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João Caetano de Sousa e Lacerda

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João Caetano de Sousa e Lacerda (Ribeira Seca, ilha de São Jorge, 14 de Agosto de 1829Fajã da Fragueira, Abril de 1913) foi um político, intelectual e terratenente português. Publicou artigos sobre política, poesia e alguma ficção, esta na maior parte assinada com o pseudónimo de Júlio Cândido da Silva Leite. Foi pai do maestro Francisco de Lacerda e do médico e poeta José de Lacerda.

João Caetano de Sousa e Lacerda foi filho de outro João Caetano de Sousa e Lacerda, natural da Piedade, na ilha do Pico, e de D. Maria Utília Forjaz de Lacerda, natural das Ribeiras do Pico, também da ilha do Pico. Enquanto criança viveu em casa dos seus familiares na ilha do Pico. Passava então os serões lendo para a avó durante duas ou três horas, de preferência romances históricos. Neste período estudou latim nas Lajes do Pico. Regressou à Ribeira Seca, ilha de São Jorge, em 1847.

Aos 32 anos de idade andou na pesca do bacalhau, tendo aproveitado para efectuar viagens aos Estados Unidos da América e a Lisboa.

Praticamente autodidacta, foi um amante da leitura e da música. Lia escritores portugueses, ingleses e franceses, dominando estas línguas. A falta de periodicidade na chegada de material de leitura fazia com que dividisse o número de páginas que se permitia ler durante cada uma das longas noites de Inverno. Tocava piano e foi um grande mecenas do movimento filarmónico na ilha de São Jorge, contribuindo para a fundação de diversas agremiações, com destaque para a Filarmónica da Ribeira Seca.

Exerceu por várias vezes o lugar de presidente e administrador do concelho da Câmara Municipal da Calheta, na ilha de São Jorge, ocupando o cargo por um total de 30 anos. Foi igualmente conservador do registo predial do concelho da Calheta.

Como escritor escreveu e editou Saudades da minha infância, publicado em Angra do Heroísmo em 1867, e uma série de folhetins, sob o pseudónimo de Júlio Cândido da Silva Leite, insertos em vários periódicos, designadamente no jornal Velense, editado na vila das Velas. Para além disso, colaborou em vários jornais, em particular nos editados na ilha de São Jorge. Alguns dos seus textos foram recolhidos e editados em 1984 pela Câmara Municipal da Calheta.[1]

A leitura das cartas que dirigiu a seu filho mais novo, o maestro Francisco de Lacerda, cuja última data do dia 13 de Abril de 1913, poucos dias antes do seu falecimento, são um autêntico manancial de informações sobre a vivência jorgense.[2]

  • Alfredo Luís Campos, Memória da Visita Régia à Ilha Terceira, Imprensa Municipal, Angra do Heroísmo, 1903.
  • AAVV, Imagem mental do Arquipélago dos Açores na correspondência de João Caetano de Sousa e Lacerda (1899-1913), O Mundo na correspondência de João Caetano de Sousa e Lacerda (1899-1913), Portugal Continental na correspondência de João Caetano de Sousa e Lacerda (1899-1913), A Ilha de S. Jorge na correspondência de João Caetano de Sousa e Lacerda (1899-1913). In: Cartografia Histórica, Instituto de História Moderna da Universidade do Porto, Porto.
  • João Caetano de Sousa e Lacerda, "Os Meus Antepassados". In: Boletim do Núcleo Cultural da Horta, volume 6, n.º 1, 1970-1974.
  • Francisco José Viegas, "Restos de uma carta de João Caetano Pereira de Sousa e Lacerda, na ilha de São Jorge, a seu filho, Francisco de Lacerda, compositor, à vista da ilha do Pico". In: Revista Atlântida, n.º 1, Angra do Heroísmo, 1989.
  • José Manuel Bettencourt da Câmara, "Eça de Queirós e Francisco de Lacerda". In: Revista Colóquio/Letras. Documentos, n.º 134, Out. 1994, p. 73-83.
  • José Manuel Bettencourt da Câmara, "João Caetano de Sousa e Lacerda 1829-1913: as dimensões da insularidade". In: Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, Angra do Heroísmo, 45 (1) 1987, p. 389-396.

Referências

  1. Jorge Augusto Paulus Bruno (editor), João Caetano de Sousa e Lacerda, colectânea de artigos publicados em jornais (1871-1910). Câmara Municipal da calheta, Calheta, 1984
  2. As cartas foram editadas pelo Governo dos Açores com o título Cartas a Francisco de Lacerda, com introdução, fixação do texto e notas por Teresa e José Manuel Bettencourt da Câmara, Angra do Heroísmo, 1988

Ligações externas

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