Paróquia Sagrada Família (Machava)

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Sagrada Família
Arquiteto Pancho Guedes
Início da construção 1962
Inauguração 31 de janeiro de 1956 (68 anos)
Religião Católica
Diocese Arquidiocese de Maputo
Ano de consagração 1956
Geografia
País Moçambique
Cidade Matola

A Paróquia Sagrada Família é um templo da Igreja Católica localizada em Machava, no distrito da Matola. Esta é pertencente á Arquidiocese de Maputo.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

Igreja da Sagrada Família da Machava, projectada pelo conhecido arquitecto Pancho Guedes.[3] Neste templo, um dos mais artísticos de Moçambique, o arquitecto mostra toda a sua criatividade utilizando a plasticidade do betão.

Os missionários da Consolata fizeram a entrega da Paróquia da Machava ao clero diocesano de Maputo no ano 2007.[1]

A Missão da Sagrada Família da Machava foi criada em 31 de Janeiro de 1956,[4] com território desmembrado Missão de S. Gabriel da Matola-Rio, ambas fundadas pelos Missionários da Consolata. Abrangia uma área aproximada de 280 km. A população total era de 18.220 habitantes, dos quais 3.350 eram católicos. Possuía sete escolas, uma na sede, Machava, e as outras seis mais rudimentares nas zonas limítrofes. O primeiro pároco da Machava foi o Padre Silvestre Liberini, missionário da Consolata.

Apesar das dificuldades, dois anos após a sua fundação, a Machava tinha aumentado para 4.140 católicos e as escolas-capela já eram dez: Machava-Sede, São Vicente de Paulo (Bunhiça), São João Baptista (Anhana), S. João de Brito (Quilasse), S. Damaso (Singathela), S. José (Slumene), S. Antómnio de Lisboa (Mochisso), S. Pedro e S. Paulo (Mulotona) e S. Gabriel das Dores (Mualsa). Estas escolas eram frequentadas por 1.631 alunos.

Inicialmente o lugar de culto era uma capela, que desde logo se revelou pequena e inadequada. Em 1960 a comunidade católica, mobilizada pelos missionários, organizou-se no sentido de construir uma igreja em alvenaria. A Igreja da Sagrada Família foi projectada pelo conhecido arquitecto Pancho Guedes. O arquitecto mostra neste templo, um dos mais artísticos, da Arquidiocese de Maputo, toda a sua criatividade utilizando a plasticidade do betão para formas curvas e torcendo as vigas do tecto para erguer cruzes a três dimensões também replicadas na torre que é separada do corpo principal da igreja.[1]

Como a promoção humana é para a evangelização aquilo que o corpo é para alma, os Missionários da Consolata dedicaram-se com empenho no desenvolvimento humano das populações, sobretudo no sector da educação. Nos inícios da missão o número de crianças que frequentavam a escola era muito diminuto. Em 1965, já com 2.500 alunos, tem início a construção de edifício escolar com a capacidade de acolher em melhores condições os alunos. O Padre Aldo Mongiano, pároco da missão e os seus colaboradores, Padres Henrique Della Croce e Silvestre Liberini, visitaram amigos e conhecidos, escreveram cartas, organizaram festas e, em Março de 1967, ficaram concluídas as primeiras seis salas. É uma construção imponente. Duzentos alunos, os das classes mais adiantadas, podem sentar nos bancos das salas. Os 2.300 das outras classes continuam a estudar debaixo das árvores, expostos ao vento, à chuva e ao pó. Urge construir novas salas. São mobilizados os benfeitores para continuar a construção da escola. Em 1968 mais seis salas ficam prontas e a escola cresce.

A construção da escola não é a única preocupação dos missionários da Consolata da Machava. A missão é o centro de uma vasta actividade de ordem religiosa e social. Há que salvaguardar e incrementar a vida espiritual e a fé da vasta comunidade católica. Com o ano a vida da missão não conheceu pausas: distribuição de víveres, roupa e medicamentos aos mais pobres, procura de trabalho para os desempregados, ensino nocturno para os operários, visita aos centros de catequese, reunião com as associações paroquiais e assistência aos professores.[1]

As Irmãs da Apresentação de Maria, presentes na missão da Machava desde 1963, dirigem a escola de costura, o centro de economia doméstica e ocupam-se de outras actividades que a caridade cristã inspiram.

Com os anos a população da Machava aumenta. Muitos trabalham na cidade do Maputo, nas pequenas industrias locais ou cultivando os campos da zona. O atractivo da cidade reúne aqui gente proveniente dos lugares mais diversos. A missão procura ser o elemento catalisador: muitos recorrem à missão. Compreendem que o missionário é o homem de todos, em que se pode contar.

Depois da independência nacional, em 1975, a Paróquia da Machava passou por grandes mudanças e dificuldades. A população de origem europeia abandona o país, algumas estruturas da paróquia são nacionalizadas, as restrições à liberdade religiosa promulgadas pelo governo dificultam a acção pastoral. Na paróquia da Machava estava o P. Jaime Marques, o P. Victor Gatti e quatro Irmãs da Apresentação de Maria. Um bom número de católicos abandona a prática religiosa e procura-se, então, reorganizar a vida cristã segundo as linhas da pastoral arquidiocesana. Com a falta de missionários, a equipa missionária da Machava assume também a responsabilidade pastoral das Paróquias de Liqueleva e da Liberdade. Com o passar dos anos, assistiu-se nestas paróquias, com satisfação, ao regresso à prática religiosa de muitos cristãos que se tinham afastado pelo vento da revolução. Em 1988, sedo pároco da Machava o P. Salvador Forner, começou a funcionar o seminário de Nossa Senhora da Consolata onde foi acolhido o primeiro grupo de seminaristas do Instituto da Consolata, tendo como formador o P. Adelino da Conceição Francisco. Em 1992, o seminário deixou as instalações provisórias da paróquia da Machava para passar a ter a sua sede definitiva na Matola. Em 1996, sendo pároco da Machava o P. António Rusconi, começou a funcionar um emissor radiofónico que transmite em FM para a cidade de Maputo e arredores: a Rádio Maria. Padre António Rusconi, em colaboração com a restante equipa missionária e os leigos, dá continuidade a trabalho de consolidação das comunidades cristãs que constituem a paróquia e que crescem cada vez mais. Constroem-se novas e amplas igrejas nas comunidades cristãs para acolher a comunidade de fiéis que cresce. Junto às igrejas são construídas escolas e outras estruturas que estão ao serviço da educação e da promoção humana das populações.

Os Missionários da Consolata, depois de 50 anos de presença missionária na Machava, fizeram em 2007 a entrega da Paróquia da Sagrada Família ao clero diocesano de Maputo, que tem a responsabilidade de levar para a frente o trabalho missionário.[1]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e «Igreja da Paróqiua da Machava Celebra 60 Anos de Existência». Missionários da Consolata de Moçambique. Consultado em 21 de fevereiro de 2020 
  2. da Cruz, Albath (1 de fevereiro de 2016). «Os 60 anos da Igreja da Machava». Jornal Notícias. Consultado em 21 de fevereiro de 2020 
  3. «Pancho Guedes». Wikipédia. Consultado em 21 de fevereiro de 2020 
  4. «Moçambique: Na Machava entregamos um património». consolata.org. Consultado em 21 de fevereiro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]