Instituto de Infectologia Emílio Ribas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Hospital Emílio Ribas
Instituto de Infectologia Emílio Ribas
O doutor Carlos de Oliveira Bastos (1910-2003), de jaleco, então diretor do Hospital Emílio Ribas (à direita) acompanhando o governador Laudo Natel e seus assessores durante visita ao Hospital Emílio Ribas, 1973.
Arquivo Público do Estado de São Paulo
Nome completo Instituto de Infectologia Emilio Ribas
Localização São Paulo, SP
 Brasil
Fundação 1880 (144 anos)
Tipo Público
Rede hospitalar Estadual
Especialidades Infectologia
Site www.emilioribas.org
editar

Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER), também conhecido como Hospital Emílio Ribas, é um hospital público brasileiro especializado em infectologia localizado em São Paulo. É um dos primeiros a tratar de casos de vírus da imunodeficiência humana (VIH) no país.[1][2] A sede do Hospital situa-se próxima à estação Clínicas do Metrô de São Paulo, perto da Faculdade de Medicina e do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.[3]

As duas edificações e o portão original do institutos são tombados a nível municipal. A resolução que decidiu o tombamento descreve que "o conjunto formado pelos pavilhões remanescentes do antigo Hospital de Isolamento de São Paulo (atual Hospital Emílio Ribas) e seu portão original apresenta inestimável valor histórico, arquitetônico e ambiental."[4]

História[editar | editar código-fonte]

Origens e construção[editar | editar código-fonte]

Pavilhão de Observação do Hospital de Isolamento em 1894, reponsável pela triagem dos pacientes

No final do século XIX, doenças altamente infecciosas, em especial a varíola, causavam enormes problemas de saúdes. Em 1875, José Guedes Portilho, vereador da província de São Paulo, afirmou em discurso que era "urgente a abertura de um lazareto na capital, onde possa ser recolhidos os infelizes acometidos de varíola".[5][6]

A necessidade levou à construção do hospital, e as obras começaram em 1876[5] e duraram 4 anos. Em 1880, foi inaugurado o hospital, sob a alcunha de Lazareto dos Variolosos.[7][8] Situado na a estrada de Pinheiros (ao lado da avenida Rebouças), distante do centro populacional da cidade da época, foi renomeado m 1888 como Hospital de Isolamento.[8] Além de varíola,[9] nas primeiras décadas o hospital lidava com surtos de doenças como febre amarela,[10] difteria, febre tifoide,[7] escarlatina e meningite meningocóccica.[11]

Em 1898, o médico Emílio Ribas assumiu o controle do Hospital de Isolamento indiretamente, devido à sua nominação como diretor do Serviço Sanitário.[8] Nas dependências do Hospital de Isolamento, em 1901, Emílio RIbas confirmou, ao lado de Adolfo Lutz a transmissão da febre amarela por picadas de mosquito.[8] O experimento (que contou também com mais 4 voluntários) se tornou conhecido pelos voluntários terem se deixado picar por mosquitos infectados e 3 deles desenvolveram sintomas.[12]

Vista aérea do Hospital de Isolamento em 1902

Em 1932, o Hospital de Isolamento foi renomeado como Hospital Emílio Ribas, após uma doação da viúva de Emílio, Maria Carolina Bulcão, à campanha paulista na Revolução Constitucionalista de 1932.[7] Em 1991, outra renomeação mudou o nome oficial para Instituto de Infectologia Emílio Ribas.[8]

O ano de 1968 foi o último no qual o Hospital recebeu pacientes de varíola (o motivo principal de sua construção 88 anos antes).[5] Um estudo de 2008 analisou os dados sobre pacientes do Emílio de Ribas de 1898 a 1970, mostrando a série histórica das 11.393 internações de pacientes com varíola no local.[6]

Em 1983, foi o primeiro hospital a abrigar um centro dedicado ao combate à AIDS no Brasil, mantendo-se como uma referência no tratamento da doença até os dias atuais.[13][14]

Em 2005, uma exposição comemorativa aos 125 anos do Instituto Emílio Ribas foi organizada pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo na Estação Sé do metrô.[15]

A história do instituto foi capturada em detalhes no livro Do Lazareto Dos Variolosos Ao Instituto De Infectologia Emilio Ribas: 130 Anos De História Da Saúde Pública No Brasil.[8][16] O livro está disponível para consulta em diversas bibliotecas de acesso público da Universidade de São Paulo.[17]

Pandemia de COVID-19 em São Paulo[editar | editar código-fonte]

O hospital Emílio RIbas participa ativamente da rede de hospitais no combate a Pandemia de COVID-19 no estado de São Paulo. Em 17 de abril de 2020, o hospital anunciou que 100% de seus leitos de UTI estavam lotados.[18] A ala de UTI conta com apenas 30 leitos, mas recebeu solicitações de mais de 40 vagas em apenas 1 dia.[19] Em 15 de abril, David Uip, médico que participa da coordenação do combate ao coronavírus no estado de, prometeteu qu a capacidade de UTI do hospital seria aumentada para 50 leitos em até duas semanas.[20]

Uma reforma anunciada em agosto de 2013[21] ainda não foi concluída, com diversos problemas administrativos.[22][23][24] Os problemas relacionados à reforma ganharam destaque na mídia durante a epidemia de COVID-19.[24][25]

Estrutura[editar | editar código-fonte]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

A concepção arquitetônica original do prédio seguiu os modelos de hospitais de isolamento estudados pelo arquiteto francêss Jacques Tenon.[5]

Biblioteca[editar | editar código-fonte]

A Biblioteca do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) existe oficialmente já desde 1967, sendo parte integrante do Serviço de Informação e Documentação Científica (SIDC) instituído em 1991 por Decreto Estadual (n° 33.408).

O SIDC possui atualmente um acervo de mais de 4.500 títulos (livros) nacionais e estrangeiros além de 45.000 fascículos de periódicos, alguns deles exclusivos na América do Sul, tanto pela especificidade do seu tema (sempre relacionado à Infectologia) quanto por serem edições por demais antigas, ou seja, disponíveis apenas em papel (nunca digitalizadas).

Unidades[editar | editar código-fonte]

Além da unidade principal do instituto, situada em São Paulo, próxima ao metrô Clinicas, o IIER conta com uma segunda unidade na Baixada Santista, no município do Guarujá.[26][27]

Pesquisa e Ensino[editar | editar código-fonte]

Além de hospital, o Insituto conta com programas de formação de profissionais na área da saúde, com um programa de Residência Médica em Infectologia[28] e um programa de pós-graduação stritu sensu (mestrado e doutorado) multidisciplinar voltado à integração de pesquisa básica e a atividade clínica em infectologia.[29] O instituto conta ainda com uma biblioteca de acesso público.[30]

A associação de direito privado Centro de Estudos Emílio Ribas organiza grande parte das atividades acadêmicas do local.[31]

Veja também[editar | editar código-fonte]

Notas e Referências

  1. «Instituto de Infectologia Emílio Ribas promove encontro sobre AIDS». noticias.r7.com. Consultado em 22 de dezembro de 2012 [ligação inativa]
  2. «Instituto de Infectologia Emílio Ribas». aids.gov.br. Consultado em 23 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 23 de setembro de 2013 
  3. «INSTITUCIONAL | IIERibas». Consultado em 21 de abril de 2020 
  4. «São Paulo - Hospital Emílio Ribas -ipatrimônio». Consultado em 21 de abril de 2020 
  5. a b c d Mastromauro, Giovana Carlo (2008). Urbanismo e salubridade na São Paulo Imperial: o Hospital de Isolamento e o Cemitério do Araçá. [S.l.]: [dissertação] Campinas (SP): Universidade Católica de Campina. pp. 63–64 
  6. a b Ribeiro, Ana Freitas; Pascalicchio, Francisco Vanin; Silva, Pedro Antonio Vieira da; Opromolla, Paula Araujo (fevereiro de 2011). «A varíola em São Paulo (SP, Brasil): histórico das internações no Instituto de Infectologia Emílio Ribas entre 1898 e 1970». Ciência & Saúde Coletiva. 16 (2): 423–432. ISSN 1413-8123. doi:10.1590/s1413-81232011000200006 
  7. a b c «História | IIERibas». Consultado em 21 de abril de 2020 
  8. a b c d e f «Respostas ao tempo | Revista Pesquisa Fapesp». Consultado em 21 de abril de 2020 
  9. Ribeiro, Ana Freitas; Pascalicchio, Francisco Vanin; Silva, Pedro Antonio Vieira da; Opromolla, Paula Araujo (fevereiro de 2011). «A varíola em São Paulo (SP, Brasil): histórico das internações no Instituto de Infectologia Emílio Ribas entre 1898 e 1970». Ciência & Saúde Coletiva. 16: 423–432. ISSN 1413-8123. doi:10.1590/S1413-81232011000200006 
  10. Almeida, Marta de (fevereiro de 2000). «Combates sanitários e embates científicos: Emílio Ribas e a febre amarela em São Paulo». História, Ciências, Saúde-Manguinhos. 6 (3): 577–607. ISSN 0104-5970. doi:10.1590/S0104-59702000000400005 
  11. Barata, Rita Barradas (2000). «Cem anos de endemias e epidemias». Ciência & Saúde Coletiva. 5: 333–345. ISSN 1413-8123. doi:10.1590/S1413-81232000000200008 
  12. «Na própria pele | Revista Pesquisa Fapesp». Consultado em 21 de abril de 2020 
  13. Mendonça, Patricia Maria Emerenciano de; Alves, Mario Aquino; Campos, Luiz Claudio (junho de 2010). «Empreendedorismo institucional na emergência do campo de políticas públicas em HIV/aids no Brasil». RAE eletrônica. 9 (1). ISSN 1676-5648. doi:10.1590/s1676-56482010000100007 
  14. «Instituto Emílio Ribas solta 20 mil balões vermelhos em alusão ao Dia de Luta contra a Aids – SP Saúde» 
  15. «Metrô: Exposição de fotos celebra 125 anos do Instituto Emílio Ribas». 11 de março de 2005 
  16. «Livro reconta a história do Hospital Emilio Ribas, fundado em 1880» 
  17. «DEDALUS (USP01) - Registro Completo» 
  18. «Leitos de UTI do Emílio Ribas estão 100% ocupados por pacientes com coronavírus; hospital recebe 100 novas solicitações por dia». Consultado em 19 de abril de 2020 
  19. «Coronavírus: casal de médicos relata rotina no hospital Emílio Ribas». Consultado em 19 de abril de 2020 
  20. «Número de pacientes internados com Covid-19 sobe para 2,3 mil em SP; Emílio Ribas tem 100% de ocupação na UTI». Consultado em 19 de abril de 2020 
  21. «SP investe R$ 100 milhões na maior reforma e modernização do Emílio Ribas». Consultado em 21 de abril de 2020 
  22. «Reforma do Hospital Emílio Ribas é discutida em audiência» 
  23. «Reforma infindável do Hospital Emílio Ribas é discutida em audiência pública» (em inglês). Consultado em 19 de abril de 2020 
  24. a b «Coronavírus: hospitais públicos de referência em SP, Emílio Ribas e Mandaqui perdem leitos por reformas não concluídas». Consultado em 19 de abril de 2020 
  25. Lazzeri, Thais (24 de março de 2020). «Hospital de referência para tratar coronavírus em SP funciona pela metade – e já está lotado» (em inglês). Consultado em 19 de abril de 2020 
  26. «Hospital Emílio Ribas chega ao Guarujá». 16 de junho de 2013. Consultado em 28 de abril de 2020 
  27. «Emilio Ribas Baixada Santista». Consultado em 28 de abril de 2020 
  28. «Residência Médica em Infectologia | IIERibas». Consultado em 27 de abril de 2020 
  29. «Pós-Graduação STRICTO SENSU | IIERibas». Consultado em 27 de abril de 2020 
  30. «Biblioteca | IIERibas». Consultado em 27 de abril de 2020 
  31. [http://www.centroestudosemilioribas.org.br/ «Centro de Estudos Em�lio Ribas»]. Consultado em 27 de abril de 2020  replacement character character in |titulo= at position 21 (ajuda)

Ligações externas[editar | editar código-fonte]