Xávega

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Pesca artesanal com bois, Pastel de Óleo, de Henrique Matos, 1995
Pesca com saco de rede de forma cónica (xalavar) para recolher a pescaria na Praia da Saúde, Costa da Caparica, perto de Lisboa

A xávega [1][2] é uma pesca artesanal feita com rede de cerco e o seu equipamento é composto dum longo cabo com flutuadores, tendo na sua metade de comprimento um saco de rede em forma cónica (xalavar). Antigamente a recolha era feita com a ajuda de juntas de bois e força braçal, atualmente por tração mecânica, dois tratores.

O xalavar [3] é colocado no mar, longe da costa por uma embarcação, que vai desenrolando a metade do cabo, ficando uma das pontas do mesmo amarrada a um dos dois tratores intervenientes. Os pescadores efetuam o cerco aos cardumes de peixe em alto mar e retornam à praia desenrolando a outra metade do cabo para a sua extremidade ser enrolada ao segundo trator.

A xávega termina com a chegada a terra e abertura do xalavar (saco de rede de forma cónica) que contém a pescaria.

Este tipo de pesca era praticado em várias praias ao longo da costa portuguesa, persistindo em algumas, como a Nazaré, Praia da Torreira, Praia da Vagueira, Praia de Mira, Praia da Tocha (Palheiros da Tocha), Praia da Vieira, Praia do Pedrógão, Praia da Saúde e da Fonte da Telha na Costa da Caparica. A recolha do xalavar por tração animal e força braçal, termina aproximadamente na década de 70 na Costa da Caparica. Atualmente em Portugal a xávega é efetuada por meios mecânicos.

A palavra xávega provém do étimo árabe xábaka, que significa rede. A denominação xávega era usada pelos pescadores do sul de Portugal. No litoral centro e norte praticava-se um tipo de pesca idêntico mas com muitas diferenças, ou seja: os barcos, diferentes na forma (crescente de lua) e no tamanho, também de fundo chato e com as suas proas bastante mais elevadas para melhor suportarem o ímpeto das ondas, tinham uma capacidade de carga muitíssimo maior do que os barcos do sul.

Inicialmente, o termo xávega era usado só pelos pescadores do sul, nomeadamente os da costa algarvia e tanto dava para definir a rede como o próprio barco. No litoral centro e norte, o termo por que se denominava este tipo de pesca era simplesmente "as artes" ou "as campanhas das artes". Por uma questão de legislação e porque as leis quando são feitas são para todo o país, começou-se a chamar (erradamente) xávega a todo o tipo de pesca envolvendo o arrasto em que as redes são puxadas para terra.

A pesca por arte envolvente-arrastante, onde se inclui a pesca com Arte-Xávega é regulamentada pela Portaria 1102-F/2000, de 22 de Novembro, alterada pela Portaria 244/2005, de 8 de Março.

A Xávega é definida pelas artes que a caracterizam (redes, barcos, etc.) e não pelo método de tracção utilizado na alagem, que inicialmente era feita por juntas de bois, passando depois a ser feita por força braçal com o auxílio de aladores e tratores.

A Arte Xávega é uma tradição que, de ano para ano, se vai perdendo em algumas praias no país, de que é exemplo a Nazaré onde se fazem recriações destinadas aos turistas.

Referências

  1. Arte Xávega em Portugal (Maria João Marques) Xávega
  2. "xávega" (árabe xábaka, rede) in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa Xávega (consultado em 22-12-2013)
  3. "xalavar" (saco de rede de forma cónica para transportar peixe) in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa Xalavar (consultado em 22-12-2013)

Ligações externas

  • ÀS VEZES CUSTA, de Ricardo Costa - a arte da xávega na Nazaré (1976), série Mar Limiar (RTP). Ver filme inserindo no motor de busca a frase Youtube ÀS VEZES CUSTA filme.
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