Liga Jônia
A Liga Jônia (português brasileiro) ou Jónia (português europeu), também chamada de Liga Jônica (português brasileiro) ou Jónica (português europeu) (em grego antigo: Ἴωνες, Íōnes, κοινὸν Ἰώνων, koinón Iōnōn ou κοινὴ σύνοδος Ἰώνων, koinē sýnodos Iōnōn; em latim: commune consilium), foi uma confederação formada depois da Guerra Meliana, em meados do século VII a.C.,[1] composta por doze cidades jônias (uma dodecápolis, como muitas outras do período).
Foram listadas por Heródoto[2] como:
- Mileto, Mios e Priene, todas na Cária (região da Ásia Menor) e que falavam o mesmo dialeto;
- Éfeso, Cólofon, Lêbedo, Teos, Clazômenas e Foceia, na Lídia (também na Ásia Menor)
- Quios (ilha) e Eritras (Ásia Menor), com um dialeto comum; e
- Samos (ilha), com seu dialeto próprio.
Depois de 650 a.C. Esmirna, originalmente uma cidade eólica, foi convidada para integrar a liga, e assim diminuir o poder da Eólia e aumentar o da Jônia.
Heródoto e inscrições antigas referem-se a um corpo constituído legalmente que era traduzido costumeiramente apenas por "liga" ou por "os jônios"; fala-se, por exemplo, das cidades, do conselho e das decisões "dos jônios". Escritores e documentos do Período Helenístico usam explicitamente o termo koinon ("coisa comum") ou synodos ("sínodo") dos jônios, e, anacronicamente, aplicavam-no à liga ao mencioná-la.
A liga foi dissolvida e reinstaurada diversas vezes, e seu grau de poder variou ao longo do tempo. Sob o Império Romano ela passou a cunhar suas próprias moedas, com a inscrição koinon Iōnōn num dos lados e o rosto do imperador no outro.
Fundação
[editar | editar código-fonte]A Guerra Meliana foi um acerto de contas final entre o antigo estado da Cária e os jônios que haviam colonizado as terras na foz do rio Meandro por séculos. Seu último bastião foi a fortificação de Mélia, situada no pico menor de Dilek Daglari, nas encostas ao norte de Mícale, onde localizava-se o epicentro do culto a Posídon. O forte foi construído no início do século VII a.C.
Os cários e jônios haviam se misturado por gerações, porém um estado cário continuou a existir até que uma coalizão de cidades jônias o derrotou e dividiu suas terras. Diante da ameaça persa crescente eles decidiram continuar esta coalização, na forma da Liga Jônia, construindo um novo centro religioso e político em Mélia.
Delegados (theoroi) da Liga se reuniram para celebrar a Pan-Jônia, um festival religioso com competições (panegyris), dedicado a Posídon Helicônio no santuário do deus, conhecido como o Panionium. Os jônios, após se misturaram aos cários, decidiram continuar a cultuar Posídon, e eventualmente um novo templo foi erguido em homenagem ao deus, por volta de 540 a.C. Suas ruínas e a localização de Mélia foram descobertas em 2004; anteriormente vigoravam diferentes teorias.
Referências
- ↑ Editores (2005). «Recent Finds in Archaeology: Panionion Sanctuary Discovered in Southwest Turkey». Athena Review. 4 (2): 10–11. Consultado em 2 de fevereiro de 2008. Arquivado do original em 23 de março de 2012
- ↑ Heródoto, 1.142. (em inglês)
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Heródoto, Histórias, tradução para o inglês de A. D. Godley, Cambridge: Harvard University Press, 1920; ISBN 0-674-99133-8. versão online na Perseus Digital Library.
- Bean, George E. (1979). Aegean Turkey. Londres: Ernest Benn. ISBN 0-510-03200-1