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Hiroaki Torigoe
Nascimento 2 de dezembro de 1944
Lins, Brasil
Morte 5 de janeiro de 1972 (27 anos)
São Paulo, Brasil
Nacionalidade Brasil brasileiro
Ocupação estudante, militante

Hiroaki Torigoe (Lins, 2 de dezembro de 1944São Paulo, 5 de janeiro de 1972) foi um estudante de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e militante brasileiro da Ação Libertadora Nacional (ALN), do Movimento de Libertação Popular (Molipo) e da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)[1]. Foi considerado desaparecido e morto em razão de sua participação em grupos de resistência à Ditadura Militar no Brasil.

Biografia e Morte[editar | editar código-fonte]

Hiroaki Torigoe nasceu em Lins, no interior do estado de São Paulo. Descendente de japoneses, morava na cidade de Piracicaba com os pais Hiroshi Torigoe e Tomiko Torigoe, e o irmão Shuniti Torigoe, quando partiu rumo à capital com o sonho de estudar medicina. Foi admitido na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, chegou a cursar até o 4° ano, onde participou de movimentos estudantis, mas largou o curso para dedicar-se ao MOLIPO, grupo que chegou a comandar. Foi baleado e preso pelo DOI/CODI-SP, em 5 de janeiro de 1972. A prisão ocorreu na Rua Albuquerque Lins, Bairro de Santa Cecília (bairro de São Paulo),[2]tendo como responsável pela sua apreensão a equipe chefiada pelo delegado Octávio Gonçalves Moreira Jr.

Torigoe teria sido ferido em um tiroteio, após também balear um policial e um pedestre, e falecido a caminho do hospital, segundo documento oficial divulgado na época. Nenhuma outra lesão, além de nove ferimentos produzidos por armas de fogo, foram descritas, não havendo, assim, indícios de tortura. Entretanto, a fotografia de seu corpo localizada nos arquivos secretos do DOPS-SP demonstra inúmeras outras evidências como danos na face e tórax, fratura no braço esquerdo, mandíbula inchada, cortes e escoriações. Quando capturado, Torigoe adotava o nome falso Massashiro Nakamura, com o qual o atestado de óbito foi lavrado[3].

De acordo com o Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964, devido a seus ferimentos, e pela impossibilidade de pendurá-lo no pau-de-arara, Torigoi foi torturado em uma cama de campanha, onde foi amarrado para espancamentos, choques elétricos e outras violências. Outros presos políticos que se encontravam no DOI/CODI-SP teriam visto Torigoi ser arrastado pelo pátio interno, sangrando abundantemente, em direção às câmaras de tortura, além de haverem escutado uma discussão entre os torturadores quanto ao destino a ser dado a Torigoi, quando este ainda se encontrava vivo. Assassiná-lo de imediato em torturas, foi o que defendeu o capitão Orestes, apoiado pelo capitão Amici; prestar-lhe alguma assistência médica, reanimando-o a fim de continuar com as torturas, era o que queria o delegado Otávio Gonçalves Moreira Jr. A posição vencedora foi a dos capitães Orestes e Amici, que lograram seu intento, assassinando Torigoi em apenas algumas horas. O laudo de necrópsia foi assinado pelos médicos legistas Isaac Abramovitch e Abeylard Queiroz Orsini, corroborando a versão oficial[4].

Foi enterrado como indigente com o nome falso de Massahiro Nakamura na rua 15, sepultura 65, em Perus.O ex-estudante e militante tinha sua foto estampada em vários cartazes distribuídos por todo o país com os dizeres “terroristas procurados”. Uma de suas acusações o responsabilizava por um assalto armado ao Banco Nacional de Minas Gerais, na Lapa (bairro de São Paulo), em que outro militante da ALN haveria morrido por engano.

Exumação e identificação[editar | editar código-fonte]

Enterrado no cemitério Dom Bosco, em Perus, com o nome falso de Massahiro Nakamura, a família de Hiroaki Torigoi nunca conseguiu resgatar seus restos mortais. Em 1990 foi feita a exumação de uma ossada sem crânio naquele cemitério, na sepultura apontada como sendo sua, havendo outras duas ossadas enterradas na mesma sepultura. Levadas para o Departamento de Medicina Legal da Unicamp, por Badan Palhares, foram entregues posteriormente ao legista Daniel Munhoz, sem a anotação de que apenas a ossada sem o crânio deveria ser examinada. Foram necessários 14 anos para que, em 2004, se soubesse que nenhuma das três ossadas poderia pertencer a Torigoe, já que nenhuma era compatível com as características antropométricas de um oriental.

Os pais de Hiroaki eram budistas e nunca puderam encontrar seus restos mortais para concluir o ritual sagrado de guarda das cinzas do filho. A dor dos familiares foi narrada pelo repórter Caco Barcellos no Globo Repórter sobre a Vala de Perus, gravado em 1990 e exibido pela emissora em 1995.

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Após a redemocratização do Brasil, o nome "Hiroki Torigoe" foi dado a duas ruas, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Centro de Documentação Eremias Delizoicov e Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos. «Desaparecidos Políticos». Consultado em 12 de junho de 2014 
  2. Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Instituto de Estudo da Violência do Estado - IEVE e Grupo Tortura Nunca Mais - RJ e PE. «Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964» (PDF) 
  3. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. «Acervo - Mortos e Desaparecidos Políticos.» 
  4. Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Instituto de Estudo da Violência do Estado - IEVE e Grupo Tortura Nunca Mais - RJ e PE. «Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964» (PDF)