Preferência condicionada por lugar

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Aparelho de preferência condicionada por lugar

A preferência condicionada por lugar (PCL) é uma forma de condicionamento clássico usada para medir os efeitos motivacionais de objetos ou experimentos.[1] Ao medir a quantidade de tempo que um animal passa em uma área que foi associada a certo estímulo, os pesquisadores podem inferir a preferência do animal por tal estímulo.[2] Este paradigma também pode ser usado para medir a aversão condicionada a um lugar que está associado a estímulos aversivos. Ambos os procedimentos geralmente utilizam camundongos ou ratos como experimentos.[3][4]

Usos e métodos[editar | editar código-fonte]

O modelo de preferência condicionada por lugar costuma ser utilizado para medir os efeitos de recompensa e efeitos aversivos de drogas, com um compartimento que será associado à administração da droga, seguido por outro compartimento em que a droga está ausente.[5] Habitualmente, os testes de preferência condicionada por lugar envolvem três fases: habituação, condicionamento e teste de preferência.[6]

Em relação ao viés de confirmação, dois métodos diferentes costumam ser usados. O "método tendencioso " (biased) permite que o animal explore o aparelho, sendo que o compartimento que menos prefere é aquele em que a droga é administrada e o que mais prefere é aquele onde o veículo é injetado (ambiente sem droga).[7] Este método permite que o animal escolha o compartimento em que recebe a droga e o veículo. Em comparação, o "método neutral" (unbiased) não permite que o animal escolha o veículo ou o compartimento no qual a droga será colocada, em vez disso, o pesquisador escolhe os compartimentos.

Os humanos também demonstraram desenvolver preferências condicionadas por lugares. Por exemplo, pessoas que tomam doses terapêuticas de anfetaminas desenvolvem uma PCL para onde consumiram a droga.[8][9]

Ratos knockout[editar | editar código-fonte]

Ratos knockout são usados em pesquisas sobre diferenças comportamentais ou fisiológicas

Cocaína[editar | editar código-fonte]

Estudos feitos utilizando ratos knockout mostraram que o bloqueio do transportador de dopamina (DAT) não foi capaz de eliminar a preferência condicionada por lugar causada pelo consumo de cocaína, o que sugere haver outros mecanismos de reforço ligados ao uso e abuso de cocaína.[10] Ratos sem o transportador de noradrenalina (NET) e de serotonina (SERT) demonstraram um aumento na preferência condicionada por lugar.[10] Nenhuma preferência condicionada por lugar foi observada em ratos knockout sem o receptor de serotonina 5-HT1B.[11]

Referências

  1. Tzschentke, T.(2007). Measuring reward with the conditioned place preference(CPP) paradigm: update of the last decade. Addiction Biology. 12, 227-462.
  2. Childs, Emma; Wit, Harriet de (2009). «Amphetamine-Induced Place Preference in Humans». Biological Psychiatry. 65: 900–904. PMC 2693956Acessível livremente. PMID 19111278. doi:10.1016/j.biopsych.2008.11.016 
  3. Campbell J., Wood R., Spear L. (2000) Cocaine and morphine-induced place conditioning in adolescent and adult rats. Physiol Behav 68:487–493
  4. Adriani W., Laviola G. (2002) Spontaneous novelty seeking and amphetamine-induced conditioning and sensitization in adult mice: evidence of dissociation as a function of age at weaning. Neuropsychopharmacology 27:225–236.
  5. Chabrawi, Soha Mohamad (3 de dezembro de 2010). «Avaliação da preferência condicionada por lugar induzida pela administração sistêmica de cocaína em primatas não-humanos (Callithrix penicillata)». Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  6. Prus, Adam J.; James, John R.; Rosecrans, John A. (2009). Buccafusco, Jerry J., ed. «Conditioned Place Preference». Boca Raton (FL): CRC Press/Taylor & Francis. Frontiers in Neuroscience. ISBN 978-1-4200-5234-3. PMID 21204336. Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  7. Prus, AJ., James, JR., Rosecrans, AJ.(2009). Methods of Behavioral Analysis in Neuroscience. Augusta, CRC press.
  8. Childs E, de Wit H (2009). «Amphetamine-induced place preference in humans». Biol. Psychiatry. 65: 900–4. PMC 2693956Acessível livremente. PMID 19111278. doi:10.1016/j.biopsych.2008.11.016. This study demonstrates that humans, like nonhumans, prefer a place associated with amphetamine administration. These findings support the idea that subjective responses to a drug contribute to its ability to establish place conditioning. 
  9. Castells, Xavier; Blanco-Silvente, Lídia; Cunill, Ruth (2018). «Amphetamines for attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) in adults». The Cochrane Database of Systematic Reviews. 8: CD007813. ISSN 1469-493X. PMC 6513464Acessível livremente. PMID 30091808. doi:10.1002/14651858.CD007813.pub3 
  10. a b Sora, I., Hall, F.S., Andrews, A.M., Itokawa, M., Li, X.F., Wei, H.B., Wichems, C., Lesch, K.P., Murphy, D.L., & Uhl, G.R. (2001). Molecular mechanisms of cocaine reward: combined dopamine and serotonin transporter knockouts eliminate cocaine place preference. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 98, 5300–5305.
  11. Belzung, C., Scearce-Levie, K., Barreau, S., & Hen, R. (2000). Absence of cocaine-induced place conditioning in serotonin 1B receptor knock- out mice. Pharmacology Biochemistry and Behaviour, 66, 221–225.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]


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