Władysław Moes

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Władysław Gerard Jan Nepomuk Marya Moes (17 de novembro de 190017 de dezembro de 1986) foi um nobre polonês e sobre o qual diz-se que foi a inspiração para o personagem de Tadzio da novela Morte em Veneza, de Thomas Mann.

Władysław Moes nasceu no Palácio Moes, perto de Wierbka, no sul da Polônia. Ele era o segundo dos seis filhos de Aleksander Juliusz Moes (1856-1928), um grande proprietário de terras, industrial e filantropo, e de sua esposa, a condessa Janina Miączyńska (1869-1946). Ele também era neto de Christian August Moes (1810-1872), um importante industrial polonês de origens holandesas.[1]

Em Maio de 1911, a conselho dos médicos, ele passou férias de primavera no Lido, em Veneza, no Grand Hotel des Bains. Lá, ele chamou a atenção do escritor alemão Thomas Mann, que o usou como inspiração para Tadzio – um personagem de sua novela Morte em Veneza, publicada em 1912.[2]

Katia Mann afirmou que a ideia de seu marido para a história surgiu durante as férias no Grand Hotel des Bains, em 1911:

Todos os detalhes da história vieram com a experiência. Na sala de jantar, no nosso primeiro dia, vimos a família polonesa, que se parecia exatamente com a forma com a qual o meu marido os descreveu: as garotas estavam vestidas bastante rígida e severamente, e o garoto muito charmoso e belo, de uns 13 anos, estava vestido com uma roupa de marinheiro com um colarinho aberto e um laço muito bonito. Ele chamou a atenção do meu marido imediatamente. O menino era tremendamente atraente, e o meu marido sempre ficava o observando com seus amigos na praia. Ele não o perseguiu por toda Veneza - isso ele não fez - mas o garoto realmente o fascinou, ele frequentemente pensava nele...[3]

Ele teve aulas com professores particulares e, mais tarde, estudou no Ginásio de Stanislaus Kostka, em Varsóvia. Em 1920 Moes foi um voluntário ulano na Guerra polaco-Soviética. Mais tarde, ele administrou um latifúndio e uma fazenda de cavalos em Udorz herdados de seu pai, que morreu em 1928. Em 1935, casou-se com uma nobre - Anna Belina-Brzozowska (1911-1978), e teve dois filhos, Alexander (1936 - 1955) e Maria (nascido em 1946). Ele também era tio do ator polonês de cinema e televisão Jerzy Moes.[2]

Em 1939, após a invasão alemã da Polônia, Moes foi feito prisioneiro e enviado para Oflag, onde ele passou quase seis anos. Com o estabelecimento do regime comunista na Polônia, em 1945, ele foi privado de sua propriedade. Ele foi forçado a ganhar a sua vida, principalmente, como um tradutor, e trabalhou na Embaixada Iraniana em Varsóvia.[2]

Em agosto de 1965 Moes deu uma entrevista para Andrzej Dołegowski, o tradutor polonês das obras de Mann, que foi publicada na revista alemã Twen, revelando que ele tinha sido a inspiração de Tadzio para o escritor, em Morte em Veneza:

Eu sou aquele garoto! Sim, apesar de que em Veneza eu era chamado Adzio ou às vezes Wladzio... Mas na história sou chamado de Tadzio... é assim que o Mestre entendeu... Na história eu achei tudo descrito com exatidão, até as minhas roupas, o meu comportamento - bom ou mau - e as brincadeiras rudes que eu tinha com o meu amigo na areia.[4]
Eu era considerado uma criança muito bonita e as mulheres me admiravam e beijavam quando eu andava na calçada. Algumas me desenhavam e pintavam. Mas nas minhas memórias tudo isso me parecia insignificante. Eu tinha aquelas negligentes maneiras infantis que as crianças mimadas mostram. Em Morte em Veneza esse enredo é muito melhor narrado do que eu jamais poderia fazer. O escritor deve ter ficado altamente impressionado pelas minhas roupas pouco convencionais e as descreveu sem perder um detalhe: o traje listrado e uma gravata vermelha, assim como a jaqueta azul com botões dourados, minha favorita.[5]

Durante os últimos anos de sua vida, Moes, muitas vezes, ficou com sua filha Maria, na França. Ele morreu em Varsóvia, e foi sepultado no cemitério de Pilica, no túmulo da família Moes.[6]

Referências

  1. [1]
  2. a b c Gilbert Adair, The Real Tadzio (Short Books, 2001)
  3. Katia Mann, Unwritten Memories (1974)
  4. Donald Mitchel and Richard Wagner (editores), Benjamin Britten: Death in Venice (Cambridge University Press, 1987), p. 184
  5. Peter De Mendelssohn, Das Leben des Deutsches Schriftstellers - Thomas Mann, 2 (S. Fischer, 1996), p. 1426
  6. [2]