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Tragédia da Gibalta

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Tragédia da Gibalta
Duração 31 de Março de 1952
Danos Material circulante da Sociedade Estoril destruído
Vítimas 10 mortos e 38 feridos
Áreas afetadas Linha de Cascais
Encosta e farol da Gibalta.

A Tragédia da Gibalta foi um acidente ferroviário ocorrido em 31 de Março de 1952, na Linha de Cascais, em Portugal, do qual resultaram 10 mortos e 38 feridos; uma composição descarrilou após um desmoronamento de terras, provocado por condições atmosféricas adversas e pelo mau estado de conservação dos terrenos.[1]

Caracterização

Antecedentes

Na altura do acidente, era habitual ocorrer a infiltração de águas da chuva nos terrenos que suportavam o Farol da Gibalta, fazendo com que se abrissem fendas; este fenómeno intensificava-se ainda mais nas épocas de maior precipitação, pois os canais de escoamento ficavam inundados.[2] No entanto, apesar deste fenómeno acontecer com frequência, os acidentes eram raros.[2] Ao fundo das ravinas, junto ao oceano, encontrava-se uma via férrea, parte da Linha do Estoril, que era utilizada frequentemente por composições da Sociedade Estoril.[2]

O acidente

No dia da tragédia, verificava-se uma forte precipitação, o que, como habitual, resultou na perda de unidade dos terrenos de suporte do farol quando as águas de infiltraram; cerca das 8 horas da manhã, o faroleiro observou a formação de várias fendas no solo da plataforma do farol, tendo alertado, em seguida, a Direcção dos Faróis, que enviou uma equipa de técnicos ao local para avaliar a situação.[2]

Ao mesmo tempo, uma composição, formada por uma automotora mista, um furgão e duas carruagens de terceira classe, encontrava-se a caminho do local, tendo partido da Estação de Cascais dentro do horário previsto, com destino ao Cais do Sodré[1]; a bordo, encontravam-se cerca de 150 passageiros.[2]

Cerca das 11 horas e 45 minutos, deu-se um desmoronamento, atingindo a composição, que nesse preciso momento se encontrava a transitar nesse lugar; a penúltima carruagem foi a mais atingida, tendo sido totalmente destruída.[1]

Este acidente fez, no total, 10 mortos e 38 feridos.[1]

Salvamento e apoio às vítimas

O pânico instalou-se a bordo da composição, tendo alguns passageiros e o pessoal tentado retirar os feridos e os mortos dos destroços; pouco tempo depois, chegaram os serviços de socorro, acompanhados por polícias, membros da Guarda Nacional Republicana, soldados dos quartéis próximos, e voluntários.[2] Apesar das dificuldades que se faziam sentir devido à chuva e vento intensos, foram resgatados 38 feridos, que foram dirigidos para hospitais em Lisboa.[2]

Consequências e investigação

Este acidente foi o terceiro envolvendo os caminhos de ferro em Portugal num curto espaço de tempo, tendo criado um certo clima de insegurança neste meio de transporte.[2]

Logo após o acidente, foram enviados técnicos para o local, por forma a descobrir quais foram as causas do mesmo, e orientarem os esforços de desobstrução da via. Já nessa altura, esta via detinha uma elevada importância, assegurando as necessidades diárias de transporte das populações daquela zona, pelo que deveria ser colocada em funcionamento tão depressa quanto possível; enquanto a circulação esteve suspensa, a Sociedade Estoril organizou um serviço de transporte misto, utilizando autocarros para deslocar os passageiros entre as estações afectadas, tendo conseguido, assim, reduzir ao máximo os efeitos do acidente na circulação.[2]

A conduta do faroleiro também foi posta em causa, pois este limitou-se a cumprir o regulamento, tendo avisado apenas a Direcção dos Faróis; caso tivesse alertado, voluntariamente, a Sociedade Estoril, este acidente poderia ter tido evitado.[2]

A investigação concluiu que o farol, após o acidente, ficou numa situação precária; não sendo possível realizar obras de consolidação devido às condições do terreno, aquela estrutura teria de ser demolida.[3] Devido à necessidade absoluta de um apoio à navegação naquele lugar, foi construído um novo farol, a cerca de 30 metros de distância.[3]

Referências

  1. a b c d GONÇALVES, Rogério de Oliveira (14 de Agosto de 2008). «Grandes Sinistros». Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos. Consultado em 8 de Junho de 2010 
  2. a b c d e f g h i j «A Tragédia da Gibalta» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 65 (1544): 7-10. 1952. Consultado em 08 de Junho de 2010  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  3. a b «Farol da Gibalta». Geocaching. Consultado em 8 de Junho de 2010 

Ligações externas