Usuário:DAR7/Testes/História de Curitiba/História do Boa Vista

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Um documento do IPPUC (2015) comprova que, numa época muito antiga, o bairro era mencionado nas escrituras de terreno como “um sítio chamado Boa Vista localizado no Quarteirão do Ahú”. O atual bairro da Boa Vista ganhou esse nome porque era uma região geograficamente privilegiada, que permite uma visão panorâmica da cidade. O bairro começou a ser ocupado no fim do século XIX, na década de 1890, no momento em que foi cedida e loteada a grande fazenda, que pertencia à família Silveira, para imigrantes que procuravam terras para a agricultura. A área foi adquirida pelo colono italiano Lodovico Geronasso, em 1893, época em que a região se converteu em chácaras. E assim ficou por diversas décadas, apresentando uma típica paisagem rural. Inicialmente usada com o plantio de erva-mate, a região também passou a ser reservada ao cultivo de cereais e à pecuária, formando-se um grande campo de criação de animais. A história da Boa Vista está ligada aos primeiros bairros limítrofes, como Ahú e Bacacheri, que dependiam econômica, social e religiosamente da região. Desde a década de 1960, a região adquiriu uma nova fisionomia com a partilha das chácaras e a instalação dos loteamentos.[1][2]

Fundação de Curitiba (1693)[editar | editar código-fonte]

Segundo o historiador Eduardo Emílio Fenianos, no dia 29 de março de 1693, como comprova a ata, é criada oficialmente a Vila de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, atualmente Curitiba. Não existem relatos a respeito da região da Boa Vista naquele tempo. Os registros mais antigos vêm dos últimos anos do século XIX. Até aquele momento, a atual Boa Vista constituía uma grande área florestal e campestre de onde se podia ver melhor a paisagem local e uma boa parte dos campos curitibanos.[3]

Chegada de Ludovico Geronasso (1893)[editar | editar código-fonte]

Conforme o historiador Eduardo Emílio Fenianos, no ano de 1880, veio ao Paraná, o colono italiano Ludovico Geronasso, que se fixou na região em que está atualmente situado o bairro Tarumã. Em consequência da construção duma estrada a qual passaria por dentro de sua fazenda, Ludovico, em 1893, adquiriu o sítio "Boa Vista", cuja área era de 536 alqueires.[nota 1] Naquele tempo, o sítio se encontrava no quarteirão do Ahú, conforme se diz no documento de aquisição. Naquele registro, a fazenda é retratada como:[nota 2][4]

"Um sítio denominado "Boa Vista", situado no quarteirão do Ahú d'esta cidade, constante de um terreno de campo e mato, assim como uma casa coberta de telhas."

A demarcação daquele sítio, o qual depois originaria o bairro, ultrapassava os limites de hoje, compreendendo inclusive uma porção do que é agora o Bacacheri.[4]

Colonização da Boa Vista (1906)[editar | editar código-fonte]

De acordo com o historiador Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 17), da editora UniverCidade, no primeiro decênio do século XX, a região da Boa Vista passava a adquirir novos aspectos. O terreno, anteriormente usado no plantio da erva-mate, começou a ser apropriado para o cultivo de cereais e como pastagem para a pecuária. Entretanto, os habitantes da região não conseguiam ir até o centro da cidade, por não haver estradas que ligassem as casas de campo e os mais importantes caminhos de transporte para a área central. Há muitos anos, para se chegar na estrada da Graciosa (hoje Avenida Erasto Gaertner), no Bacacheri, os habitantes deviam atravessar o interior das fazendas próximas, passando por porteiras e mata-burros, com o indispensável consentimento dos fazendeiros.[nota 3][5]

Mapa histórico de Curitiba (1915)[editar | editar código-fonte]

O historiador Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 18), da UniverCidade afirma em seu livro "Boa Vista: viagens, paisagens e miragens" que, segundo o mapa de Curitiba (1915), publicado pelos engenheiros civis Francisco Gutierrez Beltrão e Arthur Martins Franco, a região da Boa Vista (que se localizava acima do Bacacheri) aparecia como uma grande pradaria, atravessado a leste pelo rio Bacacheri, também naquele tempo com grande existência de mata virgem. Esta se limitava com o Bacacheri, com a Colônia Abranches e com a floresta indevassável da Barreirinha no extremo norte. É importante visualizar, no mapa, na região sul da cidade, do Boqueirão até o Ganchinho, um povoado também denominado Boa Vista, a qual, com o passar dos anos, havia sido sucedida pelos territórios dos bairros Sítio Cercado e Ganchinho.[6]

Abertura do primeiro negócio (1916)[editar | editar código-fonte]

Em conformidade com o historiador Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 19), da UniverCidade, no ano de 1916, Antônio Boa Vista, segundo era chamado um dos herdeiros do casamento entre Ludovico e Judite, tomou posse da direção de um velho armazém situado na Colônia Argelina, hoje Bacacheri. Entretanto, já que as carências de despesa dos moradores da periferia eram extremamente limitadas, mudou de ramo. Três anos mais tarde, fundou uma diminuta barricaria, a qual fechou um pouco depois do seu falecimento, em 1927. Eram os primeiros prenúncios de transformação das ocupações dos habitantes da Boa Vista para demais áreas, além da agricultura e do extrativismo ervateiro.[7]

Fundação da Cerâmica Boa Vista (1920)[editar | editar código-fonte]

Segundo o historiador Eduardo Emílio Fenianos (2000, p 20), da editora UniverCidade, no começo da década de 1920, Jovino do Rosário, que se casou com Maria Geronasso, herdeira única de Ludovico, recebeu como legado uma porção do antigo sítio Boa Vista. Ao contrário de Antônio Geronasso, optou por não se restringir à atividade na agricultura, estabelecendo, nos últimos anos da década de 1920, uma diminuta olaria em parte de seus terrenos, perto do atual Conjunto Cassiopeia. Em consequência da crise econômica de 1929 e da revolução de 1930 no Brasil, a olaria passou a sofrer dificuldades econômicas. Para não encerrar as atividades do empreendimento, Jovino organizou uma sociedade com pessoas que tinham dinheiro e conhecimento na área. No ano de 1931, assumiram como sócios, Jovino do Rosário, Walter Dietrich, Henrique Becker e Theodoro Becker. Desde então, a olaria começou a ser chamada Cerâmica Boa Vista. Os Becker residiam nas duas residências que ficavam perto da olaria, no momento em que os empregados habitavam bairros limítrofes como Vila Tingui e Santa Cândida.[8]

Compra de terreno pelo atual Clube Duque Caxias no Bacacheri (1938)[editar | editar código-fonte]

Conforme o historiador Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 21), na década de 1930, a região naquela época não dispunha de rua alguma. Somente os antigos e demais caminhos recentemente construídos se conectavam com restantes regiões. A década seria marcada pelo progresso relacionado ao descanso, no bairro. Em 1930, ocorria a inauguração da Sociedade Bacacheri, a qual se iniciou no interior da Boa Vista. Até aquele momento, reuniões, festividades e bailes eram realizados no paiol do Sr. Eduardo Geronasso. No ano de 1933, um pedaço de terra do qual Eduardo Geronasso era proprietário, situado no limite da Boa Vista com o Bacacheri, foi adquirido por um segundo clube, o Duque de Caxias, criado em 1890, por um grupo de imigrantes alemães.[9][nota 4] Naquele tempo, a sensação entre as pessoas do sexo feminino constituíam os blocos carnavalescos. Já, os garotos escolhiam se entreter brincando com bola, nascendo desde então a agremiação esportiva mais antiga do bairro, o "Independência Futebol Clube".[10]

Abertura dos serviços públicos e particulares (1940)[editar | editar código-fonte]

Em concordância com o historiador Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 22), nos anos 1940, a Boa Vista recebeu seus primeiros estabelecimentos comerciais e sua primeira instituição de ensino. Até essa época, os habitantes realizavam suas aquisições nos armazéns do Bacacheri ou do Ahú. Em uma residência feita de madeira, em 1947, Nelson Geronasso instalou um armazém de secos e molhados. Mais tarde, em 1957, o núcleo comercial cedeu lugar a edifício de dois andares, em que do outro lado do arrmazém, Nelson tinha um depósito de lenha e carvão. Para a diversão, existia na parte de trás da fazenda uma cancha de bocha. A educação não se desviava da norma. Até os fins da década de 1940, os meninos e as meninas iam regularmente às aulas nas instituições de ensino primário no Bacacheri e do Ahú. Isso mudou no momento da criação, no fim dos anos 1940, da primeira instituição de ensino primário, a escola D. Clotilde, situada no atual terminal de ônibus da Boa Vista. Nessa época, nasceram dois clubes de enorme disputa no bairro: o Boa Vista Futebol Clube e o Bacacheri Atlético Clube. O primeiro teve origem no Independência Futebol Clube. Já o Bacacheri Atlético Clube foi criado em 1948 por habitantes do Bacacheri, Boa Vista e arredores. Embora fosse conhecido por essa denominação, o clube de futebol do Bacacheri sempre possuía suas várias matrizes situadas no interior do bairro da Boa Vista. Foi ainda nessa década que a família Geronasso passou a dividir em lotes uma porção da superfície comprada por Ludovico, em 1893.[11]

Abertura das primeiras ruas (1950)[editar | editar código-fonte]

Em concordância com o historiador Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 23), da editora UniverCidade, as mais importantes ruas do bairro passaram a ser construídas. Dentre elas encontrava-se a atual avenida Paraná, construída em 1952.[nota 5] Em 1954, eram construídas a Avenida Nossa Senhora de Nazaré e a Rua Holanda, e, em 1959, a rua Ludovico Geronasso. Com esta infraestrutura nasceram outros estabelecimentos, como o de Acir Marty, neto de Jovino do Rosário, que colocou em funcionamento um exíguo armazém em que atualmente se situa o Supermercado Gasparin. Na segunda metade da década de 1950 o casal Mário e Alzira Gasparin, os criadores de um dos primeiros estabelecimentos do bairro, adquiriram esse armazém. Abastecidos de infraestrutura comercial, os habitantes passaram a possuir uma igreja e uma instituição de ensino secundário. Em 1955, a paróquia de Santo Antônio da Boa Vista foi criada por D. Manoel da Silveira D'Elboux, arcebispo de Curitiba. Em 1957, em duas residências feitas de madeira, uma instituição de ensino secundário, denominada Colégio Nossa Senhora do Rosário, hoje situado no Bacacheri, foi aberta por um grupo de irmãs dominicanas.[12]

Fundação do Grupo Escolar Ermelino de Leão (1960)[editar | editar código-fonte]

Em conformidade com o historiador Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 24), da editora UniverCidade, apesar do processo de divisão em lotes, experimentado pelo bairro nas décadas de 1940, 1950 e 1960, seu panorama nessa época apresentava enormes dimensões de pradaria, exceto as adjacências das escassas ruas na época existentes. Naquele tempo, eram escassos os estabelecimentos comerciais no bairro e os habitantes permaneciam subordinados ao Bacacheri e ao Ahú. O transporte ainda não satisfazia às carências de todos os habitantes. Só nessa década, aqueles que viviam próximo à Av. Nossa Senhora de Nazaré começaram a dispor de serviço de transporte. Em 1963, o Grupo Escolar da 4.ª Classe do Bairro Boa Vista, fundado em 1959, com a unificação das escolas isoladas Vila Zilda e Vila Leonor, tornava-se o Grupo Escolar Ermelino de Leão. Além de uma nova denominação, o grupo recebeu no mesmo ano um edifício com seis salas de aulas.[13]

Fundação do Centro Comercial Boa Vista (1973)[editar | editar código-fonte]

Conforme o historiador Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 25), em 1973, com a função de trazer melhorias ao abastecimento do bairro e da região, um centro de produtos hortigranjeiros no bairro era inaugurado pela prefeitura de Curitiba. Situado entre a Avenida Paraná e a rua Jovino do Rosário, o Centro Comercial Boa Vista, como era denominado, foi erguido em duas alas, possuindo ao centro uma praça de estacionamento, que também era usado como ponto de feira-livre aos domingos. Nesse mesmo ano, em uma pequena área, situada na rua Vicente Ciccarino, entre as ruas Estados Unidos e Holanda, ocorria a inauguração do Bosque Boa Vista. Um ano depois, em 1974, no momento em que os ônibus Expresso chegaram a andar pela cidade, o Centro Comercial Boa Vista passaria por restaurações para ali também funcionar o Terminal Boa Vista. Em 1979, o bairro recebia mais uma instituição educacional, com a instalação do Colégio Estadual Papa João Paulo I, que servia, desde o início, aos discentes do 1.º grau.[14]

Construção dos primeiros conjuntos habitacionais (1984)[editar | editar código-fonte]

Segundo o historiador e urbenauta Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 26), da editora UniverCidade, nos anos 1980, com a edificação de diversos conjuntos residenciais, a população da Boa Vista cresceu bastante. O mais antigo deles fora o Conjunto Andrômeda. Em 1982, eram erguidos o Conjunto Abaeté e o Fernando de Noronha. No total, na década, o Boa Vista recebeu doze conjuntos residenciais que conduziram a população do bairro a ultrapassar de 20 741 moradores, em 1980, a 29 642 residentes no começo da década de 1990. A nova infraestrutura populacional mudou também o setor terciário da Boa Vista, que começou a dispor com a uma quantidade maior de estabelecimentos comerciais e de prestadores de serviços. Em 1984, um acidente abalou a região. Um dia antes da 1.ª Revoada Nacional de Velhas Águias, o Cessna 172 acabou caindo no rio Bacacheri, causando a morte do piloto e do co-piloto que começavam a se preparar para fazer parte da revoada.[15]

Inauguração da Rua da Cidadania (1997)[editar | editar código-fonte]

Em concordância com o historiador e urbenauta Eduardo Emílio Fenianos (2000, p. 27), da editora UniverCidade, os investimentos realizados em infraestrutura no decorrer das décadas mudaram o tradicional sítio "Boa Vista". Um panorama de residências, edifícios e conjuntos residenciais havia sido erguido pelo processo de urbanização. Em 1994, o bairro e as regiões adjacentes já contavam com um posto de saúde e com uma unidade de saúde 24 horas. Os armazéns de secos e molhados cediam lugar a enormes supermercados. Em 1995, o hipermercado Mercadorama levava o sufixo Boa Vista em sua denominação, embora esteja situado no bairro do Bacacheri. Em 1997, ocorria a inauguração, na região do bairro do Bacacheri, a Rua da Cidadania da Boa Vista. Eram também as consequências positivas da situação geográfica e do território do tradicional "Sítio Boa Vista", que, enquanto fora adquirido por Ludovico Geronasso em 1893, compreendia uma porção do atual Bacacheri. Era a eficácia de uma “lembrança” que nem mesmo o decreto 774 de 1975, que criou a atual subdivisão de bairros de Curiiba, chegou a apagar.[16]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. 1 alqueire é igual a 24 200 m².
  2. Naquele momento, Curitiba não se dividia em bairros, e sim em quarteirões. Havia 27 quarteirões em Curitiba.
  3. Mata burro é uma ponte feita de traves espaçosas, reservada para impedir o tráfego de animais.
  4. No momento, o Clube Duque de Caxias denominava-se Sociedade de Ginástica Teuto-Brasileira de Curitiba.
  5. Avenida Paraná: a rua começou a ser chamada Paraná somente após ser duplicada, em 1965. No momento da construção, era considerada uma continuação da Avenida João Gualberto.

Referências

  1. «HISTÓRICO DOS BAIRROS DE CURITIBA» (PDF). curitibaemdados.ippuc.org.br. Consultado em 6 de setembro de 2015. Cópia arquivada (PDF) em 12 de setembro de 2021 
  2. «NOSSO BAIRRO/BOA VISTA» (PDF). www.ippuc.org.br. Consultado em 27 de outubro de 2016. Cópia arquivada (PDF) em 24 de dezembro de 2018 
  3. Fenianos 2000, p. 15.
  4. a b Fenianos 2000, p. 16.
  5. Fenianos 2000, p. 17.
  6. Fenianos 2000, p. 18.
  7. Fenianos 2000, p. 19.
  8. Fenianos 2000, p. 20.
  9. «História». Clube Duque. Consultado em 12 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 22 de janeiro de 2021 
  10. Fenianos 2000, p. 21.
  11. Fenianos 2000, p. 22.
  12. Fenianos 2000, p. 23.
  13. Fenianos 2000, p. 24.
  14. Fenianos 2000, p. 25.
  15. Fenianos 2000, p. 26.
  16. Fenianos 2000, p. 27.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fenianos, Eduardo Emílio (2000). Boa Vista: viagens, paisagens e miragens. Curitiba: UniverCidade 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]