Reação intradérmica

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Reação de Montenegro: teste reativo para leishmaniose. Imagem obtida após 48 horas da aplicação. Uma área avermelhada intensa e rígida pode facilmente ser observada, bem como o início de uma erupção cutânea. O teste acusou uma área efetivamente afetada de 38 mm.
Reação de Montenegro: teste reativo para leishmaniose. Imagem obtida após 72 horas da injeção. A área avermelhada, outrora bem mais intensa e rígida, reduziu-se, contudo a erupção cutânea central acentuou-se.
Reação de Montenegro: teste reativo para leishmaniose. Imagem obtida após 144 horas da injeção. A área avermelhada praticamente desapareceu. A erupção resultante é mostrada em detalhes.

A Reação Intradérmica é um exame diagnóstico de grande valia na identificação de um tipo específico de infecção, podendo ser aplicado na pesquisa de infecção por variados agentes patológicos, dentre os unicelulares, como a leishmania - a qual é designada como Reação Intradérmica de Montenegro geralmente faz referência[1][2] -, até agentes etiológicos mais complexos, como o esquistossomo.[3]

Reação Intradérmica de Montenegro[editar | editar código-fonte]

Consiste em uma reação de hipersensibilidade retardada, mensurável através da presença de inflamação, eritema ou mesmo erupção cutânea características, induzidas em uma dada região da pele do paciente após a injeção intradérmica de uma solução salina metiolada contendo antígenos inoperantes ou partes destes previamente preparados por processo de lise celular, liofilização e/ou outros[4][5]

Em pacientes não infectados espera-se pequena ou nenhuma reação inflamatória, sendo geralmente o teste considerado negativo se a área efetivamente sensibilizada - o que exclui a área apenas avermelhada mas não endurecida - for inferior a 5 mm após 48 horas decorridas da aplicação.[6] Pacientes infectados já possuem um sistema imunológico ativo, e a reação mostra-se muito mais intensa, podendo o teste levar inclusive a pequenas ulcerações na pele, em muito semelhante a furúnculos - embora normalmente sem a presença de pus.[7] Contudo, ao contrário do que as imagens e evolução do teste parecem sugerir, o teste geralmente não provocar dor alguma ao paciente. Quando muito implica uma coceira característica, sendo o paciente instruído a não coçar de forma alguma a região - podendo o mesmo passar apenas álcool no local - ao menos até a obtenção do resultado do teste. Sabões, cremes e outros produtos afins também não são permitidos no local do teste antes de sua conclusão.

Embora um teste reativo seja excelente indicador diagnóstico, um teste não reativo geralmente não exclui a infecção. O teste pode mostrar-se negativo em indivíduos imunodeprimidos, nos primórdios da infecção ou ainda em situações específicas a cada caso.

Referências

  1. A Reação Intradérmica de Montenegro na Clínica e na Epidemiologia da Leishmaniose Tegumentar - Aline Fagundes da Silva - Tese de doutorado
  2. Manual de Recomendações para Diagnóstico, Tratamento e Acompanhamento da Co-infecção Leishmania-HIV - MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Programa Nacional de DST e Aids
  3. Esquistossomose - reação intradérmica - Instituto Hermes Pardini[ligação inativa]
  4. «Reação de Montenegro no diagnóstico da leishmaniose». Consultado em 21 de fevereiro de 2011. Arquivado do original em 27 de maio de 2010 
  5. Histological observations on Montenegro's reaction in man. Mayrink W, Schettini AP, Williams P, Raso P, Magalhães PA, Lima Ade O, Melo MN, da Costa CA, Genaro O, Dias M, et al. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 1989 Jul-Aug;31(4):256-61..
  6. «Exames laboratoriais na clínica das uveítes - Parte II». Consultado em 24 de fevereiro de 2011. Arquivado do original em 14 de dezembro de 2010 
  7. Results of Montenegro's reaction in patients with mucocutaneous leishmaniasis, from Espírito Santo state. Sessa PA, Falqueto A, Barros GC, Varejão JB. AMB Rev Assoc Med Bras. 1991 Jul-Sep;37(3):115-8. Portuguese.