Suzana Albornoz

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Suzana Albornoz
Suzana Albornoz
Nome completo Suzana Guerra Albornoz
Nascimento 21 de março de 1939 (85 anos)
Santana do Livramento
Nacionalidade  Brasil
Alma mater Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, École des hautes études en sciences sociales
Ocupação Filósofa, Escritora, Professora

Suzana Albornoz (Santana do Livramento, 21 de março de 1939) é uma escritora e educadora, professora de sociologia e filosofia, ligada à luta pela democracia no Brasil[1], pela educação libertadora, pelo movimento de afirmação das mulheres, pelo reconhecimento do Partido dos Trabalhadores (PT). Seu romance Maria Wilker recebeu o Prêmio Cruz e Sousa Nacional de Romance de 1982[2].

Biografia, carreira e publicações[editar | editar código-fonte]

Suzana Albornoz viveu infância e juventude em Santana do Livramento, na fronteira com Rivera no Uruguai, onde se formou como professora primária na Escola Normal do Colégio Santa Teresa de Jesus em 1956, e em 1960 transferiu-se para Porto Alegre, onde hoje reside. Licenciou-se em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul em 1964, após o qual, com interesses de estudo e trabalho, mas também pela situação política no Brasil, entre 1965 e 1974, viveu por alguns anos na Alemanha com o marido, o professor Ernildo Stein, e as filhas então crianças - Sofia Inês, Moira Beatriz e Marília Raquel.

No final dos anos 60, dirigiu a escola pré-primária Recanto Infantil Francisco de Assis, em Porto Alegre, influenciada pela escola de Summerhill, de Alexander Sutherland Neill. Dessa experiência resultou o livro Educação: reflexões e prática (1969) e, mais tarde, Por uma educação libertadora (Vozes,1976), ensaio que recebeu várias reedições. Publicou também poemas e ficção, incluindo o romance Maria Wilker (FCC), agraciado com o Prêmio Cruz e Sousa Nacional de Romance de 1982[2]. É de 1986 a primeira edição de O que é trabalho(Brasiliense), da coleção Primeiros Passos, seu escrito mais conhecido. Mais recentemente, publicou o e-book Política e vocação brasileira – leituras transdisciplinares (Editora Fi, 2017), onde reflete sobre a história atual da democracia no Brasil[1]. Seus temas como conferencista e debatedora incluem questões éticas, a educação, o feminismo, a filosofia da utopia de Ernst Bloch, a violência, a política, os direitos humanos, e a realidade brasileira.

Carreira acadêmica[editar | editar código-fonte]

Tornou-se mestre em filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1984, no curso de mestrado que então iniciava naquela Universidade. Voltou a morar na Europa entre 1986 e 1990, para estudos doutorais na École des Hautes Études em Sciences Sociales em Paris, e concluiu o doutorado em filosofia em 1997, na Universidade Federal de Minas Gerais. Na volta da França, lecionou na Universidade Federal de Rio Grande, como professora de filosofia no Departamento de Educação e Ciências do Comportamento, e, já nos anos 2000, retornou à Universidade de Santa Cruz do Sul, onde serviu ao Departamento de Ciências Humanas e ao Programa de Pós-Graduação em Educação. Seus estudos em torno do autor Ernst Bloch resultaram em artigos e livros, incluindo Ética e utopia, Ensaio sobre Ernst Bloch (Movimento/Edunisc,1985), reeditado em 2006, quando a obra principal de Ernst Bloch, O Princípio Esperança, foi traduzida para o português.

Inserção política[editar | editar código-fonte]

No início dos anos 60, Suzana Albornoz participou do movimento estudantil brasileiro, pertencendo à Juventude Universitária Católica (JUC), entre os “católicos de esquerda” que buscavam uma pauta de reformas sociais. Trabalhou então pela reforma universitária, acompanhando o Congresso de Reforma Universitária de Salvador em 1961[3]. Durante a ditadura militar, dedicou-se à defesa da educação libertadora. Após o movimento pela Anistia, em 1979, participou do movimento feminista em Porto Alegre, no Grupo Ação Mulher[4][5]. Continuou a levar a questão da emancipação feminina aos debates que, mais tarde, produziram sugestões para a Assembleia Constituinte de 1987, referentes às mulheres e à proteção de seus direitos. A partir da fundação do Partido dos Trabalhadores, colaborou de diversas formas em núcleos do PT em Porto Alegre, no exterior e no interior do Rio Grande do Sul. Nos últimos anos tem participado de manifestações pela democracia, contra o estado de exceção, e mantem presença no debate de opiniões através das redes sociais virtuais[6].

Publicações[editar | editar código-fonte]

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Ensaios[editar | editar código-fonte]

  • Educação: reflexões e prática (Herder, 1969).
  • Por uma educação libertadora (Vozes, 1976).
  • O jogo duplo do ensino (Movimento, 1982).
  • Na condição de mulher (Grupo Ação Mulher, 1985).
  • Ética e utopia. Ensaio sobre Ernst Bloch (1985; 2ª ed. Edunisc/Movimento, 2006).
  • O que é trabalho? - Coleção Primeiros Passos 171 (Brasiliense, 1986).
  • O enigma da esperança. Ernst Bloch e as margens da história do espírito (Vozes, 1998).
  • O exemplo de Antígona. Ética, educação e utopia (Movimento, 1999).
  • Violência ou não-violência. Um estudo em torno de Ernst Bloch (Edunisc, 2000).
  • Coletânea: A Filosofia e a Felicidade (Edunisc, 2004).
  • As mulheres e a mudança nos costumes (Movimento/Edunisc, 2008).
  • Trabalho e utopia na modernidade (Movimento/Nova Harmonia, 2011).
  • Coletânea: Ó meus amigos, não há amigos! (Organizado com Eunice Piazza Gai, Movimento/Edunisc, 2010) - Prêmio Açorianos de Literatura na categoria Ensaio de Humanidades (Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, 2011).
  • Política e vocação brasileira – leituras transdisciplinares (e-book: Editora Unisinos, 2015; 2ª ed. Editora Fi, 2017; prefácio por Marcia Tiburi).

Traduções[editar | editar código-fonte]

  • O Livro de Manuel e Camila. Diálogos sobre Moral, de Ernst Tugendhat, Ana Maria Vicuña e Celso López (Tradução com Carmen Maria Serralta, EdUFG, 2002).
  • O regionalismo na literatura e o "mito do gaúcho" no extremo-sul do Brasil - Simões Lopes Neto, de Maria Luiza de Carvalho Armando (Editora Mulheres, 2014).

Poesia e ficção[editar | editar código-fonte]

  • Poemas (A Platéia, 1973).
  • Salto sobre a sombra (Movimento, 1977).
  • Bruxas e fantasmas (Grupo Ação Mulher, 1981).
  • O caso Legiani (Movimento, 1981; 2ª ed. 2014)[7].
  • Maria Wilker (FCC,1983; 2ª ed. Editora Mulheres, 2014; apresentação por Lélia Almeida)
  • Contos encantados (Editora Mulheres, 2015).

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Tiburi, Marcia. «Sobre o livro 'Política e vocação brasileira', de Suzana Albornoz». Revista Cult 
  2. a b «Prêmio Cruz e Sousa de Literatura». Fundação Catarinense de Cultura 
  3. Blumberg, Patricia. «De Córdoba aos dias atuais: a luta da UNE pela reforma universitária» 
  4. Biroli, Flávia. «Verbete temático: Movimento Feminista». FGV 
  5. Alcântara Costa, Ana Alice (2009). «O feminismo brasileiro em tempos de Ditadura Militar» 
  6. Albornoz, Suzana (2015). «Reflexões sobre o momento atual» 
  7. Novaes Coelho, Nelly (1993). A literatura feminina no Brasil contemporâneo. [S.l.]: Siciliano. pp. 330–331