Volume morto

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Volume morto, também chamado de reserva técnica de água, é o nome que se dá à reserva de água mais profunda das represas, que fica abaixo dos canos de captação que normalmente são usados para retirar água da barragem para seu uso. Ou seja, é o que fica abaixo da captação por gravidade (sem o uso de bombas).[1][2]

Essa chamada "reserva técnica" recebeu esse nome porque, teoricamente, não deveria ser usada. Especialistas, inclusive, afirmam que essa água é de má qualidade porque acumula sujeira e substâncias tóxicas.[3] A explicação para isso é que, por se tratar de uma área mais funda, abaixo do nível de captação, o volume morto serve de zona de sedimentação dos micropoluentes no ambiente aquático e, também, de alguns metais pesados, já que o escoamento da água dentro do reservatório de uma barragem tem velocidades muito mais baixas do que o escoamento em um trecho de rio. Com velocidades baixas, a maioria das partículas dissolvidas na água vão ter tempo de afundar e acumular no fundo. Como o volume morto é criado para não ser usado, acaba que nele se acumulam anos de sedimentos que deterioram a qualidade da água nessa faixa do reservatório.[2] Por isso, quando a água contida no volume morto é remexida, pode impactar não só a qualidade da água, mas a vida dos seres daquele ecossistema. Desta forma, quando usada, a água do volume morto deve ser tratada antes de chegar às torneiras. Apesar disso, o volume morto é mantido por uma série de razões técnicas, que passam pela manutenção da vida aquática até garantir um volume mínimo para que possa ser bombeado.[2]

O volume morto é uma reserva técnica e não deveria ser explorado. Ele é uma margem de segurança para deixar o reservatório equilibrado, sob o ponto de vista da diluição de poluentes e da recomposição do ecossistema."[4] Volume morto é prefácio de clima cada vez mais extremo, diz ambientalista. Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, em entrevista à Folha de S.Paulo

Em 2015, essa palavra acabou entrando em voga, uma vez que o Sistema Cantareira (que abastece a Grande São Paulo) passou 535 dias utilizando águas do volume morto.[5] Por isso, volume morto acabou virando uma expressão popular, como quando o ex-presidente Lula criticou o governo Dilma Rousseff, dizendo "Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto."[6][7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Saiba mais sobre o volume morto - 08/01/2015 - Cotidiano». Folha de S.Paulo. Consultado em 24 de março de 2021 
  2. a b c «O que é "volume morto" ?». AquaFluxus | Consultoria Ambiental em Recursos Hídricos. 17 de março de 2015. Consultado em 24 de março de 2021 
  3. Paulo, Do G1 São (15 de maio de 2014). «Entenda o que é o volume morto do Sistema Cantareira». São Paulo. Consultado em 24 de março de 2021 
  4. «Volume morto é prefácio de clima cada vez mais extremo, diz ambientalista». Folha de S. Paulo. 17 de dezembro de 2015. Consultado em 24 de março de 2021 
  5. «Cantareira sai do volume morto após 535 dias e ganha fôlego para 2016 - 30/12/2015 - Cotidiano - Folha de S.Paulo». m.folha.uol.com.br. Consultado em 24 de março de 2021 
  6. Redação, Da (20 de junho de 2015). «Ex-presidente Lula faz críticas e diz que Dilma está no "volume morto", afirma jornal». Jornal Correio. Consultado em 24 de março de 2021 
  7. «"Volume morto" de Dilma é herança de erros do primeiro mandato | Blog do Kennedy». Consultado em 24 de março de 2021