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Hymenophyllaceae[editar | editar código-fonte]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaHymenophyllaceae
Hymenophyllum tunbrigense (L.) Sm.
Hymenophyllum tunbrigense (L.) Sm.
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Polypodiophyta
Classe: Polypodiopsida
Ordem: Hymenophyllales
Família: Hymenophyllaceae
Género: ver o texto
Espécie: Hymenophyllum tunbrigense

Hymenophyllaceae (do grego hímen, “membrana” + phyllum, “folha”) ou “samambaias finas” é uma família de plantas da ordem Hymenophyllales. É o maior grupo basal de samambaias leptosporangiadas (da classe Polypodiopsida) com cerca de 434 espécies herbáceas divididas em 9 gêneros[1]. São epífitas, hemiepífitas, rupícolas ou terrícolas. Essas ervas não são endêmicas do Brasil, sendo representadas em todas as regiões úmidas tropicais, e temperadas do sul.

Morfologia[editar | editar código-fonte]

A família Hymenophyllaceae integra cerca de 434 espécies de plantas herbáceas com uma predominância na forma de vida epifítica, utilizando troncos vivos e em decomposição como principal substrato.[2]

As plantas da família Hymenophyllaceae[2] possuem um caule rizomatoso sem escamas, o qual cresce horizontalmente – podendo ser delgados e rastejantes, ou robustos e eretos. O mesmo é protostélico, ou seja, possui um cilindro totalmente preenchido por tecido vascular. As folhas são extremamente finas, com cerca de 1 célula de espessura, sem estômatos, com cutícula ausente ou reduzida, escamas laminadas geralmente ausentes e tricomas às vezes presentes. As folhas são flabeladas ou lineares, podendo ser até mais de três vezes decomposta, com venação dicotômica. Possuem soros marginais, com receptáculo alongado. Os indúsios são verdadeiros e podem ser cônicos, tubulares ou bivalves.

Seus esporângios são basípetos com deiscência ininterrupta, e possuem um anel (característico das leptosporangiadas) oblíquo. Os esporos são verdes, globosos e triletes. Os gametófitos são filamentosos ou similares a fitas. O modelo de reprodução é, geralmente, por fragmentação ou gemas.

Diversidade Taxonômica e Relações Filogenéticas[editar | editar código-fonte]

Com base em estudos filogenéticos com análises das sequências de DNA dos cloroplastos[3], a relação entre os géneros é a seguinte:

Cladograma baseado na análise filogenética mais recente.Hymenophylloideae e Trichomanoideae = clados.


·         Hymenophyllum, 250 espécies nos trópicos até regiões temperadas;

·         Crepidomanes, mais de 30 espécies, pelos trópicos do Velho Mundo e regiões temperadas do Norte;

·         Vandenboschia, mais de 15 espécies, pelos trópicos e regiões temperadas do Norte;

·         Didymoglossum, mais de 30 espécies pelos trópicos;

·         Polyphlebium, 15 espécies, distribuída em regiões do hemisfério Sul e florestas com montanhas de baixa altitude;

·         Callistopteris, 5 espécies, nos paleotrópicos (Ásia para o Pacífico);

·         Trichomanes, mais de 60 espécies, presentes nos neotrópicos e uma na continente africano;

·         Abrodictyum, 25 espécies nos trópicos;

·         Cephalomanes, 4 espécies, nos paleotrópicos (Ásia para o Pacífico).

Ocorrência no Brasil[editar | editar código-fonte]

A família Hymenophyllaceae integra nove gêneros[4]. Possuem distribuição nas zonas neotropicais e tropicais, expandindo-se também para a Ásia e África.

Estima-se que, no Brasil[2], a família Hymenophyllaceae possua 88 espécies, sendo 32 somente do gênero Hymenophyllum (32 das 250 de todo o mundo), o qual, em território brasileiro, apresenta os subgêneros Hymenophyllum, Mecodium, Globosa, Hymenoglossum, Myrmecostylum e Sphaerocionium. Essas samambaias espalham-se por todas as formações de florestas, diversificando predominantemente na Amazônia e na Mata Atlântica.

Espécies Brasileiras[editar | editar código-fonte]

Espécies do gênero Hymenophyllum:

H. abruptum

H. fucoides[5]

H. undulatum


Subg. Sphaerocionium[6]

H. crispum

H. delicatulum

H. fragile

H. glaziovii

H. elegans

H. hirsutum

H. microcarpum

H. plumosum

H. pulchellum

H. rufum

H. trapezoidale

H. trichophyllum

H. venustum

H. vestitum

Subg. Mecodium[7]

H. axillare

H. fendlerianum

H. polyanthos

H. viridissimum

Subg. Hymenophyllum[7]

H. fucoides

H. megachilum

Subg. Globosa[7]

H. caldiculatum

Subg. Hymenoglossum[7]

H. asplenioides

Subg. Myrmecostylum[7]

H. magellanicum

Espécies do gênero Trichomanes[8]

T. nummularium

T. hymenoides

T. sprucei

T. radicans

T. polypodioides

T. pedicellatum

T. ankersii

T. arbuscula

T. vittaria

T. pinnatum

T. hostmannianum

T. spruceanum

T. trollii

T. humboldtii

T. martiusii

T. pellucens

T. vandenboschii

T. accedens

T. pilosum

T. cristatum

T. crispum[9]

T. rigidum

T. anadrosum[10]


Espécies do gênero Polyphlebium[9]

P. diaphanum

P. pyxidiferum[5]

P. angustatum


Espécies do gênero Didymoglossum[9]

D. ekmanii

D. kapplerianum

D. pinnatinervium

D. krasuii

D. angustifrons

D. punctatum

D. ovale[5]

D. reptans

D. hymenoids


Espécies do gênero Vandenboschia

V. radicans[11]

V. rupestre[5]


Espécies do gênero Abrodictyum

A. rigidum[5]

Ciclo de Vida[editar | editar código-fonte]

       O ciclo reprodutivo[12] da família Hymenophyllaceae é o mesmo de todas as leptosporangiadas, com homosporia (ou seja, os gametas se diferenciam somente no gametófito). Um ciclo de vida diplobionte, no qual o esporófito é maior. O esporófito (2n) lança os esporos pela quebra dos estômios do esporângio – tal “quebra” é induzida pela perda d’água, contraindo o anel (annulus) que envolve o esporângio. O desenvolvimento do esporo gera um gametófito (n) hermafrodita, responsável pela produção de gametas masculinos no anterídio e femininos no arquegônio. A fecundação dá origem a um zigoto (2n), cujo desenvolvimento resulta em um esporófito adulto.

       A reprodução vegetativa também é bem comum, com ramos foliares brotando em diversos pontos do rizoma, conforme o mesmo se desenvolve.

Usos[editar | editar código-fonte]

As samambaias da família Hymenophyllaceae (única da ordem Hymenophyllales) possuem uma importância econômica muito restrita. Algumas poucas espécies do gênero Trichomanes são cultivadas para ornamentação.[1]

Evolução[editar | editar código-fonte]

    Hymenophyllales é a única ordem de samambaias sem sequências completas, em parte pelo tamanho de seu genoma. Por representarem um clado filogenético extremamente basal de samambaiais leptosporangiadas já foram estabelecidas relações de parentesco com fósseis – a famosa Pekinopteris auriculata, do período Triássico.

Os dois grandes grupos irmãos da família (Hymenophylloideae e Trichomanoideae) parecem ter um passado divergente. Hymenophyllum se diversificou mais recentemente, no início do Creatáceo, o que de certa forma explicaria a maior variedade de aparatos morfológicos e hábitos ecológicos em Trichomanes (diversificado no Jurássico Médio). Reconstruíram o passado ecológico da família[13], consistindo em ancestrais terrestres. Nesse caso, os hábitos hemiepifíticos e epifíticos seriam derivados. Reconstruindo o paleoclima do Triássico ao Jurássico, hipotetiza-se que a Hymenophyllaceae ocupava áreas tropicais com florestas úmidas. Antes das angiospermas, havia um grande dossel para essas samambaias, cuja diversificação só foi ocorrer em demasia após a prevalência das angiospermas. Não curiosamente, essas samambaias não apresentaram nenhuma adaptação às secas, pois as próprias novas condições de existência ótimas para plantas epifíticas - a presença de angiospermas em dosséis fechados e cada vez mais úmidos - possivelmente corroboraram para essa diversificação.[14]

       Estudos sobre o subgênero Hymenophyllum evidenciam uma possível poliploidia basal (n = 36) na origem da família, com uma subsequente aneuploidia, tendendo a ser mais intensa nos grupos mais derivados. A instabilidade no número de cromossomos das espécies deste subgênero acaba por corroborar com a hipótese. Esse estudo[13] também infere uma possível relação direta entre os climas temperados e a aneuploidia com a instabilidade genômica, o que, se isso estiver certo, pode elucidar muito sobre o que se sabe a respeito do paleoclima.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Ebihara, Atsushi; Dubuisson, Jean-Yves; Iwatsuki, Kunio; Hennequin, Sabine; Ito, Motomi (27 de julho de 2006). «A Taxonomic Revision of Hymenophyllaceae». Blumea - Biodiversity, Evolution and Biogeography of Plants (2): 221–280. doi:10.3767/000651906X622210. Consultado em 1 de fevereiro de 2023 
  2. a b c Gonzatti, Felipe; Windisch, Paulo Günter (2018-Apr-Jun). «Flora do Espírito Santo: Hymenophyllum (Hymenophyllaceae)». Rodriguésia: 611–629. ISSN 0370-6583. doi:10.1590/2175-7860201869225. Consultado em 1 de fevereiro de 2023  Verifique data em: |data= (ajuda)
  3. Nitta, Joel H.; Schuettpelz, Eric; Ramírez-Barahona, Santiago; Iwasaki, Wataru (2022). «An open and continuously updated fern tree of life». Frontiers in Plant Science. ISSN 1664-462X. PMC PMC9449725Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 36092417. doi:10.3389/fpls.2022.909768. Consultado em 6 de fevereiro de 2023 
  4. Teixeira, Gisele; Pietrobom, Marcio Roberto (2015-July-Sep). «Hymenophyllaceae (Polypodiopsida) na Mesorregião Metropolitana de Belém, Estado do Pará, Brasil». Rodriguésia: 807–827. ISSN 0370-6583. doi:10.1590/2175-7860201566310. Consultado em 1 de fevereiro de 2023  Verifique data em: |data= (ajuda)
  5. a b c d e Windisch, Paulo G. (2014). «Hymenophyllaceae (Polypodiopsida) no Estado do Rio Grande do Sul». Pesquisas Botânica. 65: 15-48 
  6. Gonzatti, Felipe; Windisch, Paulo G.; Scariot, Fernando J.; Echeverrigaray, Sergio; Ritter, Mara R. (8 de dezembro de 2020). «Revision of Hymenophyllum subg. Sphaerocionium (Hymenophyllaceae) in the Atlantic Forest Domain (Brazil), Based on Molecular and Morphological Evidence». Systematic Botany (4): 707–748. doi:10.1600/036364420X16033962925150. Consultado em 17 de março de 2023 
  7. a b c d e Larsen, Cristian (3 de julho de 2014). «Estudios sistemáticos y biogeográficos en Hymenophyllum (Hymenophyllaceae) en Sudamérica Subtropical y Templada» (em espanhol). doi:10.35537/10915/37496. Consultado em 17 de março de 2023 
  8. Windisch, Paulo G. (18 de janeiro de 1996). «Pteridófitas do Estado de Mato Grosso: Hymenophyllaceae» (PDF). Bradea. Boletim do Herbarium Bradeanum. VI (46) 
  9. a b c Teixeira, Gisele; Pietrobom, Marcio Roberto (2015-July-Sep). «Hymenophyllaceae (Polypodiopsida) na Mesorregião Metropolitana de Belém, Estado do Pará, Brasil». Rodriguésia: 807–827. ISSN 0370-6583. doi:10.1590/2175-7860201566310. Consultado em 18 de março de 2023  Verifique data em: |data= (ajuda)
  10. Windisch, Paulo G. (1992). «FLORA DA SERRA DO CIPÓ, MINAS GERAIS: HYMENOPHYLLACEAE». Universidade de São Paulo. Boletim de Botânica. 13: 133-139. Consultado em 18 de março de 2023 
  11. Pallos, Julieta; Góes-Neto, Luiz Armando de Araújo; Salino, Alexandre (2017-Jul-Sep). «Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Hymenophyllaceae». Rodriguésia: 847–852. ISSN 0370-6583. doi:10.1590/2175-7860201768312. Consultado em 18 de março de 2023  Verifique data em: |data= (ajuda)
  12. Simpson, Michael G. (1 de janeiro de 2019). Simpson, Michael G., ed. «4 - Evolution and Diversity of Vascular Plants». Academic Press (em inglês): 108. ISBN 978-0-12-812628-8. doi:10.1016/b978-0-12-812628-8.50004-3. Consultado em 1 de fevereiro de 2023
  13. a b Hennequin, Sabine; Ebihara, Atsushi; Dubuisson, Jean-Yves; Schneider, Harald (1 de abril de 2010). «Chromosome number evolution in Hymenophyllum (Hymenophyllaceae), with special reference to the subgenus Hymenophyllum». Molecular Phylogenetics and Evolution (em inglês) (1): 47–59. ISSN 1055-7903. doi:10.1016/j.ympev.2010.01.001. Consultado em 1 de fevereiro de 2023 
  14. Hennequin, Sabine; Schuettpelz, Eric; Pryer, Kathleen M.; Ebihara, Atsushi; Dubuisson, Jean‐Yves (novembro de 2008). «Divergence Times and the Evolution of Epiphytism in Filmy Ferns (Hymenophyllaceae) Revisited». International Journal of Plant Sciences (em inglês) (9): 1278–1287. ISSN 1058-5893. doi:10.1086/591983. Consultado em 18 de março de 2023