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Usuário(a):Zelia1382/Testes

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1.Amputação no registo paleopatológico


A amputação consiste na remoção intencional, traumática ou relacionada com algum tipo de doença, de um membro ou parte dele [1]. Em contexto arqueológico e paleopatológico, os casos deste tipo de lesão são raros mas revelam a sua prática ao longo do tempo, um pouco por todo o mundo e com base em diversas motivações [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9].


2.Europa: evidências arqueológicas e paleopatológicas

As evidências paleopatológicas de amputação na Europa, provêm de diversos e distintos contextos geográficos, arqueológicos e cronológicos [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] (tabela 1, figura1). As mais antigas remontam ao Neolítico e foram encontradas no úmero direito de um esqueleto recuperado do sítio arqueológico Buthiers-Boulancourt localizado em Paris (França) [2].

3.Métodos de diagnóstico

O diagnóstico de amputação em paleopatologia é revestido de enormes limitações sobretudo se não existir remodelação óssea, sendo facilmente confundíveis com fraturas ante mortem não consolidadas ou post mortem [4]. Assim, a grande maioria dos casos é diagnosticada através da evidência de cicatrização do coto [4]. Como métodos complementares são utilizadas a análise métrica aos elementos ósseos afetados [1] [2] [3] [4] [5] [6] [8] [9] e as técnicas como a radiologia, a tomografia computorizada, a reconstrução 3D [1] [3] [5] [6] [8]. A interpretação das evidências registadas é indissociável das fontes arqueológicas, cronológicas e/ou documentais [1] [2] [3] [4] [5] [6] [8] [9].


4.Caraterísticas biológicas

Em populações do passado as amputações eram efetuadas, maioritariamente, nos homens (tabela 1) e acometiam sobretudo as extremidades distais dos antebraços e das pernas com perda das mesmas e das mãos e/ou pés [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] (tabela 2). As lesões, e à exceção das ocorridas peri mortem [4] (tabela 2, figura 2) , progrediam para a cura, registando-se a formação de tocos remodelados, sem sinais de infeção e com tendência ao desenvolvimento de alguns osteófitos [1] [2] [3] [5] [6] [9], podendo culminar na anquilose parcial dos ossos do antebraço [5] [9] (tabela 2, figura 3). Em alguns casos os tocos bastante arredondados e “polidos” nas extremidades dos antebraços que sofreram amputação indiciam forças biomecânicas exercidas, muito provavelmente, pela colocação/utilização de próteses [1] [6].


5. Causas

As circunstâncias em que as amputações ocorreriam baseiam-se na análise da morfologia do coto e nas especificidades do respetivo contexto cronológico e sociocultural, enquadrando-se, essencialmente, em três categorias [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9]:

     a) Intervenção cirúrgica: para remover uma região corporal com o intuito de “estancar” um foco infecioso decorrente de uma lesão severa ou doença [1] [2] [7] [5] [6] [8] [9].

     b) Punição judicial: aplicada a indivíduos que cometiam atos criminosos [1] [4] [5] [6] [7] [8].

     c) Violência interpessoal: ferimentos durante conflitos [1] [5] [7].

Outras causas como as práticas rituais e os acidentes não devem ser descartadas [1] [2] [3] [4] [6] [7] [8] [9].


6. A ausência de evidências

A escassez de evidências osteológicas de amputação em populações do passado pode residir em diversos fatores entre os quais refira-se [7]:

     1) As pessoas que sofriam amputação sucumbiriam rapidamente não sobrevivendo o tempo suficiente para que o tecido ósseo respondesse ao trauma [7];

     2) Tendo as lesões ocorrido imediatamente antes da morte do indivíduo, surgem as dificuldades em efetuar a distinção entre fraturas peri ou post mortem [7];

    3) As evidências ósseas deste tipo de lesão poderão não resistir tendo sido destruídas post mortem, devido à por ação dos diversos fatores tafonómicos [7].



7. Referências bibliográficas

1.Binder, M.; Eitler, J.; Deutschmann, J.; Ladstätter, S.; Glaser, F.; Fiedler, D. 2016. Prosthetics in antiquity - An early medieval wearer of a foot prosthesis (6th century AD) from Hemmaberg/ Austria. International Journal of Paleopathology, 12: 29-40.

2.Buquet-Marcon, C.; Charlier, P.; Samzun, A. 2007. The oldest amputation on a Neolithic human skeleton in France. Nature Precedings. http://hdl.handle.net/10101/npre.2007.1278.1.

3.Cunha, E.; Silva, A.M. 1997. War lesions from the Famous Portuguese Medieval Battle of Aljubarrota. International Journal of Osteoarchaeology, 7: 595-599.

4.Fernandes, T.; Liberato, M.; Marques, C.; Cunha, E. 2017. Three cases of feet and hand amputation from Medieval Estremoz, Portugal. International Journal of Paleopathology, 18: 63-68.

5.Mays, S.A. 1996. Healed limb amputations in human osteoarchaeology and their causes: a case study from Ipswich, UK. International Journal of Osteoarchaeology, 6: 101-113.

6.Micarelli, I.; Paine, R.; Giostra, C.; Tafuri, M. A.; Profico, A.; Boggioni, M.; Di Vincenzo, F.; Massani, D.; Papini, A.; Manzi, G. 2018. Survival to amputation in pre-antibiotic era: a case study from a Longobard necropolis (6th-8th centuries AD). Jounal of Anthropological Science, 96:1-16.

7.Redfern, R.; Roberts, C. A. 2019. Trauma.  Buisktra, J. E. (ed) Ortner´s Identification of Pathological Conditions in Human Skeleton Remains. Academic Press, 3rd edition, 211-284.

8.Stuckert, C.M.; Kricun, M.E. 2011. A case of bilateral forefoot amputation from the Romano British cemetery of Lankhills, Winchester, UK. International Journal of Paleopathology, 1: 111-116.

9.Zäuner, S. P. Wahl, J.; Aslanis, B.I. 2013. A 6000‐Year‐Old Hand Amputation from Bulgaria—The Oldest Case from South‐East Europe? International Journal of Osteoarchaeology, 23 (5): 618-625.