Índice FIRJAN de Gestão Fiscal

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O Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) é um estudo que analisa a situação fiscal de cada um dos mais de 5 mil municípios brasileiros, através de quatro indicadores: Autonomia, Gastos com pessoal, Liquidez e Investimentos.[1] Elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), com base em dados fiscais oficiais declarados pelas prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional (STN), o IFGF possibilita recorte municipal, estadual, regional, nacional, por áreas de interesse, entre outros.

Abrangência[editar | editar código-fonte]

O IFGF analisa a situação fiscal de todos os municípios brasileiros.

Indicadores[editar | editar código-fonte]

A pontuação que os municípios recebem depende da avaliação de quatro indicadores:[2]

Autonomia[editar | editar código-fonte]

Verifica a relação entre as receitas oriundas da atividade econômica do município e os custos para manter a Câmara de Vereadores e a estrutura administrativa da Prefeitura.

Gastos com Pessoal[editar | editar código-fonte]

Representa quanto os municípios gastam com pagamento de pessoal, em relação ao total da Receita Corrente Líquida, avaliando o grau de rigidez do orçamento para execução das políticas públicas.

Liquidez[editar | editar código-fonte]

Verifica a relação entre o total de restos a pagar acumulados no ano e os recursos em caixa disponíveis para cobri-los no exercício seguinte. Ou seja, se as prefeituras estão postergando pagamentos de despesas para o exercício seguinte sem a devida cobertura de caixa.

Investimentos[editar | editar código-fonte]

Mede a parcela da Receita Total dos municípios destinada aos investimentos.


Percentual/peso dos indicadores

Os quatro indicadores possuem peso igual, de 25%, cada um.

Metodologia e leitura[editar | editar código-fonte]

O IFGF disponibiliza dados a partir de 2013 e permite que cada município seja analisado de forma independente ou comparado aos demais, com os indicadores  Autonomia, Gastos com pessoal, Liquidez e Investimentos agregados ou separados, e ao longo dos anos. [3]

O índice varia de 0 a 1 ponto, sendo que quanto mais próximo de 1 melhor a gestão fiscal do município. Com base na pontuação alcançada, cada um deles é classificado nos conceitos de gestão de excelência, com resultados superiores a 0,8 ponto; boa gestão, entre 0,8 e 0,6 ponto; gestão em dificuldade, entre 0,6 e 0,4 ponto; ou gestão crítica, inferiores a 0,4 ponto.

Recortes e resultados[editar | editar código-fonte]

O estudo possibilita análise municipal, estadual, regional, nacional, por áreas de interesse, entre outras. Na última edição (2019/Ano-base 2018), foram analisados 5.337 municípios brasileiros, que declararam suas contas à Secretaria do Tesouro Nacional. Nelas, vive 97,8% da população.

Municipal[editar | editar código-fonte]

Edição 2019. Ano-base 2018

Alguns resultados:

·       Entre as capitais, Salvador apresentou a melhor pontuação (0,8621). [4]

·       A cidade do Rio de Janeiro, com índice de 0,4227, ocupou a penúltima posição entre as capitais.[5]

·       Costa Rica (MS), Gavião Peixoto (SP), São Pedro (SP) e Alvorada (TO) foram os únicos municípios que receberam nota máxima (1,0).[6]

Estadual[editar | editar código-fonte]

Edição 2019. Ano-base 2018

Alguns resultados:

·        Pernambuco tem 73,9% dos municípios com gestão fiscal crítica.[7]

·        Metade dos municípios do Rio Grande do Sul tem gestão fiscal boa ou excelente.[8]

·        56,5% dos municípios de Minas Gerais têm gestão fiscal crítica.[9]

·        Na média, municípios paranaenses possuem a segunda melhor gestão fiscal do país.[10]

Regional[editar | editar código-fonte]

Edição 2019. Ano-base 2018

Alguns resultados:

·        A Região Centro-Oeste é a que melhor planeja o orçamento no país.[11]

Nacional[editar | editar código-fonte]

Edição 2019. Ano-base 2018

Alguns resultados:

·       Somente 4% dos municípios do país alcançaram o conceito máximo A, de gestão excelente.

·       A maior parte (73,9% ou 3.944 cidades) recebeu os dois piores conceitos (C e D), de gestão fiscal difícil ou crítica.[12]

Áreas de interesse[editar | editar código-fonte]

Também é possível analisar dados de acordo com os indicadores:

Edição 2019. Ano-base 2018

Alguns resultados:

·        Autonomia: 1.856 municípios não se sustentam[13]: não geram receita suficiente para custear a Câmara de Vereadores e a estrutura administrativa da Prefeitura.

·        Gastos com Pessoal: 821 cidades comprometeram, em 2018, mais de 60% da Receita Corrente Líquida (RCL) com a folha de salário do funcionalismo público (acima do percentual definido pela Lei de Responsabilidade Fiscal), enquanto outras 1.814 gastaram mais de 54% da receita com essa despesa (acima do limite de alerta definido pela legislação).[14]

·       Investimentos: 2.511 cidades investem em média apenas 3% da receita.[15]

·        Liquidez: 1.121 prefeituras terminaram 2018 sem recursos em caixa para cobrir as despesas postergadas para o ano seguinte.[16]

Análise especial[editar | editar código-fonte]

Edição 2019. Ano-base 2018


A edição do IFGF 2019 foi acompanhada da “Análise especial - Fundo de Participação dos Municípios (FPM)”:[17]

·        “A análise mais detalhada do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) revela distorções causadas pelas suas regras de distribuição, que são as mesmas desde 1990 e levam em consideração apenas o critério populacional para a grande maioria dos municípios”. (...) “Os dados evidenciam a grande distorção na distribuição de receitas entre os entes e a baixa autonomia das cidades brasileiras”.

Declaração de dados[editar | editar código-fonte]

Mesmo com todas as cidades sendo obrigadas a apresentar suas contas à STN até 30 de abril de cada ano, algumas administrações municipais descumprem a legislação. A obrigatoriedade consta na Lei de Responsabilidade Fiscal, em seus artigos 48 e 51. Já o STN tem 60 dias para disponibilizar os dados ao público. A despeito disso, até o dia 14 de julho de 2019, os dados de 331 prefeituras não estavam disponíveis ou apresentavam inconsistências e não puderam ser analisados na edição 2019 / ano-base 2018 do IFGF.

Referências

  1. Silveira, Daniel (31 de outubro de 2019). «Situação fiscal é crítica ou difícil em 74% dos municípios do país, aponta Firjan». G1. Consultado em 16 de abril de 2021 
  2. Indio do Brasil, Cristina (31 de outubro de 2019). «Firjan: levantamento mapeia saúde financeira de municípios brasileiros». Agência Brasil. Consultado em 16 de abril de 2021 
  3. Rosas, Rafael (1 de novembro de 2019). «Indicador da Firjan mostra piora no quadro fiscal dos municípios». Valor Econômico. Consultado em 16 de abril de 2021 
  4. Gomes, Donaldson (2 de novembro de 2019). «Saiba o que Salvador fez para se tornar 1º lugar em gestão pública». Correio da Bahia. Consultado em 16 de abril de 2021 
  5. Silveira, Daniel (31 de outubro de 2019). «Rio tem a segunda pior gestão fiscal entre as capitais brasileiras, aponta Firjan». G1. Consultado em 16 de abril de 2021 
  6. Indio do Brasil, Cristina (31 de outubro de 2019). «Cidades pequenas têm melhor desempenho em índice econômico da Firjan». Agência Brasil. Consultado em 16 de abril de 2021 
  7. «Municípios de Pernambuco têm a segunda pior situação fiscal do Brasil». Jornal do Comércio. 1 de novembro de 2019. Consultado em 16 de abril de 2021 
  8. Matos, Eduardo (5 de novembro de 2019). «Pesquisa indica que municípios gaúchos têm melhor gestão fiscal do que a média nacional». Zero Hora. Consultado em 16 de abril de 2021 
  9. Bianchetti, Mara (2 de novembro de 2019). «56,5% dos municípios de MG têm gestão fiscal crítica». Diário do Comércio. Consultado em 16 de abril de 2021 
  10. «Cerca de 60% dos municípios paranaenses possuem gestão fiscal boa ou excelente, segundo Índice Firjan». A Gazeta. 19 de novembro de 2019. Consultado em 16 de abril de 2021 
  11. «Região Centro-Oeste é a que melhor planeja o orçamento no País». A Crítica. 11 de novembro de 2019. Consultado em 16 de abril de 2021 
  12. Caleiro, João Pedro (31 de outubro de 2019). «3 em 4 cidades tem gestão fiscal difícil ou crítica; veja ranking». Exame. Consultado em 16 de abril de 2021 
  13. Rosa, Rafael (31 de outubro de 2019). «Cerca de 35% das cidades não geram receita suficiente para se sustentar». Valor Econômico. Consultado em 16 de abril de 2021 
  14. «Três em cada quatro municípios brasileiros têm dificuldade para pagar as contas». G1. 31 de outubro de 2019. Consultado em 16 de abril de 2021 
  15. Capetti, Pedro (31 de outubro de 2019). «Pesquisa mostra que quase metade dos municípios do Brasil praticamente não realiza investimentos». O Globo. Consultado em 16 de abril de 2021 
  16. Pereira, Renée (31 de outubro de 2019). «Quase 4 mil prefeituras têm dificuldade para fechar as contas». O Estado de S. Paulo. Consultado em 16 de abril de 2021 
  17. Pereira, Renée (9 de dezembro de 2019). «Repasses federais privilegiam municípios de estados mais ricos». O Estado de S. Paulo. Consultado em 16 de abril de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

·        Hotsite do IFGF/

·        Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ou Lei Complementar 101/00

Ver também[editar | editar código-fonte]

·        Direito tributário

·        Finanças públicas

·        Administração pública no Brasil