Mariana Claudina Pereira de Carvalho, Condessa do Rio Novo
Mariana Claudina Barroso Pereira de Carvalho, a Condessa do Rio Novo (Três Rios, 1816 - Londres, 5 de junho de 1882) foi uma fazendeira brasileira. Ela recebeu o título de condessa após enviuvar-se de José Antônio Barroso de Carvalho, primeiro barão e visconde do Rio Novo.[1]
A Condessa é tida como ícone nos municípios de Paraíba do Sul e de Três Rios por ter distribuído, antes de morrer, seus bens e terras a mais de 300 escravos que tinha, que também ganharam alforria seis anos antes da Lei Áurea.[2]
Benfeitorias
[editar | editar código-fonte]A Condessa do Rio Novo foi uma abolicionista e benemérita notável. Em 1882 não somente libertou todos os seus escravos, mais de quatrocentas pessoas, como criou, em sua fazenda Cantagalo (Paraíba do Sul), a Colônia Nossa Senhora da Piedade, para garantir a distribuição de lotes de terras aos seus libertos.
Mariana Claudina Pereira de Carvalho | |
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Condessa do Rio Novo | |
Nascimento | 1816 |
Paraíba do Sul, Rio de Janeiro | |
Morte | 5 de junho de 1882 (66 anos) |
Londres, Inglaterra, Reino Unido | |
Nome completo | |
Mariana Claudina Barroso Pereira de Carvalho | |
Cônjuge | José Antônio Barroso de Carvalho |
Pai | Antônio Barroso Pereira Filho |
Mãe | Claudina Venância de Jesus |
Também construiu duas escolas para os filhos de seus ex-escravos e para os de outras famílias desfavorecidas de fortuna.
Seus gestos atraíram a admiração dos clubes emancipadores e de importantes abolicionistas, como Joaquim Nabuco e José do Patrocínio. À D. Mariana é atribuída a criação da primeira reserva ecológica da região, no distrito de Bemposta, numa área em que ela proibiu a instalação de "casas de negócios ou outras quaisquer indústrias". O Hospital Nossa Senhora da Piedade, de Paraíba do Sul, que presta atendimento hospitalar, bem como a Casa de Caridade, que promove educação de meninos e meninas desemparados, nasceram da vontade da Condessa, deixada por testamento.
No ano de 1884, em Ouro Preto, então a capital da província de Minas Gerais, em sua homenagem foi fundada a Sociedade de Libertos Condessa do Rio Novo. A Condessa do Rio Novo Faleceu em Londres, no ano de 1882.
Morte e Sepultamento
[editar | editar código-fonte]Mariana veio a falecer em 1882, aos 66 anos, vitimada por um câncer. Segundo documentos e cartas, em 1877, a condessa descobriu um tumor no ovário e, em 1882, partiu para a Inglaterra para se tratar. Ela viajou acompanhada de uma escrava e do médico Randolpho Penna, casado com uma sobrinha dela.
Em 3 de junho de 1882, ela chegou a Londres. Ali seria atendida pelo médico Thomas Spencer Wells (1818-1897), obstetra e pioneiro em cirurgias abdominais. O procedimento foi marcado para o dia 5. Cartas arquivadas no Itamaraty contam que a condessa morreu às 18h do mesmo dia, por exaustão, ao não conseguir se recuperar da cirurgia, conforme atestou o então cônsul-geral do Brasil em Londres, José Luiz Cardoso de Salles.[3]
Em seu testamento, ela doou seus bens, e terras, e libertou seus escravos. No documento, Mariana manifestou ainda o desejo de ser enterrada em sua terra natal, junto aos pais e ao marido.
Em setembro de 1882, o Club de Libertos Contra a Escravidão, com sede em Niterói, encomendou um retrato pintado em homenagem ao grande feito abolicionista da Condessa e o entregou em doação à Câmara Municipal da Corte no Rio de Janeiro. A pintura esteve ali disposta por muitos anos, sendo a única mulher dentre os homenageados da Câmara a ter seu retrato exposto.[4]
Sepultamento
[editar | editar código-fonte]Segundo a história contada na cidade, o corpo foi trazido para a Capela Nossa Senhora da Piedade, no bairro Cantagalo, anos depois.[5]
Na segunda metade da década de 2010, porém, a pesquisadora Cinara Jorge descobriu que seu corpo pode estar sepultado nas catacumbas de um cemitério na capital britânica.[5]
Ela chegou a essa conclusão ao colher informações para o livro ‘Pioneiros dos Três Rios - A Condessa do Rio Novo e sua Gente’, de sua autoria, a pesquisadora descobriu, ao ler uma notícia do jornal “Novidades”, datada do Século 19, que, no momento do sepultamento, o caixão foi aberto e, para a surpresa de familiares, foram encontrados apenas alguns ossos envolvidos em serragem, sem a arcada dentária e cabelos, o que levantou suspeitas de possível fraude.[5]
Sua busca para desvendar o mistério começou por analisar registros históricos guardados no Arquivo Nacional, no Museu da Justiça, na Biblioteca Nacional, no Itamaraty e no Consulado do Brasil, em Londres.[5][6]
O mistério aumenta já que, na época, esqueletos como o enviado para Três Rios, em 1882, eram estudados em laboratórios e somente médicos tinham acesso. Porém, segundo a pesquisadora, ao se analisar documentos históricos, estes levantam suspeitas sobre a conduta e personalidade do médico Randolpho Penna, revelando que ele preencheu cheques assinados pela Condessa e deu calote no aluguel em Londres.[5][6]
Referências
- ↑ g1.globo.com/ Condessa do Rio Novo pode não estar sepultada em Três Rios, RJ
- ↑ odia.ig.com.br/ Restos mortais da maior heroína de Três Rios podem não estar na cidade
- ↑ BBC A misteriosa história da condessa brasileira que tem dois túmulos
- ↑ Gazeta de Notícias, 1898, 210ª Ed.
- ↑ a b c d e odia.ig.com.br/ Restos mortais da maior heroína de Três Rios podem não estar na cidade
- ↑ a b JORGE, Cinara. Pioneiros dos três rios: A condessa do Rio Novo e sua gente. Três Rios, RJ: Boa União, 2012.