Nuno Freire de Andrade

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Nuno Freire de Andrade (f. 1431), dito "O Mau", foi um nobre galego baixo-medieval, senhor de Pontedeume e Ferrol. A inícios da terceira década do século XV teve de fazer frente ao levantamento dos vassalos das suas terras, acontecimento conhecido na historiografia como Irmandade Fusquenlla ou Primeira Revolta Irmandinha.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nuno Freire de Andrade era filho do segundo senhor da Casa de Andrade, Pedro Fernández de Andrade e de D. Mencía de Meira. Herdou do seu pai sendo ainda novo, quando este faleceu nos inícios do século XV, o senhorio de Ferrol, Pontedeume, Vilalba e outras localidades.

A sua atuação inicial dirigiu-se para a ampliação dos seus domínios à custa de territórios eclesiásticos, primeiro tentando ficar com os coutos de Muniferral e Féas (no atual concelho de Aranga), possessão da Mitra compostelana, da qual a fim obteve o arrendo dos coutos por dez anos em 1411, e logo edificando no porto da granja de Reparada (atual Covas, na terra de Trasancos), propriedade do mosteiro cisterciense de Sobrado, que se opôs a ele em 1410. Por outro lado foi generoso com Monfero.

Em 1428, recebeu nos seus estados o infante Henrique de Aragão, ao que hospedou obsequiosamente. Depois acompanhou ao rei João II de Castela a terras de Aragão, no ano seguinte, com numerosa hoste durante a guerra contra os aragoneses que apoiavam aos Infantes de Aragão. Nuno Freire acabada a guerra em 1430, não tinha outro remédio que compensar e pagar bem aos seus homens.[1]

A Irmandade Fusquenlla[editar | editar código-fonte]

Isto foi, seguramente, a origem de fortes exações sobre os seus vassalos, arrancadas com grande dureza, e que levaram ao levantamento da Irmandade Fusquenlla em 1431, na que até dez mil homens, conduzidos pelo fidalgo Roi Xordo, demoliram várias casas fortes e mesmo se atreveram a tentar o cerco de Santiago de Compostela; até que o mesmo Nuno Freire, auxiliado pelo corregedor real, Gómez García de Hoyos, os venceu aos pés da sua mesma fortaleza de Pontedeume, onde tinham cercada a sua própria esposa e filhos[2]. Os derrotados foram ou presos ou enforcados.

Morte[editar | editar código-fonte]

No mesmo ano de 1431 faleceu Nuno Freire de Andrade. Mandou-se inumar no mosteiro de Monfero. Sobre a sepultura colocou-se o seguinte epitáfio:

**No:Nome:Iesu:Auede:Piedade:Da:Anima:De:Nuno:Freire:De:Andrade:Caualeiro:De:Uerdade:Un:Do:Consello:Do:Rei:Qese:Finou:Eno:Ano:D:Mil:CCCCXXXI:Anos
(No nome de Jesus, tende piedade da alma de Nuno Freire de Andrade, cavaleiro de verdade, um do Conselho do Rei, que se finou no ano 1431)

A sua tumba, depois de ser movida no século XVII[3], figura à direita da portada da igreja do supradito mosteiro.

Sucessão[editar | editar código-fonte]

Nuno Freire de Andrade teve dois filhos, Pedro Fernández de Andrade e mais Fernão Peres de Andrade, o Moço, o primeiro dos quais herdou a sucessão nos estados.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Couceiro Freijomil, Antonio, Historia de Puentedeume y su comarca. Pontedeume. S.n., 1981, reed. do original de 1926.
  • Valdeón Baruque, Julio, Los conflictos sociales en el reino de Castilla en los siglos XIV y XV. Madrid. 1976 – ISBN 84-323-0188-4
  • Andrade Cernadas, J. M. e Pérez Rodríguez, F. J., Galicia Medieval, t. III da Historia de Galicia. Perillo-Oleiros. Vía Láctea Editorial. 1995 - ISBN 84-89444-14-5

Referências

  1. Cf. Couceiro Freijomil, A., Historia de Puentedeume. Pontedeume. 1981, pp. 181-184
  2. Cfr. Valdeón Baruque, J., Los conflictos sociales en el reino de Castilla en los siglos XIV y XV. Madrid. 1976, pp. 188-191 ; também mais resumidamente em Andrade Cernadas, e Pérez Rodríguez, Galicia Medieval. Perillo-Oleiros. 1995, págs. 269-270
  3. Couceiro Freijomil, Historia de Puentedeume. Pontedeume. 1981, pp. 188-189, a transcrição do epitáfio contém certas imprecisões que corrigimos

Ver também[editar | editar código-fonte]