Terrorismo no Iêmen

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O terrorismo no Iêmen tornou-se um fenômeno altamente preocupante nos últimos anos.

O Iêmen foi o local de dois grandes ataques terroristas - o ataque contra o USS Cole em outubro de 2000 no porto de Aden e o bombardeio do petroleiro francês Limburg no porto de Al Mukalla dois anos depois. [1]

A rede terrorista al-Qaeda tem forte presença no Iêmen e a sua filial iemenita, a al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), foi considerada uma das mais violentas e ameaçadoras do grupo, sendo responsável por uma insurgência em várias partes do território iemenita.[2]

Embora a al-Qaeda utilize o território iemenita como base para treinamento e operações, vários incidentes demonstraram que o próprio país é alvo de ataques. Houve ataques contra alvos civis e turistas, e houve um plano de bomba para um avião cargueiro em 2010. As operações antiterroristas foram conduzidas pela polícia iemenita, pelas forças armadas iemenitas e pelas Forças Armadas dos Estados Unidos. Em sua guerra contra o terrorismo no país, o governo dos Estados Unidos descreve o Iêmen como "um parceiro importante na guerra global ao terrorismo". [1] Entretanto, mesmo com a repressão do governo iemenita e os bombardeios estadunidenses com drones (aviões não tripulados), as atividades da al-Qaeda permaneceriam fortalecidas.[2]

A má governança e a instabilidade resultante da Revolução Iemenita de 2011 permitiram que os movimentos extremistas ganhassem território e explorassem a situação caótica para obter apoio. A guerra civil inciada em 2015 intensificaria o problema, pois o combate ao movimento xiita dos houthis tornou-se o foco principal do governo liderado por Hadi e das forças da coalizão árabe, ademais, o próprio governo e a coalizão muitas vezes fariam alianças com grupos extremistas para combater os houthis. O sectarismo também aumentou com o início da guerra civil, particularmente quando os houthis capturaram territórios onde os sunitas residem, assim os grupos extremistas foram capazes de tirar proveito dessa situação e oferecer à população sunita um meio para retaliar ou proteger seu território.[3]

Ataques a alvos civis[editar | editar código-fonte]

Em outubro de 2002, perto do porto de Mukalla, homens-bomba colidiram uma embarcação repleta de explosivos no Limburg, um petroleiro francês, matando um tripulante búlgaro e derramando 90.000 barris (14.000 m3) de petróleo no Golfo de Áden. Abdulraheem al-Nashiri, nascido na Arábia Saudita, principal suspeito do atentado do USS Cole, pagou US $ 40.000 para financiar o ataque ao Limburg. Com esse dinheiro, o antigo líder da al-Qaeda, Abu Ali al-Harithi, comprou os explosivos e os transportou de sua casa em Shabwa para Mukalla, em Hadramut. [4]

Em 3 de novembro de 2002, houve um ataque a um helicóptero que transportava os funcionários da Hunt Oil Co. logo após decolar de Saná. Um míssil e uma metralhadora foram disparados contra o helicóptero, ferindo dois cidadãos norte-americanos.[5] Uma pessoa foi presa pelo ataque ao helicóptero, bem como pelo ataque bombista ao edifício da Autoridade de Aviação Civil e Meteorológica em Saná. [6][7]

Em 30 de dezembro de 2002, um fundamentalista islâmico matou três trabalhadores norte-americanos e feriu outro em um hospital em Jibla com um rifle semi-automático. Dois homens foram condenados e executados pelo ataque - o pistoleiro Abid Abdulrazzaq Al-Kamil e o "mentor" Ali Ahmed Mohamed al-Jarallah, que também havia sido condenado pelo assassinato em 2002 do político iemenita Jarallah Omar. [8][9][10]

Os judeus iemenitas fugiram de suas casas devido a ameaças de extremistas muçulmanos. Os membros da al-Qaeda enviaram cartas a 45 judeus que moravam em al-Salem (perto de Saná) em 19 de janeiro de 2007, acusando-os de envolvimento em uma "conspiração sionista internacional". A comunidade judaica enviou uma queixa ao presidente Ali Abdullah Saleh e se mudou temporariamente para um hotel perto de Saná. O governo iemenita prometeu proteger suas casas e garantiu que eles poderiam voltar. [11][12]

Em 17 de setembro de 2008, militantes da Jihad Islâmica no Iêmen atacaram a Embaixada dos Estados Unidos em Saná provocando dezesseis mortes, incluindo seis militantes, seis policiais e quatro civis.[13]

Também houve uma série de ataques a turistas. Um homem-bomba matou oito turistas espanhóis e seus dois motoristas iemenitas em Ma'rib em 2 de julho de 2007. Em 18 de janeiro de 2008, militantes da Al-Qaeda abriram fogo contra um comboio de turistas em Hadhramaut, matando dois turistas belgas, dois iemenitas, o motorista dos turistas e seu guia. Em março de 2009, quatro turistas sul-coreanos e seu guia local foram mortos; os dois atacantes também morreram.[14][15]

Operações militares e policiais de combate ao terrorismo[editar | editar código-fonte]

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, o presidente Ali Abdullah Saleh tentou eliminar a presença militante jihadista. Em novembro de 2002, as tropas do governo iemenita haviam detido 104 membros suspeitos da al-Qaeda.[16]

Em dezembro de 2001, uma busca pelas forças do governo por dois iemenitas suspeitos de serem membros da al-Qaeda, escondidos perto de Ma'rib, levou a uma batalha armada com homens da tribo, que terminou com a morte de 34 pessoas, incluindo dezoito soldados. Para neutralizar a situação, dez xeiques de Ma'rib foram detidos como reféns do estado no palácio presidencial por 35 dias, até que 43 homens membros inferiores da tribo tomaram seu lugar. [17]

Ataques aéreos dos Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

Os Estados Unidos afirmaram que usaram assassinatos seletivos pela primeira vez em novembro de 2002, com a cooperação e aprovação do governo do Iêmen. [18][19]

Estima-se que 98 ataques por drones foram realizados pelos Estados Unidos no Iêmen de 2002 a 2015: 41 em 2012, 26 em 2013 e 14 em 2014.[20]

Referências

  1. a b Library of Congress – Federal Research Division, Country Profile: Yemen, agosto de 2008
  2. a b Saiba mais: o terrorismo no Iêmen - Folha de S. Paulo (30/04/2014)
  3. O’Driscoll, D. (2017). Violent Extremism and Terrorism in Yemen. K4D Helpdesk Report. Brighton, UK: Institute of Development Studies.
  4. (editor) Herbert-Burns, Rupert; (editor) Bateman, Sam; (editor) Lehr, Peter (Setembro de 2008). Lloyd's MIU handbook of maritime security. Boca Raton: CRC Press. p. 60. ISBN 9781420054804 
  5. Blau, Justine. «Al Qaeda Suspect Arrested In Yemen». CBS News 
  6. «Yemen raises al-Qaeda sentences». BBC News. BBC. 5 de fevereiro de 2005 
  7. Hull, Edmund J (2011). High-Value Target: Countering al Qaeda in Yemen illustrated ed. Washington DC: Potomac Books, Inc. p. 34. ISBN 9781597976794 
  8. «Three Baptist Hospital Staff Killed in Yemen». Domini.org 
  9. «Firing squad executes Yemeni for killings of Baptist workers». The Christian Index 
  10. «Yemen: 2005 country report on terrorism». wikileaks. 14 de dezembro de 2005 
  11. «News Brief». Jewish Telegraphic Agency 
  12. «Yemenite Jews under pressure from Muslim extremists». World Jewish Congress. 23 Jan 2007 
  13. «Ataque a embaixada dos EUA no Iêmen mata 16». BBC. 17 de setembro de 2008 
  14. «Bomba mata quatro turistas sul-coreanos no Iêmen». NSC. 15 de março de 2009 
  15. «Atentado terrorista no Iêmen mata oito pessoas». Estadão. 2 de julho de 2007 
  16. Al Qaeda Arrests Worldwide Arquivado em 2012-10-23 no Wayback Machine FOX News
  17. Associated Press December 21, 2001 (21 de dezembro de 2001). «Al Qaeda men sought in Yemen». Chicago Tribune 
  18. Gary D. Solis (2010). The Law of Armed Conflict: International Humanitarian Law in War. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 538–47. ISBN 0-521-87088-7 
  19. Walter Pincus (26 de Novembro de 2002). «U.S. Says Yemen Aided Missile Strike». The Daily Gazette 
  20. Roggio, Bill; Barry, Bob. «Charting the data for US air strikes in Yemen, 2002 - 2014». The Long War Journal