Retábulo de Beaune

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Vista com as alas fechadas de seis painéis, com os doadores ajoelhados nas alas externas.

O Retábulo de Beaune (c. 1445–50), também designado por O Juízo Final, é um políptico de grandes dimensões do pintor flamengo Rogier van der Weyden. É uma pintura a óleo sobre carvalho, com algumas partes transferidas para tela. O retábulo consiste de 15 painéis; seis destes estão pintados em ambos os lados. Mantém algumas das suas molduras originais.[1]

Seis painéis exteriores (ou estores) são articulados e, quando fechados, mostram uma vista exterior de santos e dos doadores. Os painéis interiores contêm cenas do Juízo Final e estão organizados em dois grupos. O grande painel central que separa os dois registos, mostra Cristo sentando num arco-íris em pose de julgamento, com o seus pés em cima de um globo dourado. Por baixo dele, o anjo Miguel segura numa balança enquanto pesa as almas. O painel mais à direita de Cristo mostra os portões do Céu; e o painel mais à esquerda a entrada para o Inferno. Os painéis de baixo formam uma paisagem contínua, com as figuras a movimentarem-se a partir do painel central para o seu destino final depois de terem recebido a sua sentença.

O retábulo foi encomendado em 1443 para o Hôtel-Dieu de Beaune, um hospital para pobres, por Nicolas Rolin, chanceler do Ducado da Borgonha, e pela sua esposa Guigone de Salins, que se encontra sepultada de fronte para o local original do retábulo no hospício.[2] Este trabalho é um dos mais ambiciosos de van der Weyden tal como o seu Deposição da Cruz , no Museu do Prado, e o desaparecido Justiça de Trajano e Herkinbald.[3] O retábulo ainda se encontra no hospício, embora numa posição diferente. O seu estado de conservação é mau, tendo sido removido no século XX para o proteger da luz directa do sol, e dos cerca de 300 000 visitantes anuais.[2] Sofre de perda acentuada da tinta, do escurecimento das suas cores, e acumulação de sujidade. Mais ainda, uma pesada camada de tinta foi aplicada durante uma restauração. Os dois lados pintados dos painéis exteriores foram separados para poderem ser mostrados em simultâneo; tradicionalmente, os estores só eram abertos em alguns domingos e feriados religiosos.

Retábulo de Beaune, c. 1445–1450. 220 cm x 548 cm (sem moldura). pintura a óleo sobre carvalho, Hôtel-Dieu de Beaune, vista interior.

Referências

  1. Campbell (2004), 74
  2. a b Campbell (2004), 78
  3. Campbell (2004), 26

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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  • Campbell, Lorne. Van der Weyden. London: Chaucer Press, 2004. ISBN 1-904449-24-7
  • Campbell, Lorne. "Early Netherlandish Triptychs: A Study in Patronage by Shirley Neilsen Blum" (review). Speculum, Volume 47, No. 2, 1972
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