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Eletrococleografia[editar | editar código-fonte]

A Eletrococleografia (ECoG) é um exame que possibilita verificar os potenciais elétricos da cóclea e do nervo auditivo que ocorrem nos primeiros 5 milissegundos após estímulo acústico, realizado por meio de um eletrodo que pode ser inserido no conduto auditivo externo ou na membrana timpânica. Os potenciais elétricos registrados são: o microfonismo coclear (MC) que permite verificar a ação elétrica das Células Ciliadas Externas (CCE), o Potencial de Somação (PS) que é a soma da atividade elétrica das CCE e células ciliadas internas (CCI) e Potencial de Ação (PA) do nervo auditivo. É um teste rápido e confiável para a avaliação objetiva da fisiologia coclear[1] [2].

Indicações clínicas:[editar | editar código-fonte]

As indicações clínicas que mais utilizam a ECoG como parâmetro são:

  • Diagnóstico e acompanhamento da evolução da Doença de Ménière (hidropsia endolinfática);
  • Diagnóstico e auxiliar na localização do sítio da lesão das Doenças de espectro da neuropatia/dessincronia auditiva[3];
  • Auxiliar na identificação do local da lesão do sistema auditivo;
  • Monitoramento da função auditiva no intraoperatório do implante coclear (IC)[4].

Potenciais auditivos registrados na Eletrococleografia[editar | editar código-fonte]

Registro do Microfonismo coclear (MC), seguindo a polaridade do estímulo.

Os potenciais elétricos registrados na ECoG são[5]:

  • Microfonismo Coclear (MC)
  • Potencial de Somação (PS)
  • Potencial de Ação (PA)

O microfonismo coclear (MC) é um potencial sensorial pré-sináptico de corrente alternada, gerado pelas células ciliadas externas (CCE) da cóclea. Suas características físicas são semelhantes às do som do estímulo, ou seja, se assemelha à frequência, intensidade e duração do estímulo utilizado, e segue a polaridade do estímulo. A amplitude varia de acordo com a intensidade sonora[6]. O potencial de somação (PS), gerado principalmente pelas CCI, também de geração endococlear, não é observado habitualmente com amplitude significativa no traçado eletrococleográfico de orelhas normais, podendo estar presente em alguns tipos de lesões cocleares, como na hidropisia endolinfática. O potencial de ação (PA) do nervo coclear apresenta uma onda negativa, com variação proporcional à intensidade do estímulo acústico, mas independente da fase e duração do estímulo. Ele é formado pela soma algébrica dos múltiplos potenciais individuais dos neurônios do nervo coclear, e é consensual que a forma dos componentes do PA depende do sincronismo dos disparos das fibras nervosas [1][2].

Realização do exame[editar | editar código-fonte]

Tipos de eletrodos[editar | editar código-fonte]

Há diferentes tipos de eletrodos que podem ser utilizados na realização da ECoG, com diferentes locais de posicionamento, e cada um deles podem trazer vantagens e desvantagens. A amplitude do registro do PA registrada diminui à medida que o eletrodo se afasta da fonte geradora[1][2] .

  • Eletrodo agulha transtimpânico: procedimento invasivo, com necessidade do uso de anestesia (local ou geral), pois o eletrodo atravessa a membrana timpânica e é fixado sobre o promontório próximo à janela redonda, sendo mantido pelo fone de inserção. A sua vantagem é a grande amplitude registrada devido à localização mais próxima local de geração da resposta ao estímulo auditivo.
  • Eletrodos peritimpânico: o eletrodo é posicionado em contato com a membrana timpânica, e apresenta como vantagens: não ser necessário o uso de anestésico e ter uma maior aceitação pelos pacientes. O registro das respostas tem menor amplitude quando comparado ao método citado anteriormente.
  • Eletrodo de conduto “tiptrode”: Fica posicionado no meato acústico externo, é revestido com metal (no caso, é utilizado folha de ouro) e não causa desconforto ao paciente. Quanto mais próximo à membrana timpânica, melhor será a qualidade do registro das respostas. Porém, apresenta como desvantagem a qualidade baixa das respostas em termos de amplitude e morfologia.

Interpretação dos resultados[editar | editar código-fonte]

Os parâmetros analisados dos resultados registrados são a amplitude, a latência, e duração dos potenciais evocados. A amplitude é um parâmetro importante na avaliação, e é dependente da intensidade, velocidade e polaridade do estímulo e da localização do eletrodo. Já a latência é o espaço de tempo, em milissegundos (ms), entre o início do estímulo e a resposta identificada (MC, PS ou PA)[1].

A ECoG pode ser considerada exame padrão-ouro para avaliação de pacientes com suspeita de hidropisia endolinfática, seja para auxiliar no diagnóstico ou para seguimento da evolução da doença e terapia[7].


Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d Anastasio, Adriana Ribeiro Tavares; Hyppolito, Miguel Angelo (2015). Tratado de audiologia. Rio de Janeiro: Santos. pp. 182–199. ISBN 978-­85-­277-­2744-­0 Verifique |isbn= (ajuda)  soft hyphen character character in |isbn= at position 5 (ajuda)
  2. a b c Sousa, Luiz Carlos Alvez; Piza, Marcelo Ribeiro de Toleto; Alvarenga, Kátia de Freitas; Cóser, Pedro Luis (2008). Eletrofisiologia da Audição e Emissões Otoacústicas: princípios e aplicações clínicas. São Paulo: Novo Conceito. pp. 31–47. ISBN 978-85-99276-43-3 
  3. Soares, Ilka do Amaral; Menezes, Pedro de Lemos; Carnaúba, Aline Tenório Lins; de Andrade, Kelly Cristina Lira; Lins, Otávio Gomes (novembro de 2016). «Study of cochlear microphonic potentials in auditory neuropathy». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (em inglês) (6): 722–736. PMC PMC9444760Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 27177976. doi:10.1016/j.bjorl.2015.11.022. Consultado em 10 de julho de 2023 
  4. Trecca, Eleonora M. C.; Riggs, William J.; Mattingly, Jameson K.; Hiss, Meghan M.; Cassano, Michele; Adunka, Oliver F. (agosto de 2020). «Electrocochleography and Cochlear Implantation: A Systematic Review». Otology & Neurotology (em inglês) (7): 864–878. ISSN 1531-7129. doi:10.1097/MAO.0000000000002694. Consultado em 10 de julho de 2023 
  5. Grasel, Signe Schuster; Beck, Roberto Miquelino de Oliveira; Loureiro, Ricardo Silva Chiabai; Rossi, Amanda Costa; de Almeida, Edigar Rezende; Ferraro, John (junho de 2017). «Normative data for TM electrocochleography measures». Journal of Otology (em inglês) (2): 68–73. PMC PMC5963457Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 29937840. doi:10.1016/j.joto.2017.04.005. Consultado em 10 de julho de 2023 
  6. Berlin, Charles I.; Bordelon, Jill; St. John, Patti; Wilensky, Diane; Hurley, Annette; Kluka, Evelyn; Hood, Linda J. (fevereiro de 1998). «Reversing Click Polarity May Uncover Auditory Neuropathy In Infants:». Ear and Hearing (em inglês) (1): 37–47. ISSN 0196-0202. doi:10.1097/00003446-199802000-00002. Consultado em 10 de julho de 2023 
  7. Lamounier, Pauliana; de Souza, Thiago Silva Almeida; Gobbo, Debora Aparecida; Bahmad Jr., Fayez (julho de 2017). «Evaluation of vestibular evoked myogenic potentials (VEMP) and electrocochleography for the diagnosis of Ménière's disease». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (em inglês) (4): 394–403. PMC PMC9442737Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 27397722. doi:10.1016/j.bjorl.2016.04.021. Consultado em 10 de julho de 2023