampliação da capacidade da usina.[244]
O Maglev Cobra é um trem de levitação desenvolvido na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) pela Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia) e pela Escola Politécnica através do LASUP (Laboratório de Aplicações de Supercondutores). O trem brasileiro, assim como o maglev alemão, flutua sobre os trilhos, tendo atrito apenas com o ar durante seu deslocamento. O Maglev Cobra se baseia em levitação, movendo-se sem atrito com o solo através de um motor linear de primário curto. O veículo foi concebido visando uma revolução no transporte coletivo através da alta tecnologia, de forma não poluente, energeticamente eficiente e de custo acessível para os grandes centros urbanos.
O custo de implantação do Maglev Cobra é significativamente menor do que o do metrô, chegando a custar apenas um terço deste. Sua velocidade normal de operação ocorrerá dentro de uma faixa de 70 a 100km/h, compatível à do metrô e ideal para o transporte público urbano.[245]
Capaz de reproduzir as principais características do meio ambiente marinho e simular fenômenos que ocorrem em lâminas d'água superiores a dois mil metros de profundidade, o LabOceano representa um suporte tecnológico estratégico para o Brasil, que possui mais de 90% de suas reservas de petróleo concentradas no mar, e para as indústrias do setor petrolífero e naval. O tanque oceânico comporta 23 milhões de litros de água e sua altura corresponde a um prédio de oito andares. Hoje, só existem no mundo duas instalações com características similares às do tanque projetado pelos pesquisadores da COPPE, que tem 15 metros de profundidade e mais dez metros adicionais em seu poço central: o Marintek, na Noruega, com dez metros, e o Marin, na Holanda, com 10,5 metros.[246]