Substâncias húmicas: diferenças entre revisões

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As substâncias húmicas representam uma mistura complexa, dispersa e heterogênia<ref name=":0">{{citar livro|nome = E. M.|sobrenome = Thurman|título = Organic Geochemistry of Natural Waters|ano = 1985|isbn = 978-94-010-8752-0|doi = 10.1007/978-94-009-5095-5|editora = Springer Netherlands|capítulo = Aquatic Humic Substances}}</ref> de vários compostos orgânicos sintetizados a partir de restos de matéria orgânica decomposta por microorganismos.<ref name=":1">{{citar livro|nome = Bernard P.|sobrenome = Tissot|título = Petroleum Formation and Occurrence|ano = 1984|isbn = 0-387-13281-3|nome2 = Dietrich H.|sobrenome2 = Welte|edição = 2|editora = Springer-Verlag}}</ref> Portanto, existem em uma grande variedade de estrutura e composição.<ref name=":2">{{citar livro|nome = Susan M.|sobrenome = Libes|título = Introduction to Marine Biogeochemistry|ano = 2009|isbn = 978-0-12-088530-5|edição = 2|editora = Elsevier}}</ref>
{{Sem-fontes|data=Janeiro de 2009}}{{revisão}}
As '''substâncias húmicas''' se apresentam, no [[solo]], como a fração orgânica mais estabilizada e, como consequência desta estabilidade, vêm constituir a reserva orgânica do [[solo]].


Os biomonômeros (açucares como a glicose, aminoácidos, entre outros) resíduos de metabolismo de microorganismos unem-se quimicamente formando tais compostos,<ref name=":2" /> que não sofrem hidrólise<ref name=":1" /> e são mais resistentes à degradação.<ref name=":2" /> Por esse motivo substâncias húmicas se acumulam em solos, corpos aquáticos e nos depósitos fósseis de carvão mineral e hulha. Estima-se que estes sejam a maior fração dos compostos orgânicos naturais nestes compartimentos.<ref name=":3">{{Citar web|título = IHSS - What are Humic Substances?|URL = http://www.humicsubstances.org/whatarehs.html|obra = www.humicsubstances.org|acessadoem = 2016-01-16}}</ref> Em solos, compôem o humus, notadamente conhecido por aumentar a fertilidade.<ref name=":4">{{citar livro|nome = Selman A.|sobrenome = Waksman|título = Humus|ano = 1936|subtítulo = Origin, chemical composition and importance in nature|editora = The Williams & Wilkins Company}}</ref> Também são responsáveis por aumentar a produção biológica em corpos d'água.<ref name=":3" />
== Composição ==


Ao processo de síntese das substâncias húmicas dá-se o nome de humificação.<ref name=":4" />
Sua composição é extremamente variada. Todavia, em todas elas, a característica principal é que o componente estrutural básico é o núcleo dado pelo [[anel benzênico]].


As substâncias húmicas ao serem soterradas ao longo de camadas sedimentares podem ser consumidas por microorganismos ou sofrer alterações e transformar-se em querogênio, material orgânico insolúvel precursor do petróleo, gás e carvão. <ref name=":1" />
A grande variação no grau de [[polimerização]] e no número de cadeias laterais e radicais que podem ser encontrados nas substâncias húmicas faz com que não existam duas [[molécula]]s húmicas idênticas.


Apresentam coloração amarelada a marrom dependendo de seu tipo, concentração e estágio de degradação da matéria orgãnica. <ref name=":4" />
== Origem ==


O termo foi cunhado por cientistas do solo na decada de 30, bem como suas subdivisões operacionais: ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e humina. A soma de ácidos fúlvicos e húmicos é citada por alguns autores como compostos húmicos.<ref name=":1" />
Sua origem está ligada à atividade de [[enzima]]s e [[microrganismo]]s do [[solo]] sobre o [[material orgânico]] incorporado, cuja principal fonte é constituída pelos resíduos [[vegetais]]. Essas substâncias, no [[solo]], podem ser adsorvidas pelos [[colóides]] [[argilosos]], formando complexos argilo-húmicos, ou reagir com o íon Ca<sup>2+</sup> e, nestas condições, ficam mais resistentes à [[biodegradação]].


== Tipos e técnicas de separação ==
Por outro lado, há casos em que a duração da fração húmica do [[solo]] é muito curta, como o que se observa em [[solos tropicais]], quando os mesmos apresentam baixo teor de [[argila]].

Os teores da fração húmica também podem ser reduzidos no [[solo]] devido às práticas agrícolas que comumente favorecem não só a cultura, mas, também, estimula maior atividade microbiana e enzimática no [[solo]].
=== Em solos e sedimentos sub-aquosos ===

As subdivisões baseam-se em técnincas de separação dessas substâncias. É adicionada à amostra uma mistura de Hidróxido de Sódio (0,1 N) e pirofosfato de sódio (1%). O resíduo desta fase é a humina. Posteriomente, é utilizado um ácido forte que precipita os ácidos húmicos enquanto que os ácidos fúlvicos permanecem em solução. <ref name=":1" /> Dessa forma:
* Ácidos fúlvicos: fração solúvel em ácido (pH < 2)
* Ácidos húmicos: insolúveis em ácido (pH < 2)
* Humina: insolúvel em base (NaOH)

=== Na coluna d'água ===

A técnica acima é utilizada em solos e por vezes em sedimento sub-aquático. No entanto, para a extração de compostos húmicos dissovolvidos em água atualmente é necessaria um etapa anterior: retirar os compostos húmicos (ácidos fúlvicos e ácidos húmicos) do meio aquoso utilizando-se de uma resina. Os compostos húmicos ficam adsorvidos nessa resina, e, posteriormente, são lavados com solução alcalina. Dessa forma, cria-se uma outra definição operacional para compostos húmicos: são aqueles que ficam adsorvidos adsorvidas em resinas não-iômicas com macroporos ou procedimento equivalente. <ref name=":0" />

Compostos húmicos podem ser estudados indiretamente como componentes de matéria orgãnica dissolvida cromofórica ou matéria orgânica refratária.

== Composição, síntese e estrutura ==

As substãncias húmicas variam de peso molecular de 500 a 5000. São compostos por aproximadamente 50% de carbono, 4 a 5% de hidrogênio, 35-40% de oxigẽnio, 1-2% de enxofre e fósforo, dentre outros elementos químicos como os metais cobre, mercúrio e urânio (T W, Libes). Os principais grupos funcionais encontrados são os ácidos carboxílicos, hidroxila fenólica, carbonila e hidroxila.<ref name=":0" />

É comum a ocorrência dentro das substâncias de compostos pobres nutricionalmente como alguns derivados de plantas, de de parede celular e membrana de microorganismos. Exemplos são derivados de ligninas, de vegetais terrígenos, e a celulose.<ref name=":2" /> Também são encontrados nesses compostos fragmentos de polissacarídios, melanina, proteínas, lipídos, ácidos nucleicos, entre outros.<ref name=":3" />

Compostos livres e hidrolizáveis são rapidamente consumidos por microorganismos. O resíduo desses compostos que não é diretamente utilizado por microorganismos para a obtenção de energia ou estruturação é incorporado em substâncias húmicas. Hidrocarbonetos não são afetados durante esse processo pois não possuem grupos funcionais para realizar reações de polerimização, embora possam ser encontrados adsorvidos ou unidos por ligação fraca de hidrogênio às substâncias húmicas.<ref name=":1" />

Existe uma tendência de ácidos fúlvicos tornarem-se ácidos húmicos, e, eventualmente, humina, à medida que vão perdendo seus grupos funcionais. Este é o processo mais significativo para a formação de humina na maioria dos ambientes nos quais ácidos fúlvicos e húmicos estão presentes.<ref name=":1" /> Em geral, quanto mais degradação uma molécula de substância húmica sofre, mais ligações cruzadas, aromaticidade, ciclização, esferificação de depleção de nitrogênio. <ref name=":2" />

No geral, compostos húmicos possuem uma “dorsal” ou núcleo formado por uma unidade de alquila ou benzeno. Oxigênio e nitrogênio presentes em outras cadeias se ligam a esse núcleo, anexando suas cadeias. Os principais grupos orgânicos à participar nessa reação são os ácidos carboxílicos, as hidroxilas fenólicas, hidroxilas alcoolicas, quetonas e quinonas. As principais reações químicas que fazem parte da humificação são a oxidação, a polerimização e condensação.<ref name=":2" />

== Ambientes ==

=== Solos ===
As '''substâncias húmicas''' se apresentam, no [[solo]], como a fração orgânica mais estabilizada e, como consequência desta estabilidade, vêm constituir a reserva orgânica do [[solo]]. Os ácidos húmicos em solos são gerados sob condições oxidantes.<ref name=":0" /> Sua origem está ligada à atividade de [[enzima]]s e [[microrganismo]]s do [[solo]] sobre o [[material orgânico]] incorporado, cuja principal fonte é constituída pelos resíduos [[vegetais]].

A condensação oxidativa de fenóis é um processo importante para a humificação no solo. A adição de compostos nitrogenados tem por via a polimerização randômica de radicais nitrogenados.<ref name=":1" /> De forma geral, carbono aromático é predominante nas moléculas. Os compostos húmicos de solo possuem um centro aromático bem definido, com cadeias alifáticas ligadas ao centro. A grande quantidade de anéis aromáticos deve-se provavelmente aos restos de lignina, produzida por plantas no continente.<ref name=":2" />

Em comparação com compostos húmicos marinhos, possuem mais acidez total, um fenômeno causado pela aeração. Com o ar penetrando no solo, mais grupos carboxíla são anexados e menos grupos carbonila. Adicionalmente, contem mais cadeias policíclicas e polifenólicas e menos concentração de hidrogênio e nitogênio ainda em comparação, embora grupos funcionais totalizem 50 a 60% dos ácidos fúlvicos.<ref name=":2" />

Essas substâncias, no [[solo]], podem ser adsorvidas pelos [[colóides]] [[argilosos]], formando complexos argilo-húmicos, ou reagir com o íon Ca<sup>2+</sup> e, nestas condições, ficam mais resistentes à [[biodegradação]].

Por outro lado, há casos em que a duração da fração húmica do [[solo]] é muito curta, como o que se observa em [[solos tropicais]], quando os mesmos apresentam baixo teor de [[argila]]. Os teores da fração húmica também podem ser reduzidos no [[solo]] devido às práticas agrícolas que comumente favorecem não só a cultura, mas, também, estimula maior atividade microbiana e enzimática no [[solo]].
=== Ambientes sedimentares sub-aquáticos ===

Em sedimentos superficiais e jovens, substâncias húmicas compõem 75 a 90% da matéria orgânica; lipídios, hidrocarbonetos ocorrem em frações menores, bem como os monômeros gerados pela degradação de proteínas e polissacarídeos, respectivamente, os aminoácidos e monossacarídeos.<ref name=":1" />

Com o aumento da profundidade e a ocorrência dos processos da diagênese recente, muita matéria orgânica é consumida por microorganismos, inclusive substâncias mais resistentes à degradação como hidrocarbonetos, terpenos, esteróis, pigmentos e substâncias húmicas. <ref name=":1" />

Nos primeiros dez metros de profundidade da camada sedimentar, ácidos fúlvicos e húmicos compôem de 10 a 70% de toda a matéria orgânica, com os maiores valores encontrados em lamas de deltas estuarinos. Nesse pacote sedimentar, ocorre o rompimento de ligações peptídicas nos compostos húmicos e a decresção de nitrogênio nos mesmos.<ref name=":1" />

Na escala de centenas de metros de profundidade adentro da camada sedimentar, os teores de oxigênio em compostos húmicos diminui, principalmente pela perda de grupos ácido carboxílico. As reações de perdas de funções hidrofílicas, reações de condensação, dentre outras, acarretam na geração de ácidos húmicos a partir de ácidos fúlvicos e de hunina a partir dos dois ácidos húmicos na escala de milhões de anos. A mudança é visível na medida que os compostos passam a ter uma coloração mais escura. <ref name=":1" />

=== Mares e Oceanos ===

Nos mares e oceanos, substâncias húmicas são a maior parte da matéria orgânica livre natural, seja dissolvida ou particulada. Somente da fração dissolvida, compõem de 40 a 60%.<ref name=":0" /> (Thurman, 85)

As propriedades físico-químicas dos compostos dependem das fontes de matéria orgânica da qual se originam. Ocorre também transporte de compostos húmicos continentais para as regiões costeiras. Em regiões de grande aporte fluvial, materia orgânica continental é a fonte majoritária disponível para a humificação.<ref name=":1" /> Nessas regiões, ácidos fúlvicos e húmicos são abundantes.<ref name=":1" /><ref name=":2" />

Em média, no oceano global, há mais compostos húmicos gerados à partir de matéria orgânica continental alóctone do que de matéria autóctone, provavelmente porque a maior parte da produção biológica marinha ocorre em ambientes costeiros. <ref name=":1" />

Apesar de compostos húmicos apresentarem resistência à degradação, em locais longe de margens continentais ou próximo ao continente antártico, a matéria orgânica livre disponível é quase toda autóctone. <ref name=":1" /> A ausência de acûmulos dessas substãncias em oceano profundo sugere que há mecanismos de quebra dos mesmos, podendo envolver organismos vivos. A degradação fotoquímica pode quebrar essas moléculas em moléculas menores e liberar gases como o monóxido e o dióxido de carbono durante a oxidação.<ref name=":2" />

Material orgânico provindo do continente contém grandes quantidades de restos de lignina e celulose, característicos plantas terrestres (Libes). Matérial autóctone marinho é oriundo principalmente de fitoplâncton. Em oceanos, os compostos húmicos fazem parte do grande grupo dos compostos refratários, nos quais é comum encontrar restos de parede celular e membrana de fitoplâncton.<ref name=":2" />

Compostos húmicos marinhos possuem menos constituíntes fenólicos e aromáticos e do que os compostos dos solos. A razão entre H/C varia de 1 a 1,5, resultado da abundância de cadeias alifáticas e anéis alicíclicos em ácidos húmicos marinhos.<ref name=":1" /><ref name=":2" /> Nitrogênio é mais abundante em compostos húmicos marinhos devido à maior quantidade de organismos marinhos que possuem altos teores de nitrogênio.<ref name=":2" /> Enxofre também é mais abundante em comparação.<ref name=":1" />

Os processos de policondensação ocorrem sob condições aeróbicas e anaeróbicas nos oceanos, <ref name=":1" /> embora em condições anaeróbicas moléculas muito condensadas ocorram menos. Há também nesses casos um acûmulo de grupo carbonila. <ref name=":2" /> As ligações peptídicas ocorrem frequentemente em compostos húmicos marinhos, principalmente em água rasa. Carboidratos e aminoácidos podem reagir rapidamente e produzir um policondensado muito próximo em estrutura à compostos húmicos.<ref name=":1" />


{{Referências}}
{{Referências}}

Revisão das 14h47min de 16 de janeiro de 2016

As substâncias húmicas representam uma mistura complexa, dispersa e heterogênia[1] de vários compostos orgânicos sintetizados a partir de restos de matéria orgânica decomposta por microorganismos.[2] Portanto, existem em uma grande variedade de estrutura e composição.[3]

Os biomonômeros (açucares como a glicose, aminoácidos, entre outros) resíduos de metabolismo de microorganismos unem-se quimicamente formando tais compostos,[3] que não sofrem hidrólise[2] e são mais resistentes à degradação.[3] Por esse motivo substâncias húmicas se acumulam em solos, corpos aquáticos e nos depósitos fósseis de carvão mineral e hulha. Estima-se que estes sejam a maior fração dos compostos orgânicos naturais nestes compartimentos.[4] Em solos, compôem o humus, notadamente conhecido por aumentar a fertilidade.[5] Também são responsáveis por aumentar a produção biológica em corpos d'água.[4]

Ao processo de síntese das substâncias húmicas dá-se o nome de humificação.[5]

As substâncias húmicas ao serem soterradas ao longo de camadas sedimentares podem ser consumidas por microorganismos ou sofrer alterações e transformar-se em querogênio, material orgânico insolúvel precursor do petróleo, gás e carvão. [2]

Apresentam coloração amarelada a marrom dependendo de seu tipo, concentração e estágio de degradação da matéria orgãnica. [5]

O termo foi cunhado por cientistas do solo na decada de 30, bem como suas subdivisões operacionais: ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e humina. A soma de ácidos fúlvicos e húmicos é citada por alguns autores como compostos húmicos.[2]

Tipos e técnicas de separação

Em solos e sedimentos sub-aquosos

As subdivisões baseam-se em técnincas de separação dessas substâncias. É adicionada à amostra uma mistura de Hidróxido de Sódio (0,1 N) e pirofosfato de sódio (1%). O resíduo desta fase é a humina. Posteriomente, é utilizado um ácido forte que precipita os ácidos húmicos enquanto que os ácidos fúlvicos permanecem em solução. [2] Dessa forma:

  • Ácidos fúlvicos: fração solúvel em ácido (pH < 2)
  • Ácidos húmicos: insolúveis em ácido (pH < 2)
  • Humina: insolúvel em base (NaOH)

Na coluna d'água

A técnica acima é utilizada em solos e por vezes em sedimento sub-aquático. No entanto, para a extração de compostos húmicos dissovolvidos em água atualmente é necessaria um etapa anterior: retirar os compostos húmicos (ácidos fúlvicos e ácidos húmicos) do meio aquoso utilizando-se de uma resina. Os compostos húmicos ficam adsorvidos nessa resina, e, posteriormente, são lavados com solução alcalina. Dessa forma, cria-se uma outra definição operacional para compostos húmicos: são aqueles que ficam adsorvidos adsorvidas em resinas não-iômicas com macroporos ou procedimento equivalente. [1]

Compostos húmicos podem ser estudados indiretamente como componentes de matéria orgãnica dissolvida cromofórica ou matéria orgânica refratária.

Composição, síntese e estrutura

As substãncias húmicas variam de peso molecular de 500 a 5000. São compostos por aproximadamente 50% de carbono, 4 a 5% de hidrogênio, 35-40% de oxigẽnio, 1-2% de enxofre e fósforo, dentre outros elementos químicos como os metais cobre, mercúrio e urânio (T W, Libes). Os principais grupos funcionais encontrados são os ácidos carboxílicos, hidroxila fenólica, carbonila e hidroxila.[1]

É comum a ocorrência dentro das substâncias de compostos pobres nutricionalmente como alguns derivados de plantas, de de parede celular e membrana de microorganismos. Exemplos são derivados de ligninas, de vegetais terrígenos, e a celulose.[3] Também são encontrados nesses compostos fragmentos de polissacarídios, melanina, proteínas, lipídos, ácidos nucleicos, entre outros.[4]

Compostos livres e hidrolizáveis são rapidamente consumidos por microorganismos. O resíduo desses compostos que não é diretamente utilizado por microorganismos para a obtenção de energia ou estruturação é incorporado em substâncias húmicas. Hidrocarbonetos não são afetados durante esse processo pois não possuem grupos funcionais para realizar reações de polerimização, embora possam ser encontrados adsorvidos ou unidos por ligação fraca de hidrogênio às substâncias húmicas.[2]

Existe uma tendência de ácidos fúlvicos tornarem-se ácidos húmicos, e, eventualmente, humina, à medida que vão perdendo seus grupos funcionais. Este é o processo mais significativo para a formação de humina na maioria dos ambientes nos quais ácidos fúlvicos e húmicos estão presentes.[2] Em geral, quanto mais degradação uma molécula de substância húmica sofre, mais ligações cruzadas, aromaticidade, ciclização, esferificação de depleção de nitrogênio. [3]

No geral, compostos húmicos possuem uma “dorsal” ou núcleo formado por uma unidade de alquila ou benzeno. Oxigênio e nitrogênio presentes em outras cadeias se ligam a esse núcleo, anexando suas cadeias. Os principais grupos orgânicos à participar nessa reação são os ácidos carboxílicos, as hidroxilas fenólicas, hidroxilas alcoolicas, quetonas e quinonas. As principais reações químicas que fazem parte da humificação são a oxidação, a polerimização e condensação.[3]

Ambientes

Solos

As substâncias húmicas se apresentam, no solo, como a fração orgânica mais estabilizada e, como consequência desta estabilidade, vêm constituir a reserva orgânica do solo. Os ácidos húmicos em solos são gerados sob condições oxidantes.[1] Sua origem está ligada à atividade de enzimas e microrganismos do solo sobre o material orgânico incorporado, cuja principal fonte é constituída pelos resíduos vegetais.

A condensação oxidativa de fenóis é um processo importante para a humificação no solo. A adição de compostos nitrogenados tem por via a polimerização randômica de radicais nitrogenados.[2] De forma geral, carbono aromático é predominante nas moléculas. Os compostos húmicos de solo possuem um centro aromático bem definido, com cadeias alifáticas ligadas ao centro. A grande quantidade de anéis aromáticos deve-se provavelmente aos restos de lignina, produzida por plantas no continente.[3]

Em comparação com compostos húmicos marinhos, possuem mais acidez total, um fenômeno causado pela aeração. Com o ar penetrando no solo, mais grupos carboxíla são anexados e menos grupos carbonila. Adicionalmente, contem mais cadeias policíclicas e polifenólicas e menos concentração de hidrogênio e nitogênio ainda em comparação, embora grupos funcionais totalizem 50 a 60% dos ácidos fúlvicos.[3]

Essas substâncias, no solo, podem ser adsorvidas pelos colóides argilosos, formando complexos argilo-húmicos, ou reagir com o íon Ca2+ e, nestas condições, ficam mais resistentes à biodegradação.

Por outro lado, há casos em que a duração da fração húmica do solo é muito curta, como o que se observa em solos tropicais, quando os mesmos apresentam baixo teor de argila. Os teores da fração húmica também podem ser reduzidos no solo devido às práticas agrícolas que comumente favorecem não só a cultura, mas, também, estimula maior atividade microbiana e enzimática no solo.

Ambientes sedimentares sub-aquáticos

Em sedimentos superficiais e jovens, substâncias húmicas compõem 75 a 90% da matéria orgânica; lipídios, hidrocarbonetos ocorrem em frações menores, bem como os monômeros gerados pela degradação de proteínas e polissacarídeos, respectivamente, os aminoácidos e monossacarídeos.[2]

Com o aumento da profundidade e a ocorrência dos processos da diagênese recente, muita matéria orgânica é consumida por microorganismos, inclusive substâncias mais resistentes à degradação como hidrocarbonetos, terpenos, esteróis, pigmentos e substâncias húmicas. [2]

Nos primeiros dez metros de profundidade da camada sedimentar, ácidos fúlvicos e húmicos compôem de 10 a 70% de toda a matéria orgânica, com os maiores valores encontrados em lamas de deltas estuarinos. Nesse pacote sedimentar, ocorre o rompimento de ligações peptídicas nos compostos húmicos e a decresção de nitrogênio nos mesmos.[2]

Na escala de centenas de metros de profundidade adentro da camada sedimentar, os teores de oxigênio em compostos húmicos diminui, principalmente pela perda de grupos ácido carboxílico. As reações de perdas de funções hidrofílicas, reações de condensação, dentre outras, acarretam na geração de ácidos húmicos a partir de ácidos fúlvicos e de hunina a partir dos dois ácidos húmicos na escala de milhões de anos. A mudança é visível na medida que os compostos passam a ter uma coloração mais escura. [2]

Mares e Oceanos

Nos mares e oceanos, substâncias húmicas são a maior parte da matéria orgânica livre natural, seja dissolvida ou particulada. Somente da fração dissolvida, compõem de 40 a 60%.[1] (Thurman, 85)

As propriedades físico-químicas dos compostos dependem das fontes de matéria orgânica da qual se originam. Ocorre também transporte de compostos húmicos continentais para as regiões costeiras. Em regiões de grande aporte fluvial, materia orgânica continental é a fonte majoritária disponível para a humificação.[2] Nessas regiões, ácidos fúlvicos e húmicos são abundantes.[2][3]

Em média, no oceano global, há mais compostos húmicos gerados à partir de matéria orgânica continental alóctone do que de matéria autóctone, provavelmente porque a maior parte da produção biológica marinha ocorre em ambientes costeiros. [2]

Apesar de compostos húmicos apresentarem resistência à degradação, em locais longe de margens continentais ou próximo ao continente antártico, a matéria orgânica livre disponível é quase toda autóctone. [2] A ausência de acûmulos dessas substãncias em oceano profundo sugere que há mecanismos de quebra dos mesmos, podendo envolver organismos vivos. A degradação fotoquímica pode quebrar essas moléculas em moléculas menores e liberar gases como o monóxido e o dióxido de carbono durante a oxidação.[3]

Material orgânico provindo do continente contém grandes quantidades de restos de lignina e celulose, característicos plantas terrestres (Libes). Matérial autóctone marinho é oriundo principalmente de fitoplâncton. Em oceanos, os compostos húmicos fazem parte do grande grupo dos compostos refratários, nos quais é comum encontrar restos de parede celular e membrana de fitoplâncton.[3]

Compostos húmicos marinhos possuem menos constituíntes fenólicos e aromáticos e do que os compostos dos solos. A razão entre H/C varia de 1 a 1,5, resultado da abundância de cadeias alifáticas e anéis alicíclicos em ácidos húmicos marinhos.[2][3] Nitrogênio é mais abundante em compostos húmicos marinhos devido à maior quantidade de organismos marinhos que possuem altos teores de nitrogênio.[3] Enxofre também é mais abundante em comparação.[2]

Os processos de policondensação ocorrem sob condições aeróbicas e anaeróbicas nos oceanos, [2] embora em condições anaeróbicas moléculas muito condensadas ocorram menos. Há também nesses casos um acûmulo de grupo carbonila. [3] As ligações peptídicas ocorrem frequentemente em compostos húmicos marinhos, principalmente em água rasa. Carboidratos e aminoácidos podem reagir rapidamente e produzir um policondensado muito próximo em estrutura à compostos húmicos.[2]

Referências

  1. a b c d e Thurman, E. M. (1985). «Aquatic Humic Substances». Organic Geochemistry of Natural Waters. [S.l.]: Springer Netherlands. ISBN 978-94-010-8752-0. doi:10.1007/978-94-009-5095-5 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t Tissot, Bernard P.; Welte, Dietrich H. (1984). Petroleum Formation and Occurrence 2 ed. [S.l.]: Springer-Verlag. ISBN 0-387-13281-3 
  3. a b c d e f g h i j k l m n Libes, Susan M. (2009). Introduction to Marine Biogeochemistry 2 ed. [S.l.]: Elsevier. ISBN 978-0-12-088530-5 
  4. a b c «IHSS - What are Humic Substances?». www.humicsubstances.org. Consultado em 16 de janeiro de 2016 
  5. a b c Waksman, Selman A. (1936). Humus. Origin, chemical composition and importance in nature. [S.l.]: The Williams & Wilkins Company 
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