Tempestade tropical Anita

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Ciclone subtropical Anita
Tempestade tropical (SSHWS/NWS)
imagem ilustrativa de artigo Tempestade tropical Anita
Imagem de satélite da tempestade tropical Anita em 10 de março
Formação 4 de março de 2010
Dissipação 12 de março de 2010

Ventos mais fortes sustentado 1 min.: 85 km/h (50 mph)
Pressão mais baixa 995 hPa (mbar); 29.38 inHg
Áreas afectadas Brasil (estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina)

A tempestade tropical Anita foi um ciclone subtropical que se desenvolveu em latitudes subtropicais no oceano Atlântico Sul, próximo à costa leste do Brasil (∼19ºS–37ºO), em março de 2010[1][2][3][4][5]. Inicialmente, este ciclone se deslocou para sudoeste sobre o oceano acompanhando a costa continental, o que é uma trajetória bastante incomum para a região. Isto começou a chamar a atenção de várias instituições meteorológicas em todo o mundo, inclusive a da Marinha dos Estados Unidos (United States Naval Research Laboratory – NRL) que designou-o como Invest 90Q. No Brasil, alguns centros meteorológicos nomearam o sistema como Anita[6]. O Anita permaneceu quase-estacionário próximo à costa brasileira (~30ºS–47ºO) por dois dias, sendo que suas nuvens associadas chegaram a formar a aparência de um olho nas imagens de satélite, o que é absolutamente incomum nos ciclones que atuam nesta região. Ao fim de seu ciclo de vida, o Anita se deslocou para sudeste e fez transição extratropical, unindo-se a outro ciclone extratropical transiente de latitudes mais altas.

Diversas informações contraditórias podem ser encontradas na internet sobre o Anita, sendo que alguns sites afirmam que o sistema chegou a atingir a classificação de tempestade tropical. Entretanto, diversos artigos científicos publicados em revistas arbitradas[1][2][3][4][5] mostram que o Anita foi na verdade um ciclone subtropical, apresentando características híbridas: núcleo quente em baixos níveis e núcleo frio em altos níveis.

Ressalta-se que ciclones tropicais (furacões ou tufões) são simétricos e possuem núcleo quente em toda a sua estrutura vertical, enquanto que ciclones extratropicais são assimétricos e possuem núcleo frio em toda sua estrutura vertical. Desta forma, podemos dizer que os ciclones subtropicais apresentam combinações destes padrões convencionais, com núcleos quentes em baixos níveis e frios em altos níveis da atmosfera; a dinâmica de desenvolvimento dos ciclones subtropicais é distinta da dos ciclones tropicais e extratropicais.

Referências

  1. a b Dutra, Lívia Márcia Mosso (15 de março de 2012). «Ciclones subtropicais sobre o Atlântico Sul: análise da estrutura dinâmica de eventos» 
  2. a b Dias Pinto, João Rafael; Reboita, Michelle Simões; da Rocha, Rosmeri Porfírio (16 de outubro de 2013). «Synoptic and dynamical analysis of subtropical cyclone Anita (2010) and its potential for tropical transition over the South Atlantic Ocean: ANALYSIS OF SUBTROPICAL CYCLONE ANITA». Journal of Geophysical Research: Atmospheres (em inglês). 118 (19): 10,870–10,883. doi:10.1002/jgrd.50830 
  3. a b Abreu, Rafael Cesario de; Rocha, Rosmeri Porfírio da (7 de março de 2015). «EXPERIMENTOS NUMÉRICOS PARA O CICLONE SUBTROPICAL "ANITA" COM O MODELO WRF». Ciência e Natura. 37 (0). ISSN 2179-460X. doi:10.5902/2179460X16218 
  4. a b Dutra, Lívia Márcia Mosso; Rocha, Rosmeri Porfírio da; Lee, Robert William; Peres, Jean Rafael Romão; Camargo, Ricardo de (2017). «Structure and evolution of subtropical cyclone Anita as evaluated by heat and vorticity budgets». Quarterly Journal of the Royal Meteorological Society (em inglês). 143 (704): 1539–1553. ISSN 1477-870X. doi:10.1002/qj.3024 
  5. a b Oliveira, Débora Martins de; Da Rocha, Rosmeri Porfírio; Reboita, Michelle Simões (janeiro de 2019). «Key Features and Adverse Weather of the Named Subtropical Cyclones over the Southwestern South Atlantic Ocean». Atmosphere (em inglês). 10 (1). 6 páginas. doi:10.3390/atmos10010006 
  6. «Statement: Rare South Atlantic tropical storm designated Anita» (PDF). Atmosfera Meteorologia. 2010. Consultado em 26 de março de 2019