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'''Lapa do Santo''' é uma [[caverna]] localizada na Fazenda Cauaia na cidade de [[Matosinhos]] em [[Minas Gerais]]. Faz parte da [[Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa]] ([[área de proteção ambiental]] do [[Carste|relevo cárstico]]) que aflora na região de Lagoa Santa e proximidades abrigando inúmeras cavernas e [[sítios arqueológicos]].<ref>{{citar web|URL=https://meioinfo.eco.br/tag/lapa-do-santo/|título=Descoberta arqueológica revela práticas funerárias pré-históricas altamente elaboradas|autor=Allison|data=9 de julho de 2018|publicado=Meio Info - meio de informações ambientais|acessodata=20 de setembro de 2018}}</ref>
'''Lapa do Santo'''<ref>{{Citar web|url=http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/01/10/cenas-de-um-sitio-arqueologico/|titulo=Cenas de um sítio arqueológico : Revista Pesquisa Fapesp|data=|acessodata=2018-09-22|obra=Revista Pesquisa FAPESP|publicado=Revista Pesquisa FAPESP|ultimo=Guimaraes|primeiro=Maria|lingua=pt-br}}</ref> é uma [[caverna]] localizada na Fazenda Cauaia na cidade de [[Matosinhos]] em [[Minas Gerais]]. Faz parte da [[Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa]] ([[área de proteção ambiental]] do [[Carste|relevo cárstico]]) que aflora na região de Lagoa Santa e proximidades abrigando inúmeras cavernas e [[sítios arqueológicos]]<ref>{{Citar web|url=http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/09/22/os-povos-de-lagoa-santa/|titulo=Os povos de Lagoa Santa : Revista Pesquisa Fapesp|data=|acessodata=2018-09-22|obra=revistapesquisa.fapesp.br|publicado=Revista FAPESP|ultimo=Guimaraes|primeiro=Maria|lingua=pt-br}}</ref>.


==A caverna==
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Num piso que aflora a leste da área abrigada há um conjunto de grafismos picoteados que incluem motivos geométricos (e.g. circulos concentricos) e representações filiformes de antropomórfos e zoomorfos. Essas representações são tipicas na região de Lagoa Santa e foram tradicionalmente associadas à expressões estilísticas tardias (i.e. pós Holoceno médio). Entretanto, a Lapa do Santo apresenta um caso excepcional de datação segura de grafismos rupestres indicando que esse estilo já estava presente na região há pelo menos 10.000 anos trás.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Neves|primeiro=Walter A.|ultimo2=Araujo|primeiro2=Astolfo G. M.|ultimo3=Bernardo|primeiro3=Danilo V.|ultimo4=Kipnis|primeiro4=Renato|ultimo5=Feathers|primeiro5=James K.|data=2012-02-22|titulo=Rock Art at the Pleistocene/Holocene Boundary in Eastern South America|url=https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0032228|jornal=PLoS ONE|lingua=en|volume=7|numero=2|paginas=e32228|doi=10.1371/journal.pone.0032228|issn=1932-6203}}</ref> Trata-se de uma representação antropomorfa filiforme, extremidades tridigidatas e cabeça em forma de 'C' com dimensões aproximadas de 40 x 20 cms. Devido a presença de um falo ereto a figura foi apelidade pelo Prof. Walter de Neves de 'Taradinho'.<ref>{{Citation|título=JÔ SOARES ENTREVISTA - WALTER NEVES ARQUEÓLOGO EVOLUCIONISTA!|último =MadTEVE|data=2012-03-17|url=https://www.youtube.com/watch?v=0iudSENY0AM|acessodata=2018-09-22}}</ref>
Num piso que aflora a leste da área abrigada há um conjunto de grafismos picoteados que incluem motivos geométricos (e.g. circulos concentricos) e representações filiformes de antropomórfos e zoomorfos. Essas representações são tipicas na região de Lagoa Santa e foram tradicionalmente associadas à expressões estilísticas tardias (i.e. pós Holoceno médio). Entretanto, a Lapa do Santo apresenta um caso excepcional de datação segura de grafismos rupestres indicando que esse estilo já estava presente na região há pelo menos 10.000 anos trás.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Neves|primeiro=Walter A.|ultimo2=Araujo|primeiro2=Astolfo G. M.|ultimo3=Bernardo|primeiro3=Danilo V.|ultimo4=Kipnis|primeiro4=Renato|ultimo5=Feathers|primeiro5=James K.|data=2012-02-22|titulo=Rock Art at the Pleistocene/Holocene Boundary in Eastern South America|url=https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0032228|jornal=PLoS ONE|lingua=en|volume=7|numero=2|paginas=e32228|doi=10.1371/journal.pone.0032228|issn=1932-6203}}</ref> Trata-se de uma representação antropomorfa filiforme, extremidades tridigidatas e cabeça em forma de 'C' com dimensões aproximadas de 40 x 20 cms. Devido a presença de um falo ereto a figura foi apelidade pelo Prof. Walter de Neves de 'Taradinho'.<ref>{{Citation|título=JÔ SOARES ENTREVISTA - WALTER NEVES ARQUEÓLOGO EVOLUCIONISTA!|último =MadTEVE|data=2012-03-17|url=https://www.youtube.com/watch?v=0iudSENY0AM|acessodata=2018-09-22}}</ref>

=== Dieta ===
O estudo do registro arqueológico da Lapa do Santo resultou numa das mais ricas caracterizações da dieta dos grupos humanos que habitavam o Brasil central durante o Holoceno inicial. Análises de isótopos estáveis de carbono e nitrogênio indicam um consumo de proteínas de origem predominantemente vegetal<ref>{{Citar periódico|ultimo=Hermenegildo|primeiro=Tiago|data=2009-08-25|titulo=Reconstituição da dieta e dos padrões de subsistência das populações pré-históricas de caçadores-coletores do Brasil Central através da ecologia isotópica|url=http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-14092009-084156/pt-br.php|jornal=Dissertação de mestrado USP|lingua=pt-br|doi=10.11606/D.91.2009.tde-14092009-084156|acessodata=}}</ref>. A análise zooarqueológica identificou consumo de mamíferos de médio e pequeno porte tais como cervídeos, porcos do mato, tatus e pequenos roedores ou marsupiais<ref>{{Citar periódico|ultimo=Bissaro Junior|primeiro=Marcos César|data=2008-06-12|titulo=Tafonomia como ferramenta zooarqueológica de interpretação: viés de representatividade óssea em sítios arqueológicos, paleontológico e etnográfico|url=http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-22082008-170823/pt-br.php|jornal=Dissertação de mestrado USP|lingua=pt-br|doi=10.11606/D.41.2008.tde-22082008-170823|acessodata=}}</ref>. A análise da saúde bucal indica uma alta freqüência de caries entre as mulheres sugerindo o consumo elevado de carboidratos ou alimento cariogenico <ref>{{Citar periódico|ultimo=Da-Gloria|primeiro=Pedro|ultimo2=Larsen|primeiro2=Clark Spencer|data=2014-01-22|titulo=Oral health of the Paleoamericans of Lagoa Santa, central Brazil|url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/ajpa.22467|jornal=American Journal of Physical Anthropology|lingua=en|volume=154|numero=1|paginas=11–26|doi=10.1002/ajpa.22467|issn=0002-9483}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Da-Gloria|primeiro=Pedro|ultimo2=Oliveira|primeiro2=Rodrigo E.|ultimo3=Neves|primeiro3=Walter A.|ultimo4=Da-Gloria|primeiro4=Pedro|ultimo5=Oliveira|primeiro5=Rodrigo E.|ultimo6=Neves|primeiro6=Walter A.|data=2017-3|titulo=Dental caries at Lapa do Santo, central-eastern Brazil: An Early Holocene archaeological site|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0001-37652017000100307&lng=en&nrm=iso&tlng=en|jornal=Anais da Academia Brasileira de Ciências|volume=89|numero=1|paginas=307–316|doi=10.1590/0001-3765201620160297|issn=0001-3765}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Da-Gloria|primeiro=Pedro|ultimo2=Larsen|primeiro2=Clark Spencer|data=2017-01-27|titulo=Subsisting at the Pleistocene/Holocene Boundary in the New World: A View from the Paleoamerican Mouths of Central Brazil|url=https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/20555563.2016.1270697|jornal=PaleoAmerica|lingua=en|volume=3|numero=2|paginas=101–121|doi=10.1080/20555563.2016.1270697|issn=2055-5563}}</ref>.


=== Ancestralidade, afinidades morfológicas e arqueogenética ===
=== Ancestralidade, afinidades morfológicas e arqueogenética ===
A relação de ancestralidade entre os grupos humanos que ocuparam a região de Lagoa Santa durante o Holoceno Inicial e os atuais nativos americanos é tema de longa controvérsia. Até o recente advento da arqueogenética, a possibilidade de extração e análise do DNA de ossos antigos, inferências sobre relações de ancestralidade eram feitas a partir da comparação anatômica de traços fenotípicos. Particularmente, estudos da morfologia craniana foram centrais nesse debate na medida em que alguns antropólogos sugerem que existe uma diferença marcante entre a morfologia dos grupos antigos e recentes, o que refletiria a chegada ao continente americano de duas populações distintas. Estudos craniométricos de indivíduos da Lapa do Santo indicam que eles apresentam morfologia semelhante aos demais esqueletos da região de Lagoa Santa. Recentemente DNA antigo foi extraído com sucesso dos esqueletos da Lapa do Santo.
A relação de ancestralidade entre os grupos humanos que ocuparam a região de Lagoa Santa durante o Holoceno Inicial e os atuais nativos americanos é tema de longa controvérsia. Até o recente advento da arqueogenética, a possibilidade de extração e análise do DNA de ossos antigos, inferências sobre relações de ancestralidade eram feitas a partir da comparação anatômica de traços fenotípicos. Particularmente, estudos da morfologia craniana foram centrais nesse debate na medida em que alguns antropólogos sugerem que existe uma diferença marcante entre a morfologia dos grupos antigos e recentes, o que refletiria a chegada ao continente americano de duas populações distintas. Estudos craniométricos de indivíduos da Lapa do Santo indicam que eles apresentam morfologia semelhante aos demais esqueletos da região de Lagoa Santa<ref>{{Citar periódico|ultimo=Cramon-Taubadel|primeiro=Noreen von|ultimo2=Strauss|primeiro2=André|ultimo3=Hubbe|primeiro3=Mark|data=2017-02-01|titulo=Evolutionary population history of early Paleoamerican cranial morphology|url=http://advances.sciencemag.org/content/3/2/e1602289|jornal=Science Advances|lingua=en|volume=3|numero=2|paginas=e1602289|doi=10.1126/sciadv.1602289|issn=2375-2548|acessodata=}}</ref>. Recentemente DNA antigo foi extraído com sucesso dos esqueletos da Lapa do Santo.


=== Os esqueletos humanos da Lapa do Santo<ref>{{Citar periódico|ultimo=Strauss|primeiro=André|ultimo2=Strauss|primeiro2=André|data=abril de 2016|titulo=The burial patterns in the Archaeological Site of Lapa do Santo (early Holocene, east-central Brazil)|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1981-81222016000100243&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas|volume=11|numero=1|paginas=243–276|doi=10.1590/1981.81222016000100013|issn=1981-8122}}</ref>===
=== Os esqueletos humanos da Lapa do Santo<ref>{{Citar periódico|ultimo=Strauss|primeiro=André|ultimo2=Strauss|primeiro2=André|data=abril de 2016|titulo=The burial patterns in the Archaeological Site of Lapa do Santo (early Holocene, east-central Brazil)|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1981-81222016000100243&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas|volume=11|numero=1|paginas=243–276|doi=10.1590/1981.81222016000100013|issn=1981-8122}}</ref>===
Foram exumados 39 sepultamentos humanos da Lapa do Santo. Todos os sepultamentos pertencem ao período mais antigo de ocupação do sítio tendo sido datados entre ca. 10.000 e 8.000 anos atrás. Os sepultamentos da Lapa do Santo registram uma ampla diversidade de práticas funerárias incluindo o enterro direto simples, cremação, decapitação, remoção de partes anatômicas, enterro secundário de multíplos indivíduos, descarnamento e amputação de membros anatômicos.
Foram exumados 39 sepultamentos humanos da Lapa do Santo. Todos os sepultamentos pertencem ao período mais antigo de ocupação do sítio tendo sido datados entre ca. 10.000 e 8.000 anos atrás. Os sepultamentos da Lapa do Santo registram uma ampla diversidade de práticas funerárias incluindo o enterro direto simples, cremação, decapitação, remoção de partes anatômicas, enterro secundário de multíplos indivíduos, descarnamento e amputação de membros anatômicos<ref>{{Citar periódico|ultimo=Strauss|primeiro=André Menezes|data=2010-08-20|titulo=As práticas mortuárias dos caçadores-coletores pré-históricos da região de Lagoa Santa (MG): um estudo de caso do sítio arqueológico "Lapa do Santo"|url=http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41131/tde-02102010-234638/pt-br.php|jornal=Dissertacao de mestrado USP|lingua=pt-br|doi=10.11606/D.41.2010.tde-02102010-234638|acessodata=}}</ref>.


==== Sepultamento 1 da Lapa do Santo ====
==== Sepultamento 1 da Lapa do Santo ====

Revisão das 23h19min de 22 de setembro de 2018

Lapa do Santo
Lapa do Santo
a) Vista aérea do maciço em que o abrigo rochoso está localizado; b) vista em terra do maciço, o local está localizado logo atrás da vegetação
Localização Minas Gerais, Brasil
Coordenadas 19° 28' 37.86" S 44° 2' 17.00" O
Lapa do Santo está localizado em: Brasil
Lapa do Santo

Lapa do Santo[1] é uma caverna localizada na Fazenda Cauaia na cidade de Matosinhos em Minas Gerais. Faz parte da Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa (área de proteção ambiental do relevo cárstico) que aflora na região de Lagoa Santa e proximidades abrigando inúmeras cavernas e sítios arqueológicos[2].

A caverna

A caverna aflora de uma paredão calcário, com aproximadamente 30 m de altura, e na entrada existe um espaço abrigado com cerca de 1.300 m2.[3]

O acúmulo de sedimento no abrigo é proveniente em parte, da deposição milenar de cinzas produzidas pela queima de material vegetal em fogueiras que foram acesas no local. Além de ocultar sepulturas, esconde também objetos de pedra e osso e restos de animais e plantas. As pesquisas arqueológicas indicam que neste local de abrigo eram fabricados instrumentos e os mortos eram preparados e enterrados.[4]

Planta baixa do local.

O sítio arqueológico

O sítio arqueológico é rico em material para pesquisa, no local foram encontrados, inúmeras sepultaras, restos e cinzas de fogueiras, sobras de refeições de frutas e caça, instrumentos líticos lascados e polidos, pinturas rupestre, painéis de gravações de petroglifos, marcas de afiadores de machados de pedra, entre outros objetos. Os sedimentos das cavernas são carregados principalmente pela água, vento e desmoronamentos, isso não ocorreu na Lapa do Santo. Os estudos indicam que o abrigo foi usado como moradia e cemitério por caçadores e coletores que viviam da coleta de frutos e tubérculos e da caça de animais pequenos. O sedimento acumulado com até 4 m de espessura é proveniente da ação do homem, conforme foi comprovado pelas escavações.[4][5]

A cronologia da Lapa do Santo

A cronologia de ocupação humana na Lapa do Santo foi estabelecida através de 53 datações radiocarbônicas em amostra de carvão, 17 datações radiocarbônicas em amostras de osso humano e 21 datações por luminescência opticamente estimulada feita em amostras de sedimento.[5] O resultados indicam três períodos de ocupação considerando-se um intervalo de incerteza de 95.4% (idades calibradas):

  • Período de ocupação da Lapa do Santo 1 - Começa entre 12.485 e 11.747 anos antes do presente e termina entre 8.345 e 7.973 anos antes do presente.
Em cima: Perfil norte-sul da área principal de escavação da Lapa do Santo. Indica a posição espacial de todas as amostras de carvão que foram datadas. Em baixo: Gráfico bi-dimensional onde o eixo-x expressa a datação calibrada das amostras de carvão, osso e sedimento e no eixo-y está indicada a posição vertical (Z) da respectiva amostra.
  • Período de ocupação da Lapa do Santo 2 - Começa entre 5.383 e 4.876 anos antes do presente e termina entre 4.337 e 3.866 anos antes do presente
  • Período de ocupação da Lapa do Santo 3 - Começa entre 2.053 e 831 anos antes do presente e termina entre 953 e 0 anos antes do presente.

A estratigrafia da Lapa do Santo

Os pacotes de sedimento correspondente aos três períodos de ocupação da Lapa do Santo apresentam-se em ordem estratigráfica (i.e. o mais antigo está mais abaixo). Por outro lado, dentro de cada pacote existe expressiva inversão estratigráfica resultando num erro na estimativa cronológica com base na posição vertical dos artefatos de aproximadamente +-1000 anos num intervalo de confiança de 95.4%.

Processos de formação e origem dos sedimentos[6]

O depósito arqueológico da Lapa do Santo chega pode chegar a até 5 metros de espessura. Análises geoarqueológicas indicam que aproximadamente metade deste material material é composto por um sedimento fino de coloração acinzentada que lembra talco. Ao microscópio determinou-se que esse sedimento fino é formado por pseudo-morfos de oxalatos de cálcio, a substância tipicamente gerada a partir da combustão da madeira. Portanto, uma porção significativa da acumulação dos sedimentos da Lapa do Santo resulta da repetida atividade de acender fogueiras durante milênios. A outra metadade dos sedimentos da Lapa do Santo é composta por agregados centimétricos de argila que apresentam coloração avermelhada, amarronzada, alaranjada e amarelada. Análises de FTIR mostram que alguns desses agregados de argila foram expostos a calor intenso. A origem dos agregados de argila é incerta. Alguns pesquisadores sugerem uma fonte natural, possível do solo que encontra-se acima do abrigo rochoso, enquanto outros sugerem que foram trazidos pela ação humana, intencional ou não.

Grafismos rupestres da Lapa do Santo

Em comparação com outros sítios da região de Lagoa Santa a Lapa do Santo apresenta baixa incidência de pinturas rupestres. Ocorrem de forma isolada dentro do conduto lateral elevado que se projeto desde a extremidade sul da área abrigada. Foram observados veados e motivos geométricos em cor avermelhada.

Num piso que aflora a leste da área abrigada há um conjunto de grafismos picoteados que incluem motivos geométricos (e.g. circulos concentricos) e representações filiformes de antropomórfos e zoomorfos. Essas representações são tipicas na região de Lagoa Santa e foram tradicionalmente associadas à expressões estilísticas tardias (i.e. pós Holoceno médio). Entretanto, a Lapa do Santo apresenta um caso excepcional de datação segura de grafismos rupestres indicando que esse estilo já estava presente na região há pelo menos 10.000 anos trás.[7] Trata-se de uma representação antropomorfa filiforme, extremidades tridigidatas e cabeça em forma de 'C' com dimensões aproximadas de 40 x 20 cms. Devido a presença de um falo ereto a figura foi apelidade pelo Prof. Walter de Neves de 'Taradinho'.[8]

Dieta

O estudo do registro arqueológico da Lapa do Santo resultou numa das mais ricas caracterizações da dieta dos grupos humanos que habitavam o Brasil central durante o Holoceno inicial. Análises de isótopos estáveis de carbono e nitrogênio indicam um consumo de proteínas de origem predominantemente vegetal[9]. A análise zooarqueológica identificou consumo de mamíferos de médio e pequeno porte tais como cervídeos, porcos do mato, tatus e pequenos roedores ou marsupiais[10]. A análise da saúde bucal indica uma alta freqüência de caries entre as mulheres sugerindo o consumo elevado de carboidratos ou alimento cariogenico [11][12][13].

Ancestralidade, afinidades morfológicas e arqueogenética

A relação de ancestralidade entre os grupos humanos que ocuparam a região de Lagoa Santa durante o Holoceno Inicial e os atuais nativos americanos é tema de longa controvérsia. Até o recente advento da arqueogenética, a possibilidade de extração e análise do DNA de ossos antigos, inferências sobre relações de ancestralidade eram feitas a partir da comparação anatômica de traços fenotípicos. Particularmente, estudos da morfologia craniana foram centrais nesse debate na medida em que alguns antropólogos sugerem que existe uma diferença marcante entre a morfologia dos grupos antigos e recentes, o que refletiria a chegada ao continente americano de duas populações distintas. Estudos craniométricos de indivíduos da Lapa do Santo indicam que eles apresentam morfologia semelhante aos demais esqueletos da região de Lagoa Santa[14]. Recentemente DNA antigo foi extraído com sucesso dos esqueletos da Lapa do Santo.

Os esqueletos humanos da Lapa do Santo[15]

Foram exumados 39 sepultamentos humanos da Lapa do Santo. Todos os sepultamentos pertencem ao período mais antigo de ocupação do sítio tendo sido datados entre ca. 10.000 e 8.000 anos atrás. Os sepultamentos da Lapa do Santo registram uma ampla diversidade de práticas funerárias incluindo o enterro direto simples, cremação, decapitação, remoção de partes anatômicas, enterro secundário de multíplos indivíduos, descarnamento e amputação de membros anatômicos[16].

Sepultamento 1 da Lapa do Santo

Esqueleto plenamente articulado e completo de um indivíduo adulto do sexo masculino. Estava em decúbito dorsal com os membros inferiores fletidos sobre o tórax. Sobre o cadáver foram depositados blocos de calcário. A partir do terceiro molar superior esquerdo foi diretamente datado entre 10.173 e 9.695 anos atrás.

Sepultamento 2 da Lapa do Santo

Esqueleto articulado incompleto de um indivíduo adulto do sexo feminino. A disposição dos membros inferiores e da coluna indica que o indivíduo foi enterrado em posição sentada ou ajoelhada, com o tronco tombado para frente. Mais especificamente, a frente do corpo estaria em direção ao norte e as costas, em direção ao sul. Entretanto, dois complicadores para essa interpretação são a posição do crânio e a ausência de ossos do braço, da mão e do ombro (escápula e clavícula). Ainda que partes de quase todas as regiões do crânio tenham sido recuperadas, ele estava muito fragmentado e disperso, tornando impossível afirmar que ele ocupava uma região específica no enterramento. Ainda assim, não há dúvidas de que a distribuição espacial dos fragmentos estava concentrada na porção sul, próxima às regiões onde estavam os ossos do pé e da bacia. Por outro lado, as vértebras cervicais, intactas e articuladas, foram encontradas justamente no canto oposto (norte) do enterramento. Uma vez que não existem marcas de queima ou corte no crânio, parece que a explicação mais parcimoniosa para ele não estar em sua posição anatômica esperada é que, após o enterramento e a decomposição dos tecidos moles, ele rolou para trás (sentido norte). Posteriormente, o peso do bloco de algumas toneladas que recobria o sepultamento levou à sua fragmentação. Alternativamente, o crânio também poderia ter sido alvo de algum tipo de manipulação, o que explicaria sua posição. Entretanto, na ausência de elementos para sustentar diretamente esta hipótese, a primeira será preferida.

            Já a ausência dos ossos dos membros superiores não parece poder ser explicada pela presença do enorme bloco de calcário sobrejacente ou por qualquer outro tipo de agente pós-deposicional. Mesmo que esses ossos tivessem sido cominuídos pelo peso do bloco, seria esperado que, pelo menos em algum grau, vestígios dos mesmos fossem encontrados. Entretanto, nenhum fragmento de osso dos membros superiores estava presente. É difícil postular que o peso do bloco teria levado à desintegração dos ossos dos membros superiores e deixado os ossos dos membros inferiores intactos. Ou seja, o próprio grau de seleção anatômica também diminui as chances de que tenham sido processos naturais os responsáveis pela ausência dos membros superiores no sepultamento.A partir de um fragmento de costela foi diretamente datado entre 9.093 e 8.773 anos atrás.

Sepultamento 3 da Lapa do Santo

É composto pelos ossos do tronco e da cabeça de um único indivíduo adulto do sexo masculino. Esses ossos incluem os dois coxais, o sacro, as vértebras, as costelas, o esterno, as clavículas, o crânio e a mandíbula. Todos esses ossos, com possível exceção do crânio, estavam perfeitamente articulados em sua posição anatômica. O corpo encontrava-se hiperfletido de maneira que o crânio estava sobre a pélvis e a coluna estava fortemente curvada. Apesar da ausência dos membros, é possível afirmar que o corpo se encontra em decúbito lateral esquerdo. Tanto o crânio como a pélvis estavam muito fragmentados, impedindo sua plena remontagem. Ainda assim, fragmentos representando todas as regiões do crânio e da pélvis foram identificados em laboratório.

           O sepultamento estava praticamente aflorando em superfície, de maneira que existe a possibilidade de que a ausência dos ossos longos, do pé e da mão poderia ser resultado de processos erosivos. Entretanto, parece pouco provável que processos naturais fossem capazes de selecionar partes anatômicas de forma tão eficaz. Além disso, na medida em que o corpo se encontrava em decúbito lateral esquerdo, a ação da erosão removeria apenas os membros do lado direito e não todos os membros como de fato ocorreu. Por outro lado, parece razoável que a proximidade à superfície seja responsável pela ausência da parte posterior e basal do crânio. Este se encontrava articulado em oclusão com a mandíbula (ou seja, a boca estava fechada). A face estava voltada para baixo, de maneira que a parte posterior do crânio era uma das regiões do esqueleto que estavam localizadas mais acima na cova. Portanto, seria natural que a proximidade à superfície levasse à sua fragmentação e posterior remobilização. Existe a possibilidade de que o crânio parecia ter sido removido de sua posição original, pois o atlas e o áxis estavam localizados no topo do maxilar, com o primeiro acima do segundo.

Sepultamento 15 da Lapa do Santo

O Sepultamento 15 é constituído pelos ossos de um único indivíduo masculino com idade estimada entre 35 e 45 anos. Praticamente todos os ossos do esqueleto desse indivíduo estavam presentes, inclusive ossos menores como carpos, tarsos, falanges, hióide e patela. Apesar da aparente falta de lógica anatômica alguns conjuntos expressivos mantiveram-se em conexão anatômica.

           No fundo da cova, abaixo de todos os outros ossos, foram encontrados ossos da mão e um fragmento distal da ulna esquerda. A simples presença de ossos de uma mesma região anatômica numa região tão circunscrita já seria suficiente para sugerir que esses estivessem articulados no momento da inumação. Além disso, pelo menos no caso do trapezóide direito com o segundo e o terceiro metacarpo direito e no caso de uma falange distal com uma falange intermediária os ossos estão, de fato, em conexão anatômica. Imediatamente acima desses ossos da mão, havia alguns fragmentos de costela, três ossos de pé (incluindo o 1º cuneiforme esquerdo), a escápula esquerda bastante fragmentada e um conjunto composto pelo coxal direito, coxal esquerdo o sacro e as últimas três vértebras lombares. Os ossos desse conjunto estavam em perfeita conexão anatômica. A terceira vértebra lombar parecia estar pressionada contra aquilo que foi a parede da cova, apresentando a parte anterior de seu corpo fragmentado.

           O crânio encontrava-se acima do osso da bacia. Ele estava de lado, apoiado sobre o parietal direito, com a face ligeiramente voltada para o fundo da cova. O crânio estava inteiro, ainda que um pouco deformado. O rádio direito foi encontrado dentro do crânio. Não parece que ele tenha sido intencionalmente colocado nessa posição, mas sim que devido ao espaço limitado da cova acabou “entrando” no crânio através da face.

           Os ossos longos estavam localizados em partes distintas da cova. Assim, as duas diáfises do fêmur estavam abaixo do crânio, na altura do coxal direito na parte sudeste da cova. Próximo ao crânio, sobre sua região temporal esquerda, na parte NW da cova, havia um conjunto de ossos longos que estavam próximos e paralelos entre si, orientados no sentido SW-NE. As duas ulnas e um fragmento distal de rádio esquerdo faziam parte desse conjunto de ossos que também incluía costelas. Uma das tíbias estava em posição vertical, com a superfície articular voltada para baixo. Ao lado, a metade distal de um fêmur também encontrava-se em posição vertical, com a superfície articular voltada para baixo. A metade distal do úmero direito também estava verticalizada.    

           Na porção NE da cova estavam concentrados ossos do pé e também a porção distal de uma das tíbias. Apesar de nenhum desses ossos estarem diretamente em conexão anatômica, a proximidade espacial sugere que no momento do enterro estavam articulados. Na parte superior da cova foi encontrado um conjunto de duas vértebras, um conjunto de quatro vértebras e um conjunto de duas vértebras articuladas. A mandíbula também estava na parte superior da cova.

Sepultamento 17 da Lapa do Santo[17]

O Sepultamento 17 é composto por um crânio adulto preenchido com ossos cortados de um indivíduo também adulto e por um conjunto de ossos de uma criança que foram colocados ao lado do crânio.

O crânio estava quase completo, mas as regiões temporais e basais, bastante fragmentadas. Entre os ossos que foram encontrados dentro do crânio foi possível distinguir aqueles que faziam parte do próprio crânio e ossos de outras regiões anatômicas (Figuras 8.17.5 a 8.17.7). Na primeira categoria estão fragmentos do temporal, do parietal, da face, do maxilar e da mandíbula. De acordo com a descrição de campo, não há duvidas de que a presença desses ossos dentro do crânio é fruto da ação intencional dos agentes fúnebres. A posição do parietal, por exemplo, em que a face endocraniana está voltada para fora do crânio, não é compatível com um simples evento de quebra do mesmo.

           Tanto o maxilar como a mandíbula não apresentavam nenhum dos dentes, com exceção das raízes do primeiro e do segundo molar inferior direito, que permaneceram no alvéolo (Figuras 8.17. 8 e 8.17.9). Na medida em que todos os alvéolos estão preservados, não se trata de perda natural dos dentes. Além disso, como nenhum dos dentes foi encontrado junto ao sepultamento ou próximo a ele, sua ausência não pode ser atribuída a processos pós-deposicionais. Portanto, ou os dentes foram intencionalmente extraídos ou eles caíram durante um suposto período em que o crânio teria sido manuseado. Ainda que não existam disponíveis elementos suficientes para determinar com certeza qual hipótese está correta, a altíssima preservação dos alvéolos e a existência de casos etnográficos como o dos Munduruku (veja discussão no capítulo 8) me fazem sugerir que a primeira hipótese é a mais provável.

           As regiões basais do crânio, representadas por fragmentos e pela margem alveolar externa do maxilar, e a mandíbula apresentavam regiões escurecidas indicativas de queima (Figuras 8.17.8 a 8.17.10). No caso da mandíbula e do maxilar, apenas a parte exterior da margem alveolar foi queimada, particularmente a região compreendida entre os dois primeiros pré-molares. Além disso, nem o palato nem o interior dos alvéolos estavam queimados. Tal configuração indica que o evento de queima ocorreu enquanto esse indivíduo ainda tinha os dentes, impedindo que a queima afetasse a parte interna dos alvéolos. Mais do que isso, a distribuição espacial das áreas afetadas pelo calor sugere que os tecidos moles ainda estavam presentes no momento da queima. Afinal, num crânio com os tecidos moles (não apenas os tendões, mas os músculos e a pele também), a única abertura através da qual os dentes e os ossos ficariam diretamente expostos a uma fonte de calor é a da boca. Assim, é de se esperar que, no caso de um crânio em que os tecidos moles estejam presentes, as partes mais diretamente expostas ao calor (i.e. a parte anterior do maxilar e mandíbula) sejam aquelas que apresentem a maior intensidade de queima, como observado no caso do Sepultamento 17.

Lapa do Santo - Sepultamento 27.

Sepultamento 26 da Lapa do Santo

O Sepultamento 26 é constituído pelos remanescentes esqueletais de um único indivíduo adulto, do sexo masculino. Os ossos encontravam-se articulados e em posição anatômica. Estavam presentes o crânio, a mandíbula, as seis primeiras vértebras cervicais, todos os ossos da mão direita, quase a totalidade dos ossos da mão esquerda e a extremidade distal do rádio esquerdo. Esses elementos estavam dispostos da seguinte maneira. O crânio e a mandíbula estavam perfeitamente articulados com os maxilares ocluídos (boca fechada). As seis vértebras cervicais estavam articuladas entre si e com a base do crânio. A coluna cervical estava dobrada para frente, em direção à boca do indivíduo. Isto reflete o fato de o crânio estar com a face inclinada para cima e apoiado sobre seu pescoço e nuca. Esse conjunto plenamente articulado representa uma cabeça que foi amputada.

           Também estavam presentes duas mãos amputadas. Ambas foram colocadas sobre a região frontal (anterior), com as palmas voltadas para o crânio. A mão direita estava sobre o lado esquerdo do crânio, com os dedos voltados para cima (sobre o parietal) e o pulso para baixo (sobre a órbita). A mão esquerda encontrava-se em posição oposta, colocada sobre o lado direito do crânio, com o pulso sobre a região parietal e os dedos sobre a face. Com exceção do primeiro metacarpo e de uma falange da mão esquerda, todos os ossos das duas mãos foram recuperados. Alguns ossos da mão direita estavam cimentados aos ossos do crânio e o quarto e o quinto metacarpo da mão direita também estavam cimentados em posição anatômica.

           Além dos ossos das mãos, foi identificada a extremidade distal do rádio direito. Esse osso foi nitidamente seccionado. A secção transversal resultante desse processo é consideravelmente plana e perpendicular ao eixo longo do osso. A borda gerada pela amputação é picoteada, apresentando um adelgaçamento do osso cortical. Na face lateral há uma incisão de 3 milímetros de comprimento e 1 milímetro de largura, cuja orientação é concordante com o plano de amputação do membro, que se encontra próximo dessa incisão (Figura 8.26.8). Isso parece indicar que essa incisão é antes resultado de um gesto mal calculado cujo objetivo era cortar o osso e não de um eventual processo de descarnamento. Ou seja, trata-se de um chanfro. 

           Em relação à decapitação, as únicas possíveis marcas de corte identificadas foram duas pequenas incisões paralelas entre si e localizadas lado a lado na porção superior do processo transverso direito da sexta vértebra cervical e no ramo da mandíbula. Ambas as incisões apresentam 8 milímetros de comprimento, sendo uma ligeiramente mais profunda que a outra. Considerando-se o contexto de amputação, parece razoável assumir que essas incisões sejam de fato marcas de corte.

Referências

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