Museu do lixo

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Os Museus do Lixo são novos espaços museais concebidos como nova categoria de museus no Brasil, que se tornam veículos de transmissão com finalidade educativa, artística e de inclusão social.[1] Ocorrem em outros centros urbanos como Nova Iorque nos Estados Unidos onde o consumo e o descarte são intensos.[2] Fazem parte de uma nova abordagem da museologia em que "tudo" se tornou passível de ser musealizado, inclusive objetos provindos do descarte da sociedade de consumo.[1][3] Possibilitam captar e compreender as mudanças e apropriações referentes às concepções de museus, tanto na perspectiva institucional, quanto no referente às demandas sociais na percepção museológica no tempo presente.[4][5] Possibilita também problematizar a relação do lixo com a sociedade do consumo, com a sociedade sustentável e práticas do descarte no Brasil contemporâneo, observando as ações e propostas de novos usos, como a (re)configuração do lixo em arte e objeto de museu.[6] Os Museus do Lixo estão inseridos dentro de uma proposta de uma sociedade sustentável. Eles buscam levar o visitante a repensar sua maneira de lhe dar com o lixo, com as práticas de consumo e práticas de descarte. Promovem a importância dos 3 Rs: Reduzir, Reaproveitar e Reciclar. Os Museus do Lixo possuem preocupação em educação ambiental.[7][1]

Brasil[editar | editar código-fonte]

Minas Gerais[editar | editar código-fonte]

Belo Horizonte[editar | editar código-fonte]

Museu do Lixo de Belo Horizonte
Museu do lixo
Geografia
Localidade Avenida do Contorno 10.564, Barro Preto, Belo Horizonte,  Brasil[8][9]

Este museu do lixo se localiza na cidade de Belo Horizonte no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) na avenida do Contorno.[8][9] Ocupa um espaço de aproximadamente 12 m2[10] e está registrado no Cadastro Nacional de Museus[11] e também consta no Guia dos Museus Brasileiros.[12]

A importância deste museu se vincula a atividades de reciclagem e à questão educativa e artística.[10]

São Paulo[editar | editar código-fonte]

São José dos Campos[editar | editar código-fonte]

Museu do Lixo de São José dos Campos
Museu do lixo
Geografia
País  Brasil
Localidade Estr. José Augusto Teixeira, 400 - Jardim Torrao de Ouro, São José dos Campos - SP, São José dos Campos-SP,  Brasil [13]

Este museu interativo do Lixo se localiza na cidade de São José dos Campos e está vinculado à URBAM - Urbanizadora Municipal de São José dos Campos-SP.[14]

O acervo deste museu começou a se configurar em 1985 com Rubens Dalprat, funcionário aposentado da URBAM, que começou guardando objetos que chegavam ao aterro sanitário. O museu começa a ser idealizado antes da implementação da coleta seletiva no município em 1990, porém somente em 1991 é efetivamente criado.[15] Parte do acervo do museu chega a partir de objetos encontrados por trabalhadores no setor de triagem, outros chegam por doação.[16] Muitos dos objetos que se encontram no museu não são mais fabricados e, atualmente, são vistos como raridade.[14][17]

O museu foi totalmente reformulado em 2019 e funciona em contêineres marítimos metalizados e reutilizados, dentro do complexo da Estação de Tratamento e Resíduos Sólidos. O recurso da realidade aumentada permite contar a história das peças do museu fazendo um paralelo sobre a importância da coleta seletiva e a preservação ambiental. As peças encontradas no lixo continuam sendo o destaque do museu, mas o local também conta com outras curiosidades como exposição temporária de objetos feitos com materiais recicláveis, demonstrativo das fases destes materiais até se transformarem em outros produtos (como por exemplo, a camisa feita de garrafa pet ou o piso feito de pneus), além de um terrário que demonstra o tempo que os materiais demoram para se decompor no solo quando disponibilizados em locais inadequados, entre outras. A concepção do espaço foi planejada com conceitos sustentáveis reaproveitando materiais, como os próprios contêineres e os bancos feitos de plástico.

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Na Recicloteca, os visitantes aprendem técnicas para fazer brinquedos e objetos a partir de materiais recicláveis. O museu ocupa um lugar central na educação ambiental promovida pela instituição e pela prefeitura de São José dos Campos e recebe aproximadamente mais de 4 mil estudantes, professores, delegações de outros países e cidades brasileiras por ano.[17]

O Museu do Lixo faz parte do circuito de educação ambiental denominado "Lixo Tour" realizado pela URBAM.[18] Neste projeto, os visitantes conhecem toda a estrutura da Estação e o processo de tratamento do lixo comum e dos materiais recicláveis. Na sala de visitas e palestra é possível ter uma visão panorâmica através de uma parede de vidro, do centro de triagem de materiais recicláveis em plena atividade.[17][15]

Espírito Santo[editar | editar código-fonte]

Vitória[editar | editar código-fonte]

Museu do Lixo de Vitória
Museu do lixo
Geografia
País  Brasil
Localidade Rua São Sebastião 405 - Resistência, Vitória-ES,  Brasil[19]

Este Museu do lixo se encontra na cidade de Vitória-ES no SEMSE - Secretaria de Serviços ligada à prefeitura de Vitória-ES. Consta no Cadastro Nacional de Museus.[19] Foi organizado a partir de objetos guardados por funcionários da usina de lixo do município desde 1994, como vitrolas, discos de vinil, máquinas de escrever, telefones, ferro de passar roupa entre outros.[20]

Ceará[editar | editar código-fonte]

Crato[editar | editar código-fonte]

Este Museu do Lixo foi organizado em espaço aberto, anexo ao Lixão do Crato, no interior do Estado do Ceará, pelo catador Paulo Pereira da Silva, mais conhecido como Paulinho Cariri, que se autointitula artesão, catador, decorador exótico, artista plástico, pintor nômade, voluntário, tecelão e poeta.[21][10]O Lixão do Crato se localiza no caminho entre os distritos de Ponta da Serra e Dom Quintino.[22] Paulinho Cariri transforma em arte aquilo que é descartado. São milhares de peças criadas a partir do lixo, com temáticas diferentes, que vão desde a religião ao meio ambiente. São pinturas, esculturas, desenhos, colagens e uma infinidade de obras que transformaram a paisagem típica do lixão em Museu do Lixo. Este espaço não possui nenhum reconhecimento oficial, portanto não pode ser considerado um museu, mas sim um processo museológico. O Crato, entretanto, não é a primeira cidade a ter parte do lixão transformado pelas mãos do artista Paulinho Cariri; ele já passou por cidades como Mossoró-RN, Aracati-CE e Juazeiro do Norte-CE, fazendo trabalhos similares.[21]

Tocantins[editar | editar código-fonte]

Palmas[editar | editar código-fonte]

O Museu do Aterro se encontra na cidade de Palmas e funciona dentro do aterro sanitário.[23][24] Foi criado em 2009 pelo funcionário, engenheiro civil e lixólogo, João Marques[25] que foi catando objetos encontrados no lixo.[26] Hoje o museu passou a procurar histórias e memórias que possam ser preservadas em forma de arte.[23][27] O museu é muito frequentado por estudantes em geral.[23]

Rio Grande do Sul[editar | editar código-fonte]

Caxias do Sul[editar | editar código-fonte]

Museu do Lixo de Caxias do Sul
Museu do lixo
Geografia
País  Brasil
Localidade Casa 8 da Réplica de Caxias 1875 dentro do Parque de Eventos da Festa da Uva localizado na Rua Ludovico Cavinato, 1431, bairro Nossa Sra. da Saúde - Caxias do Sul-RS,  Brasil [1][28][29]

O Museu do Lixo de Caxias do Sul (RS) foi organizado pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (CODECA), numa réplica de casa antiga em um dos pavilhões da festa da Uva. Esse espaço museal surgiu como uma alternativa para desviar do aterro sanitário, objetos antigos, como baús, malas, aquecedor de ferro, moedores (em ferro) de carne e grãos, aparelhos de som, máquinas de costura, televisores e diversos outros, considerados como relíquias pelos organizadores. Os objetos foram catados do lixo por funcionários da CODECA e guardados nessa mesma empresa. Outros objetos foram doados por moradores da região.[30][31]

O Museu do Lixo se localiza na Casa 8 da Réplica de Caxias 1875 dentro do Parque de Eventos da Festa da Uva.[30][29]

Outros[editar | editar código-fonte]

Foram identificados outros museus do Lixo nas seguintes cidades no Brasil:

Dos Museus do Lixo acima citados apenas o "Museu do Lixo que não é Lixo" em Campo Magro-PR[32] foi registrados no Guia dos Museus Brasileiros publicado em 2011. Já no Cadastro Nacional de Museus está o museu de Campo Magro-PR.[38]

Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

Nova Iorque (estado)[editar | editar código-fonte]

Nova Iorque[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Treasures In The Trash Museum

O Treasures in the Trash Museum, ou Museu dos Tesouros no Lixo em português, é um Museu do Lixo na cidade de Nova Iorque.

Referências

  1. a b c d Luna, Gloria Alejandra Guarnizo (2018). O (Não) Lixo na Era do Consumo: Museu, Cidade, Arte (Tese de Doutorado)  p. 7
  2. «This Garbage Man Keeps A Museum Of Treasures From Your Trash». HuffPost Brasil (em inglês). 28 de março de 2016. Consultado em 7 de novembro de 2018 
  3. Valente, Lúcia Seara Berka (2015). O Museu do Lixo é um museu? Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Museologia). Universidade Federal de Santa Catarina, 2015
  4. CHAGAS, Mario (2011). «Museus, memórias e movimentos sociais». Cadernos de Sociomuseologia. n.41 
  5. HARTOG, François (junho–dezembro de 2006). «Tempo e Patrimônio». Varia História. 22 (36): 261-267 
  6. ASSMAN, Aleida (2011). Espaços da recordação: formas e transformação da memória cultural. [S.l.]: Editora da Unicamp 
  7. Souza, Manoela do Nascimento (2016). «O Museu do Lixo como espaço heterotópico». Anais do SEFiM. 2 (2): 364-365 
  8. a b «museus : Museu do Lixo- Município, del município de Belo Horizonte e a cidade, Minas Gerais». www.cidade-brasil.com.br. Consultado em 17 de novembro de 2018 
  9. a b «Museu do Lixo». Pouso & Prosa. Consultado em 17 de novembro de 2018 
  10. a b c Luna, Gloria Alejandra Guarnizo (2018). O (Não) Lixo na Era do Consumo: Museu, Cidade, Arte (Tese de Doutorado)  p. 140
  11. «Cadastro Nacional de Museus». Ibram – Instituto Brasileiro de Museus. Consultado em 3 de novembro de 2018 
  12. «Instituto Brasileiro de Museus» (PDF). Guia dos Museus Brasileiros: 189. 2011. Consultado em 9 de novembro de 2018 
  13. «Sobre a Urbam». Prefeitura de São José dos Campos. Consultado em 10 de novembro de 2018 
  14. a b «Relíquias resgatadas do lixo por servidor estão em museu em S. José». Vale do Paraíba e Região. 27 de agosto de 2015. Consultado em 10 de novembro de 2018 
  15. a b «Lixo Tour de São José dos Campos recebe 3.144 visitantes em 2014 - Prefeitura de São José dos Campos». Prefeitura de São José dos Campos. 23 de março de 2015. Consultado em 10 de novembro de 2018 
  16. «MUSEU DO LIXO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS». ntvale. 3 de março de 2011. Consultado em 17 de novembro de 2018 
  17. a b c LUNA, Gloria Alejandra Guarnizo (2018). O (Não) Lixo na Era do Consumo: Museu, Cidade, Arte (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina  p. 176-177
  18. «Programa educacional reforça coleta seletiva em São José dos Campos». FecomercioSP. 5 de dezembro de 2016. Consultado em 18 de novembro de 2018 
  19. a b «Cadastro Nacional de Museus». Ibram – Instituto Brasileiro de Museus. Consultado em 10 de novembro de 2018 
  20. LUNA, Gloria Alejandra Guarnizo (2018). O (Não) Lixo na Era do Consumo: Museu, Cidade, Arte (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina  p. 252
  21. a b «Artista vive, produz e se manifesta no Lixão do Crato». Diário do Nordeste. 14 de janeiro de 2017. Consultado em 15 de novembro de 2018 
  22. «Prefeitura Municipal do Crato». www.crato.ce.gov.br. 26 de dezembro de 2017. Consultado em 15 de novembro de 2018 
  23. a b c «Museu resgata peças históricas e obras de arte no aterro sanitário de Palmas». G1. 4 de abril de 2018. Consultado em 10 de novembro de 2018 
  24. «Alunos de Meio Ambiente visitam Aterro Sanitário e Museu do Lixo em Palmas». Instituto Federal do Tocantins - Educação gratuita e de qualidade. 4 de setembro de 2018. Consultado em 10 de novembro de 2018 
  25. «Estudantes do Instituto Federal de Educação do Pará (IFPA) visitam o aterro da Capital». Prefeitura Palmas. 5 de junho de 2018. Consultado em 17 de novembro de 2018 
  26. «Acadêmicos do MT visitam aterro sanitário de Palmas nesta quarta, 15». Prefeitura de Palmas. 13 de março de 2017. Consultado em 10 de novembro de 2018 
  27. «Relíquias encontradas no aterro sanitário da capital vão para o Museu do Lixo». Conexão Tocantins. 13 de janeiro de 2010. Consultado em 10 de novembro de 2018 
  28. «Festa Nacional da Uva de Caxias do Sul». www.guiadecaxiasdosul.com. Consultado em 15 de novembro de 2018 
  29. a b «Museu do Lixo». https://www.hagah.com.br/. Consultado em 17 de novembro de 2018 
  30. a b «Correio do Povo - O portal de notícias dos gaúchos | Versão Impressa». www.correiodopovo.com.br. 16 de fevereiro de 2010. Consultado em 15 de novembro de 2018 
  31. Luna, Gloria Alejandra Guarnizo (2018). O (Não) Lixo na Era do Consumo: Museu, Cidade, Arte (Tese de Doutorado)  p. 252
  32. a b «Instituto Brasileiro de Museus» (PDF). Guia dos Museus Brasileiros: 363. 2011. Consultado em 7 de novembro de 2018 
  33. XAVIER, Ezio Pedro (2013). Resíduos Recicláveis como Fator de Relevância Econômica, Financeira e Social em Municípios Paranaenses de Pequeno e Médio Porte (Estudo De Caso: UVR de Campo Magro-PR) (PDF) (Dissertação de Mestrado) 
  34. «Cadastro Nacional de Museus». sistemas.museus.gov.br. Consultado em 7 de novembro de 2018 
  35. «Museu do Lixo da Comcap completa 12 anos nesta sexta-feira». Consultado em 4 de novembro de 2018 
  36. «Parque Ecológico do Guarapiranga / Museu do Lixo». Express Lazer - Turismo Pedagógico. 22 de fevereiro de 2012. Consultado em 17 de novembro de 2018 
  37. «Museu da Limpeza Urbana, em Ceilândia, conta a história com o lixo». Metrópoles. Consultado em 18 de novembro de 2018 
  38. «Cadastro Nacional de Museus». Ibram – Instituto Brasileiro de Museus. Consultado em 3 de novembro de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]