Xávega
A xávega [1][2] é uma pesca artesanal feita com rede de cerco e o seu equipamento é composto dum longo cabo com flutuadores, tendo na sua metade de comprimento um saco de rede em forma cónica (xalavar). Antigamente a recolha era feita com a ajuda de juntas de bois e força braçal, atualmente por tração mecânica, dois tratores.
O xalavar [3] é colocado no mar, longe da costa por uma embarcação, que vai desenrolando a metade do cabo, ficando uma das pontas do mesmo amarrada a um dos dois tratores intervenientes. Os pescadores efetuam o cerco aos cardumes de peixe em alto mar e retornam à praia desenrolando a outra metade do cabo para a sua extremidade ser enrolada ao segundo trator.
A xávega termina com a chegada a terra e abertura do xalavar (saco de rede de forma cónica) que contém a pescaria.
Este tipo de pesca era praticado em várias praias ao longo da costa portuguesa, persistindo em algumas, como a Nazaré, Praia da Torreira, Praia da Vagueira, Praia de Mira, Praia da Tocha (Palheiros da Tocha), Praia da Vieira, Praia do Pedrógão, Praia da Saúde e da Fonte da Telha na Costa da Caparica. A recolha do xalavar por tração animal e força braçal, termina aproximadamente na década de 70 na Costa da Caparica. Atualmente em Portugal a xávega é efetuada por meios mecânicos.
A palavra xávega provém do étimo árabe xábaka, que significa rede. A denominação xávega era usada pelos pescadores do sul de Portugal. No litoral centro e norte praticava-se um tipo de pesca idêntico mas com muitas diferenças, ou seja: os barcos, diferentes na forma (crescente de lua) e no tamanho, também de fundo chato e com as suas proas bastante mais elevadas para melhor suportarem o ímpeto das ondas, tinham uma capacidade de carga muitíssimo maior do que os barcos do sul.
Inicialmente, o termo xávega era usado só pelos pescadores do sul, nomeadamente os da costa algarvia e tanto dava para definir a rede como o próprio barco. No litoral centro e norte, o termo por que se denominava este tipo de pesca era simplesmente "as artes" ou "as campanhas das artes". Por uma questão de legislação e porque as leis quando são feitas são para todo o país, começou-se a chamar (erradamente) xávega a todo o tipo de pesca envolvendo o arrasto em que as redes são puxadas para terra.
A pesca por arte envolvente-arrastante, onde se inclui a pesca com Arte-Xávega é regulamentada pela Portaria 1102-F/2000, de 22 de Novembro, alterada pela Portaria 244/2005, de 8 de Março.
A Xávega é definida pelas artes que a caracterizam (redes, barcos, etc.) e não pelo método de tracção utilizado na alagem, que inicialmente era feita por juntas de bois, passando depois a ser feita por força braçal com o auxílio de aladores e tratores.
A Arte Xávega é uma tradição que, de ano para ano, se vai perdendo em algumas praias no país, de que é exemplo a Nazaré onde se fazem recriações destinadas aos turistas.
Referências
- ↑ Arte Xávega em Portugal (Maria João Marques) Xávega
- ↑ "xávega" (árabe xábaka, rede) in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa Xávega (consultado em 22-12-2013)
- ↑ "xalavar" (saco de rede de forma cónica para transportar peixe) in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa Xalavar (consultado em 22-12-2013)
Ligações externas
- ÀS VEZES CUSTA, de Ricardo Costa - a arte da xávega na Nazaré (1976), série Mar Limiar (RTP). Ver filme inserindo no motor de busca a frase Youtube ÀS VEZES CUSTA filme.