Usuário(a):Ana Laura Oliveira/Audição

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Fisiologia do sistema auditivo periférico[editar | editar código-fonte]

O sistema auditivo divide-se em sistema auditivo periférico, composto pelo ouvido externo, médio e interno e sistema auditivo central, formado pelo

nervo auditivo e pelo córtex auditivo.

1- Orelha Externa[editar | editar código-fonte]

Inicialmente as onda sonoras são coletadas pela orelha externa, formada pelo pavilhão auricular e pelo meato acústico externo. É constituída por uma

cartilagem flexível e irregular (exceto o lóbulo), recoberta de pele. Sua principal função é captar e canalizar as ondas sonoras, conduzindo-as para a orelha média através do meato acústico externo, capaz de amplificar o som.

2- Orelha Média[editar | editar código-fonte]

A energia sonora quando chega à membrana timpânica, provoca vibrações em seu todo e é transformada em energia mecânica. A orelha média apresenta em seu interior a cadeia ossicular, composta por ossículos denominados martelo (em contato com a membrana timpânica), bigorna e estribo( em contato com a cóclea através da janela oval), responsáveis pela transmissão acústica.

3- Orelha Interna[editar | editar código-fonte]

O ouvido interno é constituído por uma zona anterior, constituída pela cóclea, responsável pela audição e uma zona posterior, formada pelo vestíbulo e três canais semicirculares, responsáveis pelo equilíbrio.

3.1) Cóclea[editar | editar código-fonte]

A cóclea constitui o labirinto anterior. Trata-se de um órgão de cerca de 9 mm de diâmetro com estrutura cônica composta por três “tubos” paralelos que se afilam da base para o ápice e é responsável pela transdução de energia acústica (mecânica) em energia elétrica. A base da cóclea é mais alargada e possui duas janelas, a oval e a redonda. Os “tubos” são denominados de rampa vestibular (composta por perilinfa) mais superior e limita-se com a orelha média pela janela oval; rampa média ou ducto coclear (composta por endolinfa), que consiste em uma posição intermediária; contém o órgão de Corti e é delimitada em sua base pela membrana basilar e, por fim, a rampa timpânica (composta por perilinfa), sendo mais inferior; e limita-se com a orelha média pela janela redonda. As rampas vestibulares e timpânica comunicam-se entre si através do helicotrema, situado no ápice da cóclea. A lâmina espiral é uma lâmina óssea separada da columela e completada pela membrana basilar, que se insere sobre sua borda livre. A rampa vestibular está separada do ducto coclear pela membrana vestibular de Reissner e o ducto coclear está separado da rampa timpânica pela membrana basilar, onde está situado o órgão de Corti. A membrana tectória projeta- se sobre o órgão de Corti, com sua borda interna fixa ao modíolo e a borda externa livre. O órgão de Corti é a estrutura transdutora de energia mecânica para energia elétrica; localiza-se ao longo e sobre a membrana basilar, sendo formado por tipos básicos de células. As células ciliadas internas (CCI) são as principais células receptoras auditivas. Formam a coluna mais interna ao longo do órgão de Corti (aproximadamente 3500 células), são piriformes. Seu potencial de ação no repouso é de –40 mV na base e –32 mV no ápice; Células ciliadas externas (CCE): formam as três fileiras mais externas; são em número três vezes maior (12000 a 16000) e são cilíndricas. O potencial de ação de repouso é de –53mV no ápice e –70 mV na base; têm alta seletividade frequencial; Células de sustentação: Deiters, Hensen, Claudius. Além desses tipos celulares, o órgão de Corti também possui as aferências neuronais. Dos 30000 a 50000 neurônios aferentes que inervam a cóclea, 90 a 95% são neurônios do tipo I e fazem sinapse com as CCI e cada CCI é inervada por 15 a 20 neurônios tipo I. Os outros 5 a 10% são do tipo II e inervam as CCE e cada neurônio tipo II inerva 10 CCE. Por fim, recobrindo o órgão de Corti, existe a membrana tectória. Em íntimo com os esteriocílios das CCI e CCE, é responsável pela deflexão e hiperflexão dessas estruturas durante a vibração da membrana basilar. Foi evidenciado que as células ciliadas externas não têm capacidade de atuar como receptor coclear, não codificando a mensagem sonora. Têm capacidade de dois tipos de contração, rápida e lenta, sendo efetores cocleares ativos devido à eletromotilidade, ou seja, suas propriedades biomecânicas [1] (Brownell,1985;Zenner e cols.,1985). Estudos têm demonstrado que a contração rápida não requer ATP e cálcio e segue ciclo por ciclo a frequência de estimulação até várias dezenas de KHz. Deste modo, o sistema de células ciliadas externas funcionaria como um amplificador coclear e seria capaz de acurada seletividade frequencial. A contração rápida seria a base do mecanismo ativo induzido pelo deslocamento dos estereocílios, sendo o suporte das otoemissões acústicas. O mecanismo da contração rápida ainda não está definido, mas parece estar relacionado à função das cisternas laminares que ficam sob a membrana plasmática celular. Seria um processo de eletrosmose [2] (Brownell, 1990). As células ciliadas externas tornam a cóclea um verdadeiro amplificador mecânico que permite o aumento de até 50dB da intensidade de um estimulo, pois provoca aumento na amplitude da vibração da membrana basilar, permitindo aumento da estimulação das células ciliadas internas, cujos estereocílios normalmente não estariam em contato com a membrana tectorial. Como a contração rápida segue ciclo por ciclo a frequência de estimulação até dezenas de KHz, ocorre sensível modulação na discriminação de frequência da cóclea, tendo grande implicação na seletividade frequência desta estrutura, o que não poderia ser explicado somente pelo mecanismo passivo das ondas progressivas de Von Békésy (Békésy,1960). Em resumo, as propriedades eletrobiomecânicas das células ciliadas externas ou o mecanismo ativo coclear tem grande implicação na estimulação amplificada das células ciliadas internas para a codificação da mensagem sonora e a capacidade de discriminação de frequências. O sistema eferente medial das células ciliadas externas provocaria o mecanismo das contrações lentas que modularia as contrações rápidas, tendo este sistema ativo implicações audiológicas importantes como a capacidade do indivíduo de detectar um sinal no ruído; afinamento da seletividade frequência; proteção contra superestimulação acústica, focalização de atenção para um fenômeno acústico; regulação da amplificação coclear, funcionando como um amortecedor, durante a amplificação para melhor captação do estímulo sonoro pelas células ciliadas internas. O sistema eferente medial, quando estimulado pode também reduzir as otoemissões acústicas, regulando as contrações lentas com atenuação das contrações rápidas. As células ciliadas internas são transdutores sensoriais. São os verdadeiros receptores da mensagem sonora produzindo codificação em mensagem elétrica, que seria enviada pelas vias nervosas aos centros auditivos do lobo temporal. As curvas de frequência destas células são semelhantes as do nervo auditivo, ou sejam têm seletividade em frequência fina [3] (Sellick e cols.,1982). Estas constatações foram feitas através de registros intracelulares das fibras aferentes [4] (Russel e cols., 1977). Estas células apresentam canais catiônicos, especialmente em nível dos estereocílios na porção apical destes, que são abertos por ocasião da vibração da membrana basilar, quando os cílios são inclinados ao contatar a membrana tectorial. Deste modo haveria entrada de potássio nos canais catiônicos, que provocaria a despolarização das células com consequente formação de potenciais elétricos receptores. Às células internas com a inclinação dos cílios são estimuladas. Os canais de K+ são abertos e a entrada destes íons provoca despolarização celular de modo semelhante ao das células ciliadas externas. Quando isto ocorre, na região sináptica há liberação do neurotransmissor e o sistema de enervação aferente leva a mensagem sonora codificada pela célula ciliada interna, na forma de impulsos elétricos (potenciais de ação) às áreas auditivas centrais, iniciando o processo de sensação auditiva.

Anatomia Orelha Humana

Referências[editar | editar código-fonte]

https://forl.org.br/Content/pdf/seminarios/seminario_26.pdfhttps://edisciplinas.ushttps://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5500016/mod_resource/content/1/ANA%CC%81TOMOFISIO%20AUDIC%CC%A7A%CC%82O%20e%20VESTIBULAR%201%20ANO%20FONO.pdf