Cemitério do Araçá
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O Cemitério do Araçá (Necrópole do Santíssimo Sacramento) é uma necrópole da cidade de São Paulo, localizado na Avenida Doutor Arnaldo. Fundado em 4 de junho de 1887, é um dos mais antigos da capital paulista.[1]
Sua área atual é de 221.475,16 m², divididos entre os bairros de Pinheiros e do Pacaembu, região nobre no distrito da Consolação, onde se localizam mausoléus de importantes e tradicionais famílias paulistanas.[2]
Bem arborizado, conta um enorme acervo de esculturas em seus túmulos, como anjos, serafins, querubins de mármore e bronze.[3] O cemitério abriga ainda sepulturas de personagens importantes da história brasileira, e também o mausoléu da Polícia Militar do Estado de São Paulo, onde estão enterrados policiais mortos em ação.[4][5]
A Cortel São Paulo é uma empresa que faz parte do Grupo Cortel, responsável pela gestão, administração e manutenção de cemitérios, crematórios e agências funerárias da cidade de São Paulo. A Cortel administra outros quatro cemitérios em São Paulo, o Cemitério Dom Bosco, Cemitério São Paulo, Cemitério Vila Nova Cachoeirinha, e o Cemitério Santo Amaro.
História
[editar | editar código-fonte]O Cemitério do Araçá surgiu da necessidade da cidade de São Paulo ter uma nova necrópole, após a superlotação do Cemitério da Consolação. Além disso, os imigrantes italianos, que estavam em ascensão, demandavam um local específico para enterrar os seus mortos, pois no Consolação, o espaço era predominantemente destinado às famílias tradicionais da elite paulistana, ligadas à cultura cafeeira.
Se no início era uma alternativa mais econômica para esse segmento emergente da população, transformou-se depois em uma cemitério mais elitizado.
O nome Araçá foi escolhido por estar situado na antiga Estrada do Araçá, atual Avenida Doutor Arnaldo, que pode indicar que essa árvore era comum na região.[6]
Ossário Geral do Cemitério do Araçá
[editar | editar código-fonte]O cemitério conta com um ossário, que de 2002 a março de 2016, abrigou mais de mil ossadas de mortos e desaparecidos políticos encontrados em vala clandestina de Perus, distrito de São Paulo, em 1990.[7]
Na madrugada do dia 03 de novembro de 2013, o ossário foi depredado após um ato inter-religioso do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça. Houve a destruição de dois monólitos de 700 kg, foram espalhados sacos de ossadas e depredadas estátuas de túmulos não relacionados ao ossário.[7]
A invasão danificou gavetas que armazenam ossadas e parte das obras da exposição Penetrável Genet, dos artistas Celso Sim e Anna Ferrari, que integraram a 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, que abordou a questão dos desaparecidos políticos na época da ditadura militar.[8]
Em março de 2016, a Prefeitura de São Paulo realizou o traslado das ossadas encontradas na vala clandestina do Cemitério Dom Bosco, em Perus, para o Centro de Arqueologia e Antropologia Forense da Universidade Federal de São Paulo (CAAF/Unifesp), um local mais seguro e apropriado com equipes de arqueólogos, antropólogos forenses e peritos oficiais que realizassem a análise dos materiais, para a retomada das identificações das ossadas.[9]
O traslado foi resultado das ações interinstitucionais, coordenadas pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, envolvendo o Serviço Funerário Municipal de São Paulo, a Polícia Federal, a Guarda Civil Metropolitana, a Companhia de Engenharia de Tráfego, a UNIFESP, o Ministério Público Federal, o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.[9]
Sepultados
[editar | editar código-fonte]Dentre as personalidades sepultadas no Cemitério do Araçá, constam:[3][10]
- Adib Jatene - médico, ex ministro da saúde, professor, inventor e cientista
- Américo Jacomino - Compositor e instrumentista brasileiro
- Assis Chateaubriand - jornalista e empresário
- Blota Júnior - radialista e apresentador de televisão
- Teófilo Dias - poeta
- Cacilda Becker - atriz
- Cibele Dorsa - atriz e escritora
- Cláudio Chakmati - ator, manipulador de bonecos e dublador.
- Clô Orozco - estilista[11]
- Dener Augusto de Sousa - futebolista
- Euryclides de Jesus Zerbini - médico, primeiro cirurgião da América Latina e do Brasil a realizar um transplante de coração
- Edison Tsung - Calouro da USP vítima de afogamento.
- Eliane de Grammont - cantora e compositora
- Fábio Sabag - ator
- Fausto Castilho - filósofo[12]
- Félix Miélli Venerando - treinador e futebolista, goleiro da Seleção Brasileira campeã do Mundial em 1970.[13]
- Fernando Faro - produtor musical e diretor
- Francisca Júlia da Silva Munster - escritora e poetisa
- Francisco Petrônio - cantor
- Giulio Piccolo - aviador italiano
- Ives Ota
- João dos Santos Franco Sobrinho, conhecido como "Menino Guga" - considerado um santo popular
- José Carlos Pace - Piloto brasileiro de Fórmula 1
- José Cutrale Júnior - empresário e citricultor
- José Martinez - mártir da greve geral de 1917
- José Mauro de Vasconcelos - escritor
- Laerte Morrone - ator
- Mário Ferreira dos Santos - filósofo
- Mário Kozel Filho - militar
- Marly Bueno - atriz
- Nair Bello - atriz
- Orestes Giorgi - sindicalista
- Pedro Mattar - pianista
- Plínio de Arruda Sampaio - advogado, intelectual e ativista político filiado ao PSOL
- Primo Carbonari - jornalista e documentarista
- Tito Fleury - polímata, ex-marido de Cacilda Becker
- Vic Militello - atriz
- Vicente Feola - Técnico da Seleção Brasileira de futebol nas copas de 1958 e 1966. Campeão Mundial em 1958
- Vida Alves - Atriz, protagonista do primeiro beijo em telenovela no Brasil
- Wander Taffo - Guitarrista
- Wanderley Taffo Júnior - Diretor geral da Escola de Música e Tecnologia
- Wilson Miranda - Cantor
Na cultura popular
[editar | editar código-fonte]O Cemitério do Araçá é citado na tradução brasileira da música "Show da Morte" (The Whole Being Dead Thing) do musical "Beetlejuice" enquanto o musical ficou em São Paulo no inicio de 2024. A trecho é apenas para as apresentações em São Paulo, as no Rio de Janeiro tinham outro verso fazendo sentido para a cidade. O trecho é: "Vão te enterrar, mas não em qualquer lugar. Em Araçá, Consolação ou te cremar na Vila Alpina"[14].
Referências
- ↑ Paulo, Do G1 São (6 de janeiro de 2014). «Testemunhas viram grupo punk no Cemitério do Araçá, diz Prefeitura»
- ↑ Brasileiro, Centro de Referência do Futebol (23 de março de 2020). «Cemitério do Araçá: histórias sobre a cidade, o futebol e a morte» (em inglês)
- ↑ a b «Cemitério Araçá - Você Precisa Saber - Cemiterio.net»
- ↑ «Cemitério do Araçá». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ «Viva Pacaembu - Cemitério do Araçá». www.vivapacaembu.com.br. Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ Brasileiro, Centro de Referência do Futebol (23 de março de 2020). «Cemitério do Araçá: histórias sobre a cidade, o futebol e a morte». Medium (em inglês). Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ a b Conteúdo, Estadão (4 de novembro de 2013). «Cemitério do Araçá tem ossário e estátuas depredadas - São Paulo - iG»
- ↑ «PF investigará depredação do Ossário Geral do Araçá - CNV - Comissão Nacional da Verdade»
- ↑ a b «Prefeitura finaliza transferência das ossadas clandestinas de Perus» (em inglês)
- ↑ Cemitérios de São Paulo reúnem túmulos de artistas e famosos
- ↑ «Estilista Clô Orozco é encontrada morta em Higienópolis». 28 de março de 2013
- ↑ «Filósofo Fausto Castilho é enterrado em SP». Jornal Diário do Grande ABC. 4 de fevereiro de 2015. Consultado em 8 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 3 de junho de 2018
- ↑ «Estilista Clô Orozco é encontrada morta em Higienópolis»
- ↑ «Morte é tabu / Como o céu é do urubu / Como enterro em Botafogo ou no Cajú / Não fede nem cheira». Genius. Consultado em 12 de maio de 2024