Tamoios

Os tamoios são um povo indígena extinto do tronco lingüístico tupi que habitava a costa dos atuais estados de São Paulo (litoral norte) e Rio de Janeiro (Vale do Paraíba fluminense).

O termo "tamoio" vem do tupi "tamuia" que significa " os velhos, os idosos, os anciãos". Conforme era comumente usada, referia-se à aliança formada, em 1560, por três experientes caciques tupinambás e mais algumas aldeias de outras etnias (goitacases, guaianases e aimorés)com o claro objetivo de dar combate aos portugueses (por eles chamados de "perós")e às tribos que os apoiassem, no sudeste brasileiro do século XVI.

Esta Confederação dos Tamoios foi motivada pelos ataques escravagistas dos portugueses e mestiços vicentinos após aliança de João Ramalho e do cacique Tibiriçá e pelas tentativas de catequese.

O líder de maior autoridade dentro da coalizão era o cacique tupinambá Cunhambebe. Enquanto ele viveu, a coalizão antilusa foi bem sucedida e, inclusive, recebeu, pelo menos apoio logístico e alguns contigentes franceses.Consta que ,na aldeia de Cunhambebe, no sítio da atual Angra dos Reis, havia uma peça de artilharia no meio da taba e descritos dos jesuitas dão conta de que o cacique atirava com um canhonete, por sobre o ombro. Operacional ou mero enfeite, ela seria uma evidência do poder dos tamoios.

Os relatos do mercenário Hans Staden em " A verdadeira história dos selvagens, nus e ferozes devoradores de homens, encontrados no novo Mundo..." também confirmam a força dos "anciãos", capazes de sitiar Bertioga várias vezes e a escola jesuíta São Paulo de Piratininga (embrião da atual metrópole).

Cunhambebe morreu de varíola e a direção da coalizão passou a outro cacique-fundador da coalizão, Aimberê, que comandava os guerreiros da Baia de Guanabara, vencidos quando os portugueses convenceram o cacique temiminó Araribóia, da Ilha dos Gatos (atual Ilha do Governador, no Rio de Janeiro) - antes expulso para as bandas do Espírito Santo, por Aimbere - a se juntar aos perós, em troca das terras onde hoje se acha a cidade de Niterói.

A coalizao foi enfraquecida pela saída dos guaianases, que fizeram um acordo em separado com os jesuítas. Em 1567, os perós e os temiminós destruíram a França Antártica, apesar da ajuda da coalizao dos tamuias aos franceses (por eles chamados de maíres). Os remanescentes franceses e tamoios fugiram para Cabo Frio. Os franceses retornaram a Europa, mas os tupinambás prosseguiram seus ataques a cidade de Sao Sebastião.

Finalmente em 1575 (segundo Menandro H, Barcelos I e Duarte R, 2006) uma força expedicionária de quatrocentos lusos e setecentos nativos catequizados de varias etnias cercaram o forte Cabo Frio por terra e mar. Os tupinambás tamoios se renderam e entregaram suas armas, mas os sitiantes quando entraram, massacraram todos os tamoios desarmados. Fim da coalizão. Os goitacases prossegiram a luta sozinhos em torno da atual Campos por vários anos.

Portanto "tamoio" não se trata de um etnônimo e os portugueses não chegaram aqui e dominaram sem resistência. Por décadas, na única resistência organizada contra a invasão ibérica, que se tem notícias, os Tamoios, com apenas 160 canoas (algumas com 13 metros e 30 tripulantes), segundo relatos dos Jesuitas, impuseram memoráveis vitórias contra os lusos.