Romano de Pódio

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Romano de Pódio
Senhor da Transjordânia
Reinado 1120-1126
Antecessor(a) Nenhum
Sucessor(a) Pagano, o Mordomo
 
Religião cristianismo

Romano de Pódio (em latim: Romanus de Podio; em francês: Roman of Le Puy) foi o primeiro senhor da Transjordânia no Reino de Jerusalém de ca. 1120 até ca. 1126. Ele foi um nobre de Auvérnia, que acompanhou o bispo Ademar de Monteil à Terra Santa durante a Primeira Cruzada. Ele assinou as cartas reais durante o reinado de Balduíno I. Balduíno ou seu sucessor, Balduíno II, conferiu-lhe o importante feudo da Transjordânia ou sua região norte. Ele foi privado de seus domínio, entretanto, quando rebelou-se contra Balduíno II. Ele e seu filho perderam suas propriedades restantes após serem acusados de conspirar contra o sucessor de Balduíno, Fulque, no começo da década de 1130.

Vida[editar | editar código-fonte]

Origens[editar | editar código-fonte]

Romano foi citado como "Romano de Pódio" em fontes escritas entre cerca de 1110 e 1133. Os historiadores modernos associam Pódio com Le Puy-en-Velay em Auvérnia. Se a identificação estiver correta, Romano era muito provavelmente um retentor do bispo Ademar de Monteil.[1] O bispo acompanhou Raimundo IV à Terra Santa durante a Primeira Cruzada.[2]

Vassalo real[editar | editar código-fonte]

Coroação de Balduíno I
Castelo de Montreal

Romano foi o primeiro castelão conhecido de Ramla no Reino de Jerusalém, nomeado antes de 1107, segundo Jonathan Riley-Smith.[1] Hans Eberhard Mayer refuta essa visão, enfatizando que nenhuma fonte primária sustenta que Romano manteve a fortaleza.[3] Romano assinou mais do que cinco cartas reais na década de 1110.[2] Por exemplo, foi a quarta testemunha leiga de uma carta de Balduíno I emitida ao hospital de Jerusalém em 20 de junho de 1112; foi o último entre as testemunhas na carta que Balduíno à Abadia de Santa Maria do Vale de Josafá]] em 114 ou 1115.[4]

Guilherme de Tiro afirmou que Romano foi o primeiro senhor da Transjordânia.[5] Foi Balduíno[6] ou seu sucessor Balduíno II[2] que conferiu-lhe o território no final da década de 1110 ou começo da década de 1120, segundo a maioria dos historiadores. Steven Tibble propôs que Romano manteve apenas o território ao norte de Uádi Mujibe, pois o sul da Transjordânia ficou como parte da propriedade real.[5] A sede do senhorio, o Castelo de Montreal, foi edificado no vale fértil a leste do rio Jordão sob ordens de Balduíno I em 1115.[7] [8] Montreal e duas fortalezas menores — Vale das Musas e Aila — fortaleceram as defesas do reino e asseguraram controle das rotas das caravanas entre Damasco e o Egito.[9][10]

Balduíno II alegadamente depôs Romano em ou antes de 1126, pois naquele ano Pagano, o Mordomo foi mencionado como senhor da Transjordânia.[2][11] Segundo a teoria mais aceita, o Estabelecimento do rei Balduíno de Borca (Etablissement du roi Baudoin de Borc) — documento sobre construção de portos e estradas sem permissão real — foi emitido para autorizar o rei a confiscar a Transjordânia após a rebelião mal-sucedida de Romano.[12] Embora romano e seu filho, Raul, foram privados do rico senhorio, Romano pode manter pequenas propriedades na Samaria.[11] Tibble sublinha que nenhuma fonte contemporânea menciona uma revolta contra Balduíno em 1126.[5] Segundo Guilherme de Tiro, Romano foi um dos nobres descontentes acusados de conspirar contra o genro e sucessor de Balduíno, Fulque, no começo da década de 1130.[11][12] Como retaliação, suas propriedades foram expropriadas.[5]

Referências

  1. a b Riley-Smith 1983, p. 729.
  2. a b c d Murray 2000, p. 228.
  3. Mayer 1985, p. 729.
  4. Murray 2000, p. 169-170.
  5. a b c d Milwright 2008, p. 28.
  6. Runciman 1989, p. 230.
  7. Runciman 1989, p. 99.
  8. Barber 2012, p. 228.
  9. Runciman 1989, p. 229-230.
  10. Barber 2012, p. 104-105.
  11. a b c Barber 2012, p. 154.
  12. a b Lock 2006, p. 39.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Barber, Malcolm (2012). The Crusader States. New Haven, Connecticut: Yale University Press. ISBN 978-0-300-11312-9 
  • Lock, Peter (2006). The Routledge Companion to the Crusades. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 9-78-0-415-39312-6 
  • Mayer, Hans Eberhard (1985). «The Origins of the Lordships of Ramla and Lydda in the Latin Kingdom of Jerusalem». Speculum. 60 (3): 537–552. ISSN 0038-7134 
  • Milwright, Marcus (2008). The Fortress of the Raven: Karak in the Middle Islamic Period (1100–1650). Leida: BRILL. ISBN 978-90-04-16519-9 
  • Murray, Alan V. (2000). The Crusader Kingdom of Jerusalem: A Dynastic History, 1099–1125. Oxford: Prosopographica et Geneologica. ISBN 978-1-9009-3403-9 
  • Riley-Smith, Jonathan (1983). «The Motives of the Earliest Crusaders and the Settlement of Latin Palestine, 1095-1100». The English Historical Review. 98 (389): 721–736. ISSN 0013-8266 
  • Runciman, Steven (1989). A History of the Crusades, Volume II: The Kingdom of Jerusalem and the Frankish East, 1100-1187. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-06163-6