Filosofia analítica da história: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Criação da página
(Sem diferenças)

Revisão das 21h38min de 20 de fevereiro de 2020

Filosofia analítica da história é uma subdivisão da filosofia da história proposta inicialmente por William Walsh no seu livro Philosophy of History An Introduction (1968). A divisão de Walsh buscou seguir os critérios já presentes na divisão feita entre filosofia da natureza e filosofia da ciência. A filosofia da natureza é ligada à filosofia especulativa da história e ao critério metafísico e ontológico, que busca o conhecimento de uma natureza/história em si. A filosofia da ciência é ligada à filosofia analítica da história e ao estudo de como a natureza/história se apresenta ao indivíduo, focando mais nos meios que podem ser utilizados para conhecer o objeto, no caso, a ciência. Essa divisão também implica que a historiografia seja considerada um caso particular de ciência, portanto verifica-se a necessidade de uma filosofia da história enquanto ramo da filosofia da ciência.[1][2][3][4]

O início da filosofia analítica da história, também chamada de filosofia crítica da história, está geralmente ligado ao artigo "The Function of General Laws in History" (1942) do filósofo da ciência Carl G. Hempel.[5] Nesse artigo Hempel busca ligar a história ao modelo universalizante de ciência, que busca por condições determinantes e leis gerais, ainda que, para o autor, a história faça isso de uma maneira insatisfatória. Esse artigo inaugurou novas discussões para a filosofia da história, que podem ser verificadas nas obras Theories of History (1959) de Patrick Gardiner, Philosophy and History: A Symposium (1963) de Sydnei Hook e Philosophical Analysis and History (1966) de W. H. Dray. A partir daí, a filosofia analítica da história tomou diferentes rumos. W. B. Gallie e Arthur Danto, por exemplo, tornaram o modelo de Hempel obsoleto ao proporem um foco maior na narrativa, tema esse que será de grande importância para os filósofos analíticos a partir da década de 1970.[6] Os estudos da narrativa dentro da Filosofia Analítica, e da Filosofia da História como um todo, trouxeram novas contribuições para a área, chegando a por em dúvida a própria divisão iniciada por Walsh, como fez Hayden White, teórico da história simpático aos analíticos, no seu livro Meta-História (1973).[7]

A filosofia analítica da história também pode ser reconhecida a partir da abrangente filosofia analítica, que coloca no centro das reflexões filosóficas a filosofia da linguagem, utilizando-se de conceitos como de "uso linguístico", "linguagem ordinária", "tipo de enunciado", "significado", "denotação". Uma das características da filosofia analítica, de modo geral, é o esclarecimento dos pensamentos através da análise lógica das proposições e das relações. A forma lógica de uma proposição ou relação é uma maneira de representá-las, e frequentemente é feita por meio do simbolismo lógico-matemático, e reduzi-las a componentes mais simples, explicitando, por meio dessa decomposição, sua semelhança com todas as outras proposições ou relações de mesmo tipo e possibilitando uma descrição mais clara dos assuntos filosóficos bem como uma avaliação mais precisa dos argumentos e das teorias sob análise.[8] Para esse e outros fins, a filosofia analítica recorre frequentemente à lógica formal e à análise conceitual.[9]

Referências

  1. Walsh 1978, p. 15-25.
  2. Walsh 1978, p. 30-31.
  3. Walsh 1978, p. 37-41.
  4. Atkinson 1978, p. 9.
  5. Megill 2016, p. 38.
  6. Megill 2016, p. 38-39.
  7. White 1992, p. 433-435.
  8. Martinich 2001, p. 2-4.
  9. Leiter 2006, p. 206.

Bibliografia

  • Atkinson, R. F. (1978). Knowledge and Explanation in History: An Introduction to the Philosophy of History (em eng). London: Macmillian. ISBN 978-0-333-11215-1 
  • Glock, Hans-Johann (2008). What Is Analytic Philosophy (em eng). Cambridge: Cambridge University Press 
  • Leiter, Brian (2006). «"Analytic" and "Continental" Philosophy, Blackwell Publishing» 
  • Little, Daniel (2010). New Contributions to the Philosophy of History (em eng). New York: Springer. ISBN 978-90-481-9409-4 
  • Megill, Allan (2016). «Historiologia/filosofia da escrita histórica». In: Malerba, Jurandir. História & Narrativa: a Ciência e a Arte da escrita histórica. Petrópolis: Editora Vozes. ISBN 978-85-326-5231-7 
  • Martinich, A. P. (2001). «Introduction». In: Martinich, A. P.; Sosa, David. A Companion to Analytic Philosophy (em eng). Oxford: Blackwell Publishers Ltd. 497 páginas 
  • Walsh, William (1978). Introdução à filosofia da história. Rio de Janeiro: Zahar 
  • White, Hayden (1992). Meta-História: a Imaginação Histórica do século XIX. São Paulo: Edusp. ISBN 85-314-0053-8 
Ícone de esboço Este artigo sobre filosofia/um(a) filósofo(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.