Nyarlathotep
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Nyarlathotep | |
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Nyarlathotep, concepção artística do Jens Heimdahl[1] | |
Informações gerais | |
Primeira aparição | "Nyarlathotep" |
Criado por | H. P. Lovecraft |
Informações pessoais | |
Pseudônimos | O Caos Rastejante, Ahtu, O Escuro, o Homem Negro, O Faraó da Escuridão, O vento Negro, A névoa rastejante, O Demônio das Trevas, O deus sem rosto, O Terror Flutuante, A Assombração do Escuro, Asas Negras, Comedor de Rosto, Pai de todos os morcegos, Morcego de Areia, O Deus do Deserto, Mestre das Trevas, Perseguidor entre as estrelas e muitos outros. |
Características físicas | |
Sexo | indefinido |
Informações profissionais | |
Aliados | Azathoth (pai) A Névoa Sem Nome (irmão) Escuridão (irmão) |
Nyarlathotep (O Caos Rastejante) é uma divindade maligna no universo fictício dos Mitos de Cthulhu, criado por H. P. Lovecraft. O personagem apareceu primeiramente no poema em prosa com o mesmo nome escrito no ano de 1920 por Lovecraft. Mais tarde, foi mencionado noutras obras do mesmo escritor e de outros autores na área de fantasia e ficção-científica.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]O nome desta divindade é distinto pelo seu sufixo -hotep, que dá ao nome um tom egípcio antigo. Apesar disto, "hotep" significa "estar em paz, satisfeito" em egípcio.
Nyarlathotep no trabalho de H. P. Lovecraft
[editar | editar código-fonte]Na sua primeira aparição em "Nyarlathotep", ele é descrito como um "homem alto e moreno", semelhante a um antigo faraó egípcio.[3] Nesta história, ele vagueia pela Terra, reunindo legiões de seguidores - o narrador da história entre eles - , através de demonstrações de instrumentos estranhos e aparentemente mágicos. Estes seguidores perdem a noção do mundo à sua volta, e, durante a narrativa cada vez menos segura, o leitor fica com uma impressão do colapso do mundo. A história termina com o narrador fazendo parte de um exército de servos para Nyarlathotep.
Nyarlathotep aparece subsequentemente como personagem de grande importância em "À Procura de Kadath" (1926/27), em que, mais uma vez, se manifesta sob a forma de um faraó egípcio quando confronta o protagonista Randolph Carter.
Em "Os Sonhos na Casa das Bruxas" (1933), Nyarlathotep aparece a Walter Gilman e à bruxa Keziah Mason (que fez um pacto com a entidade) sob a forma de "o 'Homem Negro' do culto às bruxas, um avatar de pele negra do Diabo descrito por caçadores de bruxas.
Nyarlathotep também é mencionado em "As Ratazanas nas Paredes", como um deus sem face nas cavernas do centro da Terra.
Finalmente, em "O Habitante da Escuridão" (1936), o monstro noctívago de asas de morcego e tentáculos, habitando no campanário da igreja da ceita Starry Wilson, é identificado como outra manifestação de Nyarlathotep.
Apesar de Nyarlathotep aparecer como personagem em apenas quatro histórias e dois sonetos (mais do que qualquer outro deus de Lovecraft), o seu nome é mencionado com frequência em outras obras, tais como "Sussurros nas Trevas" e "Sombras Perdidas no Tempo".
Embora haja similaridades no tema e no nome, Nyarlathotep não toma parte na obra de Lovecraft "O Rastejante Caos" (1920/21), escrita em colaboração com Elizabeth Berkeley.
Inspiração
[editar | editar código-fonte]Numa carta escrita a Reinhardt Kleiner, em 1921, Lovecraft relatou um sonho que tivera - descrito como "o mais realístico e horrível [pesadelo] que eu já experienciei desde os meus dez anos" - , que serviu como base do seu poema em prosa "Nyarlathotep". No sonho, ele recebeu uma carta do seu amigo Samuel Loveman que dizia:
Não deixes de ver Nyarlathotep se ele vier a Providence. Ele é horrível - horrível para lá de tudo o que possas imaginar - mas maravilhoso. Ele caça um para horas mais tarde. Eu ainda estremeço com o que ele mostrou.
Lovecraft comentou:
Eu nunca tinha ouvido o nome Nyarlathotep antes, mas pareci compreender a alusão. Nyarlathotep era uma espécie de director de circo itinerante ou conferencista que se mantinha guardado em salões públicos e despertou um medo e discussão muito difundidos com as suas exibições. estas exibições consistiam em duas partes - primeiro, uma horrível - possivelmente profética - bobina de cinema; e mais tarde algumas experiências extraordinárias com aparelhos eléctricos e científicos. Quando recebi a carta, pareci lembrar-me que Nyarlathotep estava já em Providence... Pareci lembrar-me que pessoas me tinham sussurrado em receio dos seus horrores, e avisado para não me aproximar dele. Mas o sonho de Loveman decidiu-me... Enquanto saía de casa vi multidões de homens a deambular pela noite, todos murmurando receosamente e curvados numa direcção. Juntei-me a eles, medroso, contudo, ansioso para ver e ouvir o grande, o obscuro, o indescritível Nyarlathotep.[5]
Will Murray especulou que esta imagem onírica de Nyarlatohep pode ter sido inspirada pelo inventor Nikola Tesla, cujas concorridas palestras envolviam experiências extraordinárias com aparelhos eléctricos, e quem muitos viam como uma figura sinistra.[6]
Robert M. Price propõe que o nome Nyarlathotep pode ter sido sub-conscientemente sugerido a Lovecraft por dois nomes de Lord Dunsay, um autor que ele muito admirava. Alhireth-Hotep, um falso profeta, aparece em "Os Deuses de Pegana" de Dunsay, e Mynarthiep, um deus descrito como "furioso" em "A Mágoa da Procura".[7]
Sumário
[editar | editar código-fonte]Nyarlathotep difere dos outros seres em numerosos sentidos. A sua maioria está exilada nas estrelas, como Yog-Sothoth e Hastur, ou a dormir e a sonhar como Cthulhu; Nyarlathotep, por sua vez, é ativo e frequentemente caminha pela Terra sob a forma de um ser humano, normalmente como um homem alto, esguio e alegre. Tem "mil" outras formas, na sua maior parte tidas como sendo loucamente horrorosas. A maioria dos Deuses Extraterrestres tem os seus próprios cultos a servi-la; Nyarlathotep parece servir esses cultos e tratar dos seus assuntos na sua ausência. Enquanto grande parte dos outros usa linguagens extraterrestres, Nyarlathotep usa linguagens humanas e pode ser confundido com um ser humano. Acima de tudo, os Deuses Extraterrestres e os Grandes Antigos são frequentemente descritos como desatentos ou imperscrutáveis, em vez de malévolos - Nyarlathotep tem prazer na crueldade, é deceptivo e manipulador, e até cultiva seguidores e usa propaganda para alcançar os seus objetivos. Tendo isto em conta, ele é provavelmente o mais semelhante ao Homem de entre eles.
Nyarlathotep legaliza a vontade dos Deuses Extraterrestres e é o seu mensageiro, coração e alma; é também um servo de Azathoth, cujos desejos ele cumpre de imediato. Ao contrário dos outros Deuses Extraterrestres, causar loucura é-lhe mais importante e aprazível do que morte e destruição. Alguns sugerem que ele destruirá a raça humana e, possivelmente, a Terra igualmente.[8]
O ciclo Nyarlathotep
[editar | editar código-fonte]Em 1996, Chaosium publicou "O Ciclo Nyarlathotep", uma antologia dos Mitos de Cthulhu concentrada em obras referentes a ou inspiradas pela entidade Nyarlathotep. Editado pelo estudante de Lovecraft, Robert M. Price, o livro inclui uma introdução por Price localizando as raízes e o desenvolvimento do Deus das Mil Formas. Os conteúdos incluem:
- "Alhireth-Hotep o Profeta" de Lord Dunsany
- "A Mágoa da Busca" de Lord Dunsany
- "Nyarlathotep" de H. P. Lovecraft
- "O Segundo Advento" (poema) de William Butler Yeats
- "O Silêncio cai nas Paredes de Meca" (poema) de Robert E. Howard
- "Nyarlathotep" (poema) de H. P. Lovecraft
- "Os Sonhos na Casa das Bruxas" de H. P. Lovecraft
- "O Habitante da Escuridão" de H. P. Lovecraft
- "O Titã e a Cripta" de J. G. Warner
- "Santuário do Faraó Negro" de Robert Bloch
- "Maldição do Faraó Negro" de Lin Carter
- "A Maldição de Nephren-Ka" de John Cockroft
- "O Templo de Nephren-Ka" de Philip J. Rahman & Glenn A. Rahman
- "O Papiro de Nephren-Ka" de Robert C. Culp
- "O Nariz na Alcova" de Gary Myers
- "A Esfinge Contemplativa" (poema) de Richard Tierney
- "Ech-Pi-El’s Ægypt" (poemas) de Ann K. Schwader
Referências
- ↑ https://www.facebook.com/jens.heimdahl
- ↑ http://vsqs.deviantart.com/
- ↑ H. P. Lovecraft, "Nyarlathotep", A Ruína que veio a Sarnath (The Doom That Came to Sarnath), Nova Iorque: Ballantine Books, 1971, 57-60
- ↑ http://juliennoirel.ultra-book.com/
- ↑ H. P. Lovecraft, carta enviada a Reinhardt Kleiner, 21 de Dezembro de 1921; citada em Lin Carter, Lovecraft: Um Olhar por Detrás dos Mitos de Cthulhu (Lovecraft: A Look Behind the Cthulhu Mythos), pp. 18-19
- ↑ Will Murray, "Atrás da Máscara de Nyarlathotep" ("Behind the Mask of Nyarlathotep"), Estudos Lovecraft nº 25 (Outono de 1991); citado em Robert M. Price, O Ciclo Nyarlathotep (The Nyarlathotep Cycle), p. 9
- ↑ Price, p. VII, 1-5
- ↑ Harms, "Nyarlathotep", A Enciclopédia Cthulhiana (The Encyclopedia Cthulhiana), pgs. 218–9