Stevens Rehen

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Stevens Kastrup Rehen
Stevens Rehen
Nascimento 1971
Rio de Janeiro, GB
Nacionalidade Brasileiro
Instituições UFRJ
Campo(s) Neurociência, biologia celular

Stevens Kastrup Rehen (Rio de Janeiro, 1971) é um neurocientista brasileiro.

Biografia e carreira[editar | editar código-fonte]

Stevens Rehen, neurocientista no Instituto D'Or de Pesquisa e Educação, na Promega Corporation e no Usona Institute, é reconhecido por seu trabalho nas áreas de células iPS, organoides cerebrais e pesquisa psicodélica, incluindo substâncias como LSD, 5-MeO-DMT e harmina da Ayahuasca. Sua pesquisa evidenciou os efeitos moleculares desses psicodélicos em células cerebrais humanas, destacando especialmente o impacto do LSD em proteínas relacionadas à proteostase celular, ao metabolismo energético e à neuroplasticidade. Os estudos de Rehen sobre o 5-MeO-DMT revelaram mudanças significativas no proteoma de organoides cerebrais humanos, aprimorando nosso entendimento de seu impacto molecular. Além disso, sua pesquisa sobre a harmina da Ayahuasca concentrou-se nos efeitos desta na regulação do transporte axonal de APP em neurônios pelo DYRK1A e na estimulação da proliferação de progenitores neurais humanos. As contribuições de Rehen, incluindo 116 publicações revisadas por pares com 7.600 citações e um índice h de 43, têm grande influência na neurociência, particularmente na biologia básica dos psicodélicos. Reconhecido por sua mentoria, tendo orientado 94 cientistas em vários níveis acadêmicos, foi agraciado, em 2023, com a Ordem Nacional do Mérito Científico pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reconhecimento ao seu trabalho e contribuição do campo científico no país.[1]

O trabalho de Stevens Rehen também ganhou destaque internacional durante a epidemia do vírus Zika, principalmente devido à sua pesquisa sobre os efeitos do vírus em organoides cerebrais. Rehen e sua equipe foram alguns dos primeiros a demonstrar que o vírus Zika poderia infectar e causar danos em células cerebrais humanas, contribuindo para malformações como a microcefalia em fetos. Utilizando organoides cerebrais e células iPS, Rehen simulou o desenvolvimento do cérebro humano em laboratório. Esses modelos permitiram que os pesquisadores observassem em detalhe como o vírus Zika afetava o crescimento e a diferenciação das células neurais. Os organoides serviram como uma ferramenta para estudar o vírus em um ambiente controlado, oferecendo insights valiosos sobre os mecanismos de infecção e os efeitos do vírus no cérebro em desenvolvimento. Além dos organoides cerebrais, a pesquisa de Rehen e sua equipe no Instituto D’Or e UFRJ também se estendeu ao estudo de astrócitos, um tipo de célula glial no cérebro. Seus estudos ajudaram a elucidar o papel dessas células na neurogênese e na resposta cerebral à infecção pelo vírus Zika. A análise dos astrócitos forneceu informações adicionais sobre como o vírus pode alterar o ambiente celular e contribuir para as complicações neurológicas observadas em infecções. O trabalho de Stevens Rehen proporcionou avanços significativos na compreensão da relação entre o vírus Zika e o desenvolvimento neural. Suas descobertas não apenas esclareceram aspectos fundamentais da patologia do vírus Zika mas também abriram caminho para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas e métodos de prevenção contra infecções virais que afetam o desenvolvimento cerebral. Suas pesquisas destacam a importância do trabalho interdisciplinar e inovador na compreensão e no tratamento de doenças complexas.

Rehen é Professor Titular licenciado, sem remuneração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, membro afiliado da Academia de Ciências da América Latina, Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS), e International Society for Research on Psychedelics. Fellow do Pew Latin American Program in the the Biomedical Sciences e do Fulbright Visiting Research Scholar Program.

Atua também na Popularização e Divulgação Científica. Curador do projeto ArtBio e membro do Comitê Científico do Museu do Amanhã e do Conselho Consultivo Internacional da 'The Lancet Regional Health'. Contribuiu como colunista do programa Conversa com Bial na TV Globo e da MIT Technology Review (Brasil), bem como foi apresentador dos podcasts Trip com Ciência e Que Soem as Trombetas. Foi colunista de ciência do MIT Technology Review Brasil, SECHAT, revista Scientific American Brasil e revista Ciência Hoje.

Serviu como coordenador geral do Biobanco de Células-Tronco de Pluripotência Induzida do Ministério da Saúde e como presidente da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (2005-2008), membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (2008-2012), e Diretor Adjunto de Pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ (2008-2013). Coordenou a Rede Nacional de Terapia Celular do Ministério da Saúde (2013-2015) e foi Secretário Executivo para o Congresso Mundial da International Brain Research Organization (Rio 2015). Recebeu seu diploma de graduação em Ciências Biológicas - Genética em 1994, mestrado em 1996 e doutorado em 2000 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Realizou pós-doutorados em Neurociências na Universidade da Califórnia em San Diego (2003) e no Instituto de Pesquisa Scripps dos Estados Unidos (2005). Foi pesquisador visitante no Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute dos EUA (2021-2022). Até a presente data, formou 94 cientistas em níveis de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Esses ex-alunos estão espalhados pelo Brasil e pelo mundo.

Primeiro de quatro filhos de um bancário de ascendência franco-alemã e de uma dona de casa de origem dinamarquesa,[2] Rehen cresceu entre os bairros do Andaraí e Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Formou-se em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994). No mesmo ano recebeu o Prêmio Roberto Alcântara Gomes de Melhor Trabalho em Biofísica pela Federação das Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE). O mestrado, sob orientação de Rafael Linden, foi defendido em 1996 no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho. Foi agraciado com o Prêmio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) pelo Melhor Trabalho Nível Mestrado da Área de Ciências Biológicas do Brasil daquele ano. Sua tese de doutorado (2000), sob orientação novamente de Rafael Linden, descreveu novas formas de controle da degeneração celular na retina em desenvolvimento.

Durante a década de 90, Bitty (apelido pelo qual Stevens é conhecido entre os colegas) integrou a irreverente banda A Mula Rouca, chegando a gravar um CD independente em 1999.[3]

Entre 2000 e 2005 viveu nos Estados Unidos. Trabalhou no laboratório de Jerold Chun na Universidade da Califórnia, em San Diego (2000-2003). Entre 2003 e 2005 foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Scripp, da Califórnia. Descreveu a existência de aneuploidia no cérebro de camundongos e seres humanos saudáveis.

Em 2005 retornou ao Brasil com o intuito de contribuir para o desenvolvimento das pesquisas sobre células-tronco embrionárias.

De 2005 a 2008, Rehen foi presidente da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC). Criou a Medalha Neurociências Brasil para homenagear neurocientistas pioneiros no país: Carlos Eduardo Rocha-Miranda (2006), Iván Antonio Izquierdo (2007), Frederico Guilherme Graeff (2008) e Eduardo Oswaldo-Cruz (2009). Na Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE) discutiu a burocracia que dificulta a importação de insumos necessários ao progresso da pesquisa científica no país.

Em 2007, foi convidado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a participar da primeira audiência pública da história do Brasil, apresentando posição favorável ao estudo de células-tronco embrionárias. No mesmo ano foi indicado para a “Classe 2007” do Fórum Mundial de Ciências da Vida realizado em Lyon, França. Distinção aos 100 cientistas mais promissores do mundo com menos de 40 anos, selecionados por academias de ciências dos quatro continentes.

Pioneiro no estudo de células-tronco embrionárias humanas no país, criou células-tronco de pluripotência induzida (iPS) a partir de células da pele, coordenou projetos de pesquisa sobre células-tronco com apoio do Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Ao lado da jogadora Marta, de Gilson Schwartz, Nicola Bernardo, Gil Castello Branco, Ângela Gutierrez, Titi Freak e do pianista João Carlos Martins foi indicado em reportagem especial da revista Fora de Série (outubro 2009, jornal Brasil Econômico) como um dos "8 brasileiros que estão moldando positivamente o futuro do país".[4]

Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.[5]

Coordenou o Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE) do DECIT/Ministério da Saúde-BNDES no Rio de Janeiro, especializado na produção de células-tronco embrionárias e células-tronco de pluripotência induzida (iPS) associado à Rede Nacional de Terapia Celular.

Em 2011, Stevens Rehen foi novamente considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes país.[6]

Publicou textos de opinião e divulgação científica em veículos da imprensa incluindo Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo, UOL, G1, Instituto Ciência Hoje etc. Participou como entrevistado e/ou divulgador de ciência em diversos programas na TV Globo,[7] Discovery Channel, Futura, TV Brasil, Band e SBT. Participou da idealização de programas sobre ciência e cinema para o Programa Globo News Ciência e Tecnologia. Apresentou por nove meses uma coluna semanal ao vivo sobre ciência na Globo News. É autor de livro publicado para o grande público sobre o tema células-tronco. Realiza palestras no Brasil e no exterior.[8]

Referências

  1. Mazui, Guilherme (12 de julho de 2023). «Lula condecora pesquisadores com a Ordem Nacional do Mérito Científico». G1. Consultado em 17 de julho de 2023. Cópia arquivada em 12 de junho de 2023 
  2. Almeida, Carla (13 de agosto de 2011). «As novas fronteiras da Biologia». Globo Universidade. Consultado em 4 de fevereiro de 2024 
  3. http://www.icb.ufrj.br/index.php?option=com_content&task=view&id=532
  4. Smeraldi, Roberto (outubro de 2009). «Capa de nova revista escolhe mentor da economia florestal como símbolo do futuro do Brasil». revista Fora de Série (citação). Consultado em 20 de outubro de 2009 [ligação inativa]
  5. «Época - NOTÍCIAS - Os 100 brasileiros mais influentes de 2009». revistaepoca.globo.com. Consultado em 20 de dezembro de 2009 
  6. «Época 100: Os brasileiros mais influentes de 2011 (trecho)». revistaepoca.globo.com. Consultado em 14 de março de 2012 
  7. «Encontre tudo sobre "stevens rehen" | Globoplay». GloboPlay. Consultado em 18 de junho de 2018 
  8. «Stevens K Rehen». scholar.google.com. Consultado em 4 de fevereiro de 2024 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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