Saltar para o conteúdo

José Joaquim de Paiva Cabral Couceiro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
José Joaquim de Paiva Cabral Couceiro.
O General Paiva Cabral Couceiro.
O General Paiva Cabral Couceiro.
Helena Isabel Teresa Armstrong Mitchell.

José Joaquim de Paiva Cabral Couceiro (Leiria, 9 de Outubro de 1830Sintra, 19 de Julho de 1916) foi um general do Exército Português da arma de engenharia militar. Foi o autor de diversos projectos de edifícios públicos, entre os quais o da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, hoje sede da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, ao Campo de Santana, em Lisboa[1].

Biografia

Nasceu em Leiria, filho de Manuel Inácio de Paiva Cabral Couceiro e de Maria da Pena Dias Simões. Manuel Inácio de Paiva Cabral Couceiro foi Capitão de Caçadores do Exército Realista e morreu á frente dos seus soldados na carga de baioneta de 24 de Março de 1833, junto ao Monte das Antas, nas linhas do Porto.

Casou com Helena Isabel Teresa Armstrong Mitchell (nasceu em 1830, faleceu a 30 de Junho de 1927) a 23 de Janeiro de 1961, uma protestante irlandesa convertida ao catolicismo, que depois de educada num colégio de freiras em França, viera residir em Portugal como mestra das filhas do visconde do Torrão.

Carreira Militar

Concluiu em 1850 o curso preparatório para engenharia militar na Escola Politécnica de Lisboa e o curso de Engenharia Militar em 1853.

Foi declarado Aspirante a Oficial por Ordem do Exército n.° 29 de 21 de Junho de 1850 , e Alferes-Aluno por decreto de 13 de Novembro do mesmo ano. Foi colocado no Batalhão de Caçadores n.°5.[2]

Por proposta do Marechal Duque de Saldanha, Comandante em Chefe do Exército, foi promovido a Alferes efectivo a 5 de Setembro de 1853.[2]

Prestava serviço em Santarém quando foi promovido a Tenente a 13 de Outubro de 1855[3]. Em 1856 foi transferido para Abrantes e promovido a Tenente para o Corpo de Engenharia a 27 de Fevereiro de 1861. Deixou de pertencer ao quadro da Arma de Engenharia quando passou para o quadro do Ministério da Guerra (17 de Dezembro de 1861).

Foi promovido a Capitão-Graduado por decreto de 10 de Outubro de 1865 e a Capitão a 18 de Dezembro de 1868. A 6 de Setembro de 1876 foi promovido a Major e a 16 de Novembro de 1881 Tenente-Coronel.

Por Portaria de 22 de Setembro de 1884 foi nomeado para fazer o estudo do sistema de conservação das estradas.

Por Portaria de 10 de Junho de 1889 é autorizado a visitar a Exposição Universal de Paris, sendo encarregado de nela estudar os assuntos concernentes à viação urbana e esgotos.

Foi oficial às ordens de D. Maria Pia em 1891, comissão que terminou em 1892 por Portaria de 11 de Abril.

Foi finalmente promovido a General de Brigada em conformidade com o disposto no §1° do artigo 77° do decreto n° 2 de 1 de Dezembro de 1892.

Por Decreto de 1 de Dezembro de 1892 foi nomeado Director da 1a Divisão Fiscal da exploração dos Caminhos de Ferro. A Lei de 30 de Junho de 1893 tendo reduzido a uma as duas Direcções Fiscais, José Joaquim de Paiva Cabral Couceiro foi nomeado Director da Direcção Única por Portaria de 5 de Setembro de 1893.

De acordo com a lei de 26 de Junho de 1899, foi reformado por equiparação por despacho de 24 de Janeiro de 1900. [2]

A 10 de Outubro de 1912, pouco depois da implantação da República, em declaração dirigida ao Conselho Superior de Obras Pública e Minas, compromete-se a servir "a Glória da Pátria, o Exército Português e as leis da República".

Carreira de Engenheiro Militar

Em Abril de 1855, passou para o serviço das obras públicas, sendo em seguida empregado nos estudos do caminho de ferro de Santarém à fronteira de Espanha. Acabado este trabalho, em 1857 foi empregado sucessivamente no projecto do caminho de ferro do Porto e Vigo, depois na direcção dos três distritos do Porto, Braga e Viana e obras da barra do Porto e na construção do caminho de ferro de leste até 1859.

De 1859 a 1860 foi repetidor de matemática na Escola Politécnica.

Em Junho de 1860 voltou ao serviço de obras públicas e colaborou ainda no projecto da 5a secção do caminho de ferro de leste, passando depois a servir de adjunto do fiscal da construção dos caminhos de ferro. Em 1864 passou a servir nas obras para o abastecimento das águas de Lisboa, tendo sido encarregado pelo Governo da distribuição das águas da capital; neste serviço elaborou, em colaboração com o Eng° Pires de Sousa o projecto do reservatório de Santo Amaro, ligado por sifão ao do Príncipe Real, que abastece a zona baixa na parte ocidental da cidade até Belém e Algés, e, especialmente, o grande reservatório de Campo de Ourique.

Foi também encarregado da fiscalização da ponte sobre o Tejo em Abrantes.

Constituída a Companhia das Águas, entrou para o seu serviço em 1868. Durante este serviço colaborou ainda com o Engenheiro Aguiar no projecto de uma ponte cais para a alfândega (1864) e com o Engenheiro Gotto no projecto da canalização do esgoto da capital. Fez parte de uma comissão nomeada pela câmara municipal para dar parecer sobre o melhor sistema de esgoto da capital. É um dos Engenheiros a quem se devia, em 1880, os importantes melhoramentos que se verificavam em Lisboa.[4]

Condecorações

  • Medalha de Prata de Comportamento Exemplar (1867)
  • Cavaleiro da Ordem Militar de São Bento de Avis por decreto de 2 de Junho de 1870.[2]
  • Comendador da Antiga e Nobilíssima e Esclarecida Ordem de São Tiago do Mérito Científico, Literário e Artístico (14/10/1880)
  • Comendador da Ordem Militar de São Bento de Avis (7/8/1884)
  • Comendador de 2a classe da Ordem Real Norueguesa de San Olav - Ordem de Santo Olavo - (Kongelige Norske St. Olavs Orden) (18/5/1886)
  • Medalha de Ouro de Comportamento Exemplar (Ordem do Exército n° 11 de 23/06/1900)
  • Grã Cruz da Real Ordem de São Bento de Aviz (23/6/1903)
  • Ordem dos Santos Maurício e Lázaro (Itália)

Citações

  • Falando de seu filho Henrique, dizia ao futuro biógrafo de Paiva Couceiro, Dr. Francisco Manso Preto Cruz, "repare como as palavras, os actos e os livros de meu filho Henrique traduzem a alma Portuguesa que descobriu e civilizou metade do Mundo. Como pode ser compreendido por esta gente...?" [5]
  • O decreto de amnistia promulgado em 1915 por Pimenta de Castro abrange, entre outros, os nomes prestigiosos de Paiva Couceiro, Azevedo Coutinho, Jorge Camacho, Victor Sepúlveda e João de Almeida, cinco autênticas glórias nacionais que a História há de registar em letras de ouro[6]. António Santos, jornalista de "A Nação", entrevista o General Couceiro dois dias depois da amnistia, no dia em que por toda Lisboa o rumor alastrava ; « Couceiro entra esta noite ! » António Santos larga: … O governo vai oferecer ao seu filho uma alta comissão em Angola. Todas as classes sociais d’aquela nossa colónia solicitam o seu antigo governador. Resposta pronta do General Couceiro: « O que lhe vou dizer, representa apenas uma opinião pessoal ; pois, como já lhe afirmei, meu filho não transmite a ninguém os seus pensamentos. Faz o que entende e nada mais. Comtudo, esse « alto cargo » deve ser uma referência ao Governo de Angola… Sei que ele vota a Angola uma estranha afeição. Poderia isto exercer alguma influência no seu espírito ?!...Mas, não creio que ele esteja disposto a servir sob a bandeira verde e encarnada."[6]

Filhos

  • Henrique Mitchell de Paiva Couceiro. Nasceu a 30 de Dezembro de 1861, faleceu a 11 de Fevereiro de 1944. Casou com D. Júlia Maria do Carmo de Noronha.
  • Carolina Mitchell de Paiva Couceiro, nasceu a 3 de Maio de 1863. Casou com João Fontes Pereira de Melo Ferreira de Mesquita a 7 de Fevereiro de 1885.
  • Maria da Conceição Mitchell de Paiva Couceiro, nasceu a 13 de Dezembro de 1870. Casou com José Emílio Batalha de Freitas a 15 de Abril de 1891.

Notas

  1. FCM - Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
  2. a b c d Processo Individual pertencente ao Arquivo Histórico Militar, Ref: N°0155/2010 Proc° SILD.85.400.40 DE 10FEV10
  3. "Ordem do Exército" no Diário do Governo de 25 de Outubro de 1855.
  4. O Ocidente, Revista Ilustrada de Portugal e do Estrangeiro, 15 de Outubro de 1880, volume III-n°68, p. 192
  5. Paiva Couceiro, Político - Militar - Colonial, Francisco Manso Preto Cruz, Edição do Autor, Lisboa - 1944, p. 76
  6. a b "A Nação" de 22 de Abril de 1915

Ligações externas