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Narciso: diferenças entre revisões

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Na [[mitologia greco-romana]], '''Narciso''' ou '''O Auto-Admirador''' ([[Língua grega]]: ''Νάρκισσος''<ref>Entretanto, no grego antigo, essa palavra só é usada para a flor e nunca para este personagem: http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0057%3Aalphabetic+letter%3D*n%3Aentry+group%3D3%3Aentry%3Dna%2Frkissos .</ref>), era um [[herói]] do território de [[Téspias]], [[Beócia]], famoso pela sua beleza e orgulho.
Na [[mitologia greco-romana]], '''Narciso''' ou '''O Auto-Admirador''' ([[Língua grega]]: ''Νάρκισσος''<ref>Entretanto, no grego antigo, essa palavra só é usada para a Luísa Lima e vc (8) tche tche re re tche tche e nunca para este personagem: http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0057%3Aalphabetic+letter%3D*n%3Aentry+group%3D3%3Aentry%3Dna%2Frkissos .</ref>), era um [[herói]] do território de [[Téspias]], [[Beócia]], famoso pela sua beleza e orgulho.
Várias versões do seu mito sobreviveram: a de [[Ovídio]], das suas ''[[Metamorfoses]]''; a de [[Pausânias]], do seu ''Guia para a Grécia'' (9.31.7); e uma encontrada entre os [[papiro]]s encontrados nos [[Papiros de Oxirrinco]], ou Chenoboskion, também chamada Oxyrhynchus. Era filho do deus-rio [[Cefiso]] e da [[ninfa (mitologia)|ninfa]] [[Liríope]]. No dia do seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura.
Várias versões do seu mito sobreviveram: a de [[Ovídio]], das suas ''[[Metamorfoses]]''; a de [[Pausânias]], do seu ''Guia para a Grécia'' (9.31.7); e uma encontrada entre os [[papiro]]s encontrados nos [[Papiros de Oxirrinco]], ou Chenoboskion, também chamada Oxyrhynchus. Era filho do deus-rio [[Cefiso]] e da [[ninfa (mitologia)|ninfa]] [[Liríope]]. No dia do seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura.



Revisão das 20h10min de 3 de agosto de 2012

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Narciso (1594-1596), por Caravaggio.

Na mitologia greco-romana, Narciso ou O Auto-Admirador (Língua grega: Νάρκισσος[1]), era um herói do território de Téspias, Beócia, famoso pela sua beleza e orgulho. Várias versões do seu mito sobreviveram: a de Ovídio, das suas Metamorfoses; a de Pausânias, do seu Guia para a Grécia (9.31.7); e uma encontrada entre os papiros encontrados nos Papiros de Oxirrinco, ou Chenoboskion, também chamada Oxyrhynchus. Era filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia do seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura.

Pausânias localiza a fonte de Narciso na "cama de juncos" em Donacon, no território dos Téspios. Pausânias acha incrível que alguém não conseguisse distinguir um reflexo de uma pessoa verdadeira, e cita uma variante menos conhecida da história, na qual Narciso tinha uma irmã gémea. Ambos se vestiam da mesma forma e usavam o mesmo tipo de roupas e caçavam juntos. Narciso apaixonou-se por ela. Quando ela morreu, Narciso consumiu-se de desgosto por ela, e fingiu que o reflexo que via na água era a sua irmã. Onde o seu corpo se encontrava, apenas restou uma flor: o narciso.

Como Pausânias também nota, outra história conta que a flor narciso foi criada para atrair Perséfone, filha de Deméter, para longe das suas companheiras e permitir que Hades a raptasse.

Narciso e Eco

Segundo a mitologia existia uma ninfa bela e graciosa tão jovem quanto Narciso,chamada Eco e que amava o rapaz em vão. A beleza de Narciso era tão incomparável que ele pensava que era semelhante a um deus, comparável à beleza de Dionísio e Apolo. Como resultado disso, Narciso rejeitou a afeição de Eco até que esta, desesperada, definhou, deixando apenas um sussurro débil e melancólico. Para dar uma lição ao rapaz frívolo, a deusa Némesis condenou Narciso a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco. Encantado pela sua própria beleza, Narciso deitou-se no banco do rio e definhou, olhando-se na água e se embelezando. As ninfas construíram-lhe uma pira, mas quando foram buscar o corpo, apenas encontraram uma flor no seu lugar: o narciso; e então dai o nome narciso a flor.

Narciso era um belo rapaz, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Por acasião de seu nascimento, seus pais consultaram o oráculo Tirésias para saber qual seria o destino do menino. A resposta foi que ele teria uma longa vida, se nunca visse a própria face. Muitas moças e ninfas apaixonaram-se por Narciso, quando ele chegou à idade adulta. Porém, o belo jovem não se interessava por nenhuma delas. A ninfa Eco, uma das mais apaixonadas, não se conformou com a indiferença de Narciso e afastou-se amargurada para um lugar deserto, onde definhou até que somente restaram dela os gemidos. As moças desprezadas pediram aos deuses para vingá-las. Nêmesis apiedou-se delas e induziu Narciso, depois de uma caçada num dia muito quente, a debruçar-se numa fonte para beber água. Descuidando-se de tudo o mais, ele permaneceu imóvel na contemplação ininterrupta de sua face refletida e assim morreu. No próprio Hades ele tentava ver nas águas do Estige as feições pelas quais se apaixonara.

Narcisismo

O narcisismo tem o seu nome derivado de Narciso e ambos derivam da palavra Grega narke, "entorpecido" de onde também vem a palavra narcótico. Assim, para os gregos, Narciso simbolizava a vaidade e a insensibilidade, visto que ele era emocionalmente entorpecido às solicitações daqueles que se apaixonaram pela sua beleza. Mas Narciso não simboliza apenas mera negatividade: "o mito de Narciso representa (senão para os gregos ao menos para nós) o drama da individualidade"; "ele mostra, isto sim, a profundidade de um indivíduo que toma consciência de si mesmo" em si mesmo e perante a si mesmo, ou seja, no lugar onde experimenta os seus dramas humanos (Cf.Bibliografia, Spinelli, Miguel, p.99).

Influência

A parábola de Narciso tem sido uma grande fonte de inspiração para os artistas há pelo menos dois mil anos, começando com o poeta romano Ovídio (livro III das Metamorfoses). Isto foi seguido em séculos mais recentes por outros poetas como (John Keats), e pintores (Caravaggio, Nicolas Poussin, Turner, Salvador Dalí, e Waterhouse). No romance de Stendhal Le Rouge et le Noir (1830), há um narcisista clássico na personagem de Mathilde. Diz o príncipe Korasoff a Julien Sorel, o protagonista, sobre a sua amada:

Narciso e Eco (1629-1630), de Nicolas Poussin.

Ela olha para ela em vez de olhar para ti, e por isso não te conhece.
Durante as duas ou três pequenas explosões de paixão que ela se permitiu a teu favor, ela, por um grande esforço de imaginação, viu em ti o herói dos seus sonhos, e não tu mesmo como realmente és.

O mito tem uma influência decidida na cultura grega homoerótica inglesa Vitoriana, por via da influência de André Gide no seu estudo do mito Traité du Narcisse ('O tratado de Narciso', 1891), e da influência de Oscar Wilde. Também, muitas personagens dos escritos de Fyodor Dostoevsky (escritor russo do século XIX) são tipos de Narcisos solitários, tal como Yakov Petrovich Golyadkin em "The Double" (Publicado em 1846). Ainda na literatura, Paulo Coelho, em O Alquimista, utilizou como prefácio o mito, usando também a emenda que Wilde escreveu sobre o que ocorreu depois da morte de Narciso.

Na música, Caetano Veloso utiliza o espírito do mito de Narciso em letra de Sampa, onde pretende explicar o que lhe ocorreu quando diante de São Paulo pela primeira vez:

"[...]
Quando eu te encarei
Frente a frente
Não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto o mau gosto
É que Narciso acha feio
o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda
Não é mesmo velho
Nada do que não era antes
quando não somos mutantes
[...]"

Possíveis Interpretações

Por via de regra, o mito de Narciso possui várias interpretações, isto variando de indivíduo para indivíduo. Mas tratando-se de um mito simples, porém não simplista, devemos ter em mente que interpretações corretas de Mitos Gregos devem ter equivalente profundidade. O próprio Narciso ao deparar-se com sua beleza sobre-humana vê em sua face a gloriosa magnificência da criação, sem falhas, sem erros, limpa e perfeita, como, em sua mente, havia sido feita a humanidade para tal. Simbolicamente nada menos do que o homem físico chegando de súbito ao entendimento de sua essência imaterial, vendo a si mesmo muito mais do que um simples mortal fadado à perecer pelo tempo. Narciso contemplou em absoluto a grandiosidade da alma do ser humano, e apaixonou-se por ela, tornou-a seu objetivo e seu foco de admiração para sempre.

Eis então que nos recorda Narciso, que a essência do ser humano transcende o corpo, e, por ter sido feita à imagem do Criador (Zeus), Narciso via exatamente o quão grande era a beleza em si mesmo, admiração que depois dele, sendo o ápice da contemplação da Criação, foi-se apenas decaindo no decorrer dos séculos, decaindo e decaindo, até que encontramo-nos na idade moderna, onde grande parte dos humanos perderam esta capacidade de olhar para dentro de si mesmos, e enxergar algo lindo e complexo, digno de contemplação eterna. O próprio termo "Narcisismo" com o passar da gerações tornou-se símbolo de frivolidade e apego às aparências, quando, em essência, o oposto é que deveria ser considerado: alguém que enxerga na própria face, a imagem do Criador.

Segundo FRAZER (1887) a origem do mito pode ser muito antiga, compartilhada pelos indo-europeus, e relacionada a lendas de outros povos, como os zulus, segundo os quais o reflexo representa a alma, que é roubada por bestas da água.

Referências

  1. Entretanto, no grego antigo, essa palavra só é usada para a Luísa Lima e vc (8) tche tche re re tche tche e nunca para este personagem: http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0057%3Aalphabetic+letter%3D*n%3Aentry+group%3D3%3Aentry%3Dna%2Frkissos .

Ver também

Ligações externas

Commons
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O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Narciso

  • Kury,Mario Gama.
Dicionário da mitologia grega e romana. Rio de Janeiro, Editora Zahar, 2008.
  • Spinelli, Miguel.

"O mito de Narciso". In: O Nascimento da Filosofia Grega e sua Transição ao Medievo. Caxias do Sul: Ed.Univ. de Caxias do Sul, 2010, p.95ss.