Saltar para o conteúdo

Senhora (romance): diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
→‎Personagens: isso isso iso
Etiquetas: Remoção considerável de conteúdo Editor Visual
Linha 38: Linha 38:
==Personagens==
==Personagens==


*Publicado em 1875, "Senhora" traz características inequivocamente românticas, como se pode ver pelo núcleo de seu enredo, simples, atrelado aos esquematismos dos dramas de amor do Romantismo: Aurélia Camargo, filha de uma pobre costureira, apaixonou-se por Fernando Seixas, a quem namorou. Este, porém, desfez a relação, movido pela vontade se casar com uma moça rica, Adelaide Amaral.
*'''Aurélia Camargo (Senhora)''' - Uma mulher diferente de todas as outras que naquela época viviam. Destacava-se pela sua beleza e pela sua maneira de agir e de pensar. Opunha-se a algumas regras determinadas pela sociedade que não lhe agradavam. Aurélia a todos pode dominar e tem tudo o que quer ter. Era educada, delicada, corajosa, elegante, informada, inteligente, experiente. Era com certeza, alguém que nasceu para a riqueza e para a alta sociedade, e talvez, a característica que consideramos a mais importante, que pode ser a explicação de seu sucesso no domínio das pessoas: a sua frieza e seu estimável auto-controle.
 Passado algum tempo, Aurélia, já órfã, recebe uma grande herança do avô e ascende na escala social. Ainda ressentida com o antigo namorado, resolve vingar-se dele. Sabendo que Fernando, ainda solteiro, andava em dificuldades financeiras, resolve comprá-lo para marido. Na época, o Segundo Reinado, vigora o regime de casamento dotal, em que o pai da noiva (ou, no caso, ela mesma) deveria dar um dote ao futuro marido. 


 Assim, através de um procurador, Fernando recebe uma proposta de casamento e a aceita sem saber exatamente com quem se casará - interessa-lhe apenas o dinheiro, cem contos de réis, que vai receber por isso. Ao descobrir que sua noiva é Aurélia, Fernando se sente um felizardo, pois, na verdade, nunca deixara de amá-la. E abre seu coração para ela. 
*'''Fernando Seixas''' - Uma importante característica de Seixas é o enorme contraste entre a sua vida social que levava na alta sociedade e a que tinha em casa com sua família. Seixas era um homem de classe, que possui bens caríssimos, só disponíveis às pessoas da mais alta sociedade. Fernando era fino, nobre, elegante, educado e extremamente inteligente. Era um moço extremamente jovem e carinhoso, sabia perfeitamente como tratar as irmãs (que o bajulavam a toda hora e brigavam ciumentas por ele). Vale também dizer que Fernando possuía uma barba castanha e um bigode muito elegante.


*'''Lemos''' - Era baixo, não muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Era vivo, extremamente alegre e confiante. Lemos era ainda um velho otimista, principalmente nos negócios que costumava fazer, e sabia perfeitamente conduzir uma transação, mesmo que esta não se acomode em bons resultados de início, como foi o caso da sua conversa com Seixas pelo dote de cem mil contos de réis oferecidos por Aurélia.
* '''''Adelaide''''' – Uma mulher rica, poderosa e sedutora. Pelo dote que seu pai oferece tira Fernando Seixas de Aurélia, mas mesmo Torquato Ribeiro sendo pobre ela o amava e conseguiu casar-se com ele graças a Aurélia


===Outros personagens===


 A jovem, porém, na noite de núpcias, deixa claro: "comprou-o" para representar o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter. Dormirão em quartos separados. Aurélia não só não pretende entregar-se a ele, como aproveita as oportunidades que o cotidiano lhe oferece para criticá-lo com ironia. Durante meses, uma relação conjugal marcada pelas ofensas e o sarcasmo se desenvolve entre os dois. 
* '''''D. Firmina''''' – mãe de encomenda de Aurélia que lhe fazia companhia nas festas e compras.
* '''''D. Emília''''' – mãe de Aurélia e irmã de Lemos, a quem este abandonou por ter-se casado com Pedro Camargo.
* '''''Pedro Camargo''''' - pai de Aurélia e filho natural do fazendeiro Lourenço Camargo, que deixa, ao morrer, uma herança à neta, Aurélia.
* '''''Torquato Ribeiro''''' - moço bom, simples e humilde que procurou ajudar Aurélia nos vários momentos difíceis, quando pobre.
* '''''Eduardo Abreu''''' - pretendente de Aurélia. Moço bom que custeou as despesas do enterro de sua mãe amada.


 Fernando, todavia, trabalha e realiza um negócio que lhe permite levantar o dinheiro que devia a Aurélia. Desse modo, propõe-se a restituir-lhe a quantia em troca da separação. Considerando o gesto uma prova da regeneração de Fernando, Aurélia, que nunca deixara de amá-lo, é vencida pelo amor. Ao receber o dinheiro, entrega-lhe a chave de seu quarto e o casamento se consuma, afinal.
{{referências}}


==Ligações externas==
* ''[http://metalibri.wikidot.com/t:alencarjm-senhora]'' na MetaLibri (PDF eBooks)
*[http://bibvirt.futuro.usp.br/textos/autores/josedealencar/senhora/ Texto integral em diversos formatos]



{{José de Alencar}}
 "Senhora" é fundamentalmente uma crônica de costumes, um retrato da Corte ou da sociedade fluminense na segunda metade do século 19. Ou seja, o texto focaliza a época em que o próprio escritor viveu. Nesse sentido, é muito apropriado o comentário do crítico Alfredo Bosi sobre os romances urbanos do autor: 

 "Alencar, cioso da própria liberdade, navega feliz nas águas do remoto e do longínquo. É sempre com menoscabo ou surda irritação que olha o presente, o progresso, 'a vida em sociedade'; e quando se detém no juízo da civilização, é para deplorar a pouquidade das relações cortesãs, sujeitas ao Moloc do dinheiro. Daí o mordente de suas melhores páginas dedicadas aos costumes burgueses em 'Senhora' e 'Lucíola'". 

 Em outras palavras, Alencar critica a sociedade que lhe é contemporânea, não a partir da perspectiva de uma transformação futura, mas na da nostalgia de um passado que só na ficção pode reviver plenamente. De qualquer modo, é em "Senhora" e "Lucíola" que atinge o ponto alto em termos de crítica social e procura se aprofundar na psicologia das personagens femininas, traçando o que se convencionou chamar de seus "perfis de mulher".


[[Categoria:Livros de José de Alencar|Senhora]]
[[Categoria:Livros de José de Alencar|Senhora]]

Revisão das 23h24min de 29 de abril de 2014

Senhora
Autor(es) Brasil José de Alencar
Idioma (erro: código de língua 'Português' não reconhecido!)
País Brasil Brasil
Gênero Romance
Editora B. L. Garnier
Formato 2 volumes
Lançamento 1875 (1a. edição)
ISBN [[Special:Booksources/228, Vol. I (1a. edição)
248, Vol. II (1a. edição)|228, Vol. I (1a. edição)
248, Vol. II (1a. edição)]]
Cronologia
Ao Correr da Pena
O Sertanejo
Wikisource
Wikisource
O Wikisource possui esta obra:
Senhora (romance)

Senhora é um romance urbano do escritor brasileiro José de Alencar, publicado em 1875, na forma de folhetim.

É um dos últimos romances de Alencar, publicado dois anos antes da morte do escritor. Da mesma forma que Iracema, Senhora é juntamente com Lucíola um dos pontos altos da sua ficção citadina e de atualidade. Romance de final feliz é o último desenvolvimento – agora em clave de maior densidade psicológica – do motivo do conflito entre o amor e o interesse, presente desde os primeiros livros, notadamente A viuvinha.[1]

Sinopse

Predefinição:Revelações sobre o enredo Aurélia Camargo, filha de uma pobre costureira e órfã de pai,depois de perder seu irmão apaixona-se por Fernando Seixas – homem ambicioso - a quem namorou. Este, porém, desfaz a relação, movido pela vontade de se casar com uma moça rica, Adelaide Amaral, e pelo dote ao qual teria direito de receber. Passado algum tempo, Aurélia, já órfã de mãe também, recebe uma grande herança do avô e ascende socialmente.Passa, pois, a ser figura de destaque nos eventos da sociedade da época. Dividida entre o amor e o orgulho ferido, ela encarrega seu tutor e tio, Lemos, de negociar seu casamento com Fernando por um dote de cem contos de réis. O acordo realizado inclui, como uma de suas cláusulas, o desconhecimento da identidade da noiva por parte do contratado até as vésperas do casamento. Ao descobrir que sua noiva é Aurélia, Fernando fica muito feliz, pois, na verdade, nunca deixou de amá-la. A jovem, porém, na noite de núpcias, deixa claro: "comprou-o" para representar o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter.

Personagens

  • Publicado em 1875, "Senhora" traz características inequivocamente românticas, como se pode ver pelo núcleo de seu enredo, simples, atrelado aos esquematismos dos dramas de amor do Romantismo: Aurélia Camargo, filha de uma pobre costureira, apaixonou-se por Fernando Seixas, a quem namorou. Este, porém, desfez a relação, movido pela vontade se casar com uma moça rica, Adelaide Amaral.

 Passado algum tempo, Aurélia, já órfã, recebe uma grande herança do avô e ascende na escala social. Ainda ressentida com o antigo namorado, resolve vingar-se dele. Sabendo que Fernando, ainda solteiro, andava em dificuldades financeiras, resolve comprá-lo para marido. Na época, o Segundo Reinado, vigora o regime de casamento dotal, em que o pai da noiva (ou, no caso, ela mesma) deveria dar um dote ao futuro marido. 

 Assim, através de um procurador, Fernando recebe uma proposta de casamento e a aceita sem saber exatamente com quem se casará - interessa-lhe apenas o dinheiro, cem contos de réis, que vai receber por isso. Ao descobrir que sua noiva é Aurélia, Fernando se sente um felizardo, pois, na verdade, nunca deixara de amá-la. E abre seu coração para ela. 


 A jovem, porém, na noite de núpcias, deixa claro: "comprou-o" para representar o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter. Dormirão em quartos separados. Aurélia não só não pretende entregar-se a ele, como aproveita as oportunidades que o cotidiano lhe oferece para criticá-lo com ironia. Durante meses, uma relação conjugal marcada pelas ofensas e o sarcasmo se desenvolve entre os dois. 

 Fernando, todavia, trabalha e realiza um negócio que lhe permite levantar o dinheiro que devia a Aurélia. Desse modo, propõe-se a restituir-lhe a quantia em troca da separação. Considerando o gesto uma prova da regeneração de Fernando, Aurélia, que nunca deixara de amá-lo, é vencida pelo amor. Ao receber o dinheiro, entrega-lhe a chave de seu quarto e o casamento se consuma, afinal.


 "Senhora" é fundamentalmente uma crônica de costumes, um retrato da Corte ou da sociedade fluminense na segunda metade do século 19. Ou seja, o texto focaliza a época em que o próprio escritor viveu. Nesse sentido, é muito apropriado o comentário do crítico Alfredo Bosi sobre os romances urbanos do autor: 

 "Alencar, cioso da própria liberdade, navega feliz nas águas do remoto e do longínquo. É sempre com menoscabo ou surda irritação que olha o presente, o progresso, 'a vida em sociedade'; e quando se detém no juízo da civilização, é para deplorar a pouquidade das relações cortesãs, sujeitas ao Moloc do dinheiro. Daí o mordente de suas melhores páginas dedicadas aos costumes burgueses em 'Senhora' e 'Lucíola'". 

 Em outras palavras, Alencar critica a sociedade que lhe é contemporânea, não a partir da perspectiva de uma transformação futura, mas na da nostalgia de um passado que só na ficção pode reviver plenamente. De qualquer modo, é em "Senhora" e "Lucíola" que atinge o ponto alto em termos de crítica social e procura se aprofundar na psicologia das personagens femininas, traçando o que se convencionou chamar de seus "perfis de mulher".

  1. José de Alencas, Senhora, Brasiliana USP