Liga acadêmica
Uma liga acadêmica é uma associação civil e científica livre, de duração indeterminada, sem fins lucrativos, com sede e foro na cidade da instituição de ensino que a abriga, que visa complementar a formação acadêmica em uma área específica, por meio de atividades que atendam os princípios do tripé universitário de ensino, pesquisa e extensão.[1] Embora inicialmente criadas nos cursos de Medicina, existem também em outras áreas[2].
A liga é criada e organizada por acadêmicos, professores e profissionais que apresentam interesses em comum. Constitui-se por atividades extraclasse e costuma ter ações voltadas para a promoção à saúde, educação e pesquisas, contribuindo para o desenvolvimento científico e aprimoramento da área a qual estuda.
Todas a Ligas são organizadas de forma estrutural, constituídas de uma diretoria administrativa e por membros efetivos. A diretoria normalmente é composta por presidente, vice-presidente e eventuais diretores que se fazem necessários para o correto e bom funcionamento do grupo, a citar: diretor científico, relações públicas, tesoureiro, secretário entre outros.
O número de participantes em uma liga é variável, normalmente aumentando em função do tempo de existência da liga. O número de coordenadores também é variável, normalmente iniciando-se com apenas um professor ou profissional da área, aumentando proporcionalmente ao número de membros ligantes acadêmicos.
Todos os integrantes das Ligas são submetidos a normas ditadas pelo estatuto. Este deve conter, no mínimo[1]:
- a denominação, os fins e a sede da LA;
- os requisitos para a admissão e exclusão dos membros;
- os direitos e deveres dos membros;
- o modo de constituição e de funcionamento da LA;
- as condições para a alteração das disposições regimentais e para a dissolução da LA;
- a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
O grupo de discentes deve ser supervisionado e coordenado por professores e profissionais do departamento referente à área em questão, que irão otimizar a realização das atividades e a elaboração das linhas de pesquisas científicas.
Alguns autores, porém, enumeram críticas às ligas acadêmicas. Ressalta-se a possível subversão da estrutura curricular formal, reprodução vícios acadêmicos, especialização precoce, risco do exercício ilegal sem orientação e supervisão e a ênfase no ensino e pesquisa em detrimento da extensão universitária, reduzida a campanhas e atividades pontuais[3].
Organizações de ligas
[editar | editar código-fonte]Algumas ligas, principalmente as mais antigas, por terem ligas em outras universidades visando o mesmo tema, acabam se organizando em grupos maiores, estaduais, regionais e federais. Assim, são realizadas ações em conjunto, aumentando a abrangência das mesmas. Como exemplo, pode-se citar o Comitê Brasileiro de Ligas do Trauma (COBRALT) e o Comitê Brasileiro das Ligas de Otorrinolaringologia (CBLORL), que reúnem todas as Ligas da mesma área/especialidade médica, e a Sociedade Brasileira de Ligas Acadêmicas de Clínica Médica que promove eventos e cooperação entre as ligas integrantes e suas ações[3]. Outros exemplos incluem a Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Medicina (ABLAM)[1], a Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Saúde Integrativa e Complementar (ABLASIC)[4] e a Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Cirurgia (ABLAC)[5].
As organizações de ligas também podem trabalhar na regulação das ligas acadêmicas, como uma resposta à proliferação de ligas sem as devidas reflexões sobre as mesmas.[3][6]
Referências
- ↑ a b c Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Medicina. «Diretrizes Nacionais em Ligas Acadêmicas de Medicina». Consultado em 21 de maio de 2012. Arquivado do original em 12 de junho de 2013
- ↑ Melo TS, Berry MC, Souza MI (2019). «LIGAS ACADÊMICAS DE ODONTOLOGIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA». Consultado em 18 de julho de 2019
- ↑ a b c GOERGEN, Diego Inácio. LIGAS ACADÊMICAS: UMA REVISÃO DE VÁRIAS EXPERIÊNCIAS. Arquivos Catarinenses de Medicina, [S.l.], v. 46, n. 3, p. 183-193, set. 2017. ISSN 18064280. Disponível em: LIGAS ACADÊMICAS: UMA REVISÃO DE VÁRIAS EXPERIÊNCIAS. Acesso em: 08 set. 2017.
- ↑ «A ABLASIC - ABLASIC - Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Saúde Integrativa e Complementar». 30 de março de 2021. Consultado em 13 de abril de 2021
- ↑ «Quem Somos – ABLAC». Consultado em 13 de abril de 2021
- ↑ Goergen, D., & Hamamoto Filho, P. (2017). Lições aprendidas de um processo para regular a criação de Ligas Acadêmicas. Revista Ciência em Extensão, 13(4), 64-76. Recuperado de https://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/1513