Pátina

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A Estátua da Liberdade deve sua cor verde característica à pátina chamada de vert-de-gris

Pátina é um composto químico que se forma na superfície de um metal. Ela se forma naturalmente, pela exposição aos elementos e ao clima, ou artificialmente, com a adição de produtos químicos por artistas ou metalúrgicos.[1]Graças a grande difusão de técnicas de artesanato que se autodenominam pátinas, tomamos qualquer envelhecimento em artesanato como sendo pátina sem o ser.

A pátina verdadeira se restringe às superfícies metálicas expostas e pode se soltar ou não da superfície, dependendo das propriedades dos materiais. Um dos motivos do alto apreço ao bronze, na confecção de esculturas, é que sua pátina não se solta, servindo como camada protetora. O mesmo se dá com o uso de alumínio em esquadrias para construção civil. Um bom exemplo de pátina é a superfície esverdeada chamada de azinhavre que se forma na oxidação do cobre, puro ou em misturas, como no bronze, pela ação de nitratos e acetona. O exemplo contrário é o do ferro comum, que em contato com o clima forma um óxido (ferrugem) que se solta, expondo novamente o metal à corrosão. Por isso, suas superfícies devem ser protegidas com tintas ou vernizes anticorrosivos. A aplicação de produtos que transformam o ferro em aço inoxidável pode ser considerada, com alguma liberdade, um processo de patinação, formando uma superfície resistente ao tempo.[2]

Uma vasta gama de materiais podem, pela escolha do artesão, ser aplicados sobre a superfície dos metais, criando efeitos de cor, textura ou brilho. Como agem basicamente por corrosão do metal, devem ser aplicados por especialistas para atingirem o efeito desejado. Existe uma grande gama de cores de pátinas, que vão desde o preto fosco, até o azul brilhante, passando por diversos tons de verde, amarelo,vermelho e castanho, que variam de acordo com a composição das soluções de patinação e da composição do metal a ser patinado. Em alguns casos, pode se aplicar cera ou verniz sobre a superfície para melhor conservação da peça. As peças expostas à ação do tempo, geralmente tendem à assumir colorações esverdeadas ou azuis, sofrendo influencia direta das características climáticas de cada região. Em peças que ficam abrigadas de intempéries, é usual os tons de preto, marrom e castanho encerados.

No jargão dos antiquários e comerciantes de arte, pátina também se refere a tudo que acontece com o objeto, como um risco no tampo de uma mesa, o craquelado numa cerâmica, a perda de umidade numa pintura. Todos esses efeitos do tempo se juntam à intenção do artesão para criar uma verdadeira antiguidade.[3]

A pátina hoje é também um recurso muito utilizado na decoração moderna, principalmente na madeira, onde se é aplicada composições em tinta e outras substâncias para dar um efeito envelhecido à superfície. É, inclusive, uma tendência no design de interiores, já que o “vintage” está em alta.[4]

Nos anos 90, muitas estruturas e residências cariocas aderiram à técnica nas superfícies de paredes externas e internas, se diz que nessa década a pátina artificial e moderna viveu seu auge, para depois ser taxada de cafona. Porém, 20 anos depois, a técnica volta repaginada e com grande força no mercado para itens de decoração e para designer de interiores.

A técnica foi desenvolvida a fundo nos anos 90, onde muitos decoradores, artistas e artesãos a aprenderam, hoje reinventando-a para integrar ao moderno o estilo provençal da pátina. Tal estilo também remete ao tempo colonial, quando muitas fazendas em suas estruturas e móveis aplicavam várias camadas de tinta na superfície da madeira, técnica chamada de policromia. O tempo então mesclava as camadas, as mais externas, já danificadas e desgastadas pelo uso e pela ação do tempo, fazendo com que a tinta base e camadas inferiores se tornassem visíveis.

O mesmo efeito hoje é criado artificialmente, com a mesma aplicação de duas camadas de tintas de cores diferentes, geralmente com tons caracteristicamente pastel e tintas foscas ou sem brilho. Se usa uma base tipicamente branca, e outra geralmente bege como pátina. Lixa-se então última camada para reproduzir artificialmente os efeitos do tempo, uso e danos diários. O decorador Edgard Octávio na Mostra Artefacto de 2013 na CasaShopping, localizada na cidade do Rio de Janeiro, afirmou que acredita que o estilo aplicado hoje remete à elegância clássica pela aplicação da técnica da pátina provençal. Na Ásia, atualmente a pátina se tornou uma forma de dar individualidade e exclusividade a itens produzidos em série, enquanto, mais especificamente em Bali, é ao mesmo tempo é uma forma de esconder imperfeições da madeira. [5]

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Referências

  1. Israel Kislansky (2012). Fundição artística:Metalurgia. [S.l.]: SENAI-SP. 315 páginas. ISBN 978-8565418-12-6 
  2. David A. Scott (2002). Copper and Bronze in Art: Corrosion, Colorants, Conservation. [S.l.]: Getty. ISBN 0.89236.638.9 
  3. Cesare Brandi (2004). Teoria da Restauração. [S.l.]: Ateliê Editorial. 153 páginas. ISBN 85.7480.225.5 
  4. «O que é pátina». "Colégio de Arquitetônicos". 13 de fevereiro de 2009. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  5. «Pátina volta repaginada e colorida». O Globo. 7 de abril de 2013