Usuário:DAR7/Testes/História de Curitiba/História do Bairro Alto e do Atuba

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Segundo o IPPUC (2015), a tradicional região do Bairro Alto comportou bandeirantes que no século XVII vieram à procura de minas de ouro e pedras preciosas, perto do Rio Atuba. Constitui-se na época uma vila no lugarejo chamado Vilinha, mencionada como o começo da tomada de posse da tradicional Curitiba e atualmente representada pelo Centro Cultural Vilinha, ao lado da Praça Max Sesselmeir. Mais tarde, este núcleo estabelecido foi mudado para o lugar onde se encontra a Praça Tiradentes e o tradicional Bairro Alto continuou por cerca de dois séculos apresentando uma paisagem constituída por campos. Durante o século XIX, famílias de origem europeia vieram à área, tempo em que estava presente a fazenda Bairro Alto, de Guilherme Weiss, com mais de 300 alqueires. Mais tarde, a fazenda foi dividida em lotes começando a se chamar Planta Vila Bairro Alto. Durante os anos 1940 as casas de campo de Castilho e Scarpa, parentes de Guilherme Weiss, mereciam destaque no local. Na segunda metade do século XX, ano de 1960, fora erguido o prédio do Colégio Sacré-Coeur de Jésus, que posteriormente, em 1969, começou a ser denominado Colégio Madalena Sofia, um conhecido ponto de referência local.[1][2]

Conforme o IPPUC (2015), as primeiras menções ao tradicional bairro do Atuba datam do século XVII, relativas a esse rio, no momento em que nas suas proximidades aconteciam as primeiras tomadas de posse para explorações minerais, compondo-se arraiais de faiscadores e mineradores. Um século depois, em 1780, o mesmo rio foi mencionado em uma carta de vereança que expunha sobre a limpeza do seu leito prejudicado com restos de madeira. Em 1853, o tradicional Atuba era um dos 27 Quarteirões de Curitiba. O Quarteirão se encontrava incluído na compreensão das Freguesias e constituía a menor unidade política no período provincial. No começo do século XX a região nessa época se confundia com a paisagem do Bairro Alto, apresentando uma formação constituída por campos, quase no seu total e era também atravessada pela tradicional Estrada da Graciosa.[3]

Ciclo do ouro (1653)[editar | editar código-fonte]

Segundo o historiador e urbenauta Eduardo Emílio Fenianos, da editora UniverCidade (2000, p. 15), na segunda metade do século XVII, um agrupamento de exploradores lusitanos partia de Paranaguá com a função de achar novas minas de ouro, acompanhando por um local por eles denominado Caminho de Queretiba. Certo tempo depois, após superar os problemas e os riscos da serra do Mar, eram registrados em documentos os mais antigos relatos de um pequeno povoado designado Vilinha, localizada na beira dos rios Atuba e/ou Bacacheri. Naquele local, eles passaram a buscar ouro, subdividindo a região com os indígenas que moravam nos grandes campos e florestas de pinheiros. Iniciava-se a história de Bairro Alto e Atuba. Entretanto, por conta da carência de ouro, após certo tempo, os residentes se transferiram para a região da Praça Tiradentes, no centro de Curitiba e a história dos bairros procuraria novos caminhos nos anos que se seguiam.[4]

Paragem de Vila Velha (1780)[editar | editar código-fonte]

Conforme o historiador e urbenauta Eduardo Emílio Fenianos, da editora UniverCidade (2000, p. 16), em 1778, "metade dos campos que algum dia possuiu Manoel da Costa Figueira, entre Bacacheri e Atuba, na paragem chamada Vila Velha" era vendido pelo Ajudante Afonso Macedo Araújo e Castro a Manoel Joaquim de Jesus.[nota 1] Já, em 1780, como comprova o documento, a Câmara Municipal acolhe exigências para "melhorias" no Caminho do Atuba, limpeza no rio Atuba e consertos na nascente que fornecia água para as residências que se encontravam perto do rio. A região demonstrava prenúncios de desenvolvimento. Bem distante daqui, na cidade de Amiens, em 1800, Madeleine Sophie Barat fundava o Colégio Sacré-Coeur de Jésus. Registros que aparentavam tão alheios e após vários anos se juntaram nos copados campos de Atuba e Bairro Alto.[5]

Vinte e sete Quarteirões de Curitiba (1853)[editar | editar código-fonte]

Consoante o historiador e urbenauta Eduardo Emílio Fenianos, da editora UniverCidade (2000, p. 17), por ser geográfica e economicamente importante, a região do Bairro Alto e Atuba constituía no século XIX um dos 27 quarteirões de Curitiba.[nota 2] Os quarteirões podem ser tidos como as subdivisões de bairro da época. Curitiba possuía 5819 moradores, exceto os menores de idade: 2040 indivíduos do sexo masculino e 2879 pessoas do gênero feminino. Desse contingente populacional, 4102 eram caucasianos, 955 pardos e 762 afro-descendentes. Dentre os mulatos e os afro-descendentes, apenas 473 eram cativos.[6]

Mapa histórico de Curitiba (1915)[editar | editar código-fonte]

Em conformidade com o historiador Eduardo Emílio Fenianos, da editora UniverCidade (2000, p. 18), em 1915, como indica o mapa o primeiro mapa em que Curitiba é vista com sua atual configuração, o Bairro Alto e a região do Atuba era majoritariamente uma área de campos. As pequenas superfícies de floresta se concentravam no decorrer dos rios Atuba e Bacacheri. A parte do Atuba também está indicada com o nome de Campos e a região do Bairro Alto era, ao norte, mais extensa do que no tempo presente. Bairro Alto e Atuba, na verdade, se pareciam bastante com o que os primeiros exploradores lusitanos acharam quando vieram aos Campos de Curitiba no começo do século XVII.[7]

Nascimento da primeira criança no Atuba (1930)[editar | editar código-fonte]

De acordo com o historiador e urbenauta Eduardo Emílio Fenianos, da editora UniverCidade (2000, p. 19), em 1935, nasceu na região do Atuba, Lizete Mehl, herdeira de uma família desbravadora no bairro, cujos antepassados já habitavam e labutavam. Eram épocas em que a água vinha de poço e a luz chegava da vela ou do lampião. A percepção do frio era muito grande, por constituir a região um local quase desabitado. Nesse tempo, adormecia-se mais precocemente, porque não existia energia elétrica. Conforme a expressão idiomática, "dormia-se com as galinhas". Nos anos que se seguiam, a região que nessa época ficou por largo tempo sem se desenvolver, acolhia, vagarosamente, novos habitantes. Nesse tempo, afirmava-se que Atuba e Bairro Alto tinham mais gado bovino que residentes.[8]

Primeiras chácaras do bairro (1940)[editar | editar código-fonte]

Em concordância com Eduardo Emílio Fenianos, da UniverCidade (2000, p. 20), nos anos 1940, a atual região do Bairro era constituída por casas de campo e todos os residentes mantinham relações entre si.[nota 3] Não haviam ruas, somente estradas, e a água era retirada de poço. Vários dos produtos dessas famílias eram cultivados e fornecidos nas mesmas chácaras, como a carne, o leite ou a manteiga. Para cursar em uma instituição de ensino, era necessário se deslocar para o centro ou em direção ao Bacacheri. Aos sábados e domingos, as famílias continuavam laborando ou somente permaneciam em casa dormindo em torno do rádio, escutando a estação Rádio Clube Paranaense PRB2.[9]

Compra de terreno para a construção do Colégio Sacré-Coeur de Jésus (1950)[editar | editar código-fonte]

Consoante Eduardo Fenianos (2000, p. 21), em 1955, o bairro constituía a imagem de enormes campos povoados por determinados "aventureiros" que moravam em chácaras. Nesse ano, D. Manuel da Silveira D'Elboux, arcebispo de Curitiba, propôs que fosse criado o Colégio Sacré-Coeur de Jésus em Curitiba. Um mês depois, a mando da senhora Flora Munhoz da Rocha, primeira-dama do Paraná no governo de Bento Munhoz da Rocha, duas irmãs foram conhecer a cidade e estudaram as suas probabilidades para acolher a entidade. Realizado o primeiro encontro, esperou-se que a concessão de um terreno para a Congregação fosse confirmada pela Assembleia Legislativa do Paraná. Em janeiro de 1956, um terreno de oito alqueires na região do antigo bairro de Higienópolis, atualmente Bairro Alto, era recebido do governo do estado pela sociedade de Sacré-Coeur de Jésus. Em agosto de 1956, as freiras fundadoras chegaram a Curitiba, permanecendo instaladas nos aposentos do Hospital Cajuru. Em 1957, as religiosas fundadoras aportaram em definitivo a Curitiba e o colégio começou a operar temporariamente no Batel, ao passo que era edificada a nova matriz. Em agosto de 1959, a transformação ocorria.[10]

Inauguração do Colégio Sacré-Coeur de Jésus (1960)[editar | editar código-fonte]

Segundo o historiador Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 22), em 1960, ocorria a inauguração oficial do novo prédio do Colégio Sacré-Coeur. Desde então, sua história e da região do Bairro Alto definiriam um rumo simples. Em 1964, foi criada a Associação de Pais e Mestres, e fundada a igreja de Santa Madalena Sofia, em terreno doado pela congregação. Nessa área, começou a operar um posto de saúde, vinculado à Associação Saza Lattes de Amparo à Criança. Congregação e Comunidade ficavam cada vez mais perto uma da outra. Um clube de futebol — o Tarumã Esporte Clube — com treinamento aos domingos, depois da celebração da eucaristia na capela do colégio, foi fundada pela irmã Odete Mattos. Em 1969, respeitando a cultura local e homenageando a criadora da entidade, ocorria a alteração do nome Sacré-Coeur de Jésus para Colégio Madalena Sofia.[11]

Primeiro surto de urbanização (1974)[editar | editar código-fonte]

Conforme o historiador Eduardo Emílio Fenianos, da editora UniverCidade (2000, p. 23), começava a década de 1970 e a região de Bairro Alto e Atuba nessa época constituía um povoado dominante de pradaria, que tinha mais de 10 mil habitantes. Em certas regiões, o contingente populacional crescia, e residências, especialmente feitas de madeiras, eram erguidas. Duas linhas de ônibus, Higienópolis e Paraíso, conectavam o Bairro Alto para o centro. Nessa década, a maioria dos habitantes naquele tempo utilizava a água de poço. As cercas eram construídas com ripas e a criançada do bairro brincava tornando terrenos inférteis em campos de futebol, largando os balões, pescando peixes em nascentes, perseguindo vaga-lumes ou auxiliando a isolar e recolher o gado que se deslocava ao "Campo da Boiada". Era comum observar gaviões perseguindo ratos ou sapos nos terrenos incultos. Valetas ao ar livre ladeavam as ruas, que, na época, eram feitas de saibro. Com receio da poluição, as mães já pediam a seus herdeiros que não se banhassem no rio Atuba. Escutava-se o barulho da buzina do vendedor de peixe, o apito do comerciante de picolé, o mugido das vacas que predominavam nas ruas e a matraca do barquilheiro.[12]

Abertura de novas ruas (1985)[editar | editar código-fonte]

De acordo com o historiador e urbenauta Eduardo Emílio Fenianos, da editora UniverCidade (2000, p. 24), novas ruas iam sendo construídas demoradamente, mais linhas de ônibus eram fundadas e demais construções infraestruturais eram realizadas. Em julho de 1985, no Bairro Alto ocorria a inauguração da ponte de alvenaria sobre o rio Bacacheri, porque a velha ponte era feita de madeira. Dois meses seguintes, também era passado às mãos da comunidade um módulo policial, situado, até o momento, na Rua Cândido Cavalim, esquina com Pedro Eloy de Souza. Entretanto, as queixas com a escassez de água eram várias. No final da década um novo gênero de casa passava a se assenhorear do bairro: os sobradinhos. Anos depois, uma tempestade de desenvolvimento atingiria o bairro.[13]

Inauguração do Terminal do Bairro Alto (1992)[editar | editar código-fonte]

Em conformidade com o historiador Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 24), os sobradinhos aparecem e a região acolhe vários investimentos públicos e particulares. Em 26 de setembro de 1992, ocorria a inauguração do Terminal do Bairro Alto e uma linha do Ligeirinho, que conectava o bairro à Santa Felicidade, cortando o Centro. Como consequência, o comércio também fora se modificando. O desenvolvimento pipocava, no entanto, até então se podia puxar assunto no portão de casa com os amigos mais velhos. Mais de trezentos e cinquenta anos se passaram, a partir da vinda dos primeiros portugueses que pensavam achar ouro na região. Bairro Alto e Atuba não tinham mais a mesma vegetação e animais do começo do século XVII, entretanto, o caráter explorador permaneceria sendo o mesmo na face, nos membros superiores e no coração de seus habitantes.[14]

Notas

  1. A região era conhecida por Vila Velha porque o antigo povoado foi mudado para área central de Curitiba. Narra a história, que a mando dos primeiros povoadores lusitanos, que enfrentavam a miséria e se encontravam descontentes com o lucro das atividades mineradoras, o cacique dos Campos de Tindiquera os auxiliou a achar um novo lugar para viver. Na opinião deles, esta constituía o desejo de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, uma diminuta santa feita de madeira, que a cada alvorecer era vista com os olhos virados para a beira do rio Belém. Após grande procura, o cacique se fixou em uma planície cheia de araucárias e falou: "Aqui Curitiba" (abundância de pinheiros). Com essa frase ele teve a intenção de afirmar que aí os novos moradores não ficariam por muito tempo sem comer já que na hipótese dos índios o pinhão representava o manancial de nutrição no inverno, tempo em que a caça costumava ser insuficiente.
  2. Os 27 quarteirões de Curitiba constituíam os seguintes: da Cidade (área central), Ahú, Pilarzinho, Nossa Senhora das Mercês, Santa Quitéria, Tatuquara, Campo Comprido, Botiatuvinha, Campo Magro, Atuba, Palmital, Cachoeira, Veados, Ribeirão da Onça, Capivari, Boixininga, Borda do Campo, Campina Grande, Arraial, Cerro Lindo, Marmeleiro, Botiatuva, Pacotuva, Tranqueira, Conceição, Ouro Fino e Assungui de Cima.
  3. Merecem destaque nesse tempo as casas de campo das famílias Scarpa e Castilho.

Referências

  1. «HISTÓRICO DOS BAIRROS DE CURITIBA» (PDF). curitibaemdados.ippuc.org.br. Consultado em 29 de março de 2016. Cópia arquivada (PDF) em 6 de outubro de 2021 
  2. «NOSSO BAIRRO/BAIRRO ALTO» (PDF). www.ippuc.org.br. Consultado em 27 de outubro de 2016. Cópia arquivada (PDF) em 24 de dezembro de 2018 
  3. «NOSSO BAIRRO/ATUBA» (PDF). www.ippuc.org.br. Consultado em 6 de outubro de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 24 de dezembro de 2018 
  4. Fenianos 2000, p. 15.
  5. Fenianos 2000, p. 16.
  6. Fenianos 2000, p. 17.
  7. Fenianos 2000, p. 18.
  8. Fenianos 2000, p. 19.
  9. Fenianos 2000, p. 20.
  10. Fenianos 2000, p. 21.
  11. Fenianos 2000, p. 22.
  12. Fenianos 2000, p. 23.
  13. Fenianos 2000, p. 24.
  14. Fenianos 2000, p. 25.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fenianos, Eduardo Emílio (2000). Bairro Alto: Atuba: Sementes de Curitiba. Curitiba: UniverCidade