João de Sá Panasco: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:João_de_Sá_Panasco.png|miniaturadaimagem|Detalhe de uma pintura (c. 1570-80) do [[Chafariz de El-Rei]] em [[Lisboa]], mostrando um cavaleiro negro da Ordem de Santiago, tradicionalmente identificado como João de Sá.<ref>{{Citar periódico|titulo=Fernando Baptista Pereira: “Os quadros não são falsos”|jornal=Jornal Expresso|url=http://expresso.sapo.pt/cultura/2017-02-23-Fernando-Baptista-Pereira-Os-quadros-nao-sao-falsos|idioma=pt-PT}}</ref>]]
'''João de Sá''' ([[Floruit|fl]]. 1524-1567), conhecido como '''Panasco''', foi um homem negro africano a serviço do [[João III de Portugal|Rei João III de Portugal]], que foi finalmente elevado de bobo da corte para cortesão membro da casa real.
'''João de Sá''' ([[Floruit|fl]]. 1524-1567), conhecido como '''Panasco''', foi um homem negro africano a serviço do [[João III de Portugal|Rei João III de Portugal]], que foi elevado de bobo da corte para cortesão e cavaleiro membro da casa real.<ref>{{Citar web|url=https://www.pressreader.com/portugal/s%C3%A1bado/20170323/281672549768161|titulo=O escravo que passou a cavaleiro do Rei|data=2017-03-23|acessodata=2017-08-18|obra=Sábado|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Dutra|primeiro=Francis A.|data=00/2011|titulo=To be a "mulato" in early modern Portugal|jornal=Tempo|volume=16|numero=30|paginas=101–114|issn=1413-7704|doi=10.1590/S1413-77042011000100005|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413-77042011000100005&lng=en&nrm=iso&tlng=pt}}</ref>


Celebrado como um homem de humor vivo, ele começou sua carreira como [[bobo da corte]], divertindo tanto o Rei e a [[Catarina de Áustria|Rainha Catarina]] com piadas e paródias espirituosas.<ref name="Earle2005">{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=d2dN5vh2200C&printsec=frontcover&hl=pt-PT&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false|título=Black Africans in Renaissance Europe|ultimo=Earle|primeiro=Thomas Foster|ultimo2=Lowe|primeiro2=K.J.P.|data=2005|capitulo=Chapter 7 - Images of Empire: slaves in the Lisbon household and court of Catherine of Austria|isbn=9780521815826}}</ref> Apesar de gozar da proteção real , João de Sá recebeu abuso racista constante sobre sua cor de pele, cheiro "nojento", e a suposta incompatibilidade com uma ''[[Mourisco|mourisca]] branca'' com quem  ele tinha sido casado. Sua "condição inferior", sem dúvida, resultado de sua condição inicial como [[Escravidão|escravo]], era freqüentemente mencionada por outros cortesãos.<ref name="Bethencourt2014">{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=_fSKAQAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false|título=Racisms: From the Crusades to the Twentieth Century|ultimo=Bethencourt|primeiro=Francisco|data=2014|isbn=9781400848416}}</ref> Ele poderia fazer, no entanto, o que não era permitido a ninguém: zombar da nobreza com impunidade. Seu status de, simultaneamente, pertencimento e não-pertencimento fez dele um inestimável informante para o rei.
Celebrado como um homem de humor vivo, ele começou sua carreira como [[bobo da corte]], divertindo tanto o Rei e a [[Catarina de Áustria|Rainha Catarina]] com piadas e paródias espirituosas.<ref name="Earle2005">{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=d2dN5vh2200C&printsec=frontcover&hl=pt-PT&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false|título=Black Africans in Renaissance Europe|ultimo=Earle|primeiro=Thomas Foster|ultimo2=Lowe|primeiro2=K.J.P.|data=2005|capitulo=Chapter 7 - Images of Empire: slaves in the Lisbon household and court of Catherine of Austria|isbn=9780521815826}}</ref> Apesar de gozar da proteção real, João de Sá recebeu abuso racista constante sobre sua cor de pele, cheiro "nojento" e a suposta incompatibilidade com uma ''[[Mourisco|mourisca]] branca'' com quem ele tinha sido casado. Sua "condição inferior", sem dúvida, resultado de sua condição inicial como [[Escravidão|escravo]], era freqüentemente mencionada por outros cortesãos.<ref name="Bethencourt2014">{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=_fSKAQAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false|título=Racisms: From the Crusades to the Twentieth Century|ultimo=Bethencourt|primeiro=Francisco|data=2014|isbn=9781400848416}}</ref> Ele poderia fazer, no entanto, o que não era permitido a ninguém: zombar da nobreza com impunidade. Seu status de, simultaneamente, pertencimento e não-pertencimento fez dele um inestimável informante para o rei.


Em 1535, acompanhou o irmão do rei, [[Luís de Portugal, Duque de Beja|o Infante Luís, Duque de Beja]], para o norte da África, onde ele fez parte da campanha militar  do [[Carlos I de Espanha|sacro Imperador Romano Carlos V]] para [[Conquista de Túnis (1535)|conquistar Tunis]] dos [[Império Otomano|Otomanos]]. A importante vitória sobre os Turcos, fez o Rei de Portugal premiar João de Sá com um título excepcional: ele foi finalmente admitido prestigiosa[[Ordem Militar de Sant'Iago da Espada| Ordem de são Tiago]].<ref name="Goodwin1955">{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=QUA5AAAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false|título=Africa in Europe: Antiquity into the Age of Global Exploration|ultimo=Goodwin|primeiro=Stefan|data=1955|isbn=9780739129944}}</ref>
Em 1535, acompanhou o irmão do rei, [[Luís de Portugal, Duque de Beja|o Infante Luís, Duque de Beja]], para o norte da África, onde ele fez parte da campanha militar  do [[Carlos I de Espanha|sacro Imperador Romano Carlos V]] para [[Conquista de Túnis (1535)|conquistar Tunis]] dos [[Império Otomano|otomanos]]. A importante vitória sobre os turcos fez o Rei de Portugal premiar João de Sá com um título excepcional: ele foi finalmente admitido à prestigiosa[[Ordem Militar de Sant'Iago da Espada| Ordem de Santiago]].<ref name="Goodwin1955">{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=QUA5AAAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false|título=Africa in Europe: Antiquity into the Age of Global Exploration|ultimo=Goodwin|primeiro=Stefan|data=1955|isbn=9780739129944}}</ref>


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Revisão das 16h33min de 18 de agosto de 2017

Detalhe de uma pintura (c. 1570-80) do Chafariz de El-Rei em Lisboa, mostrando um cavaleiro negro da Ordem de Santiago, tradicionalmente identificado como João de Sá.[1]

João de Sá (fl. 1524-1567), conhecido como Panasco, foi um homem negro africano a serviço do Rei João III de Portugal, que foi elevado de bobo da corte para cortesão e cavaleiro membro da casa real.[2][3]

Celebrado como um homem de humor vivo, ele começou sua carreira como bobo da corte, divertindo tanto o Rei e a Rainha Catarina com piadas e paródias espirituosas.[4] Apesar de gozar da proteção real, João de Sá recebeu abuso racista constante sobre sua cor de pele, cheiro "nojento" e a suposta incompatibilidade com uma mourisca branca com quem ele tinha sido casado. Sua "condição inferior", sem dúvida, resultado de sua condição inicial como escravo, era freqüentemente mencionada por outros cortesãos.[5] Ele poderia fazer, no entanto, o que não era permitido a ninguém: zombar da nobreza com impunidade. Seu status de, simultaneamente, pertencimento e não-pertencimento fez dele um inestimável informante para o rei.

Em 1535, acompanhou o irmão do rei, o Infante Luís, Duque de Beja, para o norte da África, onde ele fez parte da campanha militar  do sacro Imperador Romano Carlos V para conquistar Tunis dos otomanos. A importante vitória sobre os turcos fez o Rei de Portugal premiar João de Sá com um título excepcional: ele foi finalmente admitido à prestigiosa Ordem de Santiago.[6]

Referências

  1. «Fernando Baptista Pereira: "Os quadros não são falsos"». Jornal Expresso 
  2. «O escravo que passou a cavaleiro do Rei». Sábado. 23 de março de 2017. Consultado em 18 de agosto de 2017 
  3. Dutra, Francis A. (00/2011). «To be a "mulato" in early modern Portugal». Tempo. 16 (30): 101–114. ISSN 1413-7704. doi:10.1590/S1413-77042011000100005  Verifique data em: |data= (ajuda)
  4. Earle, Thomas Foster; Lowe, K.J.P. (2005). «Chapter 7 - Images of Empire: slaves in the Lisbon household and court of Catherine of Austria». Black Africans in Renaissance Europe. [S.l.: s.n.] ISBN 9780521815826 
  5. Bethencourt, Francisco (2014). Racisms: From the Crusades to the Twentieth Century. [S.l.: s.n.] ISBN 9781400848416 
  6. Goodwin, Stefan (1955). Africa in Europe: Antiquity into the Age of Global Exploration. [S.l.: s.n.] ISBN 9780739129944 

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