Proteção auditiva
Proteção auditiva refere-se a dispositivos usados para proteger as orelhas, seja externamente de elementos como frio, intrusão por água e outras condições ambientais, detritos ou especificamente contra ruídos.[1] Esses dispositivos são Equipamentos de Proteção Individual (EPI), sendo obrigatoriamente de uso pessoal, conhecidos também por dispositivos de proteção auditiva, que tem por finalidade diminuir os riscos existentes no ambiente, e proteger contra o surgimento de possíveis doenças ocupacionais.[2]
Os altos níveis de exposição ao ruído podem resultar em perda auditiva induzida por ruído (PAIR). A Organização Mundial da Saúde reconhece que os efeitos da poluição sonora na saúde envolvem acometimentos físicos (patológicos), como a PAIR, mudanças temporárias no limiar auditivo e trauma acústico. Também podem ser responsáveis por prejuízos fisiológicos, como o aumento da pressão sanguínea; sensoriais como a otalgia, desconforto e o zumbido. Além disso outros agravos relacionados ao ruído incluem a interferência na comunicação oral, alterações do sono, incômodo, fadiga, dores de cabeça, comportamentais e irritabilidade.[3]
No contexto do trabalho, a proteção auditiva adequada é aquela que reduz a exposição ao ruído para menos de 85 dBA ao longo de um turno de trabalho médio de oito horas.[1] Quando os sons excedem 80 dBA, torna-se um fator de risco para a audição. O Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (NIOSH) possui normas que mostram quanto tempo uma pessoa pode estar em diferentes níveis de volume antes que ela atinja sua dose diária máxima e se torne prejudicial à sua audição. Para cada aumento de 3 dB no nível de ruído, o tempo de exposição permitido é reduzido pela metade. Essas normas podem dar às pessoas uma ideia de quando a proteção auditiva deve ser considerada. A dose diária máxima com o nível de decibéis correspondente é mostrada abaixo. [4]
Nível de decibels com o tempo atingindo a dose diária máxima (dBA):
- 8 horas a 85 dB (A)
- 4 horas a 88 dB (A)
- 2 horas a 91 dB (A)
- 60 minutos a 94 dB (A)
- 30 minutos a 97 dB (A)
- 15 minutos a 100 dB (A)
Os protetores auditivos são divididos em duas categorias: A) Protetores em que a atenuação é constante, e que não dependem do nível de pressão sonora. É considerada a mais comum e mais utilizada, sendo dividida em dois tipos: circum-auricular (concha) e de inserção (pré-moldado e moldável); B) Protetores em que a atenuação depende do nível de pressão sonora, é dividida em sistemas passivos (como os plugues de atenuação não linear, possuem filtros) e sistemas ativos (como os sistemas de comunicadores eletrônicos).[5]
Diferentes tipos de proteção auditiva podem ser utilizados para maximizar a proteção auditiva. Os regulamentos da OSHA determinam se a proteção auditiva é necessária e se a empresa deve participar de um programa de conservação auditiva.
Os protetores auriculares são divididos em duas categorias:
- Protetores em que a atenuação é constante, e que não dependem do nível de pressão sonora. É considerada a mais comum e mais utilizada, sendo dividida em dois tipos: circum-auricular (concha): essa proteção auditiva se ajusta ao redor da orelha externa da pessoa; inserção (pré-moldado e moldável): se encaixam no interior do canal auditivo da pessoa ;
- Protetores em que a atenuação depende do nível de pressão sonora, é dividida em sistemas passivos (como os plugues de atenuação não linear, possuem filtros) e sistemas ativos (como os sistemas de comunicadores eletrônicos).[6] .
Em algumas ocasiões, é bastante comum utilizar dupla proteção, ou seja, mais de um tipo de proteção auditiva sendo usada simultaneamente (como o protetor de inserção associado ao protetor do tipo concha) visando potencializar a redução de ruído.[5]
O funcionamento eficaz de um protetor auditivo depende de alguns fatores, como suas características (intrínsecas como o total de atenuação fornecido e o tempo de uso) e as características fisiológicas e anatômicas do usuário. A seleção do protetor auricular deve considerar o ambiente no qual o trabalhador atua, o conforto e a aceitação pelo usuário, o custo e a durabilidade, os problemas trazidos para a comunicação durante o uso, a segurança e a higiene.[2] [5] Também é necessário verificar a eficácia da colocação dos protetores auriculares e analisar a importância e a necessidade de realizar de um treinamento para a colocação adequada do EPI auricular.[7]
Cada tipo de proteção auricular tem o que é chamado de classificação de redução de ruído (NRR). Isso fornece ao consumidor uma estimativa de quanto ruído está sendo reduzido antes de chegar a orelha do indivíduo. É importante que o consumidor saiba que essa é apenas uma estimativa numérica única decorrente de uma experiência de laboratório, e a NRR varia de acordo com o indivíduo que usa a proteção auditiva. O NIOSH e a OSHA têm valores redutores para ajudar a pessoa a ter uma noção de quanto som está sendo atenuado enquanto usa a proteção auditiva. A OSHA usa meio desclassificação, enquanto o NIOSH usa 70% para tampões para orelhas pré-formadas, 50% para tampões para orelhas moldáveis e 25% para os protetores para as orelhas.[8]
A proteção auricular eletrônica está disponível como tampões para as orelhas. O tampões eletrônicos detectam e amplificam sons silenciosos enquanto bloqueiam ruídos altos. Também são úteis em várias situações, como para caçadores ou atiradores, que precisam proteger e preservar sua audição do alto relato de um rifle de caça, mas ainda precisam ouvir os ruídos ao seu redor. A proteção auditiva eletrônica permite que o usuário mantenha uma conversa normal ou escute um jogo enquanto ainda bloqueia ruídos externos que podem prejudicar a audição.
Caça e armas de fogo
[editar | editar código-fonte]O disparo de armas para uso recreativo pode levar à perda auditiva, acometendo pricipalmente as altas frequências.[9] O disparo de armas de fogo pode causar danos a várias estruturas cocleares devido aos altos níveis de pressão sonora que eles geram, variando de 140 a 175 dB.[10]
Juntamente com as opções passivas de redução de ruído geralmente usadas profissionalmente (como tampões auditivos), também existem dispositivos ativos para redução de ruído. A tecnologia ativa de redução de ruído é usada para fornecer proteção contra ruído, como opções passivas, mas também usa circuitos para dar audibilidade a sons que estão abaixo de um nível perigoso (cerca de 85 dB) e tenta limitar o nível médio de saída para cerca de 82 a 85 dB para manter a exposição ao ruído num nível seguro.[10][11] As estratégias para ajudar a proteger a audição de armas de fogo também incluem o uso de freios e supressores de boca, disparar menos balas e utilizar uma arma de fogo com um cano mais curto. Recomenda-se atirar ao ar livre ou em um ambiente tratado com som e tentar evitar uma área que não esteja totalmente fechada. Se houver várias pessoas, é melhor garantir que haja uma grande distância entre os atiradores e que eles não estejam disparando ao mesmo tempo.[10]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Riscos auditivos em músicos
- Dia Mundial da Audição
- INAD
- Barulho
- Perturbação do sossego
- Poluição sonora
- Controle de ruído
- Escuta segura
Referências
- ↑ a b «Noise And Hearing Loss Prevention: Personal Protective Equipment (PPE)». NIOSH Workplace Safety and Health Topic. Centers for Disease Control and Prevention, United States Department of Health and Human Services
- ↑ a b Sonego, Marília Trevisan; Santos Filha, Valdete Alves Valentins dos; Moraes, Anaelena Bragança de; Sonego, Marília Trevisan; Santos Filha, Valdete Alves Valentins dos; Moraes, Anaelena Bragança de (2016). «Equipamento de proteção individual auricular: avaliação da efetividade em trabalhadores expostos a ruído». Revista CEFAC. 18 (3): 667–676. ISSN 1516-1846. doi:10.1590/1982-0216201618317115
- ↑ FIORINI, Ana Claudia. Efeitos Não Auditivos do Ruído. In: BOÉCHAT, Edilene Marchini (org.). Tratado de Audiologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. p. 328- 333.
- ↑ «Understanding Noise Exposure Limits: Occupational vs. General Environmental Noise». NIOSH Science Blog. Centers for Disease Control and Prevention
- ↑ a b c SAMELLI, Alessandra Giannella; FIORINI, Ana Claudia. Ações de Proteção para Prevenção de Perdas Auditivas Relacionadas ao Trabalho. In: BOÉCHAT, Edilene Marchini (org.). Tratado de Audiologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. p. 333-340.
- ↑ SAMELLI,, Alessandra Giannella, Ana Claudia; FIORINI,, Ana Claudia (2015). Tratado de Audiologia. 2. Ações de Proteção para Prevenção de Perdas Auditivas Relacionadas ao Trabalho. 2. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 333-340.
- ↑ Gonçalves, Cláudia Giglio de Oliveira; Couto, Christiane Marques do; Carraro, Juliana Malteze; Leonelli, Bianca Santos (2009). «Avaliação da colocação de protetores auriculares em grupos com e sem treinamento». Revista CEFAC. 11 (2): 345–352. ISSN 1516-1846. doi:10.1590/S1516-18462009000200021
- ↑ «Occupational Noise Exposure, Revised Criteria 1998» (PDF). United States Department of Health and Human Services
- ↑ DM, Nondahl; et al. «The use of hearing protection devices by older adults during recreational noise exposure». Noise & Health. 8: 147–53. PMID 17851219. doi:10.4103/1463-1741.34702
- ↑ a b c DK, Meinke; et al. «Prevention of Noise-Induced Hearing Loss from Recreational Firearms». Seminars in Hearing. 38: 267–281. PMC 5634813. PMID 29026261. doi:10.1055/s-0037-1606323
- ↑ McKinley R, Bjorn V (2005). Passive Hearing Protection Systems and Their Performance. Air Force Research Lab Wright-Patterson AFB. [S.l.: s.n.] OCLC 1050612884