Região histórica

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Médio Oriente, uma macrorregião histórica.

Uma região histórica refere-se às áreas geográficas associadas tradicionalmente a um povo, sociedade ou nação com rasgos específicos que se manifestam em elementos culturais de uma zona, especialmente a língua e arquitetura, e com a qual os seus habitantes se identificam durante um tempo histórico determinado. A partilha destes elementos entre as populações pode ou não ser um fator para o surgimento de um sentido de identidade. Nalguns casos, estas regiões podem corresponder-se com antigos estados e ocupar uma zona geograficamente semelhante. São estudadas e analizadas a nível do desenvolvimento social de culturas históricas num período específico sem fazer referência a fatores contemporâneos políticos, económicos ou sociais, embora estes fatores possam acabar por exercer alguma influência nelas e persistir na organização estatal ou administrativa moderna.[1]

As defiinições do termo "região" podem variar[2] entre macrorregiões, territórios de estados, ou outras áreas microrregionais de menor dimensão. A proximidade geográfica é condição necessária para o surgimento de uma identidade regional.[2] Na Europa, estas derivam sobretudo do período das migrações, mas de uma perspetiva contemporânea, estão relacionadas com as mudanças territoriais entre 1918–1920 e no período pós-Guerra Fria.[3]

Algumas das regiões são de cunho recente, como o Médio Oriente, definição criada em 1902 por Alfred Mahan para se referir à região envolvente ao Golfo Persa.[4] Outras remontam a outros períodos históricos, como a Lusitânia. Outras ainda podem ter a sua origem na antiguidade e ter sido ressuscitadas, como Israel ou a república da Macedónia. Em certos casos, são iguais a estados ou organizações políticas antigas (ducados ou condados).

Definição[editar | editar código-fonte]

O termo "região histórica" é um conceito de geografia histórica que começou a ser utilizado e aplicado nos estudos de etnografia, história, arqueologia e de antropologia cultural no início do século XX.[5] Aplica-se geralmente a zonas definidas que, apesar da sua natureza, não dispõem de um estado independente ou que estão divididas administrativamente e que são posteriormente assimiladas. Sven Tägil define-as da seguinte forma:

O princípio fundamental desta perspetiva é a de que existem certas estruturas políticas e mentais que exercem na identidade espacial e social dos indivíduos uma influência maior do que aquela que é percebida pelo mundo contemporâneo, deterninada e frequentemente condicionada pela sua própria visão do mundo – por exemplo o foco nas nações-estado.[6]

Lilian Vizcaíno remarca o carácter físico das regiões,

não se trata de uma abstração do historiador[…]; constitui em si mesma uma realidade concreta, independente da vontade do investigador

enquanto Hernán Vengas define-as genericamente como:

entidade histórica e cultural sediada numa determinada comarca geográfica

Elementos caracterizadores[editar | editar código-fonte]

  • Meio geográfico: Apesar dos limites de cada região histórica serem estabelecidos pelo homem mediante a transformação progressiva do território, as regiões costumam partilhar rasgos geográficos comuns;
  • Economia: O sistema económico pode servir de guia para a divisão regional (por exemplo o capitalismo na Europa pós-guerra);
  • Desenvolvimento socio-cultural: Interrelações socio-culturais e criação de sociedades (por exemplo as semelhanças entre e distinções do resto de socidades antigas da Mesopotâmia, Egito e Grécia);
  • Arquitetura: Própria de cada região com um desenvolvimento socio-cultural semelhante, que por sua vez permite o estudo em diferentes escalas (por exemplo o Românico à escala europeia e o Românico Mudéjar numa escala bastante menor;
  • Etnia: O espaço no qual convivem vários grupos étnicos sem conflitos. São regularmente caracterizadas por uma língua própria e, por vezes, uma religião comum;
  • Aspetos politico-administrativos: Após uma série de processos históricos políticos, uma organização é estabelecida na forma de um governo ou de uma administração comum da região.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]

Texto inicialmente baseado na tradução dos artigos «Historical region» na Wikipédia em inglês, «Región histórica» na Wikipédia em castelhano e «Région historique» na Wikipédia em francês.

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Referências

  1. p.332, V. M. Kotlyakov, A. I. Komarova (entrada 2781)
  2. a b XIII, Tägil
  3. p.82. Lehti, Smith
  4. W. Lewis, Martin; y Wigen, Kären (1997). The Myth of Continents: A Critique of Metageography (em inglês). [S.l.]: Universidade da Califórnia. p. 65. ISBN 0-520-20743-2 
  5. Heinz Quirin, Mitteldeutschland; Bemerkungen zum Verhältnis von Raum und Geschichte. a: Beiträge zur Wirtschafts- und Sozialgeschichte des Mittelalters, ed. Knut Schulz, Köln 1976
  6. Sven Tägil, (ed.), Regions in Central Europe: The Legacy of History, C. Hurst & Co. Publishers, 1999

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Sven Tägil, (ed.), Regions in Central Europe: The Legacy of History, C. Hurst & Co. Publishers, 1999
  • Marko Lehti, David James Smith, Post-Cold War Identity Politics: Northern and Baltic Experiences, Routledge, 2003 ISBN 0-7146-5428-0
  • Compiled by V. M. Kotlyakov, A. I. Komarova, Elsevier's dictionary of geography: in English, Russian, French, Spanish, German, Elsevier, 2006 ISBN 0-444-51042-7
  • Martin W. Lewis, Kären Wigen, The Myth of Continents: A Critique of Metageography, University of California Press, 1997 ISBN 0-520-20743-2
  • La región histórica. Reflexiones sobre teoría y práctica; Lilian Vizcaíno González (Santiago de Cuba,1998).
  • La región histórica; Germán Cardozo Galué, ed. Tropykos (Caracas, 1986).

Ligações externas[editar | editar código-fonte]