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Nós Matámos o Cão-Tinhoso: diferenças entre revisões

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Revisão das 23h27min de 11 de abril de 2012

Nós Matámos o Cão-Tinhoso é um livro de sete contos da autoria do escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana, publicado em 1964 e considerado uma obra fundacional da literatura moçambicana moderna. Os contos incluídos no livro são “Nós Matámos o Cão-Tinhoso”, “O Dina”, “Papa, Cobra, Eu”, “As Mãos dos Pretos”, "Inventário de Imóveis e Jacentes”, "A Velhota" e "Nhinguitimo".

Quando Honwana tinha vinte e dois anos, foi preso pela polícia política. Foi durante o tempo passado na prisão que escreveu o seu único livro, Nós Matámos o Cão-Tinhoso, com o objetivo de demonstrar o racismo do poder colonial português.[1] O livro chegou a exercer uma influência importante na geração pós-colonial de escritores moçambicanos.[2] Muitos dos contos, escritos em português europeu padrão, são narrados por crianças. O universo social e cultural moçambicano durante a época colonial é o centro da análise das narrativas de Nós Matámos o Cão-Tinhoso.[3] De acordo com Manuel Ferreira, “Os contos de Nós Mátamos o Cão-Tinhoso apresentam-nos questões sociais de exploração e de segregação racial, de distinção de classe e de educação”.[4] Cada personagem em cada conto representa uma diferente posição social (branco, assimilado, indígena e/ou mestiço).

Resumo do conto "Nós Matámos o Cão-Tinhoso"

Predefinição:Revelações sobre o enredo

O primeiro e o mais extenso dos contos incluídos no livro, "Nós Matámos o Cão-Tinhoso" é narrado através dos olhos de um menino moçambicano negro, chamado Ginho. A história desenvolve-se à volta de um cão vadio que está doente, abandonado e a morrer. Ginho é objeto de troça da parte dos seus colegas da escola, inclusivemente durante os jogos de futebol. Ele começa a sentir pena do cão e desenvolve um sentimento de empatia em relação a ele. Um dia, o Ginho e um grupo de rapazes da sua idade são persuadidos e chantageados pelo Doutor da Veterinária para matar o cão. O Senhor Duarte representa esta ação como um jogo de caça e tenta convecê-los como um amigo. Apesar do Ginho estar emocialmente ligado ao cão, ele sente-se pressionado para matá-lo, de modo a ser aceite pelos seus colegas. Apesar de muitas discussões e pedidos aos outros meninos, ele não consegue convencê-los a não matar o cão. A história acaba com ele a confessar com remorso a responsabilidade que sente, apesar de não ter querido participar no crime.

Temas e simbolismo

O significado de Cão-Tinhoso

O conto mostra a situação política do tempo. De acordo com a interpretação de Inocência Mata, o Cão-Tinhoso representa o sistema colonial decadente, em via de ser destruído, e o prelúdio de uma nova sociedade purificada, sem discriminação de qualquer tipo. Para esta crítica é significativo o facto de o Cão-Tinhoso ter sido abatido numa apoteose de tiros—de igual modo Moçambique haveria de se purificar pelo fogo das armas.[5]

Os olhos azuis

Ginho descreve o cão como tendo olhos azuis. Em The Golden Cage: Regeneration in Lusophone African Literature and Culture, Niyi Afolabi argumenta que a cor dos olhos é ambígua, podendo ser simbólica do negro colonial dominado ou do colonizador europeu.[6] Cláudia Pazos Alonso escreve que o simbolismo dos olhos pode apontar para uma representação de um assimilado negro.[7]

O homicídio do cão

Quando os meninos matam o cão, este evento pode ser visto como simbólico dum processo iniciático, de aprendizagem, para a personagem que encontra solidariedade afetiva.[8]

Referências

  1. Laranjeira, Pires. Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa. Lisboa: Universidade Aberta, 1995.
  2. Chabal, Patrick et al. The Post-Colonial Literature of Lusophone Africa. London: Hurst & Company, 1996.
  3. Ferreira, Manuel. Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa. Lisboa: Ministério da Educação e Cultura, 1986.
  4. Ferreira, Literaturas Africanas
  5. Citado em Laranjeira, Literaturas Africanas.
  6. Afolabi, Niyi. The Golden Cage: Regeneration in Lusophone African Literature and Culture. Trenton, NJ: African World Press, 2001.
  7. Alonso, Cláudia Pazos. "The Wind of Change in Nós Matámos o Cão-Tinhoso". ellipsis 5 (2007).
  8. Laranjeira, Literaturas Africanas.

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