Palazzo Albertoni Spinola

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Fachada do palácio na Piazza Campitelli.

Palazzo Albertoni Spinola ou Palazzo Albertoni Altieri Spinola é um palácio localizado na Piazza Campitelli e com a fachada posterior na Piazza Capizzucchi, no rione Campitelli, em frente à igreja de Santa Maria in Campitelli e geminado ao Palazzo Capizucchi. Foi projetado e construído por Giacomo Della Porta e Girolamo Rainaldi por volta do final do século XVI e início do século XVII.

História[editar | editar código-fonte]

A obra foi encomendada pelo marquês Baldassarre Paluzzi Albertoni inicialmente para Giacomo della Porta (1532-1602) e, depois de sua morte[1], a Girolamo Rainaldi (1570-1655)[1], que completou o projeto realizado numa área entre o Palazzo Cavalletti (Palazzo De Rossi na época) e o Palazzo Capizucchi[2][3][4][5][6][7].

Mapa do palácio. A Piazza Campitelli está à direita nesta imagem. Para o alto, a fachada de frente para a Piazza Capizucchi.
O "jardim secreto", ligado ao palácio pelo arco sobre o Vicolo Capizucchi.

Em 1603, Baldassare pediu permissão para construir uma nova fachada, alargando a área da propriedade já existente na direção da praça e alinhando a nova parede com o canto do vizinho Palazzo Capizucchi[8][9]. Em 1616, ele pediu adicionalmente permissão para construir um arco na altura do piso nobre por cima de uma viela para ligar o fundo de seu palácio ao seus "vizinhos mais próximos"[10]. Por conta disto, é possível que os dois edifícios tenham pertencido ao mesmo proprietário desde o início do projeto e depois acabaram sendo herdados por famílias diferentes. Além disto, é possível que a fachada tenha sido criada em outra época — num edifício em reforma já existente — como testemunham cartógrafos da época: Cartaro, Du Peràc e Tempesta, cujos mapas indicam residências pré-existentes na área[11][12].

Além disto, o que possivelmente indica também estas duas fases é o alinhamento distinto no interior do edifício: é ortogonal na direção do pátio interno e na direção dos lados geminados aos palácios vizinhos, mas fora do eixo em relação à fachada de frente para a praça. De fato, o átrio de entrada do edifício forma uma ligação diagonal entre a praça e o pátio[13][14][15][16][17].

A presença da família Albertoni é registrada em outros pontos na Piazza Campitelli: seu brasão, o leão rompante, pode ser visto na antiga fonte (1587-1589) e também no palácio, sobre o portal de entrada, sobre as arquitraves, em nichos nas escadas e no friso abaixo do beiral da fachada principal.

Outros palácios menores da família Paluzzi Albertoni localizados na Piazza Margana e na Via dei Delfini foram ligados ao palácio maior, estruturalmente e funcionalmente. Os herdeiros da família adotaram, em 21 de outubro de 1671, o sobrenome e o brasão da família Altieri juntamente com o título de príncipes por ordem de Emilio Altieri (1590-1676), eleito papa em 1670 com o nome de Clemente X. Por causa disto, a fortuna dos Altieris passou para os descendentes dos Paluzzi Albertoni, agora rebatizados. De fato, o palácio na Piazza Campitelli acabou se tornando menos prestigioso do que o Palazzo Altieri, na Piazza del Gesù, que, juntamente com Villa Altieri no Latrão, abrigava as obras de arte da família[18].

O palácio na Piazza Campitelli permaneceu nas mãos dos herdeiros dos Altieris por mais um século e, depois da construção de um quarto piso acima do ático, foi vendido por volta de 1808 pelo príncipe Paluzzo Altieri ao político espanhol Manuel Godoy y Alvares de Faria Ríos Sánchez Zarzosa, príncipe della Pace (1767-1851). Algum tempo depois, o edifício passou para o cardeal Bartolomeo Pacca (1756-1844), que viveu ali de forma intermitente pelo menos a partir de 1819. Com a morte de Pacca, o palácio permaneceu nas mãos de seus descendentes por cerca de cinquenta anos, que alugaram partes dele para seus conhecidos, incluindo os cardeais Giacomo Piccolomini e Giacomo Antonelli[19].

Em 1886, o edifício foi vendido pelos descendentes de Pacca para a condessa Carolina Portalupi (1852-1891), que o restaurou e o deixou para seus descendentes diretos, os marqueses genoveses Spinola — Maria Antonietta Spinola se casou mais tarde com o político Mario Cingolani (1883-1971), enquanto Bonifacio Spinola se casou com sua prima de segundo grau, a condessa Marina Baldeschi (1895-1983). Além da restauração, que era urgente, a condessa determinou a construção de uma nova galeria de cobertura envidraçada no canto sudeste e, provavelmente, o pequena belvedere na direção do Palazzo Cavalletti. As obras foram substanciais, mas deixaram a estrutura do edifício inalterada.

Descrição[editar | editar código-fonte]

A imponente fachada se apresenta em três pisos com nove janelas cada um. Acima do beiral está um quarto piso construído no século XIX. O portal, encimado por uma varanda com balaustrada, se abre entre dois conjuntos de quatro janelas com arquitraves, grades e com parapeitos avançados sustentados por mísulas no piso térreo[20][21].

Na pequena fachada de frente para a Piazza Capizucchi, que se abre num belo portal em arco fora de centro em relação aos quatro pisos que se elevam entre duas cornijas marcapianos, muito simples, com janelas emolduradas (várias das quais muradas) sob um saliente beiral. À direita desta fachada se ergue um edifício secundário que atinge quase a altura do segundo andar, acessado por uma galeria acima de um arco sobre o Vicolo Capizucchi[22].

Efeitos visuais[editar | editar código-fonte]

Fachada do palácio.
Gravura de Giuseppe Vasi (1756) mostrando a igreja de Santa Maria in Campitelli. O palácio em frente é o Palazzo Albertoni.

Quando se anda para trás a partir da entrada principal do palácio, a entrada da igreja de Santa Maria in Campitelli aparentemente "se move" da esquerda para a direita até as duas coincidirem perfeitamente quando se alcança o ponto no qual se passa do primeiro edifício para o segundo (o Palazzetto). É importante ressaltar que, quando a fachada foi planejada, a fachada atual da igreja não havia ainda sido construída e que era o local de nascimento da Beata Ludovica Albertoni[23], a verdadeira guia espiritual de toda a família, que ficava no local. Os Paluzzi Albertoni provavelmente desejavam manter a vista de porta a porta para preservar a memória constante da beata. Uma parte da parede perimetral da casa dela ainda é visível, decorada por um antigo afresco, no interior da Capela Albertoni na igreja[24].

Outro efeito produzido é a perde de "orientação" no interior dos dois edifícios: de fato, visitando as salas a partir do interior, o visitante não percebe claramente se está no palácio maior ou no menor, o chamado Palazzetto. Uma outra peculiaridade visual é a referente ao "jardim elevado secreto", visível a partir da entrada da escadaria para o primeiro andar do palácio maior, mas está "escondido", instalado como um anexo traseiro do primeiro piso do Palazzeto e, portanto, distante da praça.

Referências

  1. a b Cristiano Marchegiani, Dizionario Biografico degli Italiani , Enciclopedia Treccani, Volume, 86, 2016, Roma)
  2. Giovanni Baglione, Le vite de' pittori, scultori et architetti dal Pontificato di Gregorio XIII fìno a tutto quello di Urbano VIII, Roma,Forni,1649
  3. Gregorio Roisecco, Roma antica e moderna, Roma, Roisecco, 1750; Primo Acciaresi, Roma antica, medioevale, moderna e dintorni, Roma,Libreria Salesiana,1922
  4. Lugi Vittorio Bertarell, Roma e dintorni, Milano,Touring Club Italiano, 1934, [s.v. «Palazzo Spinola»]
  5. Ulrich Thieme e Felix Becker, Thieme-Becker, Leipzig, Engelmann, 1907, «Porta, Giacomo della»
  6. Jetwart Arslan,Forme architettoniche civili di Giacomo della Porta, Bollettino d'Arte del Ministero della Pubblica Istruzione, Roma, Ministero della Pubblica Istruzione, 1926-1927, p. 510-511, figura 4
  7. Sandro Benedetti e Giuseppe Zander, L'arte di Roma nel secolo XVI, Bologna, Cappelli,1990, p. 436-437, tabela CXXXVI
  8. Giovanni Battista Falda, Nuovi disegni dell'architettura, e piante de' Palazzi di Roma de' più celebri architetti, II, Roma ,Archivio di Stato di Roma,1655-1670
  9. Howard Hibbard, Di alcune licenze rilasciate dai mastri di strade per opere di edificazione a Roma (1586-'89, 1602-'34), Roma, Bollettino d'Arte, Roma, 1967 (p. 100, p. 104, n° 29, p. 109 , n° 83, fig. 37 e 43.)
  10. Howard Hibbard, Di alcune licenze rilasciate dai mastri di strade per opere di edificazione a Roma (1586-'89, 1602-'34), Roma, Bollettino d'Arte (Di alcune licenze rilasciate dai mastri di strade per opere di edificazione a Roma, pp. 100 e 109, tomo 85 (1613-1616), n° 83 (c. 161 v) 30 de março de 1616
  11. Cartografie di Antonio Tempesta (1593)
  12. Joseph Connors, Alliance and Enmity in Roman Baroque Urbanism, 3, Roma, Bibliotheca Hertziana,1989, pp. 245-260.
  13. Luigi Callari, I palazzi di Roma e le case d'importanza storica e artistica, Roma, Ugo Sofia Moretti, 1944 (terza edizione., p. 437 s.v. «Palazzo Spinola»)
  14. Furio Fasolo, L'opera di Hieronimo e Carlo Rainaldi, Roma, Ricerche,1961( pagine 59, 65 e 339, nota 5; Giorgio Torselli, Palazzi di Roma, Milano, Ceschina,1965, (pagina 277 s.v. «Palazzo Spinola»)
  15. Vitaliano Tiberia, Giacomo della Porta, Roma, Bulzoni, 1974, (pagina 44)
  16. Daniela Gallavotti Cavallero, I Palazzi di Roma dal XIV al XX secolo, Roma, Quasar, 1989,(pagine 14-15, 249)
  17. Luigi Spezzaferro, Maria Elisa Tittoni, Il Campidoglio e Sisto V, Roma, Carte Segrete, 1991, (pagine 80-81);
  18. Giandomenico Spinola, Le sculture nel palazzo Albertoni Spinola a Roma e le collezioni Palazzi ed Altieri, Rome, Giorgio Bretshneider, 1995.
  19. «Palazzo Albertoni Altieri Spinola» (em italiano). InfoRoma 
  20. «Piazza Campitelli» (em italiano). Roma Segreta 
  21. «S. Maria in Campitelli» (em inglês). Rome Art Lover 
  22. «Piazza Capizucchi» (em italiano). Roma Segreta 
  23. Marina Minozzi, Rivista Roma Sacra, Elio De Rosa Editore, 1999, Roma; Parrocchia Santa Maria in Campitelli, I disegni di Carlo Rainaldi, Archivio Parrocchiale Santa Maria in Campitelli, Roma, 2017
  24. Francesco Ferraironi, Santa Maria in Campitelli, Roma, Casa Editrice Roma, 1933; Maria Pedroli Bertoni, Santa Maria in Campitelli, Istituto nazionale di Studi Romani, Roma, 1987.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Teodoro Ameyden, 1910, Storia delle famiglie romane (History of Roman Families), Rome.
  • Sandro Benedetti, 1995, Il ghetto di Roma. Progetto di recupero urbano e edilizio (The Ghetto of Rome. A Project of Urban Renewal and Housing), Rome.
  • Sandro Benedetti, 1992, I palazzi romani di Giacomo della Porta, in Roma e lo studium urbis. Spazio urbano e cultura dal quattro al seicento (The Roman Palaces of Giacomo Della Porta in Rome and the Studium Urbis. Urban Space and Culture From the Fourteenth to the Sixteenth Centuries), Rome.
  • Giorgio Carpaneto, 2004, I palazzi di Roma (The Palaces of Rome), Rome, pp. 23–24.
  • Howard Hibbard, 1967, Di alcune licenze rilasciate dai mastri di strade per opere di edificazione a Roma(About Some Licenses Issued by Road Masters for Construction Works in Rome), 1586-'89, 1602-'34, in Bollettino d'arte, LII, p. 109.
  • Furio Fasolo, s.d., L'opera di Hieronimo e Carlo Rainaldi (The Work of Hieronimo and Carlo Rainaldi), Rome.
  • Daniela Gavallotti Cavallero, 1989, I palazzi di Roma dal XIV al XX secolo (The Palaces of Rome From the Fourteenth to the Twentieth Century), Rome.
  • Claudio Rendina, 1993, I Palazzi di Roma (The Palaces of Rome), Rome, pp. 244–45.
  • Vitaliano Tiberia, 1974, Giacomo della Porta, Rome.
  • Giorgio Torselli, 1965, Palazzi di Roma (Palaces of Rome), Milan.
  • Giuseppe Zender, 1990, L'arte di Roma nel secolo XVI (The Art of Rome in the Sixteenth Century), Bologna.