João da Rocha Ribeiro (1767-1824)
João da Rocha Ribeiro | |
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Nascimento | 6 de março de 1767 Angra do Heroísmo |
Morte | 20 de setembro de 1824 Angra do Heroísmo |
Cidadania | Reino de Portugal |
Ocupação | mercador, político |
João da Rocha Ribeiro (Angra, 6 de março de 1767 — Angra, 20 de setembro de 1824) foi um grande comerciante e político, pioneiro no pensamento económico nos Açores, autor de um conjunto de obras de pendor fisiocrático sobre a liberdade de exportação dos cereais e sobre os seus preços, adoptando em boa parte o pensamento de Adam Smith.[1]
Biografia[editar | editar código-fonte]
Descendente de uma família de negociantes abastados, foi grande negociante da praça de Angra, procurador da Junta do Comércio de Lisboa e deputado tesoureiro geral da Junta da Fazenda dos Açores.[1][2] Amigo e colaborador próximo do capitão-general Francisco de Borja Garção Stockler, que frequentava a sua casa, desempenhou um importante papel nos acontecimentos que culminaram na revolta liberal de 1821 e na subsequente reposição no poder do capitão-general Stockler. Foi administrador sociedade arrematadora do contrato dos dízimos do trigo e miunças da ilha Terceira (e também da ilha de São Miguel), sucedendo neste negócio a seu pai e ao seu tio-avô.[3]
Dedicou-se aos estudos económicos, tendo produzido várias memórias advogando a liberdade de exportação dos cereais, especialmente do trigo. Sendo um dos comerciantes e intelectuais com maior influência no período final da Capitania Geral dos Açores, nas suas publicações defendia as ideias do fisiocratismo e mostrava-se conhecedor das teorias de Adam Smith. Uma das suas memórias foi impressa em Lisboa e distribuída aos deputados das Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa[4] visando influenciar a sua opinião no sentido da liberalização da exportação dos cereais produzidos nos Açores.[2][5][6]
Adquiriu a Quinta de Nossa Senhora da Oliveira, no Caminho de Baixo, e quando faleceu deixou à viúva uma enorme fortuna, avaliada em 65.660$222 réis.[1]
Obras publicadas[editar | editar código-fonte]
- Collecção de Avisos Régios, officios, e mais papeis relativos á exportação do grão das ilhas dos Açores, com humas observações sobre a necessidade que ha de se declarar por huma vez livre de todo e qualquer embaraço aquela exportação, assim para Portos Nacionais como para os Estrangeiros. Lisboa, na Offic. de Simão Thadeo Ferreira, 1821.
- "Reflexões sobre a livre exportação dos cereais, dirigidas ao Governador e Capitão-General das ilhas dos Açores, Francisco António de Araújo, por João da Rocha Ribeiro em 1817, com várias notas do Sr. Bernardino José de Sena Freitas" in O Annunciador da Terceira, n.º 44, de 28 de abril de 1843; n.º 45, de 5 de maio de 1843; n.º 46, de 12 de maio de 1843; e n.º 47, de 19 de maio de 1843.
- "Collecção de avisos regios, officios e mais papeis relativos a exportação do grão das ilhas dos Açores : com umas observações sobre a necessidade que ha de se declarar por huma vez livre de todo e qualquer embaraço aquella exportação, assim para os portos nacionaes, como para os estrangeiros". Republicação intgral em Ernesto do Canto (editor), Arquivo dos Açores, vol. 5 (1883), pp. 283-341.
Notas
- ↑ a b c António Ornelas Mendes & Jorge Forjaz, Genealogias da Ilha Terceira, vol. VIII, p. 295. Lisboa, DisLivro Histórica, 2007 (ISBN 9778-972-8876-98-2).
- ↑ a b Inocêncio Francisco da Silva, Dicionário Bibliográfico Português, tomo IV, p. 27. Lisboa, Imprensa Nacional, 1860.
- ↑ Margarida Vaz do Rego, "Contratos e contratadores régios". In Arquipélago : História, 2ª série, VIII(2004), pp. 37-46.
- ↑ «Indicação» de José Acúrsio das Neves sobre a liberdade de comércio dos cereais nos Açores e anúncio da distribuição da Collecção de Avisos Régios, officios, e mais ..." na sessão da Câmara dos Deputados de 14 de março de 1823 in Diario das Cortes da Nação Portugueza: Segunda legislatura, tomo II (1823), pp. 165-166.
- ↑ Collecção de Avisos Régios, officios, e mais papeis relativos á exportação do grão das ilhas dos Açores, com humas observações sobre a necessidade que ha de se declarar por huma vez livre de todo e qualquer embaraço aquela exportação, assim para Portos Nacionais como para os Estrangeiros. Lisboa, na Offic. de Simão Thadeo Ferreira, 1821.
- ↑ Anúncio do lançamento em Lisboa da obra 'Collecção de Avisos Régios, officios, e mais papeis ....