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Usuário(a):RossiCirelli/Testes

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Transmediação de Conflitos[editar | editar código-fonte]

É uma prática complementar à mediação e à negociação, desenvolvida pela Socióloga Annie Dymetman, dando suporte a elas já que, apesar da grande melhora de resultados, a mediação e a negociação não conseguem resolver de forma definitiva o conflito, porque nas duas formas as partes sempre abrem mão de parte da sua demanda, adiando e, por vezes, aprofundando o conflito original. É uma forma extraprocessual e extrajudicial de lidar com os conflitos, sempre promovendo os primeiros encontros com um atendimento individualizado [1], o Transmediador e uma parte, não busca resolver o conflito, mas dissolver a percepção dele. Amplia e multiplica as dimensões do conflito, trabalhando exclusivamente no “aqui e agora” e no estar no registro da analítica do presente.


Ligação com as demais ciências sociais[editar | editar código-fonte]

A Transmediação mantém forte interlocução com as disciplinas sociais, sobretudo com a Sociologia, Psicologia e Filosofia [2] Se apoia e dialoga com tais disciplinas além das jurídicas e é, também, uma alternativa à visão de subjetividade, incorporando a noção de uma subjetividade cultural ou coletiva.


Influências da Transmediação[editar | editar código-fonte]

A Transmediação não é um evento “Deus ex machina” [3], não nasce no vácuo, nasce dentro de um contexto de inovação jurídica, que é a negociação, mediação e conciliação. E Ela se dá conta de que pode fazer parte desse processo inovador complementando determinadas zonas ainda não muito definidas, dentre elas cita-se, no caso da negociação “a quantificação absoluta da demanda”. A Trasmediação então devolve o aspecto qualitativo do conflito; e no caso da mediação “de abrir mão da resolução do conflito”. A Transmediação, aqui trabalha na dissolução dele que só pode ser feita através da dissolução da percepção, incluindo a dimensão da subjetividade, incluindo as dimensões psicológica, sociais, culturais e para isso se faz um corte transversal:


Gestalt-Terapia[editar | editar código-fonte]

A Gestalt-terapia é um modelo psicoterápico com ênfase na responsabilidade de si mesmo, na experiência individual do momento atual (chamado também de aqui e agora), no relacionamento terapeuta-consulente e na autorregulação e ajustamento criativos do indivíduo, levando em conta sempre o meio ambiente e o contexto social, que constituem o ser de um modo geral.[1] A teoria foi desenvolvida pelos teóricos Fritz Perls, Laura Perls e Paul Goodman entre as décadas de 1940 e 1950, e conhecida através da publicação do livro Gestalt-Theraphy em 1951. [4] Assim, como a Transmediação deve estar no registro da analítica do presente, sempre aberta à mutabilidade, sem tentar aprisionar a realidade fluída em classificações e diagnósticos[5], há forte vínculo com as diretrizes da terapia desenvolvida por Perls.

Ronald Laing[editar | editar código-fonte]

Ronald David Laing (Govanhill, Glasgow, 7 de Outubro de 1927 — Saint-Tropez, 23 de agosto de 1989) foi um psiquiatra britânico, notável teórico e líder do movimento que foi de encontro à psiquiatria ortodoxa, ao lado de David G. Cooper, Thomas Szasz e Michel Foucault. Destacou-se por sua abordagem inovadora da doença mental e, particularmente, da experiência da psicose. Promoveu uma revolução de conceitos na sua área, ao buscar compreender a lógica por trás dos sintomas ditos irracionais. [6]

A ligação da Transmediação com os ensinamentos de Laing está na relação dialógica entre o transmediador e o transmediado.

Slavoj Žižek[editar | editar código-fonte]

Slavoj Žižek (esloveno IPA: [ˈslavoj ˈʒiʒɛk] Ltspkr.png ouça, Liubliana, Iugoslávia, 21 de março de 1949), muitas vezes grafado em português como Slavoj Zizek, é um filósofo esloveno, nascido na antiga Iugoslávia. Ele é professor do Instituto de Sociologia e Filosofia da Universidade de Ljubljana e diretor internacional da Birkbeck, Universidade de Londres.[1] Ele trabalha em temas como filosofia continental, teoria política, estudos culturais, psicanálise, crítica de cinema, marxismo, hegelianismo e teologia. [7]

O pensador esloveno é um filósofo controverso e polêmico, um agitador de consciências alinhado com o politicamente incorreto. Sua erudição, sua fluidez teórica e seu amplo leque cultural o transformaram em uma espécie de Sartre deste começo de século [8]

Žižek tem caráter fundamental no desenvolvimento da Transmediação. A partir de seu desenvolvimento sobre o conceito de paralaxe (que será visto em tópico específico), pode-se perceber o caráter irredutível do conflito, portanto, a impossibilidade de sua resolução, e sim, sua dissolução.

Yuval Harari[editar | editar código-fonte]

Yuval Noah Harari é historiador, filósofo e autor dos best-sellers Sapiens: Uma Breve História da Humanidade, Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã, 21 Lições para o Século XXI e Sapiens: Uma História Gráfica. Seus livros venderam 27,5 milhões de cópias em 60 idiomas, e ele é considerado um dos intelectuais mais influentes do mundo atualmente. Nascido em Haifa, Israel, em 1976, Harari recebeu seu doutorado na Universidade de Oxford em 2002 e atualmente é professor no Departamento de História da Universidade Hebraica de Jerusalém.[9]

A relação dos ensinamentos de Harari com a Transmediação está no que diz respeito às narrativas. Assim como humano só se constrói a partir das narrativas, [10], os conflitos decorrem de narrativas.


Enfoque[editar | editar código-fonte]

O presente/presentificação[editar | editar código-fonte]

Tendo em vista o conceito do "aqui e agora" apresentado pela Gestalt-terapia, onde tem-se que: [...] com aquela expressão, os autores não querem se referir a determinado instante ou lugar, mas ao fato de que, em cada instante e lugar, somos trespassados por uma história [...]. Cada "aqui e agora" é mais do que uma posição determinada. [11] verifica-se que para a Transmediação de conflitos é relevante a presentificação do conflito apresentado. O olhar é direcionado para que o transmediado, aquele que procura a Transmediação, passe a configurar sua narrativa no presente, no "aqui e agora" da situação conflituosa. A Transmediação, portanto, deve estar no registro da analítica do presente, sempre aberta à mutabilidade, sem tentar aprisionar a realidade fluída em classificações e diagnósticos.[12]



Paralaxe[editar | editar código-fonte]

Trata-se de termo advindo da astronomia e que foi importado pelas ciências sociais. Segundo Žižek, paralaxe é o “deslocamento aparente de um objeto, causado pela mudança de observação que permite nova linha de visão” [13] Do desenvolvimento proposto por Žižek verifica-se que há irredutibilidades entre determinados discursos, ou determinadas imagens, como por exemplo o desenho feito pelo cartunista W.E. Hill denominado “My wife and my mother-in-law”, onde há a representação, na mesma imagem, de uma velha e uma moça sem que exista qualquer ponto ou detalhe comum. Assim, a visão em paralaxe não se trata de pontos de vista, de opiniões, mas da diferença, da lacuna que se abre entre os dois sistemas de olhar. Deste modo, a diferença é irredutível, não pode ser resolvida, mas somente superada. E para que aconteça a superação

A Velha e a Moça[editar | editar código-fonte]

My wife and my mother-in-law. They are both in this picture-find them - drawn by W.E. Hill. LCCN90707287



Resiliência[editar | editar código-fonte]

GOULART ao citar DYMETMAN descreve como funciona a resiliência: "[...] a resiliência é um exemplo de noções desenvolvidas na Física, que posteriormente são adotadas pelas Ciências Sociais e Humanas. Em termos da Física, grosso modo, o conceito de resiliência significa que um material como o metal, por exemplo, se sofrer forte pressão e perder sua forma e volume inicial, caso a pressão sobre ele cesse em seu ponto de resiliência, ele tem a capacidade de retomar formato e volume anterior e, inclusive, até, de aumentá-lo. [14]

Assim, a partir do conceito de resiliência, a Transmediação considera o conflito como uma oportunidade pedagógica de transformação, pois para a dissolução do conflito o sujeito necessita transitar, num movimento contínuo, entre o seu sistema de significados e o do outro, para compor a visão em paralaxe o indivíduo deve acionar recursos próprios que lhe permitam essa passagem, tornando-se, assim resiliente. [15]


Histórico[editar | editar código-fonte]

Aplicação na Casa de Mediação da Universidade São Judas Tadeu[editar | editar código-fonte]

A Faculdade de Direito da Universidade São Judas Tadeu (FDUSJT), sob a direção do Prof. Dr. Fernando Herren Aguillar, em 18 de abril de 2011, fundou nos dois campi -Butantã e Mooca - as primeiras Casas de Mediação Universitárias do Brasil.[16][17] A atuação das Casas de Mediação se iniciou com o atendimento do corpo discente da Universidade, sendo posteriormente abertas à comunidade residente no entorno dos campi e, em seguida, ao âmbito empresarial, na forma de consultoria mediática e para o âmbito comunitário, através de projetos de políticas públicas. [18]

Participação na Primeira Competição Nacional de Mediação organinzada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios[editar | editar código-fonte]

Após a prática já consolidada nas Casas de Mediação, a Transmediação pode ser aplicada na primeira Competição Nacional de Mediação, organizada pelo TJDFT em 2013 [19], que contou com a participação de 25 Universidades e 14 Estados.[20]

Parcerias com o Tribunal de Justiça de São Paulo[editar | editar código-fonte]

Com o sucesso da aplicação na Casa de Mediação, a Transmediação adquiriu visibilidade juntou ao Foro Regional XV- Butantã do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, atuando em casos judiciais, bem como em palestras junto ao Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania do Butantã - CEJUSC Butantã [21]

Aplicação empresarial[editar | editar código-fonte]

Há aplicação âmbito empresarial, uma vez que a Transmediação é uma prática de dissolução de conflitos que leva em conta a percepção subjetiva dos envolvidos, além de seus interesses e demandas objetivos. Recomendada para pessoas físicas e jurídicas que não só optam por gerir seus conflitos sem recorrer à instância judicial, como também desejam uma melhor compreensão e eventual transformação de seus mecanismos socioemocionais.[22]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. https://revistaeducacao.com.br/2016/04/25/mais-acordo-menos-litigio/
  2. DYMETMAN, Annie (2011) [2011]. «Capítulo 1 - Abertura». Da mediação à Transmediação de Conflitos. Dissolver para resolver (Físico) 1ª ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed. p. 10. ISBN 978-857525-569-8 
  3. https://pt.wikipedia.org/wiki/Deus_ex_machina
  4. https://pt.wikipedia.org/wiki/Terapia_gestalt
  5. DYMETMAN, Annie (2011) [2011]. «Capítulo 19». Da mediação à Transmediação de Conflitos. Dissolver para resolver (Físico) 1ª ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed. p. 135. ISBN 978-857525-569-8 
  6. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ronald_Laing
  7. https://pt.wikipedia.org/wiki/Slavoj_%C5%BDi%C5%BEek
  8. https://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/29/cultura/1498761880_833852.html
  9. https://www.ynharari.com/pt-br/about/
  10. HARARI, Yuval Noah (2018). Sapiens d. Uma breve história da humanidade (Físico). Porto Alegre: L&PM. ISBN 978-852543-461-6 
  11. PERLS, HEFFERLINE, GOODMAN, Fritz, Ralph, Paul (1998). Gestalt Terapia (Físico). [S.l.]: Summus Editorial. p. 48. ISBN 978-853230-625-8 
  12. >DYMETMAN, Annie (2011) [2011]. «Capítulo 19 - Gestalt:viver é completar». Da mediação à Transmediação de Conflitos. Dissolver para resolver (Físico) 1ª ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed. p. 135. ISBN 978-857525-569-8 
  13. ZIZEK, Slavoj (2008). Visão em paralaxe (Físico). São Paulo: Boitempo. p. 32. ISBN 978-857559-124-6 
  14. GOULART, Juliana Ribeiro (2018). CONCRETIZAÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA: A MEDIAÇÃO JUDICIAL E O RECONHECIMENTO DO OFÍCIO DO MEDIADOR JUDICIAL NO BRASIL (PDF) (Dissertação). Universidade Federal de Santa Catarina. Consultado em 22 de setembro de 2020 
  15. DYMETMAN, Annie (2011) [2011]. «Capítulo 17 - O conflito como oportunidade de resiliência». Da mediação à Transmediação de Conflitos. Dissolver para resolver (Físico) 1ª ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed. p. 126/127. ISBN 978-857525-569-8 
  16. https://www.premioinnovare.com.br/proposta/transmediacao-uma-cultura-para-a-cidadania/print
  17. https://www.usjt.br/prppg/midia/press_releases/2011/abril/casa_mediacao.php
  18. DYMETMAN, Annie (2011) [2011]. «Capítulo 1 - Abertura». Da mediação à Transmediação de Conflitos. Dissolver para resolver (Físico) 1ª ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed. p. 10. ISBN 978-857525-569-8 
  19. https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2013/agosto/i-competicao-nacional-de-mediacao-reune-estudantes-de-14-estados-no-tjdft
  20. «Campeonato de Mediação». São Paulo. Jornal São Judas (194): 5. 2013. Consultado em 22 de setembro de 2020 
  21. XIV Café com Mediação, 2017, São Paulo, «XIV Café com Mediação» (PDF). Consultado em 22 de setembro de 2020 
  22. https://www.pontomediato.org/cartografias-da-subjetividade-blog