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A obra de toda (ou quase toda ) autora está, diretamente, ligada a seu meio social. Isso implica não apenas em seu comportamento como ser-humano, como em sua afirmação de personalidade. Jane Eyre é um título de imensa riqueza para estudar a delimitação da personagem feminina e da visão da mulher, na literatura vitoriana.

  Embora não seja algo novo estudar a personagem feminina em Jane Eyre, ainda existem cantos dos estudos feministas que podem ser aplicados quando falando da (re)afirmação feminina. Procurando detalhar o comportamento da personagem através da perspectiva feminista. Para tal estudo, será usada parcialmente a obra de Charlotte Brontë. Com enfoque principal em momentos de socialização da personagem com outros personagens não necessariamente do mesmo meio social.

A ideia dessa página seria então mostrar alguns aspectos que mostram um pouco desse agente na vida da personagem.

ENTENDENDO UM POUCO MAIS DA HISTÓRIA DA ERA VITORIANA[editar | editar código-fonte]

A era vitoriana foi um tempo de mudanças em muitos aspectos. Enquanto que na área da ciência e da tecnologia os avanços eram extremamente significativos, na área privada e pessoal o período do século XIX era um verdadeiro caos da moralidade. Com o surgimento do prestígio a coroa britânica, o poder com que os valores morais eram pregados na sociedade Vitoriana eram duros e prejudiciais a públicos específicos, nesse caso, as mulheres. A ideia de uma monarca era tão revolucionária quanto era limitada “apesar de a monarca representar a ideia de uma mulher chefe de Estado, os papéis sexuais eram rigidamente definidos. A mulher deveria reinar no lar e nele somente. A própria Vitória, triste contradição, era uma feroz defensora da submissão feminina e dos limites a serem impostos à atuação das mulheres na sociedade. ” (SANTANA, SENKO, 2016 p. 191).

A idéia de uma mulher livre que não servisse apenas para auxiliar na casa e na criação dos filhos passara então a ser tomada como a imagem de uma mulher não digna e que deveria ser vigiada e repreendida a todo momento. Era então onde a Inglaterra se transformava em um regime específico e intolerável a indivíduos femininos pensantes.

UM POUCO SOBRE CHARLOTTE BRONTË[editar | editar código-fonte]

Emily, Anne e Charlotte Brontë.

Charlotte Brontë era uma entre 6 irmãos, nascida em 1816 Charlotte viveu sua vida inspirada pela sua formação e pelas irmãs Emily Brontë e Anne Brontë. Devido a sua formação em em Roe Head em 1831, Charlotte tem a oportunidade de voltar a escola mesmo depois de sua saída, como governanta. A função de governanta é um dos assuntos mais recorrentes no seu romance de estréia ao qual estou trabalhando nesse artigo. Charlotte passa por situações de vida similares a Jane, ao voltar do seu tempo como governanta da família Sidgewick , Charlotte resolve montar uma escola, o que acaba não conseguindo. É pelo pseudônimo de Currer Bell que Charlotte consegue publicar Jane Eyre, o seu romance de estréia. Charlotte Brontë era constantemente inspirada por suas irmãs e pela idéia de ser escritora, após passar pela experiência da maternidade e no meio da gravidez ser afligida por uma grave crise de pneumonia, Charlotte morre aos 38 anos de idade em 1855.

O QUE É O FEMINISMO E O QUE FOI O FEMINISMO EM JANE EYRE[editar | editar código-fonte]

O feminismo por si mesmo é muito complicado e perigoso de ser descrito em palavras tachadas e afirmativas únicas e pessoais. Entretanto, um consenso é que o feminismo é uma forma de rompimento de padrões tradicionalistas, segundo SOUZA E NENEVÉ para a Revista de Estudos de Literatura, Cultura e Alteridade em 2016, “O que podemos dizer é que este movimento não parou de crescer e atravessou várias décadas, e fronteiras, tornando as relações entre homens e mulheres ainda mais conflitantes. Ou seja, a igualdade é o main goals do feminismo.

Durante seus primeiros anos de publicação, Jane Eyre recebeu severas críticas quanto ao seu desserviço para com as morais e aos bons costumes. Wayne Booth em 1980 por exemplo; faz críticas sobre narradores não confiáveis em primeira pessoa. Embora não fosse uma crítica direcionada ao romance de Brontë, foi diversas vezes associada a escrita em primeira pessoa da personagem Jane Eyre. Em uma resenha feita para o Quartely Review sobre a narrativa (no final de 1848), Elizabeth Rigby comenta sobre os “ultrajes” dirigidos á autoridade e aos códigos de bom comportamento. É visível a tentativa que Jane faz de contar ao leitor sobre as repressões e dificuldades que passou durante a vida, comparando-se aos seus primos, destacando limitações e narrando toda a sua história por Lowood como um dos capítulos mais sombrios de sua vida, afinal, Lowood era um lar de repressão a garotas. Então, a figura da jovem òrfã é uma das características principais usadas na narrativa para caracterizar a opressão de não pertencer na família que está inserida no começo do livro. Nota-se, também, a figura de Bertha Mason ou Madwoman a esposa de Edward Rochester. Bertha é descrita como louca por seu marido que, vitimizando e amaldiçoando seu casamento relata os absurdos que passará ao casar-se com Berta. No entanto, Jane apesar de sentir pena por seu amado Edward simpatiza com o sentimento de solidão e questiona o confinamento e a maneira como a atual esposa de Edward é tratada .

Seria então uma própria visão de Charlotte Brontë sobre a existência possível de uma mulher que fugisse dos padrões morais? Segundo Gilbert and Gubar em The Madwoman in the Attic (1979) Bertha Mason poderia ser um duplo da autora, algo que, ao ser descrito tornaria-se pecaminoso.Edward Rochester não poupa palavras de ódio e de acusação à Bertha Mason, tenta desviar a culpa do casamento supostamente arranjado como se fosse algo normal na vida de um homem cometer tamanhos delitos. Bertha não é então, clinicamente falando, uma mulher louca; ela não apresentar nenhum sintoma que poderia ser concebido como loucura psicológica. Ela é apenas uma mulher que não está dentro do aspecto comum da mulher da inglaterra vitoriana.

Referências

GLEEN, HEATHER- (The Cambridge companion to the Brontës, 2002)

BRONTË, Charlotte. Jane Eyre, London Wordsworth Editions, 1999

LIMA, Danielle D. M. de. Dramaticidade, subjetividade e sacralidade em Jane Eyre, o romance de formação de Charlotte Brontë. Universidade Federal da Paraíba, Programa de Pós-Graduação em Letras, João Pessoa, 2013.

SANTANA, SENKO, Perspectivas da Era Vitoriana: sociedade, vestuário, literatura e arte entre os séculos XIX e XX (Revista Diálogos Mediterrânicos, 2016)

GILBERT, GLUBAR, The Madwoman in the Attic, 1979